Países ricos saqueiam a Somália e depois fazem 'campanhas humanitárias' para aplacar fome que impuseram



Piratas. Os piratas da Somália. Quem são os verdadeiros piratas da Somália?

Assista a esse pequeno vídeo de pouco mais de 23', que mostra como EUA, Europa e Ásia arrasaram e ainda arrasam o país africano. Uma produção espanhola, de 2011, dirigida por Juan Falque.

Não é nenhuma maravilha em termos de linguagem cinematográfica. Longe disso. Mas denuncia o que se esconde por trás das "campanhas humanitárias" que sempre acompanham os momentos agudos da fome cotidiana da Somália.

Esse país foi vítima de uma colonização europeia que se estendeu até o séc. XX, quando então se tornou independente. Mas a democracia durou apenas 9 anos, pois os EUA conseguiram realizar o Golpe de Estado que deixou os somalianos de joelhos. Hoje, 2 décadas depois de ter se livrado do seu ditador, o país fragilizado é palco de uma epidemia de fome, guerras civis violentas. Nesse contexto não há como proteger suas fronteiras marítimas, que são invadidas por gigantescos barcos pesqueiros que se utilizam de todos os recursos ilegais banidos no resto do mundo para pescar o atum, ameaçando também gravemente a vida marinha da região. A ONU apesar dos inúmeros apelos, nada faz para mudar esse quadro perverso.

O vídeo está no original em espanhol. Se quiser assisti-lo com legendas, clique aqui.

Depois, quando ouvir falar em "piratas da Somália" você vai entender quem são os verdadeiros piratas.

[Pra variar, a dica desse vídeo veio do excelente Doc Verdade, onde você pode encontrar mais algumas informações sobre Piratas!, e de onde tirei a citação acima.]

Murdoch tupiniquim não interessa? Alô, Globo, não basta apenas corrigir os erros, é preciso abrir a pauta

Sei que pode ficar pouco espaço no jornalismo global, caso eles cumpram o novo código. Vão gastar mais tempo corrigindo erros que produzindo novas reportagens. Mesmo assim é pouco. É preciso abrir a pauta.

Por exemplo: a revista Isto É publicou “A central tucana de dossiês”. Mais de 50 mil documentos encontrados no Arquivo Público de São Paulo mostram como a polícia civil se infiltrou e investigou partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos em pleno governo do tucano Mário Covas em São Paulo.

No Rio Grande do Sul não foi diferente. A espionagem de adversários políticos, sindicalistas e jornalistas pelo governo tucano de Yeda Crusius foi denunciado fartamente em 2010 e retomado agora pelo Marco Weissheimer em seu RS Urgente.

As revelações sobre episódios de espionagem política patrocinados por governos tucanos em São Paulo e no Rio Grande do Sul lançam um pouco de luz em uma zona sombria da relação entre poder político, aparato policial e mídia que não fica devendo nada ao escândalo Murdoch.

Um dos acusados de espionagem era informante da RBS, maior grupo de comunicação da região sul, ligado à Rede Globo.

O sargento César Rodrigues de Carvalho era informante de jornalistas do Grupo RBS. O fato foi admitido pela própria empresa em uma nota publicada no dia 10 de setembro de 2010 no jornal Zero Hora. “O nome do sargento até agora não havia sido mencionado nas reportagens dos veículos da RBS em respeito ao princípio constitucional de proteção do sigilo de fonte”, disse a nota. Ainda segundo a RBS, “as informações se referiam a passagens por presídios, situação de criminosos foragidos e o tipo de crime em que estavam envolvidos, incluindo, em alguns casos, fotos”

No mesmo período, um email foi enviado a vários jornalistas do Estado afirmando que o sargento “prestava serviços a jornalistas no acesso a dados”, em especial para a RBS. Segundo o jornalista Vitor Vieira, do site Vide Versus, jornalistas do grupo teriam recebido dez senhas de acesso ao Sistema de Consultas Integradas. Esse sistema, cabe lembrar, é de uso exclusivo das forças de segurança do Estado, não se destinando a servir como fonte privilegiada para jornalistas. Protegidas pelo sigilo que cerca o processo, há muitas informações sobre esse caso que ainda não vieram a público. Os veículos da RBS, como era de se esperar, não tocaram mais no tema da relação entre seus jornalistas e o sargento acusado de espionagem política e outros crimes.

