O que terão a dizer os inúmeros padres pedófilos da Igreja Católica sobre as declarações de Myrian Rios?

1.
Missionária da Canção Nova, comunidade católica de renovação carismática, a atriz e deputada estadual Myrian Rios (PDT-RJ), que é mineira, primou pela carolice exacerbada. Com seus melhores trejeitos de atriz, verbalizou: “Não poder discriminar homossexuais é abrir uma porta para a pedofilia” (23.6.2011). [Fonte]

2.
A comunidade Canção Nova é uma associação de fiéis reconhecida pela Igreja Católica. Juridicamente, é intitulada Associação Internacional Privada de Fiéis. Com sede em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, foi fundada em 1978 por Jonas Abib.

É mantida pela Fundação João Paulo II e foi reconhecida pelo Papa Bento XVI em 2008.

A comunidade possui a Rádio Canção Nova e a TV Canção Nova, que possuem alcance nacional e internacional. [Wikipedia]

Para esclarecer a deputada Myrian Rios e mostrar de onde se deve temer a pedofilia:

Só nos EUA, a igreja comandada pelo papa já teve que desembolsar mais de US$ 2 bilhões para cinco mil casos de abusos sexuais. Não há engano nos números, são cinco mil casos e dois bilhões de dólares mesmo, para livrar da cadeia padres pedófilos. Dinheiro de quem? Dos fiéis. Será que eles apoiam essa utilização de suas contribuições para a “Santa Madre Igreja”?

Mas o curioso é ver que o papa mudou a estratégia da igreja Católica, batendo de frente com a anterior, que sempre fora defendida por um certo cardeal Ratzinger – ninguém mais ninguém menos que o papa antes de ser consagrado.

Ratzinger (o papa Bento XVI, para quem ainda não caiu a ficha) acobertou durante vários anos os crimes dos padres pedófilos, ameaçando com excomunhão quem denunciasse os padres criminosos, brandindo um documento – chamado Crimen Sollicitationis - assinado por ele. O documento dizia que se você fosse molestado por um padre, poderia se queixar ao bispo, ao cardeal, ao papa, mas, se denunciasse o caso à Justiça, babau, seria excomungado.

Agora, o papa contradiz Ratzinger e reconhece para o mundo a pedofilia no seio da igreja. Pedofilia que foi muito bem documentada numa produção da BBC, chamada Sexo, Crimes e Vaticano. Assista-a.

Notícias do Reino da Cornualha: Tucanus corruptissimus quer impedir informatius fluxus libris com #AI-5Digital

Durante o reinado de Fernandus, o Régis, a corrupção no Reino da Cornualha chegou a seu grau mais alto (jabaculês danielus dantescus est), a ponto de se emitir recibo para a corrupção.

O ápice desse período se deu quando o presidente do partido de Fernandus, o Régis, Azeredus Tucanus, assinou o recebimento de R$ 4,5 milhões (documentatus est).

A revelação do recibo - não a da corrupção (corrupcionus nostra homnesta est) - provocou ligeiro tumulto (cucarachas voarum est) no seio (peitus fartissimus para mamatas est) tucanus, que vinha a ser o grupo partidário de Fernandus, o Régis.

Azeredus Tucanus renunciou à presidência do partido a fim de evitar que o problema respingasse na autoridade maior (Fernandus, Régis, depois, Cornus - kkkk).

A corte imperial (empresarius, bancus e corporativus midius est) aprovou a medida. Mas no Reino da Cornualha havia um grupo (internautus sacanus querendus fuderus tucanus corruptus canalhus est) que não deixou que o assunto fosse esquecido.

Houve processo, e o Procurador-Geral da Cornualha ofereceu denúncia (corruptus Azeredus, corruptus partidus est).

Azeredus é de um condado do reinado pertencente a Aecius Aspiratus (que veio a substituir o rei defenestrado Fernandus, O Aspirantis). De seu grupo político (escrotus pocos est) também faz parte a figura mais nefasta do Reino da Cornualha, Serrasferatu, O Frigidus, que persegue inimigos e amigos (nem sempre nessa ordem) com apetite sanguinário (terrificus malevulus est).

Afastado, Azeredus julgou vingar-se. Para isso propôs um projeto de lei que acaba com a liberdade na internet (#AI-5Digital est).

Combinado com seus parceiros (tucanus empoleiradus est) procuraram LavASec (cracker lavanderias est) para tumultuar internet e assim ajudar na aprovação do projeto de Azeredus (tucanus corruptíssimus est).

A corte imperial (empresarius, bancus e corporativus midius est) finge-se escandalizada com atitudes de LavASec ("internets periculus, et tradicones familiarum e libertatum est?"), mas na realidade a abastece e divulga.

Mas povo da Cornualha está atento (povus nom bobus Globus est). E projeto de Azeredus (tucanus corruptíssmus est) não vai ser aprovado, ou o Reino da Cornualha será sacudido (terremotus graus 9 est) por manifestações que não vão deixar pedra sobre pedra (revertere ad locum tuum est).

No Reino da Cornualha, a triste história de Fernandus, de Príncipis a Cornus

Há muito tempo, no Reino da Cornualha, havia um príncipe, por todos tido como muito sábio e galanteador. Seu nome, Fernandus, O Príncipis.

Mas, numa época, uma nuvem de pó tomou conta da Cornualha e um outro Fernandus, O Aspirantis, chegou ao poder. Alucinado pela quantidade de pó aspirado, Fernandus passou de Aspirantis a Aspiradus, até que fosse destronado por um golpe comandado (à sorrelfa), por Sarneysus, O Longus.

Em seu lugar assumiu Francus, o Topetus, que cometeu o erro histórico (historicus errus est) de nomear Fernandus, O Príncipis, ministro da Cornualha.

Seguiu-se longo período de trevas (trevus períodus longus est), em que Fernandus, O Príncipis, tornou-se Fernandus, o Régis, que reinou por dois terços de glosa.

Foi um período nefasto do Reino da Cornualha, quando todos os bens foram privatizados (privatizados fuderus est), mas a grande lábia (financeirus lábius est) de Fernandus fazia com que o povo o visse como um grande rei (regis narizus grandis est) e a corte imperial (empresarius, bancus e corporativus midius est) lucrassem horrores com a miséria que se abateu sobre o reinado.

Mas, o que nunca se soube é que todo esse sofrimento da Cornualha poderia ter sido evitado, se um simples caso amoroso (cercas pulatus est) fosse levado ao conhecimento da população.

Fernandus, O Régis, também era um conhecido galanteador (vaselinus est) e costumava convencer as mulheres que dele se aproximavam (de empregadas domésticas a jornalistas) de que não havia nada de mal em terem uma conversa privada (coitus qui loucurus est) com ele.

De uma dessas conversas privadas, teria ficado grávida (marias chuteirus versonis politicus est) uma jornalista da principal rede de comunicação (povus nom bobus Globus est).

Desespero no reino. Fernandus era casado com uma homóloga (casadíssimus est) e o escândalo poderia abreviar seu reinado, o que traria enorme prejuízo à corte (empresarius, bancus e corporativus midius est).

A jornalista foi enviada para longe, em missão incerta e não sabida (mordomias infinitus desde que de bicus caladus est). Assim foi feito.

O povo foi mantido em real ignorância (R$, moeda Real est) e Cornualha (para outros Cornuália ou terras Brasílias est) quase foi à bancarrota, até que o reinado de Fernandus, Coitus Ocultus, chegou ao fim.

Só então, passado seu período de governo (herança malditus est) e logo após a morte de sua esposa, Fernandus, de novo Príncipis, resolveu assumir a paternidade.

Mas, agora, exames de DNA (porras sua nom erus) mostraram que o filho que Fernandus reconheceu não era dele. Mais um erro de avaliação (cagadas grandis est) do homem a quem tanto se elogiava sabedoria e boa prosa (vaselinus KY est).

Se o caso fosse esclarecido na época tudo poderia ser diferente, e Fernandus, O Cornus Régis, seria apenas expulso de casa pela esposa (patroa portu da rua est) e talvez apeado do governo, tal e qual o outro Fernandus, e o povo da Cornualha não se sentiria chifrado sem ter sido traído.

Dura lex, sed lex, no cabelo só Gumex (pentelhus outrus paparam jornalista, papagaius comis milhus periquitus fama est), e o povo pagou o exílio da jornalista (mordomias infinitus desde que de bicus caladus est) e agora o chifre de Fernandus, o Cornus.

Tudo isso aconteceu no reino da Cornualha, mas para a imprensa livre e democrática (corporativus midias canalhus est) é como se nada tivesse acontecido (Nom erus uma vez est).

Alô, ministros @Paulo_Bernardo e @HelenaChagas, os R$ 7 bi que governo não vai por no PNBL Sarney vai jogar no bolso das empreiteiras



A reportagem acima é da Globonews. Mas me falaram que a mesma declaração do presidente do Senado José Sarney apareceu no Jornal Nacional.

Com isso, fica claro que a estratégia das empreiteiras tem dois braços de comunicação - um no Senado e outro nos cartéis midiáticos - e eles se abraçam com um mesmo objetivo: barrar o sigilo das licitações proposto pelo governo da presidenta Dilma.

Isso é feito pelo ainda enorme poder que os cartéis midiáticos detêm no país. A versão que eles dão aos fatos acabam se transformando em fatos. Como nesse caso.

E, pelas declarações do ministro Paulo Bernardo no II Encontro de Blogueiros (que comentei aqui, Contribuição à distância ao #2BlogProg: Governo ainda não entendeu a importância da comunicação), vão continuar assim por muito tempo, pois uma implementação mais urgente do PNBL demandaria R$ 7 bi de cara. A presidenta se comprometeu com R$ 4 bi, pingadinho, um a cada ano de seus quatro de mandato. Segundo o ministro, as teles entrariam com o resto.

Nas palavras do ministro, PNBL é importante, mas saneamento básico é mais.

Só que o presidente do Senado José Sarney acaba de mostrar como é que a banda toca.

