Folha pode ter cometido o crime perfeito quando demitiu Rose Nogueira, companheira de cela de Dilma Rousseff

Ficha de Rose Nogueira na Folha


Rose Nogueira é jornalista. Em 1969 trabalhava no Grupo Folha. E pertencia à Ação Libertadora Nacional (ALN), “organização terrorista” (segundo a ditadura e o Grupo Folha) que lutava contra a ditadura instalada no Brasil. Guarde essas duas informações: Rose trabalhava no Grupo Folha e pertencia à ALN.

Em dezembro de 1969, Rose ainda amamentava seu filho, que havia nascido em setembro, quando foi presa. Detalhes de seu período na prisão e das torturas que lhe foram impostas estão descritos aqui. Ela os resumiu em um depoimento para uma novela do SBT, em fase de produção:

“Eu tinha apenas 23 anos, recém-parida e fui espancada de muitas formas, fiquei com o corpo todo marcado, destruída por dentro. Meu torturador era tarado, me judiava e humilhava muito… Passei mais de um mês sem tomar banho, fedia por causa do sangramento comum após o parto e também devido ao leite, que cheirava azedo. Por causa disso, me deram uma injeção para secar meu leite. Não tive o direito de amamentar meu filho… Pior do que isso, eles usaram um bebê para me coagir. Por duas vezes, levaram meu filho ao DOPs e ameaçaram queimá-lo vivo caso não os ajudasse a localizar meus companheiros, mas eu não sabia onde eles estavam…”

Rose não morreu, como tantos de seus companheiros. Esteve presa e dividiu a cela com a atual presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Ao sair da cadeia, descobriu que fora demitida. Pesquisou e descobriu o motivo alegado pelo Grupo Folha:

Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO [confira na imagem acima]. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.

Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.

Guarde agora essa outra informação: o Grupo Folha a demitiu por “abandono de emprego”. Junte-a às outras duas: ela trabalhava no grupo Folha e pertencia à ALN.

Agora, para comemorar seus 90 anos, o Grupo Folha resolve fazer um tímido mea culpa, dividido por ele mesmo em 9 atos. O Ato 4 chama-se “O Papel na Ditadura”. Reproduzo na íntegra:

A Folha apoiou o golpe militar de 1964, como praticamente toda a grande imprensa brasileira. Não participou da conspiração contra o presidente João Goulart, como fez o "Estado", mas apoiou editorialmente a ditadura, limitando-se a veicular críticas raras e pontuais.

Confrontado por manifestações de rua e pela deflagração de guerrilhas urbanas, o regime endureceu ainda mais em dezembro de 1968, com a decretação do AI-5. O jornal submeteu-se à censura, acatando as proibições, ao contrário do que fizeram o "Estado", a revista "Veja" e o carioca "Jornal do Brasil", que não aceitaram a imposição e enfrentaram a censura prévia, denunciando com artifícios editoriais a ação dos censores.

As tensões características dos chamados "anos de chumbo" marcaram esta fase do Grupo Folha. A partir de 1969, a "Folha da Tarde" alinhou-se ao esquema de repressão à luta armada, publicando manchetes que exaltavam as operações militares.

A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.

Em 1971, a ALN incendiou três veículos do jornal e ameaçou assassinar seus proprietários. Os atentados seriam uma reação ao apoio da "Folha da Tarde" à repressão contra a luta armada.

Segundo relato depois divulgado por militantes presos na época, caminhonetes de entrega do jornal teriam sido usados por agentes da repressão, para acompanhar sob disfarce a movimentação de guerrilheiros. A direção da Folha sempre negou ter conhecimento do uso de seus carros para tais fins.

Outros blogs já comentaram esse assunto. Mas o que me interessa é o quarto parágrafo, especialmente o que destaco em negrito:

A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.

Policiais contratados e ALN em atuação clandestina na Redação. A ligação é óbvia demais: os policiais não foram contratados para escrever mas para descobrir quem eram os “terroristas infiltrados”.

Rose Nogueira era um "deles". Provavelmente foi descoberta pelos policiais contratados pelo Grupo Folha. Em seguida, presa, barbaramente torturada. E depois demitida pelo mesmo Grupo que a mandou prender por abandono de emprego. Como se não soubesse de nada.

O crime perfeito.

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Lula não foi ao evento de 40 anos da Veja: 'Eu não posso visitar a casa de uma pessoa que passa o tempo todo falando mal de mim'

Essa lição a presidenta Dilma (que até isso abandonou no discurso da festa, quando se disse presidente, com "e", como quer a Folha) não aprendeu com Lula.

Foi à festa e ainda elogiou o porcalismo golpista da Folha, que chamou de ditabranda a ditadura contra quem ela e vários companheiros lutaram, muitos pagando o preço da própria vida.

Como bem disse o jornalista Leandro Fortes em sua ótima postagem sobre o tema:

Ao comparecer ao aniversário da Folha, a quem, imagina-se, deve ter processado por conta da ficha falsa, Dilma se fez acompanhar de um séquito no qual se incluiu o ministro da Justiça. Fez, assim, uma concessão que está no cerne das muitas desgraças recentes da história política brasileira, baseada na arte de beijar a mão do algoz na esperança, tão vã como previsível, de que esta não irá outra vez se levantar contra ela. Ledo engano. Estão a preparar-lhe uma outra surra, desta feita, e sempre por ironia, com o chicote da liberdade de imprensa, de expressão, cada vez mais a tomar do patriotismo o status de último refúgio dos canalhas.

