Blog do Mello apresenta 'Serrasferatu, o filme do fim'



.

Aproveitando a primavera, voltei ao Formspring

http://www.formspring.me/blogdomello. Apareça.

.

Nem só de heróis é feita a História: Um belo depoimento-homenagem de Celso Lungaretti sobre Geraldo Vandré

Do Náufrago da Utopia, de Celso Lungaretti, onde você pode ver a postagem completa, com vídeos:

De como um homem perdeu seu rumo e seguiu ao léu

"O que foi que fizeram com ele? Não sei
Só sei que esse trapo, esse homem foi um rei"
("Tributo a um Rei Esquecido", Benito Di Paula)

Eu era um adolescente começando a me interessar pela política quando uma música me atingiu em cheio: "Canção Nordestina", do Geraldo Vandré, com aquele seu grito lancinante ("...e essa dor no coração/ aaaaaaaAAAAAAAAIIII!!!!, quando é que vai acabar?") reverberando em todo o meu ser.

Foi meu primeiro ídolo. Acompanhei a consagração da "Disparada" no Festival da Record de 1966, amaldiçoando o Jair Rodrigues por abrir um sorriso bocó no trecho mais dramático ("...porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente").

Depois, nos estertores d'O Fino, o programa passou a ser conduzido, uma em cada quatro semanas, pelo Vandré (nas outras, se bem me lembro, os apresentadores eram Chico Buarque/Nara Leão, Elis Regina/Jair Rodrigues e Gilberto Gil/Caetano Veloso).

Num de seus programas, o Vandré declamou o "Poema da Disparada", sobre a modorrenta mansidão da boiada, até que um simples mosquito, picando um boi, provoca o estouro, e nada volta a ser como antes. Belíssimo.

Aí o Vandré brigou com a TV Record e saiu da emissora, alegando que um desses seus programas havia sido censurado pelos patrões, por temerem os milicos.

Veio o Festival da Record de 1967 e Vandré, com sua "De Como Um Homem Perdeu o Seu Cavalo e Continuou Andando" ("Ventania"), virou alvo de críticas e maledicências ininterruptas nas emissoras da Rede Record. Diziam até que ele havia contratado uma turba para vaiar Roberto Carlos.

"Ventania" não era mesmo uma segunda "Disparada", mas, sem toda essa campanha adversa, certamente teria obtido classificação melhor do que o 10º lugar.

O Vandré antigo: no front musical contra o imperialismo.

Aconteceu então aquele 1º de Maio esquisito, em 1968, quando o PCB garantiu ao governador Abreu Sodré que ele poderia discursar tranqüilamente na Praça da Sé.

O ingênuo acreditou e, mal tomou a palavra, recebeu uma nuvem de pedradas dos trabalhadores do ABC e de Osasco, organizados pela esquerda autêntica.

Sodré correu para se refugiar na Catedral... e Vandré foi fotografado ajudando Sua Excelência a escafeder-se!

A foto saiu na capa da Folha da Tarde e fez com que muito esquerdista virasse as costas ao Vandré.

No final de junho/68, os operários de Osasco tomaram pela primeira vez fábricas no Brasil (em plena ditadura!). A reação foi fulminante, com a ocupação militar da cidade.

Os estudantes, por sua vez, ocuparam a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, na rua Maria Antônia, para mantê-la aberta durante as férias de julho, prestando apoio à greve de Osasco.

O Vandré apareceu lá numa noite em que estava marcada uma assembléia para tratar desse apoio estudantil à greve. Foi hostilizado pelos universitários. Lembro-me de uma fulaninha gritando sem parar: "traidor!", "traidor!".

Eu estava lá com companheiros secundaristas da Zona Leste, todos admiradores do Vandré. Então, nós nos apresentamos e fizemos o convite para vir conosco ao bar da esquina, oferecendo-lhe a oportunidade para retirar-se de lá com dignidade, e não como um cão escorraçado.

Bebemos, papeamos horas a fio, apareceu um violão e rolaram algumas músicas.

Lá pelas tantas, o Vandré mostrou uma letra rascunhada e cheia de correções, que ele escrevera numa daquelas folhas brancas de embrulhar bengalas (pão). Era a "Caminhando", que tivemos o privilégio de conhecer ainda em gestação.

É importante notar que ele fez a "Caminhando" exatamente para responder aos esquerdistas que o estavam hostilizando. Quis lhes dizer que continuava acreditando nos mesmos valores, que nada havia mudado.

Perguntamos por que ele havia socorrido o Sodré. A resposta: "Nem sei. Estava tão bêbado que não me lembro de nada que aconteceu".

Na verdade havia amizade entre ambos, tanto que o Vandré, meses mais tarde, encontraria abrigo no Palácio dos Bandeirantes, onde o próprio Sodré o escondeu quando a repressão estava no seu encalço.

Mas, não ficava bem para um artista de esquerda admitir publicamente que mantinha  relações perigosas  com um governador da Arena, partido de apoio à ditadura.

"HÁ SOLDADOS ARMADOS, AMADOS OU NÃO"

Naquele Festival Internacional da Canção da Rede Globo, "Caminhando" foi uma das cinco classificadas de São Paulo para a final nacional no Rio. O que chamou mais a atenção por aqui foi a não-classificação de "Questão de Ordem", do Gil, e o desabafo de Caetano Veloso, que acabou retirando sua "É Proibido Proibir" do festival em solidariedade ao amigo (depois de detonar o júri "simpático, mas incompetente" com um discurso célebre, que acabou sendo lançado em disco com o nome de "Ambiente de Festival").

No Rio, entretanto, o clima era outro. Numa manifestação de rua, a repressão acabara de submeter estudantes a terríveis indignidades (os soldados chegaram a urinar sobre os jovens rendidos e a bolinar as moças). Isto despertou indignação geralizada na cordialíssima  cidade maravilhosa.

O III FIC aconteceu logo depois e os cariocas adotaram "Caminhando" como desagravo. Vandré teve muito mais torcida lá do que em SP. Quando ele reapresentou a música, já como 2ª colocada, os moradores de Copacabana abriram as janelas de seus apartamentos e colocaram a TV no volume máximo. Cantaram juntos, expressando toda sua raiva da ditadura.

Reencontrei Vandré por volta de 1980, quando eu estava colaborando com várias revistas de música. Propus-lhe uma entrevista, que ele não quis dar: "Não tenho disco nenhum para lançar, para que falar à imprensa?".

Acabamos indo (eu e minha companheira de então) ao apartamento do Vandré na rua Martins Fontes e papeando durante horas -- mas em off, ou seja, com o compromisso de nada publicar.

Reparei que ele continuava lúcido, ao contrário das versões de que teria ficado xarope por causa das torturas. Mas, perdera a concisão e clareza. Seus raciocínios faziam sentido, mas davam voltas e voltas até chegarem ao ponto. Para entender a lógica do que ele dizia, eu precisava ficar prestando enorme atenção. Era exaustivo.

O mais importante que ele disse: estaria na mira de organizações de extrema-direita, inconformadas com o gradual abrandamento do regime.

A censura finalmente liberara "Caminhando", que fazia sucesso na voz de Simone. Vandré explicou que tinha de passar-se por louco pois, se ele tentasse voltar ao estrelato junto com a música, seria assassinado.

Insistiu muito em que não se apresentaria no Brasil enquanto o País não oferecesse garantias legais aos seus cidadãos. Realmente, algum tempo depois, soube que ele marcara um show para uma cidade paraguaia fronteiriça com o Brasil. Quem foi lá vê-lo? Brasileiros, claro...

Quando estudava na ECA/USP, eu fiz um trabalho de teleteatro de meia hora baseado nos personagens e no clima da música "Das Terras de Benvirá" -- sobre uma comunidade de refugiados brasileiros decidindo se já era hora de voltar para a patriamada ou não. Minha pequena contribuição àquele momento (1979) da anistia.

Conheço quase toda a obra do Vandré. E considero o LP francês, "Das Terras de Benvirá", uma pungente obra-prima.

"SEM TER NA CHEGADA QUE MORRER, AMADA"

Quanto à promiscuidade com milicos depois de sua volta do exílio, a canção composta em homenagem à FAB e as declarações negando ter sido torturado, a minha opinião é que ele não conseguiu suportar a realidade de que não se comportara heroicamente.