Por algo parecido, Murdoch teve que fechar um de seus tabloides e uma revolução está sacodindo a mídia britânica.

E aqui no Brasil, que tal fazer valer o Código de Ética, Rede Globo, que, na Seção I, Item 1d afirma:

d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido;

Ao trabalho. Vamos abrir a pauta.

Fred, atacante do Fluminense e da Seleção, acusa jornalistas das Organizações Globo de insuflar torcedores contra ele

Em seu blog, o atacante Fred, camisa 9 do Fluminense e também jogador da Seleção brasileira, faz graves acusações contra dois jornalistas das Organizações Globo, um do jornal Extra e outro da rádio Globo, duas empresas do conglomerado midiático, ou, mais apropriadamente, oligopólio midiático, aqui no Rio de Janeiro.

Para entender o caso: Na semana passada, Fred foi ameaçado por um grupo de uma facção da torcida organizada do Fluminense, ao estar, num dia de folga, bebendo num bar em Ipanema. O jogador teve que fugir dos torcedores e prestou queixa do fato na delegacia. Na postagem, ele acusa jornalistas das Organizações Globo de insuflarem a torcida contra ele:

Este seria apenas mais um caso de violência de torcida, não fosse a parcialidade dos jornalistas Caio Barbosa (do Jornal Extra) e Gilmar Ferreira (da Rádio Globo), que há tempos me perseguem sistematicamente em suas matérias e redes sociais.

Como que repórter e editor de veículos bem-conceituados, como o Extra e a Rádio Globo, que fazem parte de um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, dão credibilidade a um bando de desocupados disfarçados de torcedores?

Na verdade, tudo começou em 2009, quando o Gilmar Ferreira publicou uma matéria afirmando que eu surfei quando estava lesionado. Dei uma entrevista ao Jornal Extra, do qual ele era o editor na época, e o chamei de irresponsável e mentiroso em seu próprio veículo. A partir dali, ele nunca mais parou de me perseguir.

Já a história do Caio Barbosa... Hum! Esse eu fico até com vergonha de citar o nome dele, tendo em vista que há dois dias ele era um ilustre desconhecido. Está atingindo seu objetivo, que é aparecer às minhas custas. Deve ser o melhor discípulo que o Renato Maurício Prado teve até hoje.

Devo admitir que o Gilmar Ferreira pelo menos tem história no Jornalismo Esportivo e culhão, porque, quando ele errou comigo, em 2009, teve a hombridade de se retratar.
É pública e notória a ligação do Caio Barbosa com torcida organizada. Isso não é de hoje! Inclusive, muitos de vocês podem comprovar o que estou dizendo.

Vejam o tweet que esse Piero Martins enviou pro Caio Barbosa no domingo, dia 31: "Acabamos de enquadrar o 9 na porta da casa dele".

Dois dias depois, o Caio Barbosa postou a seguinte mensagem: "O bonde (no caso, membros da Young Flu) tá na rua, vai dar merda...". Mensagem essa que foi apagada minutos depois. Ele apagou, mas eu tenho o print.

A partir de então, o Caio Barbosa começou a trocar mensagens com o Gilmar Ferreira falando sobre a "Tia Carmem". Para quem não sabe, Carmem é a mulher que trabalha lá em casa. Recentemente, ela apareceu no programa Tá Na Área, do Sportv.

O Caio Barbosa disse que estaria "preparando a sopa para o jogador" e diz, em seguida, que "a sopa vai ficar boa". Traduzindo: os desocupados estavam a caminho do restaurante onde eu me encontrava.

Gilmar Ferreira, então, orientou o colega a "mandar um fotógrafo lá para acabar com a farsa logo". E completou: "Boa. E manda um pratinho pro bobo formado nas areias de Ipanema".

