Meias verdades, meia garrafa, uma mentira

Paulo Maluf não se emenda. O apresado ex-prefeito de SP, que está na cadeia da PF, acusado de desviar meio bilhão de dólares dos cofres públicos e de atrapalhar o andamento dos processos, lança meias verdades para criar uma mentira inteira.
Nota assinada pela assessoria do ex-prefeito acusa o delegado da PF Protógenes Queiroz de “subornar” o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, principal testemunha contra o ex-prefeito e seu filho, Flávio Maluf, que divide uma cela com o pai na PF.
Na tentativa de desmoralizarem o delegado, o ex-prefeito e seus advogados pinçam trecho de uma escuta telefônica em que Birigüi afirma que o delegado lhe disse que “no final disso tudo, eu vou te dar um presente”. Para Maluf, “esta é a prova de que o delegado subornou o doleiro com a promessa de livrá-lo de ser condenado, por meio dos benefícios da chamada delação premiada, desde que ele mentisse e incriminasse Maluf e Flávio”.
Só que:
1. A produção da fita foi feita pela PF. Sua distribuição também. Segundo nota da assessoria da PF, o próprio acesso que a defesa teve à conversa gravada "só vem demonstrar a isenção no trabalho da PF, ficando claro que não há nenhuma intenção de omitir qualquer áudio captado para beneficiar o investigado Vivaldo Alves".
2. Em nenhum momento das gravações existe o pedido para que Birigüi minta e incrimine os Maluf.
3. A nota da PF ainda esclarece que o tal "presente" proposto a Birigüi foi o benefício legal da delação premiada (redução de pena em troca de informações) e que essa proposta foi feita na presença de membros do Ministério Público.
Segundo matéria na Folha de hoje, promotores e procuradores que atuam na investigação saíram em defesa do delegado. Disseram que não existiu pressão para que Birigüi incriminasse Maluf e que o delegado sempre agiu corretamente. "A proposta de delação premiada foi feita a Birigüi na presença de oito pessoas", disse o promotor Sílvio Marques.
O que incomoda os Maluf é que o doleiro Birigüi, que operava para eles, está entregando todo o esquema.
Por isso os dois estão na cadeia da PF.
E a prova de que eles não se emendam é que uma blitz surpresa realizada ontem constatou que pai e filho já estão com mordomias na prisão. Conseguiram uma sala particular, onde guardam roupas e mantimentos: chocolates finos, damascos secos e uma garrafa de champanhe francês Don Perignon, que estava pela metade.
A que terão brindado Paulo e Flávio?