Em várias músicas (como "Terra Plana", "Despedida de Maria" e "Bonita"), o personagem central era um guerrilheiro. As canções, narradas sempre na primeira pessoa. Ou seja, saltava aos olhos tratar-se do papel que sonhava ele mesmo vir a representar na vida real.

Mas, claro, o Vandré não foi para a guerrilha nem parece ter passado pela prova de fogo nos porões da ditadura com o destemor desejado. Além disto, não aguentou viver muito tempo fora do Brasil e voltou com o rabo entre as pernas. Com certeza, negociou com os militares para poder desembarcar "sem ter na chegada/ que morrer, amada,/ ou de amor matar" ("Canção Primeira").

O Vandré atual: homenageado ao assistir show no Bixiga

A minha impressão é que, nordestino e machista, ele não aguentou admitir que fora quebrado pela tortura e pelos rigores do exílio. Então, preferiu desconversar, embaralhar as cartas, descaracterizar-se como ícone da resistência. Enfim, um caso que só Freud conseguiria explicar (e esgotar).

De qualquer forma, aquele artista que tanto admiramos foi assassinado pelos déspotas, da mesma forma que Victor Jara e Garcia Lorca. Sobrou um homem sofredor, que merece nossa compreensão.

.

Porque é primavera, e eles não vão impedi-la, nem o perfume de todas as rosas: Quando te Vi, com Beto Guedes



.

Aniversário de Ray Charles e primeiro dia da Primavera. I Can't Stop Loving You e Tim Maia. Preciso falar mais?






.

Companheiros, ignorância tem remédio; burrice, não. Não se combate o fogo dos derrotados com gasolina

Hoje está marcado no Clube Militar um seminário que é uma contradição em termos: "A Democracia ameaçada: Restrições à Liberdade de Expressão".

Isso no Clube dos milicos aposentados, as viúvas da ditadura, que não se conformam com a democracia e o país na mão dos civis.

Mas isso não é o bastante. Há os palestrantes convidados. Ninguém mais ninguém menos do que Reinaldo Azevedo e Merval Pereira. Qual é a democracia que os dois (especialmente o primeiro) defendem?

Bom, até aí, como diziam os antigos, morreu o Neves. Eles se reúnem, tomam chá, cospem bílis, arrotam veneno e confraternizam entre si. O Brasil segue seu ritmo normal.

Mas só que um grupo de "nós" (todos os que lutamos contra eles) resolveu fazer uma manifestação em frente ao Clube Militar. Desculpem-me, mas é de uma burrice abissal. E ainda há tempo de não cometê-la.

Qual o objetivo desse encontro? Falar para seus pares? Claro que não. Eles querem criar um fato. E que fato criariam se apenas eles aparecessem?

Alguém pode imaginar o Kamel (o único camelo com três corcovas, para acomodar os irmãos Marinho) cobrindo o evento no Jornal Nacional? Não tem gancho para isso. Não é pauta.

Mas, imaginem um grupo de pessoas protestando em frente ao Clube Militar. Imaginem que Bolsonaros da vida insuflem partidários para caírem na porrada (e que usem camisetas vermelhas, ou assumidamente do PT), sangue pra todo lado. Imaginem mulheres correndo desesperadas. Aí, sim, o camelo de três corcovas tem o que mostrar:

Homer Bonner - No Rio, seminário em defesa da democracia é atacado por radicais.
Mage Bernardes - Manifestantes, possivelmente ligados ao PT agrediram pequeno grupo que defendia a liberdade de expressão.

Lula em Campinas e Dilma com seu desabafo contra a Folha já colocaram essa gente em seus devidos lugares. O que temos a fazer agora é informar às pessoas que Dilma é a continuação do governo Lula, que seu número é 13 e que todos devemos levar o título de eleitor e mais um documento com foto (carteira de identidade, de trabalho, de motorista, certificado de reservista) no dia da eleição.

Eles que organizem seus seminários. A surra que vão levar será em 3 de outubro.

Nosso foco é a eleição de Dilma e de uma bancada que dê sustentação a seu governo.

.

A pedidos, um repeteco do Tico-tico no Fubá da mídia golpista nas eleições 2010



.

Como a mídia porcorativa é parcial em favor de Serra: No Jornal Nacional, cratera do metrô de São Paulo pariu um bebê

Postagem de 14 de janeiro de 2008:

Ontem publiquei uma postagem aqui mostrando como o JN critica o governo, mesmo quando ele baixa medidas que vão ao encontro das necessidades da população.

Hoje, para mostrar que isso não é uma coisa fortuita, mas fruto de uma estratégia política, vou comentar uma outra matéria, da mesma edição. Só que essa mostra como o JN trata o outro lado – o governo tucano de José Serra.

Naquele sábado a cratera do metrô de São Paulo completou um ano. Uma cratera que vitimou sete pessoas. Até hoje nem o laudo com as causas do acidente foi apresentado à população. E como o JN tratou o assunto?

Começou com uma homenagem, na cabeça, lida por Renato Machado:

As vítimas do desabamento de um trecho das obras do metrô de São Paulo, foram homenageadas hoje - quando o acidente completou um ano. [A vírgula entre o sujeito e o verbo está na página do JN mesmo]

Depois, algumas informações:

O acesso ao local do acidente continua interditado. Estão interditados 21 imóveis. O laudo técnico sobre as causas e os possíveis culpados não foi concluído. Deveria ter ficado pronto em outubro do ano passado, mas foi adiado para março.

Alguma sonora? Alguma entrevista com o governador ou responsável pelo desastre? Alguma cobrança? Por que até hoje nem o laudo ficou pronto? Por que a área continua interditada? Nada.

Em seguida vem o final:


Entre os veículos soterrados estava um microônibus que passava pelo local.
Nele estava o marido de Thays Gomes, o cobrador do ônibus. Grávida na época do acidente, ela esperava Cauã, hoje com quase um ano.


Revolta de Thays? Reclamação contra o governo? Nada disso, segundo a reportagem. Sobre imagens de uma alegre e inocente criança brincando, o repórter prossegue, antes da sonora de Thays:


Ela diz que guarda boas lembranças do marido apesar de tanto sofrimento.

“Uma coisa boa foi o meu filho, o nosso filho”, diz Thays.

Pois é, da cratera do metrô ficou uma coisa boa... O nosso filho: dela, do marido morto, da cratera do metrô e do Jornal Nacional.

Leia também:


.

Vídeo: Em Campinas, Lula diz que vai derrotar nas urnas os tucanos e a imprensa que se comporta como partido político



.

Lula: 'Tucanos queriam privatizar Petrobras, nós vamos fazer a maior capitalização da história da empresa'

.



.

Tucano que come pedra sabe Cureau que tem

Vice-Procuradora Geral Eleitoral, Sandra Cureau enviou um ofício à revista CartaCapital solicitando que a editora apresente no prazo de 5 dias as cópias de todos os contratos publicitários assinados com o governo federal nos anos de 2009 e 2010.

Tudo baseado numa denúncia anônima, que, vamos dizer assim, insinua que a revista tem sua opinião comprada pelo governo Lula.

Seria cômico, se ela se chamasse Clouseau (o detetive imortalizado por Peter Sellers). Trágico, se ela fosse Curió, o major Curió, das torturas e assassinatos no Araguaia, rei de Serra Pelada. Seria pastoso e doce, se ela fosse Curau, o doce feito com espigas de milho.

Mas sendo madame Cureau Vice-Procuradora Geral Eleitoral, o pedido soa patético, diante da poder do PIG usado contra a candidatura da indicada pelo presidente Lula para ser sua sucessora, a ex-ministra Dilma Rousseff.

Publiquei hoje mesmo aqui no blog Governo tucano de São Paulo é o que mais investe em esgoto no Brasil, que mostra como o governo Serra em São Paulo financiou a imprensa de esgoto com verbas públicas. Dezenas de milhões de reais.

A resposta de Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital e sócio majoritário da editora responsável pela revista, está publicada a seguir:

Excelentíssima Senhora Vice-Procuradora Geral Eleitoral


Acuso o recebimento do ofício de número 335/10-SC, expedido nos autos do procedimento PA/PGR 1.00.000.010796/2010-33 e, tempestiva e respeitosamente, passo a expor o que se segue.



Para melhor atender ao ofício requisitório de relação nominal de contratos de publicidade celebrados entre o Governo Federal e a Editora Confiança Ltda. – revista CartaCapital –, tomamos a iniciativa e a cautela de consultar, por meio de repórter da nossa sucursal de Brasília, os autos do procedimento geradores da determinação de Vossa Excelência. Verificamos tratar-se de denúncia anônima, baseada em meras e afrontosas ilações, ou seja, conjecturas sem apoio em elementos a conferir lastro de suficiência.