Menos de uma semana depois da aprovação, pelos deputados, da lei de licitações especial para a Copa do Mundo com um dispositivo que o governo considera “anti-cartel”, as empreiteiras mostraram a força que têm no Senado, onde a proposta será apreciada depois de a Câmara concluir a votação de pontos específicos dela nos próximos dias. E demonstraram-na pela voz do próprio presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

Nesta segunda-feira (20/06), Sarney disse não ver “nenhum motivo” para o Senado autorizar o governo a não revelar aos participantes de um leilão o valor que estima que custaria construir a obra que está sendo licitada. Durante o leilão, o cálculo orçamentário do governo seria conhecido apenas pelos tribunais de contas e os órgãos de controle. Viriam a público depois.

Traduzindo em miúdo: o único sigilo seria do valor aproximado que o governo imagina para cada item que for a leilão. Mesmo assim, esses dados não serão sigilosos para o TCU e órgãos de controle. E todos serão disponibilizados ao público, após o término dos leilões.

O sigilo é só para que as empreiteiras tenham que fazer suas ofertas no escuro, baseadas apenas nas especificações do projeto, sem estimativa de custo. Como todo mundo faz em casa quando vai fazer uma obra.

É um modelo recomendado "internacionalmente pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aplicada na União Europeia para coibir 'formação de cartel' e 'conluio' numa licitação".

Em entrevista na sexta-feira, a presidenta Dilma e o ministro do Esporte, Orlando Silva, explicaram a importância da medida:

Ao esconder das empresas seus cálculos financeiros, o governo tira delas uma referência em torno da qual poderiam combinar os lances que farão num leilão. Os valores seriam conhecidos de início apenas pelos tribunais de contas, que fiscalizam as administrações públicas, e pelos órgãos de controle dos próprios poderes executivos.

(...) O governo considera este é um dos pontos fundamentais da lei de licitações exclusiva para Copa e Olimpíada que propôs ao Congresso, chamado burocraticamente de Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O RDC tem normas mais draconianas do que a Lei de Licitações (8.666, de 1993) para, segundo o governo, tentar proteger melhor o interesse público contra o interesse das empreiteiras.

O projeto impede, por exemplo, que uma empresa assine contrato com o setor público e depois peça aumento de preço por causa de algum problema de engenharia surgido durante a obra. A possibilidade de fazer aditivos aos contratos está prevista na Lei de Licitações e, diz um técnico do governo, produz “aditivos infinitos” que só favorecem as construtoras.

Pelo RDC, somente a Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) é que terão autoridade para pedir revisão de valores. [Fonte]

Empreiteiras dizem que a regra é inaceitável. Se elas pensam assim...

As empreiteiras não aceitam “em nenhuma hipótese" uma regra que o governo chama de “anti-cartel” e propôs na lei de licitações especial que defende para obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. O dispositivo boicotado pelas construtoras autoriza o setor público a não revelar sua estimativa de custo de erguer uma determinada obra, antes de fazer o leilão para escolher quem vai tocá-la.

“Em nenhuma hipótese o orçamento previamente estimado pela Administração deverá ser fornecido somente após o encerramento da licitação”, diz a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em documento assinado pelo presidente da Comissão de Obras Públicas da entidade, Arlindo Moura. [Fonte]

Pelas declarações do presidente do Senado, as empreiteiras vão acabar levando. Pois a mídia toda está gritando que esse sigilo favorece a corrupção, quando, na verdade, favorece a concorrência, impede o acerto entre as empreiteiras, já que não têm a base de orçamento do governo.

Infelizmente, a menos que um milagre ocorra, vão acabar levando, o sigilo vai cair e as empreiteiras vão jogar o jogo que sempre jogaram, aumentando seus lucros e retirando do caixa do governo uns bilhões a mais. Os mesmos bilhões que o governo não vê como prioritários para o PNBL.

Porque o poder dos cartéis midiáticos ainda é imenso no Brasil e não temos como fazer frente a ele, porque não temos escala (para usar uma palavra ao gosto das corporações), nosso market share (agora uma expressão também ao gosto delas) é pequeno, precisamos ampliá-lo, e essa é a importância da urgência urgentíssima de que o PNBL seja encarado como prioridade pelo governo.

Agora mesmo, na Itália, Berlusconi (o Roberto Marinho com poder não apenas de fato mas também de direito na Itália) perdeu um referendo, embora controle as corporações midiáticas. E foi derrotado não apenas por seus próprios erros, nem apenas pela crise na Europa, mas porque a internet foi usada como contraponto ao silêncio midiático imposto pelo novo e bufão Duce aos italianos.

Enquanto aqui no Brasil a mídia colonizada chora as dores de Berlusconi e da juventude fascista que protestam contra a libertação de Cesare Battisti, por lá o povo derrotou o magnata das comunicações no plebiscito de domingo. De uma vez, votaram pelo fim do uso da energia nuclear, contra a privatização dos serviços de águas e esgotos e, principalmente, contra privilégios aos altos escalões do governo perante tribunais: a lei de “legítimo impedimento” (a imunidade penal, que permite a Berlusconi não comparecer aos seus julgamentos alegando deveres de chefe de Estado), fato que ainda persiste em países retrógrados e reacionários como o Brasil.

Os dados apontam que as quatro consultas teriam alcançado 57% de participação, o que as torna válidas. Pela lei italiana, uma consulta popular precisa de 50% e mais um voto para ter valor legal. As respostas aos questionamentos foram favoráveis à revogação em 96% dos casos.

Os sinais de novidade já estavam visíveis durante a campanha eleitoral para o referendo que decretou - na segunda-feira passada - uma nova derrota do governo Berlusconi. Foi uma campanha sem comícios nem cartazes. As televisões italianas receberam ordens de dar pouco destaque, ou mesmo ignorar o referendo. Vale lembrar que Sílvio Mussolini Berlusconi é dono do conglomerado de mídia Mediaset, um dos maiores da Europa, com diversas editoras e emissoras de tevê em seu espólio. De nada adiantou.

Isso porque a Internet, em compensação, falou - e muito. Sites como Facebook, Twitter e YouTube foram os grandes protagonistas de uma campanha eleitoral que pela primeira vez na Itália foi feita sem a presença antiga e tradicional dos partidos políticos. Desde 1995, nenhuma consulta do gênero conseguiu atrair tanta gente às urnas.[Leia reportagem completa, inclusive com detalhes da campanha, aqui]

Por isso, hoje há uma grande mobilização dos internautas por um PNBL já, público e democrático. No Twitter, a partir das 16h, participe dessa luta enviando suas mensagens com a hashtag #minhainternetcaiu.

Alô, ministros, encampem essa, antes que seja tarde.

Porque, como eu já escrevi aqui em O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil:

A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas riquezas, na próxima oportunidade.

Leitor do blog comenta que problemas de comunicação derrotaram governos do PT no RS. Gaúchos, o que acham?

Eugênio, leitor do blog, deixou um comentário na postagem Contribuição à distância ao #2BlogProg: Governo ainda não entendeu a importância da comunicação e resolvi subi-la para discussão com vocês. E também para manter acesa essa questão da comunicação, não só do ponto de vista de forma e conteúdo, mas da necessária, urgente horizontalização através da implantação do PNBL.

O trecho a seguir é integralmente do Eugênio. O que está entre aspas (também colocadas por ele) são partes da minha postagem que ele destacou.

Quando uma tapioca pode derrubar um governo

"Por isso, nada adianta, ministro, fazermos o saneamento básico, levar educação e saúde de qualidade, se não soubermos também comunicar o que estamos fazendo."

É sempre reconfortante saber que alguém diz com as mesmas palavras aquilo que nós mesmos dizemos o tempo todo, de tal forma que nos livra daquela desagradável sensação de estar desenvolvendo um pensamento obsessivo, virando escravo de uma idéia fixa ou percebendo alguma coisa que ninguém percebe.
Pois isso que vc diz já aconteceu em Porto Alegre. O PT perdeu o poder aqui, depois de 16 anos na prefeitura, exatamente da forma que vc descreve.

"Já a história que a oposição - há tempos subsidiada, mas hoje assumidamente liderada pela mídia corporativa - quer contar é a seguinte: Este é um governo demagógico, que se vale de bolsas e transferência de renda para vagabundos, numa compra indireta de votos; é um governo de petralhas, de cumpanheros enriquecendo como nunca; uma república sindicalista, com bolsa de estudo para pobre, tudo para os pobres, com o objetivo de continuar vencendo as eleições e poderem roubar ainda mais."

Não bastou ao PT ter projeto político, ter feito a melhor administração que essa cidade já teve, ter criado o orçamento participativo, ter nos colocado no mapa do mundo com FSM. Nada disso foi suficiente para fazer com que a população entendesse que aquele era um governo diferenciado de tudo quanto havíamos experimentado antes em termos de administração pública. Nossa população simplesmente não entendeu o ineditismo da experiência, nem de longe apercebeu-se do que acontecia a sua volta.

E por que isso? Porque num mundo midiatizado o que importa não é fazer, mas dizer que faz.
As esquerdas insistem na idéia de que o povo é depositário de toda a sabedoria e tem como distinguir, na hora certa, o que é da sua conveniência ou não. Aqui no RS, o PT apostou nisso e perdeu o governo do estado e a prefeitura. Por mais erros que o PT tenha cometido, nada explica a derrota para um Rigotto, com seu papinho de "união pelo rio-grande", e de um Fogaça com o "manter o que está bom e mudar o que está ruim", a não ser um povo muito desinformado. Podem considerar minha argumentação elitista, mas eu não falo apenas do povão. Conheço muitos acadêmicos e doutores que entraram nessa.
Vencer uma eleição hoje, significa deter os meios, criar uma versão e repeti-la exaustivamente, até que todos se convençam da sua "veracidade". Isso nada tem a ver com a honestidade das propostas ou a realidade objetiva. Quero que alguém me convença do contrário. E nesse processo de "convencimento" a mídia desempenha papel central.

Tanto que conseguiu um feito inédito ao transformar a capacidade de realizar obras por parte da prefeitura, que sempre foi tida como uma espécie de marca registrada da competência dos partidos e dos políticos, em algo problemático para a administração petista. As obras da prefeitura "atrapalhavam" a vida da cidade. A mídia difundiu esse discurso de tal maneira que ele grudou que nem bosta em tamanco no imaginário dos porto-alegrenses. No mundo midiatizado, a "realidade" subjetiva é muito mais importante que a realidade objetiva. As pessoas caminhavam em cima das obras da prefeitura, mas diziam que o PT não fazia nada e quando fazia, "atrapalhava", repetindo o discursinho vagabundo dos venais deformadores de opinião da mídia. As obras e as melhorias estavam ali, a vista de todos. Mas o Lasier - pau mandado da RBS, repetidora da Globo - falava no jornal do almoço, repetia no jornal da janta, dia após dia, mês após mês, ano após anos, que aquilo que as pessoas viam não era real, que o "real" era o que ele apresentava como sendo a "realidade". Associe-se a isso um alto grau de despolitização dos eleitores e o cenário está pronto para o golpe da tapioca.

