Menos prosaico ainda foi o local onde assisti ao filme. Estava numa cidade do interior de São Paulo, que contava na época com dois cinemas (hoje não tem nenhum): um frequentado pela elite local. O outro, pelo povão, onde eram exibidas produções de classe Z, banguebangues baratos, filmes antigos de Mazzaropi (os novos, no classe A). Pois não é que O Império dos Sentidos foi programado para o poeirão?
Comprei meu ingresso e comecei a apreciar os tipos que dividiriam o cinema comigo. Só homens, que chegavam com suas bicicletas. Gente simples, com chapéu de palha na cabeça, a maioria trabalhadores do campo - da roça, como eles se dizem.
Foi sem sombra de dúvidas a plateia mais divertida que O Império dos Sentidos teve ao redor do mundo.
O filme conta uma história de amor intenso entre uma ex-prostituta e o senhor da casa onde vai trabalhar como empregada. E põe intenso nisso. O cinema estava lotado. A plateia dava risinhos nervosos a cada nova cena de amor. Ainda mais porque Oshima quebrou a barreira entre o filme de arte e o pornô, colocando cenas pra lá de apimentadas na tela.
Até que veio a famosa cena do ovo cozido. O homem o introduz suavemente na vagina da mulher. Ela depois o devolve, "põe o ovo", e ele o come. Já imaginaram a reação da plateia? Até hoje me recordo de um deles à minha frente:
- Quié issu?!... O que ele vai fazer?... Nossa, num credito!...Ói, oi, e num é que vai infiá lá?... Ahn!... Dooona!!!... Guloooosa!E ainda há quem não goste de ovo cozido...
Antonio, muito obrigado para indicar a manifestação do Mst..eu da Italia estou tentando de explicar um Brasil diferente do que a rede Globo e a Folha indicam....
ResponderExcluirValeu
http://hopersomianonna.blogspot.com/
:-o :))
ResponderExcluirHoje isso seria visto como ginástica vaginal, os tempos mudaram, só mesmo na memória para se ter acesso a uma coisa dessa que você relatou e desta forma inteligente de narrar.
ResponderExcluirPutz, eu assisti mas não com tal acompanhamento e imagino o que passou pela cabeça dos "caipiras" De fato deve ter sido muito engraçado
ResponderExcluirGenial!
ResponderExcluirVi esse filme,no Marrocos em São Paulo,com uma amiga(que anos mais tarde,descobri que era lésbica e ela sempre foi a fim de mim e eu dela e nunca deu certo!).Amamos o filme.Não sei porque,mas,tantos homens saíram no decorrer do filme.Para mim,o Império do sentido foi um filme de arte...
Da época,foi um dos melhores filmes que vi.
O outro foi,na ditadura,Z de Costa Gravas,ali no Paiçandu;platéia totalmente desconhecida,ao final do filme, explodiu uma salva de palmas...Não sei pq a tv cabeada não passa esse filme.
Mello, permita-me reproduzir este post, sensacional. Eu até adicionei uma imagem (não aquela)
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