Síndrome de Estocolmo, liturgia do cargo ou sei lá que possível acordo por debaixo dos panos... Seja qual for o motivo da presidenta, ela errou feio. Como na fábula do sapo com o escorpião, mesmo morrendo os dois no meio da travessia, o escorpião picará o sapo e injetará sua peçonha.

Essa lição o presidente Lula (o "sapo barbudo") sabia de cor. A presidenta Dilma ainda não aprendeu. Talvez tenha que senti-la na própria pele para isso.

Mas a presidenta pode começar a se preparar lendo a longa entrevista de Lula à revista Piauí, de onde retirei a declaração que está no título desta postagem.

(a ideia para esta postagem surgiu da leitura de uma tuitada da @veramp, que citava a entrevista da Piauí)

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De Dilma para Octavio Frias de Oliveira e deste para Estela (codinome de Dilma na luta contra a ditadura)

Na festa em comemoração aos 90 anos da Folha de S.Paulo a presidenta Dilma fez um discurso lamentável. Em certo trecho, ela assim se referiu a Octavio Frias de Oliveira, fundador da Folha:

"Ele foi um exemplo de jornalismo dinâmico e inovador. Trabalhador desde os 14 anos de idade, ele transformou a Folha de S.Paulo em um dos jornais mais importantes do país e foi responsável por revolucionar a forma de fazer jornalismo no nosso Brasil."

Agora vejam como Octavio Frias de Oliveira se referiu a Dilma e a todos os seus companheiros de luta contra a ditadura (chamada pelo filho de Octavio de "ditabranda"), em editorial publicado nesse jornal tão elogiado pela presidenta:

Editorial escrito por Octavio Frias de Oliveira.

Editorial: Banditismo
[Publicado em 22 de setembro de 1971]
Octavio Frias de Oliveira

A sanha assassina do terrorismo voltou-se contra nós.

Dois carros deste jornal, quando procediam ontem à rotineira entrega de nossas edições, foram assaltados, incendiados e parcialmente destruídos por um bando de criminosos, que afirmaram estar assim agindo em "represália" a noticias e comentários estampados em nossas paginas.

Que noticias e que comentários? Os relativos ao desbaratamento das organizações terroristas, e especialmente à morte recente de um de seus mais notórios cabeças, o ex-capitão Lamarca.

Nada temos a acrescentar ou a tirar ao que publicamos.

Não distinguimos o terrorismo do banditismo. Não há causa que justifique assaltos, assassínios e seqüestros, muitos deles praticados com requintes de crueldade.

Quanto aos terroristas, não podemos deixar de caracterizá-los como marginais. O pior tipo de marginais: os que se marginalizam por vontade própria. Os que procuram disfarçar sua marginalidade sob o rotulo de idealismo político. Os que não hesitaram, pelo exemplo e pelo aliciamento, em lançar na perdição muitos jovens, iludidos, estes sim, na sua ingenuidade ou no seu idealismo.

Desmoralizadas e desarticuladas, as organizações subversivas encontram-se nos estertores da agonia.

Da opinião pública, o terror só recebe repudio. É tão visceralmente contrario às nossas tradições, à nossa formação e à nossa índole, que suas ações são energicamente repelidas pelos brasileiros e por todos quantos vivem neste país.

As ameaças e os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta.

Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve.

E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama.

O Brasil de nossos dias é um país que deseja e precisa permanecer em paz, para que possa continuar a progredir. Um país onde o ódio não viceja, nem há condições para que a violência crie raízes.

Um país, enfim, de onde a subversão - que se alimenta do ódio e cultiva a violência - está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da Imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma Imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.

Porque, na verdade, procurando atingir-nos, a subversão visa atingir não apenas este jornal, mas toda a Imprensa deste país, que a desmascara e denuncia seus crimes.

Sobre o motivo do ataque aos carros da Folha, nenhuma palavra. Mas uma declaração do jornalista Mino Carta lança luz sobre o assunto:

A Folha de S. Paulo nunca foi censurada. Até emprestou a sua C-14 [carro tipo perua, usado na distribuição do jornal] para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban [Operação Bandeirante]."

Hoje, Dilma elogiou Octavio. O que diria Estela, seu codinome na luta contra a ditadura?

O que diria Estela à jornalista Rose Nogueira, sua companheira na prisão? Rose foi presa em novembro de 1969, quando ainda amamentava o filho de pouco mais de um mês de vida. Torturada, privada da companhia do filho, Rose ficou presa por nove meses.

Cheguei à história de Rose Nogueira, graças ao artigo O papel sujo da Folha de S.Paulo, escrito por Uraniano Mota.

Encontrei o depoimento da jornalista no DHNet.

Vinte e sete anos depois, descubro que fui punida não apenas pela polícia toda-poderosa daqueles tempos, pela “justiça” militar que me absolveu depois de me deixar por nove meses na prisão, pela luta entre vida e antivida nesse período.
(...) Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.

