Ontem assistimos o governo, ministra Dilma à frente, dando explicações sobre o uso do cartão corporativo. Pois é, nossa ministra deixou de lado os grandes projetos do nosso país para tratar de um assunto que consome entre 0,0002% e 0,0004% do total de gastos do Poder Executivo. E que já estava sendo investigado pelo próprio governo, que foi quem levantou a existência de possíveis irregularidades – e não a imprensa, como pensam alguns.
No ano passado, o gasto com todos os cartões corporativos foi de R$ 176,9 milhões – menor que os R$ 233,2 milhões consumidos em 2002, último ano de FHC na presidência.
Para termos uma comparação do ridículo da situação, só com o fim da CPMF o país perdeu R$ 40 bilhões e ainda a possibilidade de um controle sobre a sonegação. Como disse a Crica, em comentário aqui no blog:
Você não acha interessante a ânsia investigativa com relação aos cartões corporativos exatamente ao mesmo tempo em que se questiona a constitucionalidade, sob a capa do sigilo, da prestação de informações de movimentações bancárias, para compensar a redução do controle da sonegação e outras movimentações duvidosas com fim da CPMF?
Até agora não vi grita alguma contra o sigilo para os contraventores, que movimentam diariamente muito mais que tapiocas.
Agora, toda a nossa “grande imprensa” vai ficar batendo no assunto, seguindo a estratégia que foi revelada pelo ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo (se já chegou de Paris, para onde foi fugindo do Carnaval e das vaias que certamente levaria na Sapucaí), César Maia.
Em informação postada em seu ex-blog – e que já publiquei aqui – CM mostra como oposição deve derrubar Lula:
A oposição deveria assistir o premiado documentário da luta de Cassius Clay na África anos atrás. Ou qualquer luta equilibrada entre pesos pesados. Se tentar nocautear o governo de saída pode ser nocauteado. Deve ir tirando a resistência do governo através de golpes sistemáticos no fígado e no baço. Girando em torno do governo e desgastando-o sempre e continuadamente.
Com isso acelera o necessário desgaste do governo e o inevitável conflito interno um quadro inorgânico como o brasileiro.
O tempo da oposição começa no segundo ano de governo [que é este ano de 2008, digo eu]. Aí já poderá levar o governo a lona por alguns segundos. Mas para isso deve tê-lo desgastado nos primeiros rounds. A CPI do Apagão deve ter este foco. Não é a batalha final. E não pode ser tratada assim. A ela vão se somando outras e sucessivas: a emenda número 3, o leque de gastos sem licitação do governo e o TCU está cheio deles auditados, as prorrogações da DRU e da CPMF, etc... e tal... progressivamente.
Pois aí está, desnuda, a estratégia da oposição e seu objetivo: nocautear o governo, derrubar o presidente Lula, eleito e com a aprovação de mais de 60% dos brasileiros.
E o governo ainda monta uma coletiva de imprensa para alimentar isso. Francamente, Franklin.
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