O Maranhão de Sarney

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio de Mello concedeu liminar ontem suspendendo a devolução do convento das Mercês para o Estado do Maranhão. Com isso, a Fundação José Sarney poderá continuar a usar o prédio.
Uma lei estadual havia pedido a devolução do prédio ao estado. O mesmo pretende o Ministério Público Federal, que defende que um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional não pode ser doado.
Dizem que o pedido de retirada da Fundação José Sarney do convento foi uma provocação do atual governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PSB), da Assembléia local e do Ministério Público, que já não estariam reconhecendo a voz do dono do Maranhão.
Afinal, como documenta o Jornal Pequeno, que tem como slogan "O órgão das multidões", é fácil ver quem manda no Maranhão:
"Para nascer, é na Maternidade Marly Sarney. Para morar, você tem as vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola (mãe de Sarney) ou Roseana Sarney. Para estudar, suas opções são as escolas Roseana Sarney, Sarney Neto, Fernanda Sarney, Roseana Sarney, Marly Sarney ou o próprio Sarney. Para pesquisar, pegue um táxi no posto Marly Sarney e vá à biblioteca José Sarney (que fica na maior faculdade particular, que, dizem as más línguas, também é do Sarney). Para ler notícias, tem o jornal Estado do Maranhão, que também é do Sarney, ou a televisão do Sarney. Para saber sobre contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Sarney Murad. Para sair da cidade, atravesse a ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá para a rodoviária Kiola Sarney e então, depois de algumas horas nas estradas e rodoviárias "maravilhosas" do Maranhão, você chegará ao município José Sarney. Não gostou? Quer reclamar? Pode me processar que eu vou responder no fórum desembargador Sarney!"
Portanto, nada mais justo que o convento das Mercês fique a mercê de José Sarney.