O que teria levado a presidenta a proferir seu lamentável discurso?

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Quem defende que a Ley de Medios seja votada agora tem que dizer quantos votos tem no Congresso

Não adianta bater no peito como Tarzan, saltar do cipó e acabar batendo de cara na árvore como George, o rei da Floresta.

Para colocar em votação a Ley de Medios que queremos é necessário que tenhamos votos. Ou, como afirmei aqui - Governo da presidenta Dilma está certo: PNBL tem que vir antes da Ley de Medios -, vamos fazer o jogo do chamado PIG.

Hoje em seu blog, o Miro (jornalista Altamiro Borges) postou que Donos da mídia já se agitam no Congresso.

Avessos a qualquer debate democrático sobre regulamentação do setor, os donos da mídia já teriam iniciado suas articulações de bastidores no Congresso Nacional. Segundo matéria publicada na semana passada pela Agência de Notícias da Câmara Federal, “o novo marco regulatório das comunicações já desperta movimentação” em Brasília. A meta inicial da “bancada da radiodifusão” é a de ocupar os postos chaves que discutirão o tema, em especial na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a bancada do PIG (Partido da Imprensa Golpista) tem mais de 100 deputados e senadores, entre donos diretos de emissoras de televisão e rádio ou agentes indiretos, como familiares e “laranjas”. Mas ela não se reduz a este contingente. Muitos congressistas mantêm estreitas relações com os barões da mídia; e vários outros temem que suas biografias sejam maculadas por reportagens e manchetes denuncistas.

E o poder de dissuasão (a palavra é perfeita pois cabem vários S ou $) do PIG é poderoso. Quem não se lembra da famosa ex-CPI da Veja, que nunca aconteceu?

Se você não se lembra, reproduzo postagem deste blog de 8 de setembro de 2007 (ter um blog há bastante tempo e mantendo-se coerente tem suas vantagens):

A Veja que foi para as bancas neste final de semana volta à carga contra a criação da CPI da TVA, que vai investigar a venda da TVA (Grupo Abril, que edita a Veja) para a Telefônica. A Anatel, num primeiro momento, aprovou o negócio, mas impôs condições.

A suspeita que originou a criação da CPI é a de que o negócio daria a uma empresa estrangeira o controle sobre um meio de comunicação, o que é proibido no Brasil. Segundo se suspeita, haveria um contrato de gaveta, onde o controle da TVA ficaria nas mãos da Telefônica (espanhola).

O desespero da Veja decorre de alguns fatores. Em primeiro lugar, os que defendem a criação da CPI conseguiram juntar assinaturas suficientes para protocolar o pedido. 181 assinaturas de deputados. Isso foi um duro golpe para a Abril, porque inesperado.

Por causa disso a Veja da semana passada partiu para o ataque, afirmando que a tentativa de instalação da CPI é uma vingança pessoal do senador Renan Calheiros, contrariado com as reportagens da revista, que o colocaram com a corda no pescoço.

Ilegal, e daí?
Lobistas da Abril tentam convencer deputados a retirar assinatura


Segundo o Portal Vermelho, a editora Abril espalhou lobistas pela Câmara na tentativa de virar os votos dos signatários da proposta da CPI. Isso é ilegal - repito, ilegal -, mas, no entanto, foi confirmado pelo assessor de imprensa do Grupo Abril:


A Editora Abril está em plena atividade para abortar a CPI da Abril-Telefônica. Nesta quarta-feira (5) - dia de maior movimentação de parlamentares na Câmara Federal -, um grupo percorria as dependências da Casa, pedindo aos 182 deputados que assinaram o pedido da CPI que assinem outro documento, com um contra-pedido. O jornalista Gustavo José Batista do Amaral, assessor de imprensa do Grupo Abril, que participava da ação, admitiu a coleta, mas disse que não sabia dizer quantas assinaturas tinham conseguido porque havia várias pessoas abordando os parlamentares. Amaral também reconheceu que o Grupo Abril não podia realizar a operação.

21 deputados já tentaram retirar suas assinaturas. São eles: Arnon Bezerra, Gilmar Machado, Lincoln Portela, Marcelo Itagiba, Marcio Junqueira, Ricardo Izar, Antônio Roberto, Ratinho Junior, Elcione Barbalho, Walter Pinheiro, Eliseu Padilha, Darcísio Perondi, Jorge Khoury, Silvio Lopes, Raimundo Gomes de Matos, Barbosa Neto, Colbert Martins, Darcísio Perondi, Pedro Chaves, Professor Sétimo, Fátima Pelaes .

Os 13 últimos o fizeram entre os dias 3 e 5 de setembro, ou seja, entre segunda e quarta, logo após a edição de Veja da semana passada. Entre eles, dois deputados do PT. Um da Bahia, Walter Pinheiro, e outro de Minas, Gilmar Machado.

Mais curioso ainda é que oito deles solicitaram a retirada com requerimentos exatamente iguais: palavra por palavra, vírgula por vírgula, ponto por ponto. Como se estes já viessem preparados e eles só necessitassem assinar...

