Como Zuenir Ventura, que fala assim sobre a exposição, em sua crônica de hoje no Globo:
Em SP, talvez para não se ver a cidade, há muita coisa para se ver. No Rio, o que há de sobra para ver é a paisagem.Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail
Dos trabalhos atuais de Daniela, todos com a colaboração do marido, Felipe Tassara, o de maior fôlego é sem dúvida "Clarice Lispector - a hora da estrela", com curadoria de Julia Peregrino e Ferreira Gullar. São sete espaços em que textos e fotos expressivamente iluminados resumem os mistérios, a solidão, os enigmas da autora de "Perto do coração selvagem". Como ela diz, "Não se perde por não entender", "a explicação do enigma é a repetição do enigma", "sou um mistério para mim".
O espaço mais popular é o das duas mil gavetas, das quais apenas 60 podem ser abertas e onde as pessoas se divertem vendo manuscritos, cartas, documentos, carteiras. A primeira sala, de ambientação intimista, é a que eu prefiro - a que tem uma das mais dramáticas fotos de Clarice, com aquele olhar melancólico e angustiado.
Ela está segurando o cigarro com a mão que quase ficou inutilizada ao se queimar gravemente quando ela dormiu fumando.
Através da foto se lê: "Amo a língua portuguesa. Eu até queria não ter aprendido outras línguas..." Pois é no embate com a língua que adotou que essa ucraniana-brasileira tentava dizer o indizível ou, como prefere Gullar, "não dizer o dizível".
A gente sai da exposição querendo entender mais um dos muitos mistérios que envolvem Clarice. Como uma escritora tida como hermética, inacessível, introspectiva é capaz de tanto sucesso de público? Há quase um mês, filas se formam para admirar um pouco de sua vida e obra.
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