Permito-me observar que a transparência é princípio insubstituível a nortear esta publicação, iniciada em 1994 e sob minha responsabilidade. Nunca nos recusamos, portanto, dentro da legalidade, a apresentar nossos contratos e aceitar auditorias e perícias voltadas a revelar a ética que nos orienta. Não podemos, no entanto, aceitar uma denúncia anônima, que, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal ao interpretar o artigo 5º, inciso IV, da Constituição da República (“é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”), afronta o Estado democrático de Direito e por esta razão é indigna de acolhimento ou defesa e desprovida da qualidade jurídica documental.

A propósito do tema, ao apreciar o inquérito número 1.957-PR em sessão plenária realizada em 11 de maio de 2005, o STF decidiu, sobre o valor jurídico da denúncia anônima, só caber apurar a acusação dotada de um mínimo de idoneidade e amparada em outros elementos que permitam “apurar a sua verossimilhança, ou a sua veracidade ”.

Se esse órgão ministerial, apesar do exposto acima, delibera apresentar a requisição referida nesta missiva, seria antes de tudo necessário, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.784/1999, esclarecer e indicar os motivos da mesma, justificação esta que se encontra, me apresso a sublinhar, ausente da aludida requisição.

Cabe ainda ressaltar que todos os contratos firmados pela Administração Pública federal com a Editora Confiança, em atenção ao art. 37 da Constituição Federal, foram devidamente publicados em Diário Oficial da União e nas informações disponibilizadas na internet e, portanto, estão disponíveis à V. Excia.

Por último, esclarecemos que o levantamento de dados referido na requisição desse órgão implicará em uma auditoria nos arquivos dessa editora quanto aos exercícios de 2009 e 2010. Evidentemente, essas providências não cabem em um exíguo prazo de 5 dias, mas demandam meses de trabalho. Desse modo, se justificada adequadamente a realização de um tal esforço, indagamos ainda sobre a responsabilidade pelos custos correspondentes.

Ausentes os pressupostos que justifiquem a instauração da investigação, requeremos o seu arquivamento. E mais ainda, identificado o autor da denúncia ainda mantido sob anonimato, ou no caso desta Procuradoria entender pela existência de indícios a dar suporte à odiosa voz que nos carimba de “imprensa chapa-branca”, nos colocamos à disposição para prestar as informações e abrir nossos arquivos e sigilos bancários e fiscais, observados, sempre e invariavelmente, os preceitos legais aplicáveis.

Atenciosamente,

MINO CARTA
Diretor de redação e sócio majoritário
Editora Confiança Ltda

.

Governo tucano de São Paulo é o que mais investe em esgoto no Brasil

Os números comprovam:

Somente com as aquisições de quatro publicações “pedagógicas” e mais as assinaturas da Veja, o governo tucano de José Serra transferiu, dos cofres públicos para as contas do Grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos). A maracutaia é tão descarada que o Ministério Público Estadual já acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

Esta “comprinha” representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao Grupo Abril. O tucano Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação do grupo. Como observou o deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a Editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008”.

E tem mais:

O DO de 12 de maio de 2009, por exemplo, informa que o governo Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a ‘ditabranda’ viu desabar a sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60. [Leia postagem completa e detalhada no Blog do Miro]

.

Cristina Kirchner pede 'imediata detenção' de donos dos grupos Clarín e La Nacion por cumplicidade com homicídio

Do Portal Imprensa:

O governo argentino apresentará denúncia contra os jornais Clarín e La Nación, aos tribunais de La Plata, por terem sido cúmplices no sequestro e torturas sofridas por membros da família Graiver em novembro de 1976. Os Graiver eram donos da Papel Prensa e venderam suas ações aos veículos de imprensa.

Segundo o jornal Perfil, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, incluirá na denúncia um pedido de "imediata detenção" da proprietária do Grupo Clarín, Hernestina Herrera de Noble; do principal acionista do grupo, Héctor Magnetto; e do diretor do La Nación, Bartolomé Mitre.

Com as denúncias, a Casa Rosada defenderia a teoria de que os donos dos jornais oposicionistas seriam cúmplices de homicídio. O governo Kirchner e a viúva do antigo dono da Papel Presa, Lidia Papaleo de Graiver, sustentam a ideia de que os jornais agiram em cumplicidade com os militares na década de 1970 para perseguir a família Graiver, que faleceu em um acidente de avião.

Os donos do Clarín e do La Nación também serão denunciados pelo governo argentino pelo sequestro e assassinato do advogado Jorge Rubinstein, que representava a família Graiver.

Em agosto, Cristina apresentou um relatório acusando os donos dos dois jornais oposicionistas de crimes de lesa-Humanidade, por terem adquirido ações da Papel Prensa ilegalmente. A empresa é a maior produtora de papel-jornal da Argentina, e seus maiores acionistas são o Grupo Clarín e o La Nación.

Agora mesmo é que nossa máfia midiática vai fazer de tudo para tentar impedir a vitória de Dilma. Afinal, quem viu o desabafo de nossa futura presidente contra mais um porcalismo da Folha, já percebe que Dilma não foge nem teme o confronto.

Se você ainda não viu o desabafo indignado de Dilma, assista a seguir:



.

#RioBlogProg: Blogueiros Progressistas do Rio fazem manifestação hoje em defesa da democracia e contra o PIG

.....
Blogueiros e twitteiros do Rio fazem manifestação hoje, a partir das 17h, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no Centro do Rio.

Leia mais sobre o evento no Blog do #RioBlogProg.

Também no CCBB, a partir das 18h30, CCBB-Rio debate “Blogosfera: A Imprensa Alternativa do Século 21”, com a participação dos jornalistas Luiz Carlos Azenha e Mauro Santayana.

Miguel do Rosário (do Óleo do Diabo) fez um texto sobre a manifestação, e Jurandir Paulo (do Abundacanalha) fez uma linda marca para o #RioBlogProg, que eu já adicionei à lateral do blog.

.

Ironia: Quícoli só trabalhou para um governo: o PSDB de SP, e com ex-detentos do sistema penitenciário (sic)

A Folha publica hoje mais uma edição de seu porcalismo de resultados, insistindo em usar declarações daquele a quem chama de consultor. Fiz apenas um exercício, para que a leitura da reporcagem se revele em toda sua natureza: troquei a palavra consultor, o nome do tal "consultor" e referências a ele pelo que ele efetivamente é: Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso. O resto é a reporcagem em si, sem trocar uma só palavra (assinante da Folha confere aqui).

Vejam o resultado. Aproveitem para ver a ironia do destino: a única vez em que o tal consultor conseguiu trabalhar para um governo foi no governo tucano de SP, através de uma ONG,  quando prestou serviço de atendimento a ex-detentos do sistema penitenciário (sic):


Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso diz ter avisado Casa Civil de que vazaria escândalo

Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso afirma ter enviado e-mails a partir de dezembro de 2009

ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso disse ter enviado à Casa Civil e-mails em que ameaçava revelar a políticos do PSDB e a jornalistas o esquema de lobby que a firma de um filho da ex-ministra Erenice Guerra operava na sede da Presidência da República.

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso alegou que enviou as mensagens entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010 para forçar o governo a desautorizar a Capital Consultoria, que exigia comissão para "viabilizar" um pedido de financiamento feito pela empresa EDRB ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso havia sido contratado pela EDRB para "fazer virar" um projeto de energia solar no semiárido do Nordeste, segundo afirmou à Folha um dos donos da empresa, Aldo Wagner.

Os e-mails que o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso disse ter enviado entre dezembro e fevereiro estão endereçados a Vinícius Castro, servidor da Casa Civil e sócio oculto de Israel Guerra, filho de Erenice, na Capital.

MENSAGENS

Num dos e-mails, o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso prometeu revelar os problemas "sem dó nem piedade".

Noutro, o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso falava que quis se reunir com "Serra", referência ao então governador de São Paulo e hoje candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, mas o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso diz que a reunião foi "adiada".

E ainda em outro e-mail, o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso escreveu que iria procurar jornalistas da Folha, de "O Globo" e de outros "jornais a que tenho [ o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso ] acesso".

Ontem, o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso disse à Folha que não levou adiante a ameaça e que jamais esteve com José Serra ou com outro político tucano parar tratar das denúncias.