Veja usa linguagem de mafiosos para tentar desqualificar a CPI da TVA


O problema é que, para azar da Veja, retirar a assinatura não é fácil. Há um regimento na Câmara que diz que a assinatura só pode ser retirada com a anuência da maioria da bancada. A maioria dos pedidos de retirada já foi indeferida, exatamente por causa desse dispositivo.

Na edição deste final de semana, a Veja volta ao ataque. Num incrível ato falho chama a CPI da TVA (ou CPI da Abril, como querem outros) de CPI da Vendeta, utilizando-se do jargão dos mafiosos italianos.

Ela está tão apavorada com a criação da CPI que chega a fazer um apelo patético ao presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, para que ele não aprove a instalação da CPI, nesta terça-feira, quando esta vier para a pauta. E digo que está apavorada e o apelo é patético porque Chinaglia já declarou publicamente o que pensa sobre essa CPI, fato que foi amplamente divulgado (ou será que a Veja não acredita na “grande imprensa”?):


- Não tenho alternativa. Tenho que cumprir o regimento e a Constituição. Me parece que há fato determinado e que as assinaturas conferem.

Vamos ver se o deputado Chinaglia não se curva diante das pressões.

Esta pode ser a primeira de uma série de CPIs


O que fica disso tudo é que, se, inicialmente, a criação da CPI da TVA parecia importante, agora, com todo o nervosismo que está criando no Grupo Abril, deixa de ser apenas importante e passa a ser uma CPI necessária.

A própria Veja, aliás, o próprio Grupo Abril deveria vir a público defender sua criação, já que afirma que o negócio é lícito, claro e limpo. Afinal, quem sempre defendeu a criação de CPIs sobre qualquer tema, por que é contra a instalação de uma agora, quando o Grupo Abril é o alvo?

Além do mais, não podemos esquecer que esta CPI da transação TVA-Telefônica é um dos focos de investigação. Se forem encontradas irregularidades, deve-se criar uma nova CPI para investigar a venda de parte da Abril para o grupo sul-africano Naspers, em que reportagem do jornal da Band apontou vários indícios de irregularidades (veja a reportagem da Band aqui).

Mas não é só isso. Deve-se partir para uma outra CPI. Esta para investigar a transação da Net - leia-se Organizações Globo – com a Telmex. A própria Veja da semana passada diz o porquê:


A associação da TVA com a Telefônica é análoga àquela entre NET e Telmex.

Sendo análogas, se surgirem problemas numa, investigue-se também a outra. Por isso a criação dessa CPI da TVA-Abril-Veja passou a ser necessária, fundamental.

Sim, necessária, fundamental (como a Ley de Medios). Mas a CPI não saiu.

Não tenho vocação para Tarzan. Muito menos quero dar com a cara na árvore. E você?

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Globo, Record, Clube dos 13 e CBF, uma queda de braço que pode ser o início do fim do império da Globo

A Luta pela manipulação das massas entre Globo e Record continua firme e forte. A nova arena da disputa é o Campeonato Brasileiro de Futebol.

A Globo tem a exclusividade há tempos. Mas agora vai ter que disputar em condição de igualdade com as outras emissoras (leia-se Record, a única com cacife para isso), porque este é o último ano da vigência do contrato entre Rede Globo e o Clube dos 13.

Dessa vez a Globo não vai ter a possibilidade de dar a proposta final, como sempre aconteceu. O Cade proibiu. Agora, quem fizer a maior proposta leva. E a Record enxerga na compra dos direitos do Brasileirão a chance de derrubar a adversária do pedestal.

A briga está feia, como denunciou o jornalista Juca Kfouri em seu blog na sexta-feira:

Sim, é bem possível que já na semana que vem Andrés Sanchez anuncie que o Corinthians saiu do Clube dos 13.

E que o Flamengo venha junto porque a Traffic, que quer vender o patrocínio de Ronaldinho Gaúcho, não tem dúvida de que a exposição na Globo vale mais que em qualquer outra emissora neste momento em que a Record aparece como candidata ao Brasileirão.

Mais: os dissidentes, provavelmente todos aqueles que votaram em Kléber Leite contra Fábio Koff (leia-se Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Goiás, Santos, Vasco e Vitória) acreditam que uma cisão no Clube dos 13 possa ser a semente da Liga dos clubes, porque com o apoio de Ricardo Teixeira.

Estes, ao contrário de São Paulo e Atlético Mineiro, por exemplo, avaliam que a exposição feita pela Globo na quarta-feira passada foi realista e não desfez do produto futebol.

Porque de fato a audiência do futebol cai depois da novela e do Faustão, às quartas-feiras e domingos.

Alegam que se eventualmente a Record vencer e puser os jogos às 20h, não só a exposição de seus patrocinadores perderá em relação à Globo como, por outro lado, perderá em audiência para a programação global, seja com o Jornal Nacional, seja com a novela.

Como era inevitável, a disputa entre as TVs rachou os clubes e há até quem avalie que a Globo nem entre na licitação, cujas regras serão definidas nesta segunda-feira, em São Paulo.

Mas há também quem ria de tal hipótese, considerando-a puro blefe e esteja disposto a pagar para ver.

