Lições da eleição de Collor

Num 17 de dezembro como hoje, há 16 anos, o brasileiro foi às urnas para votar no segundo turno das primeiras eleições presidenciais diretas para presidente da República, depois da ditadura.
Lula e Collor se enfrentavam, naquela que foi certamente a nossa primeira campanha moderna, com a utilização de armas que hoje são tradicionais em qualquer campanha: uso massivo de pesquisas quantitativas e qualitativas, jingles, filmes, malas diretas, showmícios. Mas também baixarias, boatos, armações.
Quem não se lembra das acusações de Míriam Cordeiro a Lula?
Quem não se lembra do boato que correu São Paulo de que quartos de casas e de apartamentos de classe média seriam expropriados para abrigar “companheiros” petistas?
Quem não se lembra também da acusação de que Lula iria confiscar a poupança (o que veio a ser feito posteriormente pelo vencedor, Collor)?
Também não se pode esquecer o comportamento da mídia à época, que não investigou profundamente Fernando Collor, deixando de fazer seu trabalho, que é o de esclarecer a opinião pública. Elegeu-se um farsante, com a omissão de grande parte da mídia.
Não se pode deixar de falar na edição distorcida que o Jornal Nacional da TV Globo mostrou do debate que houvera entre os dois candidatos.
Também nesse 17 de dezembro de 1989 chegou ao fim o seqüestro de Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar. A cobertura do desfecho do seqüestro também foi, no mínimo, tendenciosa, mostrando os seqüestradores como petistas ou simpatizantes.
Que a lembrança daquela campanha sirva ao menos para que a mídia não cometa novamente os mesmos erros nesta próxima, que promete ser tão disputada e apaixonante quanto aquela. Que não peque por omissão (como o fez naquela ao não esmiuçar o personagem Collor) nem por ação (como na edição do debate pelo JN e na repercussão do seqüestro de Diniz).
O resto é conosco, eleitores. Que também nos preparemos para não sermos enganados.