"Perderam mais uma vez. Mas, aos pouquinhos, na timeline da comunicação, vão construindo seu roteiro, deixando registrados os papéis que querem destinar ao governo: corrupto, antidemocrático, defensor da censura, populista."

E tanto fizeram que tiraram o PT da prefeitura e do governo do estado, usando esse discursinho vagabundo.
Mas muitos petistas daqui dizem que a atuação da mídia foi irrelevante. O que "matou" mesmo o partido foram as disputas internas e as brigas de tendência, mesmo quando sabe-se que a quase totalidade dos eleitores nem sabem que o PT tem tendências internas e que elas disputam entre si.

Dimensionar fenômeno mídia em toda a sua amplitude, significa compreender seu papel como instrumento de poder ou como sendo o próprio poder. Esta é uma percepção de poucos. É alarmante constatar o quanto as pessoas rendem-se ao fetiche desse poder, mesmo quando, por dever de ofício, deveriam ser mais cautelosas em relação a ele. E esta rendição assume contornos catastróficos, quando essas pessoas são do campo da esquerda. A esquerda, em todos os seus matizes e por tudo o que tem demonstrado, parece incapaz de formular uma análise precisa sobre o papel da mídia hegemônica.

Os petistas da era do mimeógrafo que operam numa lógica cartesiana, continuam acreditando que basta a "...luta mais obstinada do meu governo...pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos'" para ganhar a parada da direita dona da mídia. "Por isso, nada adianta, ministro, fazermos o saneamento básico, levar educação e saúde de qualidade, se não soubermos também comunicar o que estamos fazendo."

O recuo do governo na questão da banda larga, por exemplo, não foi só político. Também teria sido por questões econômicas, pois não haveria dinheiro para bancar o projeto como ele foi inicialmente pensado. Não teria dinheiro??? Coloque-se os 62 bi dos mega delírios copa-olimpíadas a financiar o projeto de banda larga, para ver o que acontece. Mas aí estamos falando de prioridade. "Parece que o ministro" (e Dilma também) "ainda não percebeu que a batalha das comunicações (e, portanto, do acesso à informação) é tão importante hoje em dia quanto o saneamento básico, o acesso à educação e à saúde."

Universo simbólico, subjetividade, subliminaridade, manipulação e outras "cositas" mais do mundo da comunicação, são o mesmo que grego para as esquerdas em geral e o PT, em particular. Para eles basta seguir os ensinamentos de Marx (isso quando seguem) e estará tudo resolvido.

É só a crise internacional respingar com mais intensidade no Brasil, para que a direita, controlando a mídia com sua mão de ferro, crie as condições subjetivas através de um "blablablás lacerdistas", para repetirmos em escala nacional o que já aconteceu em Porto Alegre.

Porque eu acredito piamente que uma tapioca bem "midiatizada" pode derrubar um projeto político e um governo.

Eugênio

Contribuição à distância ao #2BlogProg: Governo ainda não entendeu a importância da comunicação

Ontem cheguei mais tarde em casa e não pude ver ao vivo o presidente Lula nem as palavras do ministro das Comunicações Paulo Bernardo. Peguei apenas a parte em que ele abriu para perguntas.

Foi quando percebi que Paulo Bernardo, embora seja nosso ministro das Comunicações, ainda não desencarnou de seu cargo anterior como ministro do Planejamento no governo Lula.

Parece que o ministro ainda não percebeu que a batalha das comunicações (e, portanto, do acesso à informação) é tão importante hoje em dia quanto o saneamento básico, o acesso à educação e à saúde.

Porque o mundo vive hoje a chamada guerra de quarta geração, que se desenvolve não nos campos de batalha mas na cabeça e no coração das pessoas. A mídia corporativa é o braço avançado dessa guerra na luta para o Brasil voltar a se encaixar na ordem capitaneada pelos Estados Unidos.

O presidente da Venezuela Hugo Chávez conheceu essa força em 2002, quando foi derrubado do poder por um golpe idealizado, forjado, trabalhado, incitado e comandado pela mídia corporativa de lá, liderada pela cadeia RCTV (a RGTV de lá, à época).

A batalha da comunicação se desenrola como um roteiro cinematográfico, onde os lados opostos vão criando seus personagens, tramas, subtramas, com o objetivo de conseguir chegar ao seu final feliz.

Por serem governo e oposição, é claro, o final feliz de um é a desgraça do outro, como experimenta agora a oposição quase esfacelada com o impressionante sucesso do governo do presidente Lula.

Grosso modo, a história que o governo pretende contar está resumida no discurso de posse da presidenta Dilma (que pode ser lido na íntegra aqui). É uma história de continuidade em relação ao govermo anterior, mas também de avanço e com um eixo central:

A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.

Já a história que a oposição - há tempos subsidiada, mas hoje assumidamente liderada pela mídia corporativa - quer contar é a seguinte: Este é um governo demagógico, que se vale de bolsas e transferência de renda para vagabundos, numa compra indireta de votos; é um governo de petralhas, de cumpanheros enriquecendo como nunca; uma república sindicalista, com bolsa de estudo para pobre, tudo para os pobres, com o objetivo de continuar vencendo as eleições e poderem roubar ainda mais.

Já tentaram o golpe em 2005, com o mensalão. Em 2006, levaram a eleição para o segundo turno com o episódio da foto do dinheiro feita pelo delegado Bruno. Agora em 2010, a guerra do aborto, o episódio ridículo da bolinha de papel, o jogo sujo da ficha falsa de Dilma na primeira página da Folha.

Perderam mais uma vez. Mas, aos pouquinhos, na timeline da comunicação, vão construindo seu roteiro, deixando registrados os papéis que querem destinar ao governo: corrupto, antidemocrático, defensor da censura, populista.

Agora mesmo voltaram ao ataque com o episódio Palocci. O ministro caiu. E aí, nada mudou? Mudou sim. Fica na mente das pessoas mais uma vez a mancha de que esse governo esconde coisas, de que há corrupção. Até tapioca eles já usaram para colar essa marca. Porque o importante para eles é continuarem montando seu roteiro.

Por isso, nada adianta, ministro, fazermos o saneamento básico, levar educação e saúde de qualidade, se não soubermos também comunicar o que estamos fazendo.

O presidente Lula sozinho conseguia fazer isso em seu governo. Graças a seu carisma, sua história de vida. Graças também às inúmeras campanhas majoritárias que disputou antes de vencer em 2002.

Lula talvez conheça o Brasil como ninguém ("nunca dantes"). Talvez tenha ido a mais municípios brasileiros que qualquer outro cidadão. A ponto de o povo mais humilde se identificar com ele e ver na sua luta e luta de cada um deles.

Além do mais, Lula foi um sindicalista, um líder metalúrgico. Tem liderança reconhecida na classe trabalhadora organizada.

A presidenta Dilma não tem essas características.

Por isso, o outro grande movimento da oposição é afastar os dois e fazer o povo esquecer que Lula é Dilma e Dilma é Lula. Se na mente das pessoas eles estiverem separados, nem Lula conseguirá uni-los novamente.

Enquanto pudermos continuar crescendo, gerando empregos e desenvolvimento social, eles terão dificuldades. Mas, tudo isso tem um gargalo. E há ainda a crise mundial, que, longe de ter passado, volta a se agravar.

Por isso a comunicação tem que ganhar a importância que parece ainda não ter nesse governo. Porque a comunicação democrática, o livre fluxo da informação, é um direito humano tão importante quanto o acesso à educação e à saúde.

Porque, como eu já escrevi aqui em O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil:

A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas riquezas, na próxima oportunidade.

STF libera Marcha de Maconha e Bezerra da Silva canta 'Se Leonardo dá 20 porque é que eu não posso 2?'

Decisão unânime do STF acaba de liberar a Marcha da Maconha.

Na guerra pelo 'domínio da manipulação das massas' entre Globo e Record, Ricardo Teixeira escolheu um lado. E apanha do outro

Ontem mostrei aqui uma reportagem do Azenha, do Vi o Mundo, e equipe, para o Jornal da Record, que fez o que outros não fizeram: investigaram a partir das denúncias de Andrew Jennings no Panorama da BBC inglesa.

A partir de um vazamento (documento sigiloso que lhe chegou às mãos) Jennings fez sua reportagem. No Brasil, Azenha e equipe fizeram o trabalho jornalístico: investigaram, a partir do vazamento e demais informações do especial de Jennings. É devastador. Se não viu, veja.

Mas há mais. Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, e equipe, também para o Jornal da Record (Azenha e Rodrigo Vianna são contratados da Record) foram atrás do principal aliado de Ricardo Teixeira no Brasil (além da Globo, é claro), o presidente do Corinthians, Andres Sanchez. Outra reportagem devastadora.

Mas, perguntou eu, essas reportagens iriam ao ar caso a Record vencesse a licitação (que, afinal, não houve) do Brasileirão?

Repórteres e o editor-chefe do Jornal da Record, Luís Cosme, com certeza gostariam que sim. Poderiam até produzir as reportagens. Mas elas não iriam ao ar. E só vão agora porque Ricardo Teixeira e o presidente do Corinthians (e também a do Flamengo) mexeram seus pauzinhos em favor da Globo.

Se a Record levasse o Brasileirão, a Globo é que estaria nos calcanhares de Teixeira.

Aliás, uma história que vem de longe. Em 2001, a Globo fez um Globo Repórter devastador sobre o presidente da CBF (veja aqui). Uma CPI foi montada para investigar a caixa-preta da CBF e ela chegou a tal ponto que Ricardo Teixeira afirmou ‘Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos’.

Mas aí o Brasileirão caiu no colo da Globo, que esqueceu o assunto e a história foi sendo empurrada com a barriga, até que houve a recente briga pelos direitos do Brasileirão.