Como há quem garanta que qualquer negociação direta entre uma TV e os clubes separadamente ferirá o que ficou acordado com o Cade.

Com a palavra, o Cade.

Em outra postagem nesse mesmo dia, Juca escreveu:

O presidente do Galo, Alexandre Kalil, diz para todo mundo que não tem medo de “Globo Repórter”.

E faz papel duro na negociação dos direitos do Brasileirão.

O presidente do Corinthians, Andres Sanchez, não esconde de ninguém que não quer a Record.

E será objeto, amanhã, no “Esporte Fantástico”, da principal reportagem do programa.

Dificilmente será tratado como santo, até porque a Record não acredita neles.

E a Record partiu mesmo para o ataque em cima do presidente do Corinthians, acusado no programa de ter contratado mais de 100 jogadores em sua gestão e de ser conhecido como uma agenciador de atletas.

A Globo sabe que uma derrota agora para a Record pode significar a quebra de sua hegemonia. E já deve estar turbinando um velho Globo Repórter para colocar em seu lado do campo o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Naquele Globo Repórter, Teixeira e a cúpula da CBF são acusados de desviar dinheiro da entidade, o que acabou provocando a famosa CPI da CBF, que não deu em nada, embora tenha provocado de Ricardo Teixeira a confissão honesta de que Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos.

Assista a seguir o Globo Repórter que foi ao ar em 2001. Dividido em quatro partes.












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Governo da presidenta Dilma está certo: PNBL tem que vir antes da Ley de Medios

Para quem ainda tinha dúvida, Tunísia e Egito ensinaram o caminho: a comunicação via internet pode ajudar a derrubar ditaduras. No nosso caso, a da comunicação.

Do que adiantaria colocar para votação a Ley de Medios agora, com o Governo e o Congresso começando a dar os primeiros passos? Quem teria a lucrar com isso? Já toquei neste assunto aqui Três propostas de Comparato. Sem a primeira, as outras duas são arapucas.

Alguém imagina que Rede Globo, Abril, Folha e Estadão vão ficar apenas repercutindo as discussões? Eles vão usar de todas as suas (ainda) poderosas estruturas de comunicação para fragilizar o governo, denunciar suposta censura à imprensa livre, perseguição política (a la RCTV na Venezuela) para fazer com que a Ley de Medios seja aprovada como uma Lei de Medos: covarde, pequena, atendendo aos interesses desses poderosos meios de comunicação.

Por isso o Plano Nacional de Banda Larga deve vir antes. Com o acesso à informação livre, via internet, chegando à maioria dos brasileiros, teremos uma massa maior para fazer frente ao poderio de comunicação do chamado PIG.

Atualizando uma famosa frase da década de 60 do século passado, de Marshall McLuhan, "o meio é a mensagem". Informação livre, de várias fontes, comunicação de mão dupla, e não mais, nunca mais, verticalizada, de Marinhos, Civita, Frias, Mesquitas para baixo, nos dizendo o que devemos ver da realidade e como interpretá-la.

Computadores baratos, celulares com acesso à internet, banda larga acessível vão transformar a democracia representativa em que vivemos em uma democracia participativa.

Aí sim a Ley de Medios vai para votação. E nós com ela contra os que são contra ela.

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É ilegal, mas a Coca-Cola usa folhas de coca em sua fórmula, segundo o Instituto Nacional de Criminalística

Li no Nassif que O uso do ácido fosfórico na Coca-Cola "é um elemento perigoso para a saúde e foi proibido nos refrigerantes mais novos". No entanto, continuaria a ser utilizado pela multi.

Não seria a primeira vez que a Coca-Cola não daria a mínima para a legislação brasileira, sob silêncio cúmplice da "grande mídia".

Publiquei neste modesto blog em março de 2006 a informação de que o Instituto Nacional de Criminalística comprovou que a Coca-Cola usa folhas de coca em sua fórmula. É proibido por lei. Mas, como a "mídia independente" pode tocar no assunto sem perder a boquinha desse que é um dos maiores patrocinadores do mundo?

A postagem, originalmente publicada aqui, está reproduzida a seguir:

CokeNo site da Federação Nacional dos Policiais Federais (o link caducou, não sei por quê, e você, tem ideia?) (FENAPEF) há a seguinte informação:


Laudo realizado pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) do Departamento da Polícia Federal concluiu: a Coca-Cola do Brasil usa folhas de coca como matéria-prima na fabricação do extrato vegetal (também chamado de mercadoria nº 05) utilizado como um dos componentes na fabricação do seu refrigerante de cola. A análise química foi realizada pelos peritos Octavio Brandão Caldas Netto, Felipe Gonçalves Murga e Adriano Otávio Maldaner.

Atesta o laudo: "... as folhas de coca provenientes do vegetal cientificamente denominado Erytroxylum novagranatense, variedade truxillensi, cultivada no Peru, são utilizadas como matéria-prima na fabricação do extrato vegetal a partir do qual é fabricado o refrigerante Coca-Cola".