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso afirmou que nunca teve relações com o PSDB, mas com o PDT e com PSB, ambos hoje na base aliada do governo Lula.

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso Afirmou que nos anos 80 era "militante de esquerda". O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso Disse que trabalhou na campanha à Prefeitura de Campinas (SP) de Jacó Bittar -fundador do PT e amigo do presidente Lula. O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso disse ter votado duas vezes em Lula, em 1989 e em 1994.

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso contou que seu único "contato indireto" com o governo de São Paulo, administrado pelo PSDB, foi uma ONG da qual o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso foi vice-presidente e que, em 2006, o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso prestou serviço de atendimento a ex-detentos do sistema penitenciário. Segundo o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso, o contrato não previa remuneração aos diretores da ONG, da qual o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso se desligou há dois anos.

O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso disse que a primeira vez que falou com um integrante da campanha do PSDB foi anteontem. A pessoa disse ser da produção de programas de TV do partido e queria saber se o Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso gravaria um depoimento para a propaganda de Serra. O Bandido condenado por receptação de carga roubada, posse de veículo roubado e de dinheiro falso ainda não se decidiu.

.

Será que Rubnei Quicoli que faz acusação contra filho de Erenice na Folha é este aqui condenado no TRF 3ª Região?

clique na imagem para ampliá-la.


 Aqui, o documento pdf com a sentença, que está na página 21, que reproduzo:

ACR-SP 37737 0007953-14.2000.4.03.6105

RELATOR: DES.FED. ANDRÉ NEKATSCHALOW

REVISOR: DES.FED. LUIZ STEFANINI

APTE: RUBNEI QUICOLI

ADV: ROGÉRIO BATISTA GABBELINI

APDO: Justica Publica

A Turma, à unanimidade, deu parcial provimento à apelação para reduzir a pena do réu, para 3 (três) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa, em relação ao delito do artigo 289, § 1º do Código Penal, e para 1 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa, em relação ao delito do artigo 180 do Código Penal, resultando a pena em 4 (quatro) anos de reclusão e 20 (vinte) dias-multa, a qual tornou definitiva, determinando o regime inicial aberto e substituir a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de direitos, nos termos do voto do(a) relator(a).


.

'Por que o governo não faz nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros'?

A pergunta é do jornalista Leandro Fortes em seu blog Brasília eu vi:


A quem interessa tornar a CartaCapital invisível?

Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal). Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.
Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.
Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha. Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.
Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.
Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não faz nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor idéia.
Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.

.

Serra, ponha a mão na consciência, saiba perder com dignidade, não cubra de lama o que ainda lhe resta de biografia

Não é possível tentar vencer a eleição a qualquer preço. Depois de 3 de outubro, o Brasil vai continuar existindo. Não aja como o palhaço triste que quer ver o circo pegar fogo ao perceber que o público já não ri de suas piadas.

O país, o povo em sua grande maioria (segundo algumas pesquisas de opinião, na proporção de 80%), vive uma lua de mel com o governo do presidente Lula. Nem você nem nenhum candidato de oposição seria capaz de fazer frente a esse sentimento de esperança que nasceu neste governo.

Só quem poderia derrotar Dilma seria a própria Dilma, se ela se mostrasse despreparada. Mas isso não aconteceu, pelo contrário.

Portanto, candidato Serra, sua derrota que se avizinha iminente não ocorre tanto por suas qualidades ou falta delas, mas pela qualidade do governo Lula e de sua candidata.

Agora, se não lhe coube ou se você não soube se fazer vitorioso na campanha, cabe, sim, a você escolher a forma como sair dessa campanha: combatendo o bom combate, defendendo suas propostas (se as tem) e se cacifando para ser o principal líder da oposição, ou, então, continuar esse dantesco espetáculo de calúnias e difamações a que agora, segundo li no Estadão, veio se juntar sua esposa, quando, em visita a Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, disse a um eleitor que Dilma "é a favor de matar as criancinhas".

Vencer ou não as eleições não está em suas mãos, é escolha dos eleitores. Mas como encarar e se comportar diante da derrota é uma opção sua.

.

O Cloaca News é fogo: mata a gente de rir numa hora e abre a tampa do esgoto em seguida. Tudo isso no mesmo dia

Com muito prazer e alguma dificuldade, conversei com o Sr. Cloaca no Encontro dos Blogueiros em SP. Ele é tão tímido, que quase morreu por falta de ar na capital paulistana.

Mas o Cloaca News recebeu merecidamente o prêmio de Blog do Ano no Encontro. E hoje pode-se mais uma vez ver por quê, com duas postagens críticas, mas em tons diferentes.

A primeira, nos faz rir. A segunda denuncia que a afiliada da Rede Globo no RS e em SC tinha dez senhas de acesso ao Sistema de Consultas Integradas da Secretaria de Segurança do governo Yeda Crusius.

Para ir ao Cloaca News clique aqui. As postagens são, respectivamente, O DEBATE IMPARCIAL DO PIG e RBS TINHA DEZ SENHAS DO GOVERNO YEDA PARA ESPIONAR DESAFETOS.


O vídeo do debate imparcial do Pig, que é do Os Melhores do Mundo, reproduzo a seguir. Divirtam-se e visitem o Cloaca News.




...

Vídeo: Lula em Joinville: 'Um partido que alimenta ódio, o DEM, que nós precisamos extirpar da política brasileira'



...

Vídeo: Lula em Joinville diz que direita raivosa quis derrubá-lo em 2005, mas não conseguiu. Veja o porquê



...

Nem pai dos genéricos, nem do programa contra AIDS. Serra é pai dos pedágios e das privatizações da Vale e da Light

Quem garante é o ex-presiente FHC. Confira no vídeo abaixo. Temos que ser justos: a Serra o que é de Serra.




.

Filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, assassinados pela ditadura,Hilde defende Dilma e denuncia preconceito

Do Blog Alguém me Disse, do jornalista Dacio Malta, uma reveladora entrevista da jornalista e colunista social Hildergard Angel à CartaCapital:



Hilde ataca o preconceito

Em entrevista a Cynara Menezes, da ‘CartaCapital’, a jornalista Hildegard Angel defende Lula e Dilma Rousseff, e ataca os preconceitosos:

- Por que a senhora decidiu apoiar Dilma Rousseff?
- Ela estava sendo tão massacrada que achei ser o momento de me posicionar. Era um bombardeio de e-mails, de sobrenomes coroadíssimos, atacando a Dilma. Começaram denegrindo pelo físico, que ela era feia, horrorosa, megera, medonha. Aí ela ficou bonita e não puderam mais falar. Então começaram a atacar a parte moral, que ela é assassina, terrorista, ladra. Isso é um reflexo da impunidade. Enquanto não colocarmos nos devidos lugares os que foram responsáveis pelas atrocidades da ditadura, eles vão se sentir no direito de forjar uma realidade inexistente, de denegrir nossos mártires, nossos heróis.

- Antes desta eleição, a senhora já tinha se posicionado politicamente?
- Em nível nacional é a primeira vez. E acho que meu depoimento e o almoço que a Lily Marinho (viúva de Roberto Marinho) promoveu romperam o círculo “demonizante” erguido em torno da Dilma. Ali se fez uma fissura. A classe alta pensante e os ricos mais liberais se permitiram uma abertura.

- Lily Marinho apoia Dilma?
- A Lily passou a apoiar Dilma depois que a conheceu. Quando ela fez o almoço pra Dilma, estava agindo como a mulher do Roberto Marinho, que está acima do bem e do mal e que pode se dar ao luxo de receber quem bem entende. Mas a Dilma conquistou a Lily. Antes do almoço, podia até haver a ideia de receber também os outros candidatos. Depois, não havia mais.

- Houve reação dos filhos de Roberto Marinho pela madrasta ter recebido a candidata do PT?
- A Lily tem uma relação tão harmoniosa, tão respeitosa com eles, que acho que jamais teriam qualquer tipo de reação. O jornal e toda a organização têm sido muito duros com a Dilma. A única matéria positiva sobre ela, até hoje em O Globo, da primeira até a última palavra, foi a do almoço com a Lily.

- Há quatro anos o ex-governador de São Paulo Claudio Lembo criticou a “elite branca”. A senhora acha que ele falava só da paulistana ou da carioca também?
- Da elite brasileira como um todo. É uma elite preconceituosa, que tem seus valores, seus princípios, e acha muito difícil abrir mão de suas convicções.