Na quarta-feira, Caio Barbosa enviou mensagens dizendo que a matéria especial do jornal no dia seguinte (quinta-feira) seria com o "sobrinho da tia Carmen". No caso, eu. Resposta do Gilmar Ferreira: "Xiii"!

Isso sem falar nas inúmeras vezes que ambos denegriram a minha imagem em seus tweets. Por fim, se alguém mais da imprensa for complacente ou corporativista com a postura desses caras que se julgam jornalistas, só lamento por essa pessoa.

O tom de uma reportagem de um dos acusados por Fred - Caio Barbosa - parece dar razão ao atacante. O tom está mais para um pregador religioso, desses que prometem o céu em troca de moedas, do que para um texto jornalístico:

A desregrada vida noturna do atacante Fred está de volta à pauta tricolor. Na madrugada de ontem, o jogador foi flagrado por torcedores bebendo no Astor, famoso bar no Arpoador, ao lado de Rafael Moura, dois amigos, e quatro lindas acompanhantes, sendo duas louras e duas morenas.[íntegra aqui, Jornal Extra]

"Desregrada vida noturna" é demais, não?

Com a palavra, o novo Código de Ética das Organizações Globo.

Mais uma da Globo: FAB 'repudia veementemente' reportagem do Fantástico reproduzida no Bom Dia, Brasil

Neste domingo, o Fantástico da Rede Globo tentou apavorar a população com uma nova versão do caos aéreo. Isso já era esperado por toda a blogosfera, desde a demissão do ex-ministro Jobim e sua substituição por Celso Amorim.

A reportagem do Fantástico (reproduzida ontem no Bom Dia, Brasil) pode ser vista aqui.

A nota da Força Aérea Brasileira repudiando a matéria está neste link e a reproduzo a seguir. Agradeço a informação, que recebi de Antonio Carlos Silva no Facebook.

Nota Oficial - Esclarecimentos sobre reportagem do Fantástico exibida em 07/08/2011

O Comando da Aeronáutica repudia veementemente o teor da reportagem do jornalista Walmir Salaro, levada ao ar no Fantástico deste domingo, sete de agosto, e no Bom Dia Brasil desta segunda-feira, oito de agosto.

A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora como sendo atributos da informação de qualidade.

O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a uma percepção errada.

O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo diferenciados, além de rotas distintas.

Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda, avisos sobre outros voos em áreas próximas.

Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto. Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo para as aeronaves envolvidas.

A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24 horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS (Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como, aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos da Pampulha e de Confins.

Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos, por telefone ou até pela internet.

Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.

A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais regulares.

Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170 radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos fatos.

No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande massa de usuários.

A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical (raio).

Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em ambiente tridimensional.

A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições impostas pelo controlador.

Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da normalidade com foco na busca da segurança.

A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.

Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100 controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo, entre controladores e especialistas em comunicação, operação de estações, meteorologia e informações aeronáuticas.

Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300 profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia 100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.

Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de tráfego aéreo exerce atividades para as quais não estejam plenamente capacitados.

A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos 26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição, com 0,9%. O documento está disponível no link:
http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/PANORAMA_2000_2009.pdf

A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que representou um salto tecnológico na interface dos controladores de tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o trabalho de seus usuários.

Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization (ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas, com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.

Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem, a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo, apresentado como um importante dirigente de uma associação de controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas acusações na Justiça Militar.

O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar, no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006, cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance, impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.

Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.

Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.

Brasília, 9 de agosto de 2011.
Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Pelo visto, seguindo o Código de Ética implantado, a Rede Globo vai passar mais tempo corrigindo suas reportagens que produzindo novas.

Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige acusação de crime que fez à merendeira

Em sua edição de ontem, o Jornal Nacional voltou ao caso da merendeira que acusaram na edição de sábado de por veneno na comida servida a alunos e funcionários de uma creche em Porto Alegre.