Tudo isso demonstra que notícias, personagens, fatos, estão muito mais a serviço da mídia corporativa do que dos cidadãos, seus leitores, ouvintes, telespectadores. O que está em jogo, enquanto o governo não mandar para o Congresso e batalhar para aprovar a Ley de Medios, é a luta pelo domínio da manipulação das massas, como definiu o pastor Silas Malafaia, em postagem de 2007, que reproduzo a seguir:



Esta reportagem do Jornal Nacional é devastadora. Em quase nove minutos, ela vai à garganta do bispo Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus (a imagem do bispo barbado ajoelhado diante dos dólares é sensacional) . Ainda se dá ao luxo de utilizar um ex-membro da cúpula da Igreja para identificar cada um deles, dando nome aos bois que pastam as verdes do rebanho do Senhor.
Mas eu penso cá comigo, como ficaria a Globo se a Record resolvesse hoje em dia contra-atacar e fizesse uma reportagem em tudo semelhante a essa, tendo a Globo como alvo?
A guerra entre as Organizações Globo e a Igreja Universal (dona da TV Record), que agora começa a esquentar, foi resumida num ato falho revelador do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, tempos atrás:
“A Globo está nos atacando com medo de perder para nós o domínio da manipulação das massas."

Para contrabalançar, assista aqui, na íntegra, ao documentário Além do Cidadão Kane, produzido pela BBC, e, misteriosamente, até hoje inédito no Brasil. Ele desnuda a Rede Globo, desde sua criação, e mostra os bastidores da Central Globo de Manipulação.



Postada no blog em 7 de outubro de 2007.

Leia também:

Folha, e a impunidade da filha de José Serra que vazou sigilo de 60 milhões de brasileiros?

Folha publicou hoje:'Servidora é exonerada por violar sigilo de tucanos'. Perguntei: E o do Palocci?

Agora tem o outro lado da moeda: a filha de José Serra, que teve o sigilo quebrado pela funcionária exonerada, expôs, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros à visitação pública na internet, no que é provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País.

A mulher de Serra tinha como sócia na empreitada ninguém menos que a irmã de Daniel Dantas, Verônica Dantas Rodenburg, como mostra reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital de setembro do ano passado.

Vamos, bravos jornalistas, quem vazou o sigilo de Palocci? Como anda o processo contra as filhas de Serra e de Dantas?

Folha:'Servidora é exonerada por violar sigilo de tucanos'. E o do Palocci?

A Folha publica hoje uma matéria em que informa que a servidora Adeildda Ferreira dos Santos foi exonerada do Serpro (Serviço de processamento de dados do governo federal) que foi "indiciada por envolvimento no caso da quebra de sigilos fiscais de tucanos no ano passado".

Ela estava cedida à agência da Receita Federal em Mauá (ABC paulista) até o estouro do caso. Desde então, é investigada pela Corregedoria da Receita e havia sido "devolvida" ao Serpro.
Na agência em Mauá foram acessados -sem autorização- dados fiscais sigilosos de tucanos em 8 de outubro de 2009, entre eles Eduardo Jorge Caldas, vice-presidente do partido, e Verônica Serra, filha do então candidato tucano à Presidência, José Serra.
Cópias das declarações de Imposto de Renda de EJ, conforme a Folha revelou em 12 de junho do ano passado, foram incluídas em um dossiê preparado pelo "grupo de inteligência" criado durante a pré-campanha de Dilma Rousseff.
O advogado Marcelo Panzardi, que defende Adeildda dos Santos, informou que estuda entrar com um processo trabalhista contra a União porque a decisão contra a sua cliente foi tomada antes do desfecho do procedimento administrativo instaurado na Corregedoria da Receita.
Uma das linhas da defesa é que ela não teve intenção de violar as declarações porque achava estar cumprindo ordens da chefe da unidade. [Folha:Silvio Navarro]

E o Palocci, que teve o segredo fiscal de sua empresa vazado ilegalmente para a Folha? Nada?

Quando vai ser revelado o nome do responsável pelo vazamento, seja funcionário ou mesmo o secretário, pois é sabido que quem vazou dados da empresa de Palocci foi a Secretaria de Finanças de SP?

O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil

Esta é a principal luta que estamos travando. E a principal luta que temos que travar. Porque só há uma maneira de combater o império, combatendo seu braço comunicacional, a mídia corporativa.

Não há lugar no mundo capitalista em que os veículos de comunicação estejam a favor da comunicação livre. Eles manipulam, ocultam, distorcem, difamam, e ainda se dizem defensores da liberdade de informação, quando tudo o que fazem é desinformar, alienar, golpear os governos que não rezam de acordo com suas cartilhas.

Podem escolher o país. As oligarquias midiáticas, pautadas pelo império estadunidense, defendem sempre as mesmas causas, em qualquer lugar do planeta.

Escrevi aqui uma vez uma metáfora que continuo achando válida. O que é o sequestro de uma ou várias pessoas comparado ao sequestro da realidade de todo um país?

Quem acompanha o Brasil pelos jornalões, pelas emissoras de TV – em especial pela Rede Globo – tem sua realidade sequestrada. Sem um mínimo de senso crítico, essa pessoa acredita que está diante da verdade, que o que lhe afirmam Veja, Folha, Estadão, O Globo, a Rede Globo, é um retrato fiel da realidade.

Aí se desenvolve a síndrome de Estocolmo, quando a vítima se identifica e/ou tenta conquistar seu sequestrador (e basta ler os comentários nos pitblogs para entender o que digo).

Por mais que se tente mostrar a essas pessoas que a realidade lhes foi sequestrada, elas resistem, defendem seus pitblogueiros e seus veículos do coração. Isso acontece mesmo que a realidade os desminta, como nos casos do trágico acidente de Congonhas, do caos aéreo patrocinado e agora da falsa epidemia de febre amarela, que provocou uma absurda correria da população aos postos de vacinação para se prevenir de uma epidemia que só existia na mídia.

A cegueira é tão grande, que levou a enfermeira Marizete Borges de Abreu, de 43 anos, a se vacinar duas vezes contra a febre amarela, ainda que ela não fosse viajar para uma das áreas de risco, ainda que ela tivesse restrições físicas (lúpus - caso em que a vacina não deve ser tomada), ainda que ela soubesse (como enfermeira) que não se deve tomar mais de uma dose da vacina por vez (outra dose só em dez anos).

Com sua realidade sequestrada pela mídia, Marizete vacinou-se duas vezes num prazo de uma semana e veio a falecer, vítima de falência múltipla dos órgãos.

Por isso, quando se fala de sequestro, deve-se salientar que ambas as formas de sequestro são condenáveis, mas a população desinformada pela mídia corporativa só toma conhecimento de uma, enquanto é manipulada pela outra.

O Eduardo Guimarães em seu Cidadania tem reforçado a importância dessa luta. E embora não concorde com ele que essa mídia seja o mal (ela é o braço comunicacional dele) endosso a ênfase de que a luta que nós, blogueiros, agentes de comunicação temos que travar é contra essa mídia venal, que tenta impor sua pauta ao governo democraticamente eleito, o que temos que denunciar e combater. Jamais apoiar.

Em 22 de junho de 2007, há quase quatro anos, escrevi aqui:

As Organizações Globo têm um peso descomunal no Brasil. Esse peso descomunal deve ser discutido no Congresso. É necessário que se criem mecanismos regulatórios para garantir a liberdade de expressão. E a liberdade só pode existir se for plural, se não houver uma instância - como as Organizações Globo - com o poder de influenciar mais de 70% da população. Mecanismos que proibissem – como acontece em outros países, inclusive os EUA - a concentração de veículos de comunicação nas mãos de um só grupo, numa mesma cidade ou estado. Aqui no Rio, por exemplo, as Organizações Globo têm a TV Globo (RGTV), os jornais mais vendidos - O Globo e Extra -, estações de rádio - Globo, CBN... - além da revista Época, do portal de notícias etc., etc.

Comenta-se que o diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, estaria estendendo seus tentáculos aos outros braços das Organizações. Mas o foco em Ali Kamel é uma bobagem. Ele é apenas um empregado. O foco é o grupo. Até quando se vai permitir a concentração de poder que as Organizações Globo têm no país? Isso não faz bem para a informação livre, muito menos para a democracia. Ao contrário: não permite uma e ameaça a outra.

A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas riquezas, na próxima oportunidade.

Taí um bom tema para o II Encontro de Blogueiros que vai acontecer neste próximo final de semana em Brasília.

Advogado não desiste e entra na Justiça contra Sarney, que arquivou impeachment de Gilmar Mendes

O advogado Alberto de Oliveira Piovesan é chato. Daquele tipo de chato de que precisamos no Brasil. Ele entrou com pedido de impeachment contra o ex-presidente do STF Gilmar Mendes, com denúncias muito bem fundamentadas, como mostrei aqui: Advogado pede impeachment de Gilmar Mendes por 'relações perigosas' com advogado da Globo, de Dantas...e de Gilmar Mendes.

Mas não adiantou nada: Sarney mandou arquivar pedido de impeachment contra Gilmar Mendes.

Piovesan não desistiu. Entrou no STF com um mandado de segurança contra a decisão de Sarney, que acusa de ilegal, por ter mandado "arquivar, ilegalmente e violando direito do lmpetrante, sem obedecer aos ditames da Lei Federal no. 1079, de 10 de abril de 1950, requerimento visando instauração de processo de impeachment que lhe foi endereçado em 12 de maio deste ano de 2011".

O advogado diz que o pedido de impeachment teria que ser examinado pela Senado e não por sua Assessoria Jurídica, e voltou à carga:

Ocorreu que, ao invés de o Impetrado dar a petição curso conforme estabelecem os artigos 44 e seguintes da referida Lei Federal 1079/1950, ordenou fosse encaminhado a Assessoria Jurídica do Senado Federal, a qual, por sua vez, opinou pelo arquivamento do pedido, adentrando o mérito, usurpando as atribuições dos Senhores Senadores, que teriam de ser eleitos pela Casa para compor Comissão Especial com atribuição de opinar sabre a denúncia.

