segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Folha é contra a lei Ricúpero: quer esconder o que é bom e mostrar o que é ruim

Adoro ler a Folha, especialmente às segundas. Porque a gente começa a semana dando boas risadas. Por exemplo: Há uma trepidante reportagem de Fábio Takahashi e Rogério Pagnan onde nos é informado que os recursos do Fundeb - o novo fundo da educação básica recentemente aprovado - vão para...os estados mais pobres das regiões Nordeste e Norte do país. Eles queriam que fosse pra onde, pra Barão de Limeira, na sede da Folha?

Mais adiante, a reportagem informa que o "o Fundeb é tido como a principal bandeira no segundo mandato de Lula, assim como foi o Bolsa Família no primeiro - peça fundamental para a reeleição". A Folha chegou a fazer um levantamento nos discursos oficiais do presidente e constatou que o Fundeb foi abordado pelo presidente em 75 falas desde 2004, tratado como "revolução na educação" e "ajuda aos Estados mais pobres".

Se o Fundeb obtiver o mesmo sucesso do Bolsa Família, ótimo, porque isso vai significar que os professores estarão mais bem remunerados e a educação básica no Brasil terá melhorado. Por que então um governo não deveria faturar politicamente essas conquistas? Afinal, "políticos são aqueles que tratam ou se ocupam da política" (dicionário Houaiss)? Se o presidente não se vangloriar de seus acertos, quem o fará por ele, a Folha?

Pela lógica do jornalão paulista, a história da implantação do Fundeb deverá ser contada assim: se der errado, a Folha desce o cacete; se der certo, Lula fica caladinho, e não se fala mais nisso.

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2 comentários:

  1. Anônimo11.12.06

    Prezado jornalista Antônio Mello,

    Se existe algo que pouco se compreende na imprensa brasileira é a sua falta de vontade de apurar quando o fato não vai de encontro ao seu interesse.

    Vejo a mídia gritar sobre a decisão do TCU, no caso do contrato de publicidade da Petrobrás. Realmente a mídia está certa, tem que alertar mesmo a população sobre o fato.

    Mas, na mesma medida, vejo a mídia se calar quando ao processo do TCDF, nº 1262/2004, sobre a publicidade e propaganda do Banco de Brasília S.A..

    Uma rápida leitura, apenas na última decisão, de novembro, já é o bastante para se verificar a seriedade do processo.

    Porém a imprensa de Brasília fica calada, e seus jornalistas também, preferem o silêncio. Nada falam, nada comentam, nem mesmo para defender se fosse o caso. Simplesmente preferem o silêncio.

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  2. Anônimo11.12.06

    Mello,

    A maior pérola da reportagem da Folha é esta:

    "Diretora-executiva da Fundação Lemann, Ilona Becskeházy se diz preocupada com a utilização do Fundeb em salários. 'Há o perigo de não sobrar quase nada para diminuir o número de alunos por sala, comprar material escolar, ou seja, que são coisas fundamentais."

    Se a FUNDEB foi criado para ampliar o universo do ensino, do infantil ao médio, bem como para melhorar o salário dos professores, por que esta preocupação da Ilona?

    Também a preocupação dos políticos de oposição pode ser transformada em certeza, pois é mais do que claro que Lula tem que se apropriar das vantagens do programa.

    Plagiando o Recúpero: o que é bom agente apropria; o que é ruim deixa para a oposição malhar.

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