Crise na Bolívia: Posições de Brasil e Espanha

Imagem cedida por Cícero Caldas NetoEnquanto aqui no Brasil há uma grita por parte de vários colunistas contra o que consideram um comportamento “frouxo” do governo brasileiro diante da nacionalização dos hidrocarbonetos ocorrida na Bolívia, o comportamento do governo espanhol é em tudo semelhante ao nosso, na defesa da Repsol.

É verdade que lá a oposição também criticou o governo. Mas esse é o papel dos partidos de oposição, sempre buscar jabear (para usar uma expressão do boxe) para fustigar o partido adversário. Adaptando-se a frase de Carville, “isto é a política, estúpido”. O que não é natural é um coro de colunistas somar-se a embaixadores aposentados, que hoje defendem interesses de empresas e entidades de empresários, para atacar violentamente o governo, confundindo – não sem malícia - os interesses dessas empresas com os interesses do Brasil. No fundo, no fundo, eles não escondem que adorariam que nessas horas Bush fosse o presidente do Brasil “para dar uma lição nesses índios”...

Mas, tergiverso. Queria comentar é que o jornal espanhol Es Pais informou que o secretário de Estado para Assuntos Exteriores da Espanha, Bernardino Leon, esteve na Bolívia na quinta à noite para uma reunião com o presidente Evo Morales, na qual estiveram presentes o vice, Álvaro García Linera, e vários ministros. Leon, segundo El Pais, saiu da reunião firmemente convencido de que as negociações chegarão a bom termo na Bolívia.

- “O governo boliviano foi claro quando disse que à Bolívia interessa ter sócios” - declarou.

Os compromissos da Bolívia

O El Pais citou ainda declarações do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, que explicitam a posição e os compromissos do governo boliviano. Nenhuma novidade nessas declarações. Todas já foram publicadas aqui no blog, no primeiro dia da crise, mas não custa repetir o que Linera disse – desta vez ao secretário de estado espanhol.

Linera reafirmou que a nacionalização é irreversível. E explicou que espera atrair novos investimentos para a Bolívia, com regras claras, baseadas em três pontos: regras estáveis e duradouras, segurança jurídica e um cenário de rentabilidade para investimentos estrangeiros.

Os contratos serão negociados separadamente com as empresas e em seguida serão submetidos, também separadamente, a uma ratificação do Congresso da Bolívia, de tal forma que adquiram força de lei e ofereçam garantias de Estado aos investidores.

O que não está em discussão é a aplicação da Lei dos Hidrocarbonetos, que estabelece que o governo boliviano é proprietário de 50% mais uma ação de todas as empresas. Não está descartada uma indenização. Tudo dependerá dos resultados das auditorias feitas por ambas as partes, governo e empresas.

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