Cumpre afirmar que a Douta Assessoria Jurídica do Senado Federal somente poderia examinar a legalidade quanto aos aspectos extrínsecos do requerimento apresentado pelo Impetrante, jamais o mérito do pedido, eis que cabe, e exclusivamente, ao Senado Federal deliberar, em analisando o mérito, pelo arquivamento, ou não da denúncia, nos claros termos do artigo 48 da Lei 1079/1950:

Art. 48. Se o Senado resolver que a denúncia não deve constituir objeto de deliberação, serão os papéis arquivados.

E agora , será que a Casa Verde vai internar Simão Bacamarte? Ou vai ficar num jogo de compadres empurrando o advogado com a barriga até que se acabe o período de Gilmar Bacamarte Dantas no STF - embora isso só ocorra em 2025?

Gilmar Mendes, o Alienista no STF, segura há 8 meses processo contra senador por trabalho escravo

Ele já se considerou derrotado (e por conseguinte o STF) diante da decisão por goleada do Supremo Tribunal Federal que endossou decisão do presidente Lula de não permitir a extradição de Cesare Battisti para a Itália. Achou o que o STF saiu diminuído (é que ele se considera O STF).

Mas esse mesmo Gilmar Mendes impede que um senador seja julgado por trabalho escravo, Pedido de vista feito pelo ministro Gilmar Mendes há oito meses impede que Supremo decida se transforma em réu João Ribeiro (PR-TO).

Quando é para atacar o MST, o latifundiário ministro é o primeiro a se antecipar, julgar e condenar, mas quando se trata de grandes proprietários rurais acusados de trabalho escravo ele precisa estudar, e vai estudando, estudando...

Por isso, o ministro Gilmar está ameaçado de impeachment. Ele não percebe que o país mudou e que pessoas como ele são anacrônicas, desligadas do mundo em que vivem, e cada vez mais supérfluas e irrelevantes. É isso que mata Gilmar Bacamarte Mendes de raiva.

Olívio Dutra: 'Em qualquer mandato que o PT exercer tem que estar a semente da transformação, e não da acomodação. Essa é a grande questão para o nosso partido'

Trechos da entrevista do ex-prefeito de Porto Alegre, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro do governo Lula Olívio Dutra ao Jornal do Comércio:

Olívio - O governo do presidente Lula (PT), nos seus dois mandatos, e agora o governo da presidente Dilma, o Tarso aqui no Rio Grande do Sul, isso representa uma nova conjuntura, que se abriu por conta da conquista popular, democrática. Mas o Estado brasileiro ainda está com a sua formatação, que o faz funcionar muito bem para poucos. Ou não funcionar para muitos. Então, apesar de tudo o que pôde ser feito no governo Lula, nos nossos governos aqui no Rio Grande - me orgulho de ter sido governador -, ainda assim tem estruturas que não foram mexidas.

JC - Quais?
Olívio - O fato de Lula ter incluído milhões de brasileiros em uma renda melhor, condições de vida, salário e educação melhores, ter tido uma relação política aberta, uma política externa soberana, sem arrogância, mas afirmativa... Tudo isso são conquistas que não podemos perder. Mas isso é pouco diante de uma realidade que coloca, por exemplo, 16 milhões de brasileiros vivendo com uma renda diária de R$ 2,30. Eu voltei à universidade e pego dois ônibus para ir e dois para voltar da Ufrgs. Isso dá um gasto de R$ 10,80. Então, imagina uma pessoa sustentar a sua família com R$ 2,30? E são 16 milhões de brasileiros nessa situação. O governo deve trabalhar para a maioria da população. Tem um domínio aristocrático que controla a máquina brasileira há 510 anos. Em qualquer mandato que o PT exercer tem que estar a semente da transformação, e não da acomodação. Essa é a grande questão para o nosso partido.

JC - Qual é a sua avaliação dos governos Dilma e Tarso?
Olívio - São governos que tocam adiante um esforço. O governador Tarso está indo bem. Dilma também. Mas tem a conjuntura... Precisamos de reformas como a agrária, que não se conseguiu fazer avançar. E o acesso à terra, de forma democratizada, é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do País. Precisamos da reforma político-partidária, em que partidos tenham posições ideológicas claras e que não sejam balcões de negócio. E o Estado brasileiro não é propriedade do governante, deste ou daquele partido que está exercendo o poder. Nem de grupos econômicos poderosos. O Estado tem que ser democratizado e estar sob controle público.

Clique aqui para ler a íntegra da entrevista, concedida a Guilherme Kolling.

Atenção: Bombeiro solto não é bombeiro livre. Habeas corpus não é anistia. Anistia Já

Pedido de habeas corpus em favor dos bombeiros feito por parlamentares da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados foi atendido pelo desembargador Cláudio Brandão, que mandou soltar todos os 439 bombeiros presos:

"Convencido de que a manutenção da prisão não mais se justifica, defiro a liminar requerida e concedo liberdade provisória aos militares presos no episódio mencionado na petição inicial e que constam na relação", informa a decisão do desembargador.[Fonte]

Mas, como bem avisa o movimento em seu site, Habeas corpus não é anistia.

Para os que caem no lero-lero do governador de que o movimento é manobrado por políticos e ligado a religiosos, tentando esvaziar o sentido reivindicatório do movimento dos bombeiros, selecionei trechos de um pronunciamento do deputado Marcelo Freixo (Psol) na Alerj, na terça, dia 7, onde fica claro que o movimento de apoio aos bombeiros inclui deputados de vários partidos e diversas orientações políticas. De fora apenas o PMDB de Cabral e alguns aliados do governador.

Publicado na íntegra no site do deputado, com o irônico título "Se o Cabral viajasse menos para Paris..." o discurso do deputado afirma num trecho:

Não há aqui um grupo de Deputados de situação ou de oposição ao governo. Os Deputados que estão mais presentes no movimento dos bombeiros – são vários – compõem a base. Eu estou junto com os Deputados Flávio Bolsonaro, Janira Rocha, Wagner Montes, Clarissa Garotinho, Deputados de todos os partidos, de origens ideológicas completamente distintas. Não adianta tentarem desqualificar esse movimento dizendo que ele tem uma conotação partidária. Não é verdade. Basta ver os Deputados que, desde o início, desde março, acompanham a reivindicação dos bombeiros.

Mais adiante:

Ontem, eu fiz um levantamento. Aqui há muitos Deputados que trabalham. No levantamento que fiz, Deputados da base, de 2007 a 2010 o Rio de Janeiro concedeu mais de 20.000 isenções fiscais, em quatro anos, algo que o Supremo acabou de declarar que é inconstitucional, que é ilegal. Mais de 20.000 isenções. Sabem qual o valor que o Rio de Janeiro deixou de receber com essas isenções? Cinquenta bilhões. Está aqui ano a ano. Cinquenta bilhões foi o que o Governo do Rio de Janeiro deixou de arrecadar com as isenções fiscais.

Tem dinheiro para pagar professor, para pagar médico, para pagar bombeiro, com muito mais dignidade do que faz hoje. E nessas condições esses bombeiros estão indo para praia, Deputados, sem as nadadeiras para todos que têm que trabalhar na praia; não tem nadadeiras suficientes. Nós fomos lá, ver. Não tem protetor solar. Não tem. A entrega não é sistemática. Vamos lá fiscalizar.

Tem aqui, outro relatório feito pela Anac. Não fomos nós, Deputados que apoiamos o movimento dos bombeiros que fizemos, de março de 2011; o relatório da Anac fala das condições de trabalho dos bombeiros no Aeroporto Santos Dumont – é o relatório oficial da Anac de março de 2011. São precárias as condições de trabalho dos bombeiros no Aeroporto Santos Dumont; as condições são aviltantes e o salário é ridículo. Estas são as condições que os bombeiros têm hoje. Esta luta é justa. Então, é necessário que isto mude.

Para quem quiser ver quantas vezes os bombeiros tentaram negociar com o governo, quantas vezes ficeram manifestações, sem sucesso, desde abril, clique aqui e veja no site do movimento dos bombeiros um histórico de todo o movimento.

Amanhã, domingo, haverá uma grande marcha na praia de Copacabana, cujo cartaz reproduzo:

Márcia Denser: 'O Clubinho dos mervais'

A história parece ter esfriado – propositalmente esfriado – na mídia, mas não vou deixar passar batido: neste pé e segundo “critérios” no sentido de “popularizar” (a palavra não seria mediocrizar?), segundo a Folha de São Paulo, a ABL - Academia Brasileira de Letras -, em poucas décadas, vai se tornar um clubinho de mervais, pleno de chás e vesperais bucólico-edílico-estivais e dos mais porretas.

Eu poderia prosseguir neste tom humorístico assim indefinidamente, o texto ia ficar muito engraçado, hilário, resvalando entre o ridículo, o sarcasmo e a ironia – aliás, minhas especialidades –, mas não seria verdade porque desta vez fiquei indignada, raivosa, irada, putíssima da vida, e isto, ao invés de prejudicar-me a expressão, ao contrário favorece e muito porque - e aqui lembro uma frase do Raduan Nassar - no escritor é a emoção que comanda a razão, até porque ninguém conduz quem o demônio extravia, sobretudo quando é preciso soltar os cachorros, dar nomes aos bois, e dar nomes – dizer que as coisas têm nome, função e razão de ser – também continua sendo tarefa do escritor.

Antes invoco José Guilherme Merquior que observa num artigo(1) famoso: pode-se dizer que o meio século (dos anos 50 até nossos dias) tem sido para a intelligentsia latino-americana em geral, e para a classe literária em particular, a época da consolidação da autonomia do campo intelectual (Bourdieu), isto é, do fortalecimento de suas próprias instâncias de seleção e consagração. Ou seja, a legitimação da literatura deixou de proceder predominantemente dos centros de hegemonia social ou de estratégias de obtenção de status, para depender mais e mais de critérios intrinsecamente estéticos e intelectuais.

Em síntese, quem consagra, premia, reconhece um escritor são os outros escritores, seus pares.

Conversando ao telefone com um escritor carioca amigo, ele comentou que nesta eleição para a ABL, Antonio Torres (vinte e oito livros publicados, traduzido em várias línguas, o diabo) tivera 13 votos contra 25 do Merval Pereira (comentarista político global, dois livros?) e que a “pressão política em favor deste fora tremenda”.