Essa acusação foi denunciada neste vídeo aqui no blog, que teve (e continua a ter) ampla repercussão na internet e redes sociais.

Uma das falhas apontadas no vídeo era de que o JN não teria dado voz à merendeira ou seu advogado, que desmentira acusação do delegado OITO HORAS ANTES de o Jornal Nacional ir ao ar. Essa falha foi corrigida na edição de ontem, reproduzida abaixo:



Como visto, Bonner, que além de apresentador é editor-chefe do JN, põe a culpa na edição (dá ênfase a isso), como se ela houvesse sido truncada ou mal feita:

"Ao tratar desse caso policial no último sábado (6), por uma falha de edição, o Jornal Nacional não mencionou a alegação do advogado de defesa que contestava a confissão da cliente. Foi, obviamente uma falha, que nós estamos corrigindo na edição de hoje."

Essa falha realmente foi corrigida. Mas foi apenas uma, e não a mais grave das falhas da reportagem de sábado (que pode ser assistida na íntegra aqui). Nela, o Jornal Nacional, na voz de Fátima Bernardes, acusa a merendeira, comprando como verdadeira a declaração do delegado. Diz Fátima:

"Está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores de uma escola pública de Porto Alegre."

Em seguida a essa declaração aparecia uma foto da merendeira.

Essa o Jornal Nacional de ontem não corrigiu. Cheguei a perguntar aqui: Se, em vez da merendeira negra e pobre, delegado acusasse Daniel Dantas, comportamento da Globo seria o mesmo?

O que poderia ter acontecido se parentes ou amigos de pessoas envenenadas tivessem encontrado a merendeira após aquela reportagem do Jornal Nacional?

O clima não parece muito bom na redação do JN. Talvez pelo motivo que apontou Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador. O fato é que ontem, em seu perfil no Twitter, William Bonner desabafava, antes do Jornal Nacional ir ao ar:


O que estará tão feio assim por lá que justifique uma vírgula entre sujeito e verbo?

Se, em vez da merendeira negra e pobre, delegado acusasse Daniel Dantas, comportamento da Globo seria o mesmo?

Denunciei aqui que a Rede Globo lança Código de Ética e o descumpre numa mesma edição do Jornal Nacional (veja o vídeo no link).

Contrariando determinações do novo Código de Ética das Organizações Globo que foi anunciado com pompa e circunstância na edição de ontem do telejornal (chamaram até o casal William-Fátima, que costumeiramente folgam aos sábados, para a bancada), o JN mostrou que continua o mesmo ao comprar como sua a versão do delegado que acusou uma merendeira de ter colocado veneno na comida de uma escola pública.

Não procuraram ouvir o lado dela. Nem seu advogado. Não pesquisaram nem no Google, onde poderiam encontrar uma reportagem de uma emissora de rádio ligada à Rede Record com o áudio de uma entrevista do advogado da merendeira desmentindo o delegado. E olha que a reportagem estava disponível desde o meio-dia. Mais de oito horas antes do telejornal ir ao ar.

Mas, e se fosse Daniel Dantas, por exemplo, o acusado? O comportamento do JN e do jornalismo global seria o mesmo?

Fátima Bernardes encheria a boca para anunciar ao Brasil que Daniel Dantas "pôs veneno de rato na comida de crianças" como fez com a merendeira na edição de sábado?

Ou iriam ligar para o banqueiro, seus advogados, e buscar ao menos alguma informação nas afiliadas de lá (o caso aconteceu em Porto Alegre)? Não correriam ao menos ao Google?

Quando começa a valer, ou para quem vale, o novo Código de Ética das Organizações Globo?

O que você que me lê acha?

ATUALIZAÇÃO em 9 de agosto de 2011: Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige acusação de crime que fez à merendeira.

Rede Globo lança Código de Ética e o descumpre numa mesma edição do Jornal Nacional



Ideia para postagem partiu da leitura deste texto (que recomendo) do site Roteiro de Cinema.

ATUALIZAÇÃO em 9 de agosto de 2011: Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige acusação de crime que fez à merendeira.