O traseiro na reta

O presidente Lula, mais uma vez, demonstra sua forma peculiar de governar.
Quando tem que tomar alguma atitude – a reforma ministerial, por exemplo – protela o quanto pode e ao final decide não decidir.
Mas para dizer como os outros devem agir ou não, ele é campeão.
Outro dia, disse que o brasileiro devia parar de reclamar e agir como o mendigo feliz. (Para quem não se lembra, leia nota abaixo).
Semana passada, discursando no ABC, Lula aconselhou os sindicalistas a mudarem de atitude dizendo que o papel deles não é reivindicar aumentos salariais ou melhores condições de trabalho.
Agora o presidente saiu-se com a última: declarou que o brasileiro não deve aceitar passivamente as taxas de juros praticadas pelos bancos.
- “Tem que levantar o traseiro da cadeira e ir no banco mudar. Se as pessoas tivessem consciência não pagavam 8% de juros por mês.”
Presidente:
. o Brasil que o senhor governa paga aos bancos a maior taxa de juros reais do mundo
. os bancos devem quase 3 bilhões de reais em CPMF
. os bancos estão entre os maiores devedores da Previdência
. desde o início do Plano Real os bancos estão entre os que mais demitiram e os que menos cumprem determinações, como, por exemplo, o tempo de espera por atendimento
. os bancos estão sempre com lucros estratosféricos, ano após ano. Os que quebram, são logo “socorridos”.
Presidente, em seu governo ainda vale a máxima que diz que o melhor negócio que existe é um banco bem administrado. O segundo melhor é um banco mal administrado. O terceiro, é um banco falido.
Presidente, usando suas palavras:
- “Tem que levantar o traseiro da cadeira e ir no banco mudar.”
Peite os bancos, presidente.
Porque valentia com o traseiro dos outros é mole.