Sem que ele tivesse me dito, salvo as obviedades de plantão (João Ubaldo, Lygia e Nélida), com os 40 nomes dos “imortais” à minha frente, fui “inferindo” os prováveis votantes de Torres (claro, com alguma margem de erro): Ana Maria Machado, Carlos Heitor Cony, Carlos Nejar, Nelson Pereira dos Santos (ok, também no lugar errado, mas deixa pra lá), Lêdo Ivo, Hélio Jaguaribe, Alfredo Bosi, Sérgio Paulo Rouanet, Lygia Fagundes Telles, Sábato Magaldi, Nélida Pinõn, Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro. E incrível: deu 13!Usei um método bastante simples: contei os escritores em geral, os artistas em particular e os intelectuais (críticos) em si.

Podem ter ajudado as eleições pregressas de pitanguys e sarneys, mas a “imortalidade” desse merval marca o ponto além do qual não há retorno – the point of no return – quanto ao apodrecimento e corrosão dos critérios e instâncias de consagração que (ainda) possa implicar a ABL. E desta para as “demais instituições democráticas” e “sociedade civil”, é um suspiro.

Possivelmente derradeiro.

PS: Aos 25 votantes do merval: vocês não têm vergonha?

(1)“Situação do Escritor” in América Latina em sua Literatura. S.Paulo, Perspectiva, 1979

Publicado originalmente no Congresso em Foco, onde você pode encontrar mais informações e textos de nossa escritora Márcia Denser.

Eduardo e Mônica da Vivo é plágio de Eduardo e Mônica da ATL, Claro?

Comercial da ATL (atual Claro). 2001.



Comercial da Vivo. Agora, dez anos depois.

Denúncia grave: Coronel PM diz que governo do Rio pode ter armado arapuca para jogar população contra bombeiros



Em entrevista a um telejornal local do SBT, o coronel PM Paulo Ricardo Paúl, ex-corregedor interno da PM, levanta a suspeita de que o governo do Rio teria armado uma arapuca para os bombeiros, incentivando-os (ou, no mínimo, fazendo corpo mole) à invasão do Quartel Central da Corporação. Com isso, pretendia vender a imagem dos bombeiros como um grupo de radicais, covardes, irresponsáveis e vândalos.

Essa informação soma-se a uma outra anterior, publicada pela Folha no dia 7, terça-feira. Uma nota perdida, espremida entre duas notícias que não tinham nada a ver com ela, que informava que um cabo infiltrado pela Secretaria de Segurança na manifestação acabou preso:


Como já escrevi aqui, Sérgio Cabral bota a PM em cima dos bombeiros. E quando chegar a vez da PM, governador, vai chamar quem?, o movimento dos bombeiros corria paralelo a outro dos PMs, com reivindicações semelhantes e recebendo a mesma falta de atenção do governo, que se recusava a negociar e sempre tentou desqualificar os movimentos como de uma meia dúzia atiçada por motivações políticas.

Se a "arapuca" desse certo, Sérgio Cabral conseguiria jogar tropa contra tropa e desmoralizar os dois movimentos numa mesma jogada.

O movimento dos PMs não vem de hoje. O coronel Paúl, autor da denúncia ao SBT, é um dos fundadores do Grupo dos Barbonos, oficiais de alta patente da PM que no início de 2007 (nos primeiros meses do primeiro ano do primeiro mandato de Sérgio Cabral) criaram o movimento para reivindicar melhorias salariais, melhores condições de trabalho e um limite de carga horária para os PMs.

Cabral afastou todos os oficiais. E vem ignorando nesses anos todos as reivindicações de PMs e bombeiros. Agora não pode ignorar mais. Por isso pode ter armado a arapuca, como suspeita o coronel.

Se o fez, o tiro saiu pela culatra, o apoio da população aos bombeiros cresce dia a dia, enquanto, proporcionalmente, aumentam as críticas ao governador.

'Onde houver fé que eu leve a dúvida'

Mãe judia e suas três filhas, numa manhã no Leblon

Eu subia a José Linhares em direção à Conde de Bernadotte quando as avistei.

Estavam para atravessar a Humberto de Campos e vinham em sentido contrário ao meu.

A mãe segurava firmemente as mãos das duas menores (entre 3 e 5 anos). A mais velha (no máximo 7) estava ao lado.

As quatro se vestiam de maneira semelhante: vestidos abaixo de joelho, mangas compridas. Usavam também meias opacas, que lhes escondiam as canelas, e sapatos baixos e pretos.

O sinal abriu para elas. Atravessaram. Estávamos agora no mesmo quarteirão, eu subindo, elas descendo.

A menina mais velha anda mais rápido que as outras três (a mãe deve ter no máximo 30 anos).

A menina mais velha olha para um ponto indefinido. Não está aqui no Leblon. Acelera, aérea, e já está uns cinco metros à frente das demais.

De repente, a do meio (menos de 5 anos com certeza) grita, com uma expressão de reprimenda, "Sara!".

A menina mais velha, que agora sabemos chamar-se Sara, assustada, como que caindo de outro lugar, volta-se para elas e encaminha-se em direção ao grupo.

As quatro atravessam para o outro lado da calçada e as perco de vista.

Em que mundo estaria Sara?


(Via Celular)

Sai Palocci e entra a senadora petista Gleisi Hoffmann, nova ministra da Casa Civil, mais a ver com Dilma

O estilo língua-roda presa do Palocci se foi. É mais uma vitória do PIG. Escrevi tanto sobre esse assunto aqui que vou virar a página. Palocci que vá cuidar da vida dele que nós cuidamos da nossa, e continuamos na batalha contra o PIG, a quem Palocci não teve a coragem e a dignidade (em nome da confiança que lhe foi depositada por Lula e Dilma) de peitar.

Mas a vitória do PIG pode ter sido uma vitória de Pirro, a julgar por esse embate da nova ministra, a senadora Gleisi Hoffmann, com o tucaníssimo senador e fonte da Veja Álvaro Dias, um embate que me lembrou por associação um outro entre a à época ministra da Casa Civil Dilma Rousseff e o demo Agripino Maia. O que vocês acham? Comparem os dois:

Senadora (agora ministra da Casa Civil) Gleisi Hoffmann vs senador Álvaro Dias



Presidenta Dilma vs senador Agripino Maia

Folha: 'Procurador-geral poupa Palocci de investigação'. Blog do Mello: 'Palocci poupa Folha de processo por quebra de sigilo'

A Folha ainda continua a acusar o ministro Antonio Palocci de não se sabe o quê. E se revolta porque o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, arquivou ontem as quatro representações propostas pela oposição contra o ministro Antônio Palocci.

Em reporcagem publicada hoje, o jornal da ditabranda ainda coloca em suspeita a idoneidade do procurador.

A decisão de Gurgel ocorre num momento crucial. Desde maio, seu nome está com o de outros dois procuradores na mesa de Dilma para que ela decida quem chefiará o Ministério Público Federal nos próximos dois anos.
Em eleição feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República, Gurgel ficou à frente com 454 votos. Dilma, porém, não é obrigada a acolher as sugestões e nem a escolher um dos nomes da lista.
No seu parecer, Gurgel disse que a despeito da "enorme repercussão do caso" não cederia a "bordões" como o de que "procurando vai achar" (algo de errado no caso a partir das investigações).[Fonte]

Ou seja, o jornal que emprestava seus carros para transportar presos que seriam torturados na ditadura acha que o procurador "livrou Palocci" para ficar bem com a presidenta Dilma (aquela de quem o jornal publicou uma ficha falsa). E passa por cima do fato de Gurgel ter sido o mais votado pela Associação, com quase 100 votos a mais que o segundo colocado.

Esquece-se o jornal, cuja ombudsman tortura a verdade e 'absolve' comandante do DOI-COdI, coronel Ustra, condenado por tortura que esse mesmo jornal, cujo fundador afirmou que Brasil de Médici é ‘um país onde o ódio não viceja’, publicou uma informação que agora não poderia sonegar a seus leitores: o mesmíssimo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a cabeça de Palocci no episódio do caseiro Francenildo:

A Procuradoria Geral da República havia pedido a abertura do processo penal contra Palocci sobre o argumento de que sua participação no caso foi indubitável. "Existe certeza do crime e indícios veementes da autoria do crime. É o que basta para o recebimento [da denúncia]. A prova definitiva será feita no curso dessa investigação", afirmou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Na fala, Gurgel listou o que considera ser indícios fortes, entre eles a intensa troca de telefonemas entre Palocci e seu então assessor de imprensa, Marcelo Netto, e, deste com a revista "Época".

A fonte da informação acima? O jornal que denunciei aqui há 18 dias: Folha se precipita e entrega o jogo: alvo não é Palocci, é Dilma.

Agora, por que o ministro Palocci não vai ao Judiciário e processa a Folha para que ela diga quem vazou seu sigilo fiscal? Com que interesses vazou? A mando de quem? Está ligado a quem? Pertence a algum governo ou partido político? É indicação de algum político para o cargo que ocupa?

Já se sabe que quem vazou dados da empresa de Palocci foi a Secretaria de Finanças de SP. Confira. O responsável por ela é indicação de José Serra. Por que o ministro se omite e acaba passando a impressão de que tem algo a esconder?

Palocci, se for para cair, caia de pé, caia lutando, honre a confiança de presidenta Dilma, ou vai cair espirrando lama na presidenta e em quem o indicou a ela.

Sérgio Cabral bota a PM em cima dos bombeiros. E quando chegar a vez da PM, governador, vai chamar quem?

Não se iludam os que pensam que o que está acontecendo no Rio de Janeiro entre os bombeiros e o governo de Sérgio Cabral é apenas algo incitado por radicais. As reivindicações dos bombeiros vêm de longe. O governador não os recebeu, não os recebe e agora os acusa de radicais. Isso é preocupante. Mas não é tudo. PMs também fazem reivindicações semelhantes às dos bombeiros e vêm recebendo o mesmo tratamento do governador.

Sérgio Cabral acha que nasceu com o Vasco virado pra lua e qualquer questionamento que lhe seja feito ele trata logo de desclassificar o emissário. (É assim nas UPAs, nas UPPs - leia aqui -, mas esta postagem é sobre os bombeiros).

Cabral se acha tão importante que chegou a ameaçar não votar em Dilma (embora 80% ou mais das realizações de seu governo sejam frutos da parceria com Lula), caso ela também dividisse palanque com Garotinho, à época candidato a governador por um partido da base aliada do governo, o PR.

