Livres mercados instauram o manicômio e agora exigem sanidade

"Não há milagre de coerência macroeconômica que devolva equilíbrio aos preços fundamentais da economia --salários, cambio e juros -- na mazorca planetárias criada pelos livres mercados. Mas seus ventríloquos locais --alguns, encastelados dentro do governo e os de sempre, na mídia-- insistem em abstrair as raízes do manicômio financeiro de 2007 e 2008. Cobram resultados imediatos para harmonizar o imiscível. Ou seja, derrubar a inflação --grande parte dela importada da especulação com commodities-- e , simultaneamente, desvalorizar o real, borrifando gasolina no lança-chamas. A jogada é criar um clima de 'últimos dias de Pompéia', exigir que apaguem o incêndio e depois cobrar cabeças. O rescaldo legitimaria a velha terapia: choque de juros, recessão, desemprego e paz dos cemitérios nos índices de preços. Tudo isso, sem perdas 'aos mercados'. Quando os blindados ortodoxos avançam sobre o nível de atividade tradicionalmente esfarelam também a receita fiscal, oferecendo em troca juros robustos aos rentistas para acudir o déficit público. Essa sempre foi a regra. O elixir ortodoxo tornou os Armínios Malans e Paloccis queridinhos da banca urbi et orbi. A novidade é que o Brasil, desde 2006, passou a avaliar o receituário ardiloso com crescente discernimento político. A crise mundial de 2007/2008 ampliou essa margem de manobra ideológica. A ação prudencial do governo nos dias que correm é uma guerra de resistência de quem não aceita mais o ultimato ortodoxo. Daí o tour-de-force dos mercados inquietos e da mídia mal-criada. A tentativa algo abusada de recolocar a camisa-de-força no Estado brasileiro, derrubando ministros e impondo pacotes, obedece a um timming político. É preciso reassumir o comando da 'crise' antes que os novos atores surgidos nos últimos anos, "o povão, as massas carentes e pouco-informadas", temidas por FHC, tomem para si a tarefa histórica de injetar uma outra coerência ao desenvolvimento brasileiro. [Editorial do Carta Maior]

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