- Que tipo de rico tem preconceito com o Lula?
- O rico do passado, da herança, do aluguel, muito apegado a tradições, a sobrenome. É, na maioria, uma elite não produtiva. Porque a elite produtiva, o homem que emprega, que gera progresso, desenvolvimento, não deixa de aplaudir o Lula. Mas, às vezes, a mulher deste homem não aplaude… Diplomatas aposentados também têm preconceito com Lula. O Itamaraty sempre foi o filé mignon do serviço público brasileiro, pela cultura, pela erudição, pelo savoir faire. E a política externa atual vai na contramão disso tudo. Esse é um segmento social que rejeita o Lula, o dos punhos de renda.

- Nos círculos que frequenta, ainda há gente que faz piada com a origem humilde de Lula?
- O vaivém dos e-mails de gente da classe A contra o Lula é de uma variedade enorme… Por exemplo, as festas caipiras do Lula incomodaram muito. Já a Zuzu Angel sempre viu uma beleza extraordinária na caipirice, tanto que foi a primeira a usar as rendas do Norte, a misturar com organza, a usar as chitas, hoje tão na moda. Minha mãe tinha uma frase: a moda brasileira só será internacional se for legítima. Por isso foi a primeira a ter penetração no exterior. De certa forma, o Lula, com as festas caipiras dele, fez o que a Zuzu fez em 1960 com a moda caipira dela.

- Serra também tem origem humilde. Por que não existe esse preconceito contra ele?
- Porque o perfil do Lula se encaixa mais no do emergente. O do Serra é o do valoroso self-made man… O Serra, para ser o homem que é, teve de dominar os códigos da elite, pelo estudo, pela convivência com pessoas intelectualmente superiores. Já o Lula foi abrindo caminho na base da cotovelada. E, de certa maneira, se manteve fiel à sua raça. Não se transformou com a ascensão, não se desligou, guardou seu ranço de pobreza, a memória do sofrimento. Isso o tornou mais sensível.

- E por outro lado o faz ser malvisto?
- Sim, porque nunca será um igual, nem faz questão. A dona Marisa Letícia nunca abriu seus salões. Durante o governo FHC, fui inúmeras vezes convidada para recepções no Itamaraty e, em governos anteriores, até no Palácio da Alvorada. No governo Lula, só fui convidada uma vez, para o Itamaraty. Black-tie nunca existiu. Isso cria uma limitação de trânsito social. Não há uma interação para esta sociedade se inserir dentro de uma linguagem que não seja de gabinete junto à família Lula.

- Ainda tem muito preconceito de classe no Brasil?
- Cada vez menos, mas tem. O que Lula sofre é preconceito de classe, mas está sendo superado por ele mesmo. Essa possível vitória da Dilma mostra que não é só o povão, não só aqueles que melhoraram de situação. Tem muito rico pensando diferente, saindo do casulo, desse gueto de pensamento.

- O interessante é que o dinheiro também tem de ser bem-nascido. De padaria, de marmita, não é dinheiro “bom”?
- O dinheiro do comércio sempre foi visto no Brasil como um dinheiro sem base cultural, de origem ruim. Já o dinheiro da indústria, da área financeira, era “digno”. Agora, com a falta generalizada de dinheiro no meio dos que eram muito ricos, estas pessoas com dinheiro de origem menos nobre conseguiram uma posição de respeitabilidade no ambiente social.

- Os emergentes são mais respeitados?
- São mais aceitos, embora o verdadeiro emergente não esteja mais preocupado com isso. O verdadeiro emergente não tem aquelas veleidades do nouveau riche de antigamente. O nouveau riche de ontem queria entrar para o soçaite, queria que seus filhos estudassem com os filhos do soçaite, tinham aquela visão encantada de alta sociedade. O emergente de hoje tem mais noção do seu poder, não é tão submisso. Com o empobrecimento do rico tradicional, o rico do dinheiro novo se achou numa posição de não precisar fazer tanto a corte a essas pessoas.

- O dinheiro de Eike Batista, por exemplo, é “nobre”?
- Culturalmente falando, sim. Ele é filho de Eliezer Batista, que tinha grande status no País há muitas décadas. O que acontece é que o Eike sabe muito bem o que quer. Gosta de esporte, de mulher bonita, dos filhos e do trabalho dele. Sua vida é um retrato disso. Tem um carro espetacular de corrida na sala, tem casa decorada com troféus das suas lanchas. Ele poderia ter um Picasso, mas não é aquele rico tradicional. Nós temos no país essa classe da riqueza envergonhada, que não tem muito como explicar o seu dinheiro, da riqueza escondida, que não pode ser fotografada… E o Eike, como tudo dele, acredito, seja declarado lá no imposto, pode expor seu dinheiro. Ele é o rico da riqueza assumida.

- O jornalista Mauricio Stycer estudou a coluna de Cesar Giobbi no Estadão em 2002, quando Lula se candidatou pela primeira vez, e concluiu que o colunista fez campanha disfarçada para Serra. Isso é comum?
- Ah, a Miriam Leitão também faz… É comum o colunista ter afinidade com o veículo e ter uma linha de raciocínio que vai ao encontro da dele e ao meio em que convive. O Giobbi é uma pessoa estimadíssima na alta sociedade paulistana, não é visto nem como jornalista, é visto como “da turma”. A Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo) não é vista como uma “da turma”. O Giobbi é um do time, então raciocina de acordo com seu time.

- Dos colunistas sociais clássicos, como Ibrahim Sued, tinha algum que era mais de esquerda?
- O Zózimo (Barroso do Amaral) era visto à esquerda, mas era muito discreto — eu nunca o vi se posicionar ostensivamente na contramão do seu grupo social. Isso não existe. Havia na época uma coisa charmosa, atraente, um esquerdismo light, fazia parte do put together da elegância.

- Manifestar-se politicamente agora a recoloca mais no caminho do Stuart e da Zuzu?
- Sinto-me um pouco refém da coragem da minha família, é como se tivesse retomado meu curso. Como se cumprisse uma trajetória que estava ali me esperando, neste momento que as pessoas se acomodaram, que estão submetidas a seus empregos, todas colocadas na grande imprensa, com uma posição monocórdia, um pensamento único.

- Pretende se tornar uma guerrilheira on-line?
- Eu seria muito pretensiosa e desrespeitosa se de alguma maneira usasse essa qualificação de guerrilheira. Guerrilheiro foi meu irmão. Eu não fui. Estou tirando o atraso, só isso”.

.

Rovai consegue flagrar tragicômico diálogo entre o candidato que se acha e seu marqueteiro perdidão, antes do debate

Do Blog do meu amigo Renato Rovai:

Furo de reportagem: O diálogo entre Serra e seu marqueteiro

Este blogue acaba de receber uma transcrição do diálogo entre o ex-candidato à presidência José Serra (que agora ataca blogues porque decidiu abrir o seu – leia mais abaixo) e o seu marqueteiro.

O informante deste blogueiro disse que a conversa aconteceu na ante-sala do debate de ontem à noite, por isso o ex-candidato estava tão transtornado.

Leia com atenção:

Serra: Você espalhou que a Dona Marisa não fala e não faz nada?
Marqueteiro: – Sim governador, mas o povo já percebeu que a Dona Mônica também não fala e não faz nada também.

Serra: – Então temos que levá-la ao palanque para ela se mostrar…
Marqueteiro: – Já fizemos isso, mas ela meteu a boca no Bolsa-Família, disse que o povo não quer mais trabalhar por causa disso.

Serra: – Mas eu estou dizendo nos meus programas que vou dobrar o valor do Bolsa-Família!
Marqueteiro: – Não se preocupe, já tiramos ela do esquema. Só vamos mostrar a foto dela.

Serra: – Espalhem também que o Lula só vivia do sindicato e não trabalhava.
Marqueteiro: – Fizemos isso, mas notaram que o senhor também nunca trabalhou, e que acorda sempre tarde.

Serra: – Diga que ele é analfabeto, porra!
Marqueteiro: – Mas é preciso ter cuidado com isso, porque o seu curso de economia no Chile tá meio estranho. Muitos blogs estão pesquisando o caso.

Serra: – O pior é que já sabem que eu não sou engenheiro, como andei dizendo por aí.
Marqueteiro: – Ah… mas isso o povo esquece.

