Serra e Ciro: Efeitos diferentes para besteiras semelhantes

Antes de começar o horário eleitoral em 2002, Ciro Gomes (na época no PPS) estava em segundo lugar nas pesquisas, dez pontos atrás de Lula, e 14 na frente de José Serra (PSDB), que vinha em terceiro.

Foi aí que Ciro, em entrevista a uma rádio na Bahia, perdeu a paciência com um ouvinte, que lhe perguntou se era candidato a presidente da Suíça, já que Ciro afirmava que não daria cargos aos aliados se fosse eleito.
"Lá é parlamentarista. É só um aviso aí para esses petistas furibundos. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para largar de ser burro".

A campanha de Serra usou a declaração em seu horário eleitoral e, em dez dias, Ciro caiu sete pontos e Serra subiu seis.

O que prova que uma declaração infeliz, se bem utilizada pelos adversários, pode causar um tremendo estrago a uma candidatura. Ciro já tinha uma imagem de um sujeito explosivo, temperamental. Ao perder a paciência com um ouvinte, deu margem à que a campanha adversária conseguisse contaminar sua candidatura com a pecha de que não tinha serenidade para ocupar o cargo mais importante do país.

O PSDB, especialmente a ala paulista, já tem uma fama de partido elitista. A declaração de Serra de que os estados do sul vão bem na área de educação, porque não têm o problema de migração de São Paulo, é um exemplo claro dessa visão. Mas, pelos números da última pesquisa do Ibope, os adversários de Serra não tiveram competência para usar a declaração contra o prefeito. Por isso, Serra não desce; agradece.

Se esta é sua primeira vez neste blog, clique aqui
Clique aqui e adicione este blog aos seus Favoritos