Só que, segundo a legislação de entorpecentes em vigor (DL 891, de 25/11/1938, itens 13 e 14), o uso de folhas de coca e suas preparações é terminantemente proibido no país, assim como a utilização de cocaína, seus sais e preparações. A lei faz distinção clara e cita todas as formas proibidas, tanto quanto ao uso, cultivo, transporte e comercialização. O item 13 abrange a folha de coca e suas preparações; o item 14 veta a utilização de cocaína, seus sais e preparações.

Ou seja: em estrito respeito à lei, a Coca-Cola não poderia ser comercializada no país.

A Coca-Cola afirma que há muito tempo não usa folhas de coca em seu preparo. No entanto, no verbete Coca-Cola da Wikipedia, a agência antidrogas peruana, DEVIDA, disse que a companhia compra 115 toneladas de folha de coca do Peru e 105 toneladas da Bolívia por ano.

Em reportagem da BBC Brasil, publicada dia 22/12/2005, o presidente boliviano Evo Morales (à época eleito, mas ainda não empossado) insistiu que a empresa compra a coca, apesar das informações de que o produto saiu da fórmula do refrigerante em 1929.

"Se já retiraram esse ingrediente da Coca-Cola, então por que seguem comprando?", questionou, em entrevista a Luis Fernando Restrepo, da BBC Mundo.

Você leu sobre isto em algum dos principais jornais do país? Será que não interessa aos consumidores saber o que estão consumindo? Até mesmo para que se afirme – se for o caso - que a presença da folha de coca não traz prejuízo algum.

Mas resta a lei, e ela proíbe. Então, ela teria que ser modificada. E como ficam os anos todos em que, sendo verídico o laudo, a Coca vendeu gato por lebre e infringiu a lei brasileira?

Será que esta não é uma pauta suficientemente boa? Ou falam mais alto os interesses do anunciante?

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Julio Cortazar fala de sua vida e obra. Duas horas de entrevista à TV espanhola, 1977



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Globo, Folha e agora eu e você vamos escolher os temas a serem publicados pelo WikiLeaks

Até agora, Globo, Folha e WikiLeaks estavam usando seus critérios para julgar quais documentos seriam publicados por vez, algo “de cima pra baixo”. Dessa vez, o próprio público vai decidir, invertendo a lógica da produção da notícia.

A ideia é da Natalia Viana, única responsável oficial pela divulgação do WikiLeaks no Brasil, além dos jornalões citados.

Frisei "única responsável" na frase anterior, porque surgiu um tal de WikiLeaks Brasil que está se aproveitando do nome WikiLeaks, sem ter nada a ver com o WikiLeaks ou com Assange. A própria Natalia já deixou isso claro em seu blog. E eles mesmos confirmam o fato para os que tiverem o mínimo de curiosidade e forem conferir no site.

Portanto, para quem não quer comer gato por lebre, Wikileaks oficial no Brasil só O Globo, Folha e Blog da Natalia Viana.

As regras ela publicou no blog e eu reproduzo a seguir:

Cablegate: agora é o público que escolhe

Passados quase dois meses do lançamento dos documentos das embaixadas americanas, o WikiLeaks vai começar uma nova estratégia de divulgação aqui no Brasil.

A partir de agora, vamos deixar o público escolher quais os temas que devem ser pesquisados no arquivo de documentos da embaixada americana e consulados – que serão depois publicados no site do WikiLeaks.

Basta responder a esse post pedindo um tema, figura pública ou evento a ser pesquisado, que eu vou selecionar os documentos. Todos os pedidos serão publicados, e os temas mais pedidos terão prioridade.

Para a divulgação, vamos fazer parceria com uma série de blogs e veículos independentes, entre eles: Carta Capital, Conversa Afiada, Luis Nassif Online, Blog do Mello, Escrevinhador, Viomundo, Nota de Rodapé, Maria Frô, Fazendo Média, Futepoca, Elaine Tavares, Gonzum, Blog do Rovai, Blog da Cidadania, Altamiro Borges e Doutor Sujeira.

É um experimento inédito. Até agora, Globo, Folha e WikiLeaks estavam usando seus critérios para julgar quais documentos seriam publicados por vez, algo “de cima pra baixo”. Dessa vez, o próprio público vai decidir, invertendo a lógica da produção da notícia.

Portanto, participemos. Para isso, basta ir ao blog da Natalia e dizer o que você quer saber do WikiLeaks. Lá é o local certo. O endereço é este.

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Blog do Mello apoia Natalia Viana no Troféu Mulher Imprensa 2011

Nossa companheira de blogosfera Natalia Viana é uma das indicadas ao Prêmio Mulher Imprensa. Natalia é a divulgadora oficial do WikiLeaks no Brasil e o WikiLeaks apoia o nome dela.

Dei uma olhada no site do Troféu e Natalia está logo atrás da primeira colocada: 30,06 % dos votos contra 32,20 % da primeira, uma repórter da revista Capricho.

Pessoal, vamos caprichar e a blogosfera leva mais esta. Eu já votei na Natalia. Vote você também. Para isso é só clicar aqui e votar no nome dela na categoria Repórter de Site de Notícias.

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BBB da vida real: Modelo famosa e seu filho com ex-jogador da seleção vão parar na delegacia

Não vou colocar o nome da modelo (ex-modelo e que foi capa de várias revistas "de mulher pelada") nem o deu seu filho ou do jogador famoso, pai do jovem. Vocês acham isso facilmente na internet. Ou clicando no link da reportagem, já que sempre indico a fonte.