Serra: – Já falou que eu é que criei o seguro desemprego para os trabalhadores?
Marqueteiro: – Mas isso não é verdade, governador. Como o senhor vive meio desligado, não notou que já havia sido aprovado pela câmara, sancionado pelo então presidente Sarney.

Serra: – Não importa, manda bala assim mesmo. As pessoas vão acreditar em mim. E insista nos genéricos, no Plano Real…
Marqueteiro: Excelência! Os genéricos foram idéia do Adib Jatene, o Real foi da equipe do Itamar, lembra que o FHC era o ministro?

Serra: – Não fale nesse cara de jeito nenhum. Ele espanta votos. Chamou os brasileiros de vagabundos, neo-bobos e caipiras.
Marqueteiro:- Essa do FHC foi terrível, me deixa fora dessa!

Serra: – Faz o seguinte, fale de minha larga experiência.
Marqueteiro: – Se eu for falar nisso, vão lembrar que o senhor nunca completou qualquer mandato para os quais foi eleito.

Serra: – Como assim?
Marqueteiro: – O de deputado constituinte o senhor largou no final. Como senador, com mandato de oito anos, O SENHOR FICOU SÓ SEIS MESES. Como prefeito e governador só cumpriu a metade…

Serra: – E sobre as estradas?
Marqueteiro: – F I C O U L O U C O???!!!

Serra: – Pô… tá difícil, se eu falar das estradas vão pensar nos PEDÁGIOS, do metrô vão saber que só fizemos 4Km e tem aquele francês da Alstom que soltou propina pra meio mundo em SP… e nós só fizemos 1/3 (um terço) do rodoanel… em 16 anos…
Marqueteiro: – Vamos combinar o seguinte, VAMOS FALAR SÓ DA TERRORISTA, DO MEDO DE COMUNISTA E MOSTRAR VOCÊ SEMPRE SORRINDO. Falado?

Serra:- … E do papai que era um humilde comerciante da Mooca. Mas não vá dizer que ele tinha banca no Mercadão, tá?…


.

Alô, Folha, 'lobo em pele de cordeiro' não é a Dilma, é o médico da tortura Amílcar Lobo, codinome Dr. Carneiro

Em sua reporcagem deste último domingo, que comentamos aqui, a Folha deu a palavra a um agente da ditadura, para que ele traçasse um perfil de nossa futura presidente, Dilma Rousseff. O agente, condenado na democracia por um IPM por desvio de tijolos, disse que Dilma é "um lobo em pele de cordeiro".

Mas o verdadeiro lobo em pele de cordeiro durante a "ditabranda" do Otavinho, foi o médico Amílcar Lobo, que usava o codinome Dr. Cordeiro. Freud explica, não? Pois no caso desse Lobo, Freud complica, porque ele, além de médico, fazia extensão em psicanálise. E qual o trabalho dele na ditadura? A jornalista Lúcia Romeu apresenta:

Naquele momento, Inês [Inês Etienne Romeu, irmã da jornalista, e que foi torturada, seviciada e estuprada na "ditabranda"] já sabia, por conversas anteriores com outros presos políticos, a verdadeira identidade do médico que a atendera no cativeiro com o codinome de Carneiro: o psicanalista Amílcar Lobo. Assim, dois dias depois da denúncia da casa, fomos – Inês, o então deputado federal Modesto da Silveira, o fotógrafo A. Fontes e eu – de surpresa ao seu consultório no sofisticado bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio. O Carneiro era o Lobo. Frente a frente com Inês, em tenso diálogo, ele confirmou que fora convocado a ir ao "aparelho" de Petrópolis como tenente-médico do Exército. Com um gravador escondido, registrei toda a conversa para IstoÉ. Perguntei-lhe se sabia que lá era uma casa onde se torturavam presos, e Lobo aquiesceu com a cabeça.

A psicóloga Cecília Maria Bouças Coimbra, presidente do Tortura Nunca Mais - RJ, acrescenta (leia o pdf aqui):

Era um médico psicanalista chamado Amílcar Lobo - ele era médico e fazia formação em psicanálise na Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro. A história dele é muito interessante. Ele atendeu a mim e a outras pessoas, principalmente mulheres.


Quando fui presa, em 24 de agosto de 1970, fiquei dois dias no DOPS e depois fui levada para o DOI CODI. E a primeira pessoa que vi no DOI-CODI foi o Amílcar Lobo. Ele era tenente na época e acompanhava as torturas. Ele entrou na minha cela, perguntou se eu era cardíaca, tirou minha pressão. Logo depois, eu fui levada para a tortura e ele acompanhou. Ele, inclusive, aplicou eletrochoques, como os de hospital psiquiátrico, em uma amiga minha que já morreu, a Abigail Paranhos. Os choques que davam na gente não eram eletrochoque, eram choques na boca, nos seios, na vagina. Mas, na Abigail, ele deu eletrochoque, pois disse que ela estava paralítica por histeria de conversão, quando, na verdade, era devido ao pau-de-arara e aos choques elétricos.

Ele vinha com um esparadrapo cobrindo a identificação, mas por acaso, eu consegui ver seu nome. Um dia, ele esqueceu na cela um receituário de uma amiga - a Dulce, que estava presa comigo na época e estava quase paralítica de tanto eletrochoque. Quando ele esqueceu esse receituário para a Dulce, eu vi o nome dele: Amílcar Lobo Moreira da Silva. Nunca mais esqueci. Quando eu saí de lá, eu o denunciei no exterior. Os psicanalistas do exterior receberam essa denúncia em 1972. Foi aí que se começou a falar e a Sociedade Psicanalítica impediu que ele continuasse fazendo sua formação. Muitos anos depois, quando houve a abertura, em 1986, conseguimos que o Conselho Regional de Medicina o cassasse.

.

Folha na lama:depois da 'ditabranda' e da ficha falsa da Dilma, entrevista com agente da ditadura que espionou Dilma

É como diz o Azenha, Folha: Agora, só falta o torturador. Se bobear, a reporcagem já está até pronta. E eles vão mostrar como está este "pobre homem", com seu salário de torturador aposentado, enquanto Dilma vai ser a próxima presidente do Brasil.

Exatamente como se penalisaram com o agente da ditadura na reporcagem deste domingo, em que entrevistaram o homem que espionava Dilma. Confira no destaque em negrito:

Espião de Dilma  
Ex-agente da ditadura militar acha que Dilma "nasceu para mandar, não para ser mandada" e acredita que "Lula vai se enganar com ela"

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Nos arredores de Tristeza, um ex-espião da ditadura militar assiste na televisão à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com desconfiança. "Ela não é tão boazinha assim", afirma.
"Nasceu para mandar. Não para ser mandada. Lula vai se enganar com ela."
Filha de imigrante, líder de grupos de resistência à ditadura, ministra e candidata a presidente, Dilma Rousseff pode dizer que foi longe.
Não se pode dizer o mesmo de Sílvio Carriço Ribeiro, 69, ex-agente da chamada "comunidade de informações" na ditadura (1964-1985) e ex-coronel da Brigada Militar: continua morando perto da casa em que Dilma viveu, na Vila Assunção, na zona sul de Porto Alegre, região onde mantinha campana para investigar a "subversiva".
O bairro de Vila Assunção cresceu espremido entre o rio Guaíba e os vizinhos Cristal e Tristeza, na zona sul de Porto Alegre. É de lá que Ribeiro assiste a Dilma na propaganda eleitoral gratuita, sorridente, tranquila, sem óculos, cabelos arrumados e com um discurso suave.

"LOBO"
O ex-coronel relembra a Dilma que vigiou: cabelos armados, óculos de lente grossa, com personalidade forte para intervir em discussões entre esquerdistas e fazer valer sua opinião.
"Pessoas desse tipo são duras, amargas. Ela é uma mulher amarga. Não é aquilo que está aparecendo na televisão. É lobo em pele de cordeiro", diz ele.
Em 1972, depois que Dilma saiu da prisão em São Paulo, onde foi torturada por agentes da repressão por pertencer a grupos clandestinos de resistência à ditadura, a hoje candidata do PT mudou-se para Porto Alegre, onde seu segundo marido, Carlos Araújo (dirigente da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, que se definia como "organização marxista-leninista de guerra revolucionária") estava preso.
À época, fazia quatro anos que Ribeiro entrara para a "comunidade de informações", forma como seus integrantes se referem aos órgãos de espionagem do regime militar. Teve como missão manter Dilma sob vigilância.
"A informação que a gente tinha é que ela era contato, esse é o termo. Mantinha contatos com gente de Minas, São Paulo, Rio. Se a polícia estava em cima de fulano, eles decidiam mandá-lo para o Sul. "Baixar" o fulano era a expressão que usavam. A Dilma acolhia essas pessoas."
Lotado no Departamento Central de Informações (DCI), o serviço secreto da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Ribeiro afirma que Dilma começava àquela época a atuar "mais como militante política do que como guerrilheira", sendo este último o período que vai de 1965 a 1970, quando ela foi presa.