Cabral já chamou médicos e professores de vagabundos. Usuários de trens suburbanos de marginais. Agora partiu para o ataque em cima dos bombeiros, o que pode lhe custar caro, muito caro.

Os bombeiros (que nos salvam os corpos sem cobrar nada, como os médicos) e os religiosos (que salvam as almas dos crentes) são os mais bem amados cidadãos do Rio, talvez do Brasil. E Cabral os chamou de "covardes, irresponsáveis e vândalos".

Se eles são covardes, como classificar o governador, que diz que o Rio está pacificado, mas só anda de carro blindado, cercado por pelo menos outros oito carros de segurança e mais batedores de motos, e só se locomove no estado por helicóptero?

A verdade é que o mito do Rio pacificado é financiado pela publicidade do governo Cabral, que distribuiu no ano passado quase meio bilhão de reais para o PIG. E o PIG, a gente sabe, adora dinheiro, tanto que o porquinho é o animal mais utilizado como cofre.

Mas, eu quase me perdia do título da postagem. O que eu quero dizer com ele é o seguinte: a rebelião dos bombeiros não surgiu agora. Nem há um mês, ou ano. É um movimento que se delineia desde o início do governo Cabral. E eles não são os únicos. Os policiais militares também estão revoltados com Cabral. E isso também não é de hoje.

Se agora Cabral usou a PM para tentar calar os bombeiros, quem ele vai usar contra os PMs, quando esses repetirem os bombeiros de agora, o que vai acontecer mais cedo ou mais tarde?

E vai acontecer porque Cabral não os recebe, não ouve suas reivindicações, não senta na mesa para negociar. Exatamente como fez com os bombeiros. É esperar para conferir.

A blogosfera é a grande arma que está sendo usada pelas duas corporações. São blogs e redes sociais divulgando a luta de bombeiros e PMs e denunciando a farsa do governador Cabral. Que teima, como um Mubarack tupiniquim, em ignorar a realidade que bate à porta do Palácio Guanabara.

Para um apanhado geral dos últimos dias, sugiro a leitura desta postagem do Blog Pauta do Dia, da jornalista Roberta Trindade, de onde tirei a seguinte informação, que mostra que o salários dos bombeiros do Rio de Janeiro é o pior do Brasil:

SALÁRIOS BRUTOS DE BOMBEIROS NO BRASIL:

01º – Brasília – R$ 4.129.73
02º – Sergipe – R$ 3.012.00
03º – Goiás – R$ 2.722.00
04º – Mato Grosso do Sul – R$ 2.176.00
05º – São Paulo – R$ 2.170.00
06º – Paraná – R$ 2.128,00 1
07º – Amapá – R$ 2.070.00
08º – Minas Gerais – R$ 2.041.00
09º – Maranhão– R$ 2.037.39
10º – Bahia – inicial – R$ 1.927.00
11º – Alagoas – R$ 1.818.56
12º – Rio Grande do Norte – R$ 1.815.00
13º – Espírito Santo – R$ 1.801.14
14º – Mato Grosso – R$ 1.779.00
15º – Santa Catarina – R$ 1.600.00
16º – Tocantins – R$ 1.572.00
17º – Amazonas – R$ 1.546.00
18º – Ceará – R$ 1.529,00
19º – Roraima – R$ 1.526.91
20º – Piauí – R$ 1.372.00
21º – Pernambuco – R$ 1.331.00
22º – Acre – R$ 1.299.81
23º – Paraíba – R$ 1.297.88
24º – Rondônia – R$ 1.251.00
25º – Pará – R$ 1.215,00
26º – Rio Grande do Sul – R$ 1.172.00
27º – Rio de Janeiro – R$ 1.134,48 (SEM VALE TRANSPORTE)

Para ver o desenvolvimento da crise dos bombeiros (apenas no último mês) clique aqui. A dos PMs, aqui.

Postagem de Ricardo Kotscho avisa a Palocci que a presidenta Dilma lhe oferece uma saída honrosa, o pedido de demissão

Do jornalista Ricardo Kotscho, ontem, domingo, em seu blog, às 10h57:

Confirmei na manhã deste domingo, com fonte da minha total confiança, uma informação que vinha apurando desde ontem: chegou o fim da linha para o ministro Antonio Palocci, chefe da Casa Civil, que a partir de agora pode ser demitido a qualquer momento.

Não houve uma gota d´água. Foi o conjunto da obra que deixou Palocci nesta situação, sem contar com o apoio de mais ninguém, e à presidente Dilma Rousseff só resta agora encontrar um nome para substituí-lo.

Pegou muito mal o ministro não ter mostrado nenhuma indignação diante das graves denúncias feitas contra ele nas últimas semanas durante as entrevistas que concedeu à Rede Globo e à Folha, os dois órgãos por ele escolhidos para falar ao país. Na verdade, as entrevistas e as novas denúncias publicadas no final de semana apenas pioraram um quadro que já era irreversível.[Leia o restante aqui]

Quem tem acompanhado o caso Palocci aqui no blog, com certeza vai estranhar a afirmação que fiz no título de minha postagem. Mas vou explicá-la. Em primeiríssimo lugar, Ricardo Kotscho não é PIG. Foi Secretário de Imprensa de Lula. É amigo do ex-presidente, e jamais empenharia sua palavra, como o fez na postagem, se não tivesse absoluta certeza do que estava afirmando, e (aqui entra minha opinião) se não fosse convidado (ou tivesse se oferecido) a fazê-lo.

Kotscho não se submeteria a ser cavalo de alguém, a não ser que quisesse. Além de jornalista experiente, conviveu de perto com o ofidiário que cerca o Planalto. Ele sabe que uma afirmação dessas partindo dele equivale quase que como uma sentença: "Ouvi de Lula".

Portanto, Palocci, não adiantou nada você e a presidenta comparecerem jubilosos, sorridentes e emplumados à festança dos 90 anos da Folha. O escorpião, como na conhecida fábula, aplicou seu veneno. Por motivos ainda desconhecidos, mas que, mais dia menos dia virão à tona, a Folha o escolheu como o pato para atingir Dilma e o governo.

Por motivos também desconhecidos, apoiadores do governo na blogosfera e nas redes sociais entraram no jogo do PIG, como aconteceu na campanha de Marta contra Kassab. O resultado agora parece que vai ser o mesmo.

A única coisa que ainda resta de esperança para você é que a postagem de Kotscho foi feita antes do desmentido da reportagem de Veja, a revista que já sai da gráfica com prazo de validade das matérias vencido.

Mas o estrago já está feito. Inês é morta e você já não cheira muito bem. Entenda o recado e se conforme, como eu, com mais uma vitória do PIG sobre o governo. Que seja a última e nos sirva de lição: quem alimenta o PIG acaba sendo devorado por ele.

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Sarney deu de presente concessão de rádio a Aécio Neves, que ainda seria proprietário de outras quatro


A imagem aí de cima é de um trecho da coluna Radar da revista Veja de 18 de fevereiro de 1987. Como se vê, ela informa que o à época presidente da República José Sarney deu de brinde ao à época deputado federal e hoje senador por Minas Gerais Aécio Neves "a concessão de uma rádio de frequência modulada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte". Informa ainda que Aécio já era proprietário de outras três, em Cláudio, Formiga e São João Del-Rei.

Recentemente ficamos sabendo no blog do Luis Figueiredo da sociedade de Aécio em outra rádio, a Arco Iris, em Belo Horizonte.

No entanto, a Folha publicou uma reportagem com uma lista enorme de deputados e senadores do chamado “baixo clero”, donos de rádios e TVs, mas não citou o nome de Aécio, como informa Rodrigo Vianna em seu Escrevinhador.

A Carta Maior informa que Aécio Neves é denunciado por ocultar patrimônio e sonegar imposto, um assunto que deveria estar nas primeiras páginas do PIG, mas, como Conceição, ninguém sabe, ninguém viu.

Por muito menos (acusações de enriquecimento lícito, já que sob nota fiscal, recolhimento de impostos e declaração à Receita Federal), Palocci é a bola da vez há 20 dias.

Aproveitando que nesta semana que se inicia teremos o Encontro de Blogueiros em Minas, está aí um tema para animar e aquecer a moçada até lá: Que rádios a mais são essas que Aécio não teria declarado, em Betim, Formiga, Cláudio e São João Del-Rei?

O Lucas Figueiredo também está à espera de resposta para as 8 perguntas que o senador Aécio evita responder.

[dica da Veja de Sonia Montenegro]

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Folha tortura a verdade, agora através da ombudsman, que 'absolve' torturador condenado

O jornal da ditabranda se supera. Verdade que agora a culpa não é exclusiva dele, mas da ombudsman, aquela que faria a leitura crítica do jornal e seria a voz dos leitores.

O nome dela é Suzana Singer, e dona Suzana resolveu colocar no pau de arara a sentença que condenou o coronel Ustra por tortura, até que Ustra deixasse de ser alguém julgado e condenado como torturador e se transformasse em "alguém acusado de praticar ou acobertar um crime como a tortura", como ela escreve em seu texto.

Suzana Singer, existe uma enorme diferença entre um acusado e um condenado, que é alguém que foi a julgamento e recebeu a sentença: condenado por tortura. E este é o caso do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra.

A ombudsman deveria ler pelo menos o jornal onde trabalha, pois a notícia foi publicada nele em 2008, na época da condenação. Confira aqui.

Por decisão do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, de primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar (1964-1985).

A sentença, publicada ontem, é uma resposta ao pedido de cinco pessoas da família Teles que acusaram Ustra, um dos mais destacados agentes dos órgãos de segurança dos anos 70, de sequestro e tortura em 1972 e 1973.

(...) Na decisão de ontem, o juiz Santini argumentou que a anistia refere-se só a crimes, e não a demandas de natureza civil, como é o caso da ação declaratória, que não prevê indenização nem punição, mas o reconhecimento da Justiça de que existe uma relação jurídica entre Ustra e os Teles, relação que nasceu da prática da tortura.

(...) As testemunhas, que estiveram presas junto com os Teles, disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. Das celas, relatam que ouviam gritos e choros dos presos.

"Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu [Ustra]. Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais dos autores", afirmou o magistrado.