Quero apenas colocar a reportagem a seco, publicada no jornal O Dia, para a reflexão de todos. Não vou nem traçar ou delimitar parâmetros para análise. É apenas para ler e refletir.

‘Minha mãe teria que se tratar’, diz filho de XXX, ex-modelo famosa

Filho de ex-modelo, presa por agressão, revela como foi a briga

Rio - ‘Minha mãe tem um sério problema de bipolaridade. Ela teria que se tratar, mas não se trata’. O desabafo foi feito ontem, a O DIA, pelo adolescente de 16 anos, filho da ex-modelo XXX com o ex-jogador YYY. Na véspera, o jovem fora agredido pela mãe, que acabou presa ao também bater numa delegada da 16ª DP (Barra da Tijuca).

Autuada por desacato, injúria, resistência e agressão, XXX não conseguiu, até o fim da noite de ontem, os R$ 6 mil estipulados como fiança e foi transferida para a carceragem da Polinter de Magé. Até as 21h, a ex-modelo chegou a ficar numa sala isolada da Polinter do Grajaú, a pedido de seu advogado, que afirmou que obteria a quantia.

A confusão envolvendo XXX começou na segunda-feira. “Ela é carente demais e queria que eu assistisse TV com ela. Mas eu estava muito cansado, queria dormir. Então, ela se sentiu sozinha, ficou estressadinha e começou a quebrar todos os vidros da casa, tacou um vidro em mim e bateu na empregada. Quebrou meu quarto inteiro, jogou minha televisão no chão, jogou meu laptop pela janela”, contou o filho.

O rapaz admitiu ter reagido. “Também não fiquei quieto e quebrei o laptop dela, quebrei tudo que ela comprou com o meu dinheiro, já que ela não trabalha”, disse, ressaltando: “Há quatro anos ela não trabalha e vive do sustento da pensão que meu pai me dá”.

Segundo ele, a vida da mãe “se resume a ficar vendo TV, comer o dia inteiro, ficar no Facebook — e esperar o dia 10 para receber a pensão”. “Ela joga na minha cara que eu tenho tudo de mão beijada, mas que ela batalhou muito, teve que posar muito nua para conseguir o que conseguiu”.

O adolescente passou ontem por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal. Após negar que seja usuário de drogas, como a ex-modelo dissera à polícia, ele afirmou que não quer mais morar com XXX. “Não quero viver mais com minha mãe, mesmo que tenha que ir para um abrigo do Conselho Tutelar”. De acordo com ele, a mãe faz uso indiscriminado de calmantes. Diversas caixas foram apreendidas pela polícia. O rapaz contou ainda ter falado pelo telefone, ontem, com o pai, com quem não se relaciona.

Reportagem de Marco Antonio Canosa e Tatiana Avilez [fonte: O Dia]

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No Rio da Copa e das Olimpíadas, enchente é culpa da chuva e incêndio, do fogo

Até agora ainda não ouvi nenhuma otoridade declarar à imprensa que o incêndio que ontem detonou os desfiles de três grandes escolas de samba na Cidade do Samba "foi culpa do excesso de fogo. Queimou em poucas horas o que costuma queimar em todo o mês de fevereiro".

Mas é quase isso. A culpa é do fogo, como, antes, nas enchentes, a culpa foi do excesso de chuva.

Mas aí, nas entrelinhas, aqui e ali a verdade escapa e a gente fica sabendo que os sprinklers (aqueles chuveirinhos que ficam no teto para disparar em caso de incêndio) estavam sem funcionar há dois anos.

A Cidade do Samba foi inaugurada em setembro de 2005, custou mais de R$ 100 milhões e foi projetada para "garantir qualidade, segurança e eficiência na montagem do carnaval carioca e de se criar, no Rio de Janeiro, uma atividade turística profissional e permanente".

O tenente-coronel Bombeiro Alexandre Rocha afirmou que a vistoria deste ano estava para ser feita. Que pena. Seria feita quando, depois do carnaval? Mas nada informou (porque certamente não lhe foi perguntado) sobre as vistorias de anos anteriores, para que contestasse a informação de funcionários de que os sprinklers não funcionam há dois anos.

Segundo reportagem da Agência Estado publicada no IG, os funcionários que fizeram a denúncia pediram para não ser identificados. É fácil entender o porquê: o administrador da Cidade do Samba é Aílton Guimarães Jorge Júnior, filho do temido Capitão Guimarães, que saiu dos porões da tortura na ditadura para a alta cúpula do jogo do bicho no estado. Não deve ser fácil levar um problema ao conhecimento desses "superiores"...

Segundo o administrador, os sprinklers não falharam, mas ele admitiu que a água não foi suficiente para conter o incêndio por causa da grande quantidade de material inflamável [e como poderia ser diferente na Cidade do Samba?]. "Mas é o primeiro desastre da Cidade do Samba" - ele concluiu.

Bom, então está tudo explicado. Bola pra frente. Se vier um segundo, a gente já aprendeu: será apenas o segundo desastre da Cidade do Samba. E vamos parar de encher o saco, porque o carnaval já está chegando e assim nós vamos espantar os turistas...