CONTATO
"Na década de 70, ela exercia mais a função de acolher gente. E também de recrutar para militar. Era a função maior dela. Mas, além disso, planejava ações e sabia quem executava", afirma ele hoje.
Ribeiro é reticente sobre a maior polêmica envolvendo Dilma à época da ditadura: sua participação ou não em ações armadas, assaltos e assassinatos de opositores.
A atual candidata a presidente nega que tenha atuado diretamente nessas ações, mas são correntes afirmações de que ela tinha conhecimento, ordenou ou planejou várias delas. "Você determinar ou saber quem fez uma coisa dessas não diminui sua responsabilidade. A responsabilidade é até maior", declara Ribeiro.
"O movimento exigia gente forte, que não pensava duas vezes para fazer as coisas", declara.
Em 1998, no final do governo de Olívio Dutra (PT), Ribeiro enfrentou um Inquérito Policial Militar que o exonerou da Brigada Militar, já quando era reservista.
Foi condenado e afastado do oficialato sob acusação de ter feito compras indevidas numa olaria pertencente à Brigada Militar. Ribeiro recorreu à Justiça Comum para tentar reaver o posto (e os vencimentos) de oficial da Brigada Militar.
Ele afirma que, no final dos anos 80, sua casa foi arrombada e levaram "documentos, fotos e fitas" que mantinha armazenados do tempo em que atuava nos órgãos de repressão. "Eram gravações de assembleias, fotos de reuniões, atas", releva, por ter mantido consigo informações que deveriam ter sido arquivadas em repartições públicas.
"Não levaram nada de valor da casa. Levaram os arquivos e deixaram claro que era isso o que interessava."

A melhor resposta a todo essse porcalismo vai ser dada nas urnas, e foi muito bem definida numa tuitada de @46putz:

E o debate, quem ganhou? Fácil, jovem, subversiva, foi à luta. Hj, caminha com o povo prá vitória. Começa com D, termina com A: Democracia!

.

Enquanto o livro do Amaury Jr não vem (4). Mais Biondi: Como a Mega-mega Sena do petróleo foi roubada na era FHC

Mais um artigo do jornalista Aloysio Biondi, denunciando as mutretas do governo tucano, que, ao que parece, finalmente serão denunciadas com todas as impressões digitais no prometido livro do jornalista Amaury Jr. Publica, Amaury, publica.

A íntegra do artigo pode e deve ser lido aqui.

A Mega-Mega Sena do petróleo. Roubada.

Revista Caros Amigos , março de 2000


O Brasil virou trilionário, mas o povo não sabe, o Congresso não sabe, e FHC vai entregar tudo


Nunca é demais repetir: o brasileiro ficou bilionário, ou trilionário, e não sabe. Não é exagero, não. Em fevereiro do ano passado, o campo de Marlim, explorado pela Petrobrás na bacia de Campos, produzia 200.000 barris de petróleo. Por dia. Um único campo. Agora, em janeiro de 2000, o mesmo campo produziu 400.000 barris por dia.

Qual o faturamento da Petrobrás, do governo brasileiro, com esta produção fantástica? É fácil fazer as contas: 400.000 barris por dia significam 12 milhões de barris por mês, ou algo como 150 milhões de barris por ano. Ao preço atual de 30 dólares o barril, são 4,5 bilhões (com a letra “b”) de dólares por ano, ou 9 bilhões de reais por ano. Mesmo que o preço atual, que está exagerado, venha a cair para 25 dólares o barril, o faturamento chegará a 3,75 bilhões de dólares, ou 7,5 bilhões de reais. Cifras fantásticas, e que vão ser duplicadas em poucos meses, pois os estudos da Petrobrás mostraram que as reservas da região permitem dobrar o número de poços perfurados. Serão, portanto, uns 18 bilhões de reais de faturamento por ano – e com uma margem de lucro fantástica.

Por quê? Os poços da plataforma brasileira têm uma produção também espantosa, igual à obtida nos campos do Irã, Iraque, Arábia Saudita, com 7.000 a 10.000 barris produzidos por dia. Em cada poço. Assim, mesmo calculando todos os investimentos feitos, o custo de produção de cada barril não passa de 2,50 a 3 dólares, o que significa um lucro de 27 dólares o barril, ou 1.000 por cento, isto é, dez vezes o custo, por barril...

Somente nesse campo de Marlim, portanto, o povo brasileiro pode faturar 18 bilhões de reais, o equivalente a um mês e meio da arrecadação federal. E há muitos outros campos de petróleo no litoral brasileiro, já descobertos pela Petrobrás, a serem explorados. Alguma dúvida diante da afirmação? Então, é só relembrar que, em janeiro, o presidente da República fez questão de anunciar pessoalmente (precisava de “marketing otimista”) a descoberta de um megacampo, Roncador, mais ao sul do litoral fluminense, e já situado na bacia de Santos (formação geológica equivalente à da bacia de Campos e que, apesar do nome, estende-se até o litoral do Rio).

O que isso significa? Que Marlim e Roncador, juntos, feitos os mesmos cálculos, podem oferecer um faturamento de 36 bilhões (com “b”) por ano, cobrindo, sozinhos, mais de quatro meses de todas as despesas do governo federal (deixando de lado os juros, como o FMI faz). E por quanto tempo esses campos poderão ser explorados, com essa produção e esse faturamento? De quinze a vinte anos, representando portanto, multiplicando-se pelo valor de 36 bilhões de faturamento anual de 540 a 720 bilhões de reais. De meio trilhão a três quartos de trilhão. Uma fortuna. Uma fábula em apenas dois campos do litoral. Uma enxurrada de reais e dólares que poderiam, se usados para tirar o Brasil das mãos do FMI e dos credores internacionais, com recurso para investir, voltar a crescer, resolver problemas sociais, criar empregos. Voltar a ser um país, e não uma colônia-capacho dos países ricos.

Não há exagero nenhum, portanto, em gritar aos quatro ventos que o povo brasileiro, com as reservas de petróleo, e mais ainda, com os campos fantásticos descobertos pela Petrobrás, tirou a Mega-Mega Sena. Virou trilionário. Mas não sabe disso. O povo não sabe, o Congresso não sabe. Por isso, o governo FHC prepara-se para nova rodada de leilões destinados a entregar o petróleo brasileiro a multinacionais. Ou, mesmo, já vem entregando indecentemente o petróleo descoberto pela Petrobrás, que pertence efetivamente a cada cidadão brasileiro, a meia dúzia de empresários nacionais e banqueiros nacionais e estrangeiros.

Exemplo? O fantástico campo de Marlim, com sua produção de 400.000 barris/dia, por exemplo, foi “repartido” agora com meia dúzia de sócios que se juntaram em uma empresa de fundo de quintal para... fornecer parte do dinheiro necessário para duplicar a produção.

Essa operação já seria um assalto contra a sociedade brasileira, mesmo que os “sócios” realmente desembolsassem a cifra de 1,5 bilhão de reais para financiar sua parte no projeto de exploração de Marlim.

Nem isso existe. A empresoca de fundo de quintal tem um capital bruto de 200 milhões de reais e foi formada – como narrado em nosso livrinho O Brasil Privatizado – apenas... para tomar 1,2 bilhão de reais emprestados no exterior, que obviamente a própria Petrobrás poderia obter. Um negócio da China, um assalto, uma mina de ouro, capaz de faturar centenas de bilhões de reais, entregue por 200 tostõezinhos fajutos. A Mega-Mega Sena ganha pelo povo brasileiro, e que seria sua redenção, está sendo literalmente tungada pelo governo FHC.

.

Enquanto o livro do Amaury Jr não vem (3): Serra, Barjas Negri, Abel Pereira, Watergate: 'Follow the money'

Li no Amigos do Presidente Lula uma postagem sobre Abel Pereira e pensei: por que ele anda tão sumido?