Agora, fique o leitor com o raciocínio tortuoso da ombudsman:

TORTURA OUTRA VEZ

Defendo dar visibilidade à versão do ex-comandante, mesmo que, nos anos 70, ele não defendesse o meu direito de expressão

A TORTURA VOLTOU à pauta da Folha nos últimos dias por dois mensageiros completamente diferentes: um coronel reformado do Exército e um compositor preso nos anos 80 por posse de drogas.
A primeira porta ao passado reabriu quando a nobre seção "Tendências/Debates" deu espaço para que Carlos Alberto Brilhante Ustra tentasse desconstruir um artigo de memórias escrito pelo economista Persio Arida para a revista "Piauí".
Em "O delírio de Persio Arida" (27/5), Ustra afirma que o ex-preso político não foi transferido para o Rio, não viveu vários fatos que ele descreve e, conclui-se, não deve ter sido torturado.
O economista respondeu seis dias depois com "O coronel e a tortura", na mesma página 3, e terminava dando o troco: "Eu não suportaria a vergonha de ter comandado uma casa de torturas".
Para alguns leitores, é inconcebível publicar textos de alguém acusado de praticar ou acobertar um crime como a tortura. "A Folha mais uma vez dá voz aos que estiveram em evidência no período mais trágico da nossa história, em vez de deixá-los curtir a solidão e a vergonha dos derrotados moralmente e condenados pela opinião pública mundial", escreveu o administrador Maurice Politi, 62, de São Paulo.
No Twitter, Ustra já virou "colunista da Folha" e o seu artigo é mais um argumento para os que querem pregar a pecha de "defensor da ditadura" no jornal. Um internauta provocou: "Qual será o próximo? O goleiro Bruno do Flamengo? Guilherme de Pádua? Nardoni?".
Apenas um remetente, o capitão-de-mar-e-guerra reformado Paulo Marcos Gomes Lustoza, do Rio de Janeiro, defendeu Ustra: "Certos leitores não admitem a Folha publicar o contraditório"; "...(por eles), só conheceríamos a opinião dos que lutaram contra o regime militar, mas jamais saberíamos se a luta armada queria substituir o nosso capitalismo pelo socialismo cubano, chinês, albanês ou o comunismo marxista-leninista".
Para a decepção de muitos, defendo a iniciativa, condizente com o pluralismo expresso no projeto editorial da Folha, de dar visibilidade à versão do ex-comandante do DOI-Codi, mesmo sabendo-se que funcionava ali uma central de tortura.
E tendo consciência também que, se estivéssemos nos anos 70, ele não defenderia o meu direito de expressão. Na ditadura, vozes dissonantes eram caladas. Censurar é sempre a pior saída.


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Jornalismo macunaíma (ai,que preguiça) do Estadão leu a Veja, obrou, foi dormir e chegou um dia atrasado nas bancas

Assim que a edição desta semana da revista Veja chegou às mãos dos jornalistas na redação do Estadão deve ter sido uma festa. - "Já temos pronta a edição de domingo!".

Apoiando-se na matéria da Veja que informava que Palocci aluga apartamento de um laranja em São Paulo, foram obrar. Partiram para aquilo em que o jornalismo macunaíma (ai, que preguiça) é especialista: produzir espuma e bolhas de sabão, sem uma substância sequer lá dentro.

Usam declarações em off (que por não existirem não podem ser desmentidas) de genéricos, do tipo "alguns petistas", "membros do governo", "deputados ouvidos", "fontes palacianas", tudo aquilo que não quer dizer nada, e às vezes até é dito mesmo, mas como vazamento...

A seguir, eles partem para os especialistas de plantão, prontos a repetir o que sempre dizem, com resultado zero há anos (graças ao Lima - e para o bem do país, diga-se de passagem).

Por fim, convocam algum líder da oposição caída, um daqueles que estão sempre à mão.

Tudo junto, o jornalismo macunaíma do Estadão foi dormir, porque a edição de domingo estava pronta. Um pulinho na página online do jornal, mostra o erro que cometeram: as matérias sobre Palocci se baseiam na furadíssima reportagem da Veja, que foi desmentida ainda ontem em plena manhã de sábado.

Fica ainda mais deprimente a reportagem com o líder do DEM (ainda existe?) no Senado, Demóstenes Torres, aquele do grampo sem áudio com Gilmar Mendes, especialista em Veja e figurinha carimbada do PIG.

A oposição aposta que o desgaste do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, ajudará no recolhimento de assinaturas na Câmara e no Senado para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). As suspeitas envolvendo o imóvel em que Palocci mora tornam a investigação indispensável, dizem os adversários do governo.

O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), está convicto de que, agora, será possível obter as 27 assinaturas necessárias para abrir a comissão. "É inevitável a CPI. Todos aqueles que estavam aguardando um parecer da Procuradoria-Geral da República para decidir o que fazer agora não vão ter como não assinar o pedido de CPI", disse. (...) "Faltam oito assinaturas para a CPI ser aberta, mas, com essa denúncia, vamos conseguir um número superior às 27 assinaturas necessárias", observou o líder do DEM. [Fonte]

Coitados. Ainda não entenderam que a Revista Veja já sai da gráfica com prazo de validade das matérias vencido.

Agora estão chorando o Palocci derramado. Em vão. E o editor preguiçoso nem vai ser demitido pelo barrigaço-aço-aço, porque isso dá um trabaaaaalho (ai, que preguiça).

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Revista Veja já sai da gráfica com prazo de validade das matérias vencido

A degradação da revista Veja sempre foi lenta e constante. Mas vem se acelerando ultimamente. Antes, você ia ao dentista e lá estava uma Veja do tempo em que Adriane Galisteu namorava Airton Senna, embora o piloto já estivesse morto e enterrado há tempos. Na sala de espera do consultório médico, Adriane namorava não sei quem. O médico o enviava a um especialista e lá outra edição de Veja informava que a Adriane estava separada, embora ela estivesse grávida naquele momento e casada. As reportagens duravam o tempo dos namoros de Adriane, sempre curtos e intercalados por temporadas de meditação na ilha de Caras.

Mas, agora não. O incauto e teimoso ou distraído (aquele que assinou a revista com cláusula de renovação automática e a recebe com o mesmo estoicismo com que se põe de quatro anualmente para o exame de próstata) assinante da revista, dependendo do lugar onde more, quando recebe a Veja ela já perdeu a validade.

Ontem, por exemplo, às onze da manhã, a principal matéria da revista, com a qual pensavam dar o último tiro em Palocci, estava morta. Palocci não havia alugado imóvel de um laranja, mas de uma imobiliária. O jornalismo macunaíma (ai, que preguiça), vagabundo e vazador de Veja foi incapaz de fazer o óbvio, antes de publicar a reportagem: perguntar ao ministro sobre o imóvel. E aí se expôs ao ridículo, quando o ministro exibiu cópia do contrato, que você pode conferir aqui.

Por isso, você, eu, quem de nós não recebe ofertas imperdíveis para assinar a revista? Não caio nessa, mas se você quiser exija ao menos um prazo de validade razoável como garantia. Porque a Veja conseguiu condensar a frase de Millor que dizia algo como o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã. Ela já fede a peixe morto nas bancas, ou no caminho, antes de chegar ao assinante.

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Quem vazou dados da empresa de Palocci foi a Secretaria de Finanças de SP. Confira

Todo mundo conhece aquela piada dos pais que são chamados à escola para conversa com a diretora que acusa o filhinho deles de ter colado a prova de um colega. Indignados, eles perguntam como ela pode acusar o filho, "e se foi o outro que colou do nosso?". E a diretora diz: É que todas as respostas eram iguaizinhas. menos uma. O colega de seu filho escreveu:"Não sei". O filho de vocês: "Nem eu". Pois é, o gato deixou o rabo de fora.

O mesmo aconteceu com o vazamento dos dados da Projeto, empresa do ministro Antonio Palocci. A Folha, que publicou o vazamento, quer que Palocci confesse tudo, nomes de clientes, valores recebidos, tipo de consultoria, mas se recusa a fornecer a sua fonte: quem vazou dados sigilosos da empresa de Palocci.

Mas, hoje, escondidinha em meio a uma reportagem sobre Kassab, na página A7 do Estadão, o rabo do gato apareceu. O vazamento só pode ter sido a partir da Secretaria de Finanças paulistana, comandada pelo serrista Mauro Ricardo. A prova do crime (o rabo do gato) é a seguinte: A Projeto emitiu uma nota de ISS para a Prefeitura, mas depois pediu correção. "O valor vazado seria o anterior à correção e só a Prefeitura teria o registro".

Abaixo, confira a imagem do trecho da A7 do Estadão de hoje, onde está a informação. Clique para ampliar.






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E os jornalistas consultores, palestrantes, apresentadores de eventos, não há conflito de interesses?

"O Palocci tem que se explicar". "Pode até não haver ilegalidade, mas, e a ética?" (Quando o PIG fala em ética eu sempre me lembro da edição do debate Lula x Collor pelo JN, do Proconsult, das inúmeras capas de Veja, da ditabranda, da ficha falsa de Dilma, tanta coisa). "Tem que ver se não há conflito de interesse".

Pois, muito bem. Concordo com tudo isso, que a Procuradoria Geral (ou o PIG - vamos trabalhar, pessoal, coragem, meus bravos, nem só de vazamento vive o jornalismo...) investigue tudo. Se Palocci errou que pague.

Agora, e os jornalistas que prestam consultorias, que fazem media training em várias empresas e até para políticos? Os jornalistas que trabalham em campanhas políticas (muitas vezes como sujeitos ocultos, pois a Globo, por exemplo, proíbe, mas faz vistas grossas)? Os jornalistas que apresentam festinhas de empresas, convenções, lançamento de produtos? O que vale para Palocci não vale para eles?

Abram o sigilo de suas empresas. Quanto ganham nas convenções, nas consultorias, com media training, e para quais clientes trabalham.

Estou à espera. Vamos, meus bravos, diga que você trabalha para a Coca-Cola, mas não traga... Que o treinamento que você deu ao grupo de executivos do Itaú não tem nada a ver com sua imparcialidade diante dos fatos, que você agirá "duela a quien duela", como disse certa vez Fernando Collor.

Ou vale só pro Palocci?

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