- Tanto riso, oh, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...

Por essas e outras que a máscara do Tiririca é a mais pedida pelos comerciantes para o Carnaval. Pior do que tá não fica. Ou fica?

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Mulheres... Ah, as mulheres... - Desculpa

Ela atende a uma ligação dele e diz:

- Olha, foi bom você ter ligado... Pessoalmente ia ser mais difícil...É melhor a gente parar por aqui...

- Desculpa, mas o que é que eu fiz?

- Essa sua mania de pedir desculpas...

- Desculpa.

- Viu, fez de novo.

- Desculpa.

- Isso me irrita.

- Desculpa.

- Nenhum homem sai pedindo desculpas assim...

- Desculpa.

- Você quer parar?

- Desculpa.

- Isso não é normal.

- Desculpa.

- Você não sabe nem por que está pedindo desculpa.

- Desculpa.

- E mesmo assim fica repetindo "desculpa, desculpa, desculpa"...

- Desculpa.

- Eu não aguento mais.

- Desculpa.

- Nenhuma mulher pode suportar um homem assim...

- Desculpa.

- Pra tudo tem uma desculpa...

- Desculpa.

- Olha, já disse o que eu tinha pra dizer...Vamos parar por aqui... Não me leve a mal...

- Desculpa, mas se você quiser eu não peço mais desculpa.

- Agora é tarde.

- Desculpa. Se soubesse, eu teria falado antes.

- Tá vendo? Já pediu desculpas de novo!

- Desculpa.

- E de novo!

- Desculpa. Mas qual é o mal em se pedir desculpa?

- O tempo todo ninguém aguenta!

- Desculpa. Mas, sabe o que eu acho? Que não é nada disso. Que você só estava atrás de uma... desculpa.

- AIIIIIIIIIII!!!!!

- Desculpa.

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A estreia de Ronaldinho Gaúcho e A Verdadeira História do Futebol

Finalmente estreia hoje no Flamengo o Ronaldinho Gaúcho. Urubuzada em festa, contando que o Nova Iguaçu, adversário desta noite, seja uma galinha morta. O que não é. A laranja mecânica da Baixada (apelido que ganhou por usar uniforme laranja semelhante ao da Holanda e por sua vitória sobre o Vasco - que vem de quatro derrotas consecutivas para times pequenos, inclusive o Fla) está invicto na competição: duas vitórias e dois empates.

Mas existe o fator Ronaldinho. Ele foi um cracaço. Hoje é um grande malabarista.

Mesmo assim, qualquer um que goste de futebol fica feliz em assisti-lo, nem que seja pelos malabarismos e pelo sorriso contagiante. Como amante do futebol, torço por ele, para que nos encante com suas grandes jogadas.

Aproveitando o ensejo, para que não ficar apenas no oba-oba, um pouco de cultura futebolística para que a Urubuzada não perca a viagem aqui ao blog:

A Verdadeira História do Futebol:

Vamos parar com esse negócio de dizer que os ingleses inventaram o futebol. Basta vê-los jogar para perceber que isso não tem fundamento. O que os ingleses inventaram foram as regras do futebol, o que é bem diferente.

O futebol mesmo nasceu no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, em 1904, com a fundação do Botafogo.

Quando o glorioso Botafogo foi fundado, em 1904, iniciou-se aquilo que conhecemos como futebol. Antes, rudimentos desse esporte eram praticados em várias partes do mundo - inclusive no Brasil. Mas só a partir da criação do Botafogo é que o futebol passou a ser esse esporte que conhecemos.

Dois anos após sua fundação, o Botafogo participou de seu primeiro campeonato. O resultado não poderia ser outro: campeão carioca de 1906. A partir daí, o Botafogo continuou desenvolvendo o estilo brasileiro do futebol, que encontrou paralelo, mais adiante, no Santos Futebol Clube, no estado de São Paulo.

Assim como no teatro e nas artes existe a disputa apolíneo X dionisíaco, Santos e Botafogo representaram essas duas correntes no futebol. O Botafogo, Dionísio. Santos, Apolo. O aprimoramento desses estilos desenvolvidos pelos dois clubes fundadores do jeito brasileiro de jogar futebol alcançou seu ápice no final dos anos 50, início dos 60.

Dois nomes foram representativos daquilo que se pode considerar como o apogeu do futebol brasileiro: o dionisíaco Mané Garrincha, pelo lado do Botafogo, e o apolíneo Pelé, pelo Santos.

As seleções brasileiras campeãs mundiais de 58, 62 e 70, tinham como base essas duas equipes. E o mundo inteiro se encantava com o futebol mágico do Brasil.

A partir daí – em denúncia que teve em Nelson Rodrigues um de seus principais formuladores – o futebol brasileiro (na realidade, “o futebol”), deixou-se influenciar por teorias alienígenas, que podem ser resumidas na expressão “futebol de resultados”, que veio a acabar com o futebol, transformado hoje num frio espetáculo televisivo.

[do meu Blog do Mello na Copa, que criei e mantive apenas durante a Copa do Mundo de 2006]

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