TCU, Secom e PT: explicações e dúvidas

A revista Veja desta semana publicou uma reportagem, "Foi o PT que pegou", com uma denúncia:
No calor da CPI dos Correios, em outubro de 2005, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) notou que faltava a comprovação de 11 milhões de reais dos gastos da Secretaria de Comunicação (Secom), subordinada diretamente à Presidência. O tribunal apontou superfaturamento na aquisição de materiais gráficos e não encontrou provas da manufatura e distribuição de quase 2 milhões de exemplares de um total de 5 milhões de revistas e encartes que a Secom mandou produzir. Os folhetos continham propaganda do governo e críticas à administração anterior. A Secom não reconheceu o diagnóstico de superfaturamento e pediu mais prazo para fornecer os comprovantes dos encartes "desaparecidos", alegando que eles não haviam sido guardados pelas agências de publicidade encarregadas de encomendar a execução dos serviços gráficos.

O governo pediu um tempo para responder. Ao final, disse que os milhões de exemplares haviam sido distribuídos pelo PT. Segue a Veja:
Luís Justiniano de Arantes Fernandes, advogado do ex-ministro Gushiken [à época à frente da Secom], diz que o objetivo do governo foi reduzir custos com a distribuição do material via PT. "Tal decisão permitiu a mais ampla distribuição do material gráfico. O destino final das revistas e dos encartes era e sempre foi a população, e a esse destino eles chegaram, por intermédio desse canal de distribuição em que se constituiu o Partido dos Trabalhadores."

O Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota ontem, criticando o vazamento pelo TCU, e informando que:
Em face às matérias divulgadas nos últimos dias na imprensa, relacionadas à distribuição de cartilhas com ações do governo federal, temos a informar que, segundo levantamento interno, o Partido dos Trabalhadores recebeu um montante de 929.940 exemplares (e não dois milhões, conforme publicado por alguns órgãos), e distribuiu na ocasião essas publicações aos seus diretórios e militantes, além de disponibilizá-los em eventos (seminários e reuniões) para os participantes dos mesmos.

Faltam aí: 1) mais de um milhão de exemplares; 2) uma explicação convincente para destinos diferentes dos exemplares: o advogado de Gushiken afirma que "o destino final das revistas e dos encartes era e sempre foi a população", e o PT estaria apenas realizando o trabalho a um custo menor (qual? ou sem custo?) para o governo. A nota do PT informa que "distribuiu na ocasião essas publicações aos seus diretórios e militantes, além de disponibilizá-los em eventos (seminários e reuniões) para os participantes dos mesmos". Foi para a população ou para participantes de eventos petistas?; 3) É legal essa confusão entre Estado, governo e partido político?

Pode-se questionar o vazamento e a ocasião em que foi feito: a reta final de uma campanha eleitoral. Mas, Inês é morta. "Ó tempo volta pra trás", é letra de fado. O remédio para anular especulações e acusações é um só: colocar a roupa no varal da exposição pública, com tudo devidamente explicado, dindim por dindim.

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