A culpa pela nova onda de violência em SP

Ônibus incendiado. Foto de Rogério Cassimiro/Folha ImagemPra começo de conversa, parece que o motivo dos novos ataques do PCC agora em SP é o mesmo de há dois meses atrás: a transferência de presos. Na época, para Presidente Bernardes. Agora, para o novo presídio federal de Catanduva. Mas a realidade está sendo manipulada politicamente.

Conforme antecipado aqui, a estratégia da oposição é tentar colar o governo Lula ao crime organizado em São Paulo. Ontem, o senador e presidente nacional do PFL, Jorge "Essa Raça" Bornhausen (SC) foi direto ao ponto:
- "O PT pode estar manuseando, manipulando essas ações [do PCC]."

Agora, insinuam que o motivo dos ataques seria a divulgação da pesquisa CNT/Sensus que indicava a "subida" de Alckmin. Mas, que subida, se Alckmin cresceu devorando parte da oposição? A diferença entre Lula e os demais (que afinal é a que importa) continua a mesma, e Lula vence a todos no primeiro turno.

Antes, disseram que os ataques de maio foram desencadeados para abafar uma reportagem da Veja, com a revelação de uma suposta conta bancária de Lula no exterior. A relação era tão bombástica e fundamentada, que a revista nem capa deu à reportagem (??).

A verdade é que a (in)segurança pública é um problema nacional. O governo Lula foi omisso, não tocou o projeto feito por especialistas no início de seu governo, e priorizou outras áreas em detrimento da segurança. Mas, pela Constituição, ela é atribuição dos estados.

Geraldo Alckmin e o PSDB são governo em SP há doze anos. O candidato tucano, até os acontecimentos de maio, espalhava aos quatro ventos que havia desmontado o PCC. Está provado que as palavras não correspondem aos fatos. Qual a estratégia então? Colocar novas palavras para justificar os mesmos fatos. E a nova palavra é responsabilizar o PT e o governo Lula pelos acontecimentos. O PT por supostamente querer desestabilizar a candidatura Alckmin (como se Aécio, Serra e outros tucanos necessitassem de concorrência). O governo Lula por não haver repassado (o que é verdade) mais verbas para SP. Isso também não se sustenta, pois em 2001, quando aconteceu a primeira mega-rebelião do PCC, o presidente era o tucano FHC.

Que tal procurar a resposta na política de (in)segurança pública de SP? Quem vem pregando o enfrentamento como política de segurança? Quem acha que resolve o problema dos bandidos a bala? Quem liberou TVs para os bandidos? Quem permite o uso de celulares nas penitenciárias?

Logo após os acontecimentos de maio, várias pessoas foram assassinadas em SP, como resposta aos ataques do PCC. Perícias preliminares apontam características de execução em 70% dos casos. O resultado? Novos ataques agora.

Como escrevi em um artigo no Jornal do Brasil, se o uso de uma força maior resolvesse o problema, os Estados Unidos teriam vencido a guerra do Vietnã, Israel já teria resolvido a "questão palestina"...

O buraco da segurança é mais embaixo e enquanto ela for utilizada para politicagem o problema só irá se agravar. Já, já aparece alguém querendo chamar a tropa para botar ordem na casa. Já vimos esse filme, e a democracia morre no fim.

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