Não sabe quem é ele? Leia esta reportagem da Folha de 28 de setembro de 2006:

Mesmo com dívidas, Abel ganha licitações sob Barjas  
Na lista de devedores em Piracicaba, empresário venceu concorrência de R$ 450 mil

Segundo os Vedoin, Abel atuava no Ministério da Saúde quando Barjas era ministro para beneficiar máfia dos sanguessugas


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIRACICABA

Construtoras do empresário Abel Pereira estão entre as maiores devedoras da Prefeitura de Piracicaba (SP) e respondem a processos de execução fiscal movidos pela Procuradoria do município. Mesmo assim, venceram licitações para executar obras na gestão do prefeito Barjas Negri (PSDB).
A Polícia Federal e a CPI dos Sanguessugas investigam a ligação entre Abel e Barjas, ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A família Vedoin (dona da Planam) diz que pagou propinas a Abel para obter liberação de recursos do Ministério da Saúde durante a gestão Barjas -que era secretário-executivo de José Serra (PSDB) e o sucedeu no cargo em 2002.
A Prefeitura de Piracicaba move 35 processos por execução fiscal contra Abel, além de seis contra a Construtora e Pavimentadora Cicat Ltda. e um contra a Cicat Construção Civil e Pavimentadora Ltda., empresas das quais Abel é dono.
A Cicat aparece três vezes na lista da Câmara Municipal de Piracicaba com as maiores devedoras da prefeitura. As empresas que têm o nome Cicat devem um total de R$ 672,1 mil.
A Construtora e Pavimentadora Cicat Ltda. é a 108ª maior devedora, com uma dívida de R$ 395,8 mil. Já a Cicat Construções Civis e Pavimentação Ltda. aparece na 312ª colocação com R$ 138,1 mil devidos.
Em uma outra lista da Câmara, na qual estão as 122 maiores devedoras -mas com dívidas parceladas-, aparece novamente a Cicat Construções Civis e Pavimentação Ltda., com R$ 138,2 mil a serem pagos.
No entanto, a Construtora Cicat ganhou uma licitação para executar uma obra neste ano orçada em R$ 450 mil.
Quatro empresas da família de Abel doaram R$ 60 mil para a campanha de Barjas em 2004, entre elas, as duas Cicat.
A Concivi, que pertence a um irmão e a um primo de Abel, também é processada pela prefeitura por causa de dívidas, mas já ganhou ao menos 35 licitações entre 2005 e 2006.
O advogado de Abel, Sérgio Pannunzio, disse que as empresas conseguem participar e vencer as licitações porque os processos de execução fiscal contra elas estão sub judice, por causa de recursos, e com isso obtêm certidões favoráveis. Barjas não se pronunciou.

.

Filha de Serra, Verônica expôs sigilo de 60 milhões de brasileiros, em 2001, quando era sócia da irmã de Dantas

Li no indispensável Viomundo, do Azenha, uma reportagem de um dos melhores jornalistas do país,  Leandro Fortes, na Carta Capital, que mostra que o chororô de Serra sobre a quebra do sigilo de sua filha (já desmoralizado pela reportagem do SBT de há um ano) não é nada perto do que Verônica Serra fez quando expôs o sigilo de 60 milhões de brasileiros. Confira:

Sinais Trocados

por Leandro Fortes, na CartaCapital

Extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros obtidos em acordo questionável com o governo FHC

Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.

Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.

Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém. Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.

Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.

Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.

Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.

A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.

A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.

A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.

A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.

Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.

Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.

Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.

Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.

Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.
De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.

Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.

Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.

.

Enquanto o livro do Amaury Jr não vem (2): Tucanos privatizaram Banespa porque ele estaria quebrado. Era mentira

Mais uma denúncia de Aloysio Biondi:

A falsa quebra do Banespa e do BB: as provas

Jornal Folha de S.Paulo , quinta-feira 5 de junho de 1997

Quem está confessando a verdade, agora, é a própria equipe econômica FHC/BNDES: o Banco do Estado de São Paulo não "quebrou" em 1994. Sua "falência", anunciada ruidosamente, foi forjada por Malan, Loyola, Franco, Serra e aliados – com a conivência do governador tucano Mário Covas, óbvio. O Banespa jamais quebrou – foi tudo encenação para enganar a opinião pública e levá-la a apoiar a sua privatização.

Essa confissão foi feita na semana passada, sem merecer o destaque devido, nos meios de comunicação. Para entender a reviravolta, não custa relembrar a história da "quebra" do Banespa: em 1992, o governo paulista, com o apoio do próprio Planalto, renegociou sua dívida para com o banco, para pagamento em muitos anos, em prestações. Até dezembro de 1994, essas prestações foram pagas.

Naquele mês, já eleito o tucano Mário Covas, e às vésperas de sua posse, o governo Fleury atrasou o pagamento de uma prestação, no valor de R$ 30 milhões, ridículo quando comparado ao tamanho da dívida, então de R$ 5 bilhões. Período do atraso? Apenas 15 dias. Prontamente, a equipe FHC/BNDES aproveitou o "atraso" para considerar que o acordo de refinanciamento da dívida estava quebrado e, como conseqüência, decidiu também que toda a dívida de R$ 5 bilhões deveria ser considerada como prejuízo. Isto é, deveria ser considerada "dinheiro" irrecuperável, e, portanto, lançada no balanço do Banespa como prejuízo.

Só ilegalidades - Note-se bem: a equipe FHC/BNDES cometeu o disparate de tratar o Estado de São Paulo como se ele fosse um dono de boteco de esquina "quebrado", que jamais poderia pagar o Banespa. Ordenou que toda a dívida fosse considerada, no balanço, como prejuízo definitivo, dinheiro perdido para todo o sempre. Com essa orientação, obviamente o Banespa apresentaria um prejuízo gigantesco no balanço daquele ano. Ou, pior ainda, um prejuízo superior ao próprio patrimônio do banco, que, assim, foi declarado "quebrado".

Qual foi a reviravolta da semana passada, a confissão do governo FHC? Aqui, é preciso mais um pouco de história. A pretensa "quebra" do Banespa foi atribuída a desmandos, corrupção e dívidas contraídas nos dois governos anteriores, do PMDB, Quércia e Fleury. Inconformado diante da manobra, o ex-governador Orestes Quércia entrou com ação, na Justiça, para impedir que fosse adotada a "fórmula" de lançamento de falsos prejuízos, imposta pela equipe FHC. Suas principais alegações na Justiça: a manobra da equipe FHC era absolutamente ilegal, pois desrespeitava as próprias normas ("leis") do Banco Central.

Como assim? Quando um cliente não paga sua dívida para com um banco qualquer, o Banco Central permite que o atraso chegue a até um ano, 365 dias, antes de exigir que essa dívida seja lançada como prejuízo no balanço. Esse prazo máximo, de 365 dias, é válido para os casos em que o devedor tenha garantias (imóveis, bens etc.) a oferecer – e o devedor, no caso, era nada mais nada menos que o próprio Estado de São Paulo. Mesmo quando o devedor não tem garantias a oferecer, o prazo mínimo concedido pelo BC é de 30 dias. E, no caso do Banespa, o atraso da parcela de R$ 30 milhões era de apenas 15 dias. Isto é, dentro do prazo de tolerância das regras do Banco Central. Mesmo assim, houve a encenação da ruidosa quebra. Arbitrariedade monstruosa.

A confissão - A partir da ação do ex-governador Quércia, por decisão da Justiça a publicação dos balanços do Banespa está suspensa desde 1994 – enquanto não se chegava a uma conclusão definitiva sobre a legalidade da decisão do governo FHC, de "decretar" a quebra do Banespa. Agora, a reviravolta: na semana passada, o Conselho Monetário Nacional, isto é, o governo FHC, autorizou o Banespa a publicar balanços dos últimos três anos, sem lançar a dívida do Estado como dinheiro irrecuperável – isto é, exatamente como o ex-governador defendia na Justiça. Desapareceu a "quebra" do Banespa – e é notável que os meios de comunicação, salvo registro na Gazeta Mercantil, tenham ignorado a imensa importância do fato. Desapareceu o prejuízo do Banespa. Os balanços de 1995, 1996 e 1997 vão mostrar lucros. A farsa está desmascarada. Qual a semelhança entre o Banco do Brasil e o Banespa? A equipe FHC forjou, com mecanismos iguais, o "prejuízo recorde" do Banco do Brasil – como esta coluna denunciou na época. Ações na Justiça podem restabelecer a verdade.

.