Folha contesta Sergio Cabral e denuncia caráter autoritário de seu governo

Na Adin enviada pelo governo Sergio Cabral, que comentei aqui, o governador p´retende “restringir o acesso de deputados a informações sobre a administração estadual”, porque esse acesso estaria "maculando não só a harmonia institucional, mas criando embaraços à rotina administrativa".

Em outras palavras: os deputados estariam enchendo o saco, pedindo muitas explicações ao governo.

Reportagem da Folha de ontem contesta o governador:

O excesso de pedidos foi um dos motivos que, segundo o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), o levaram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar restringir a formulação de pedidos de dados às comissões da Assembleia Legislativa do Rio, controladas por sua base aliada.

Levantamento feito pela Folha na Assembleia mostra que, no ano passado, a média de pedidos foi de um por deputado. Se a Casa usasse o limite autorizado pela Constituição --12 por integrante--, seriam 840 requerimentos anuais. Em 2011, foram 71.

Desses 71 pedidos endereçados a órgãos do governo estadual, 40 não tiveram resposta - outros cinco ainda estão dentro do prazo permitido pela legislação.

Dos 26 respondidos, 15 chegaram à Assembleia Legislativa com atraso superior a uma semana.

Portanto, fica claro que não há excesso de requerimentos o que há é a vontade do governador de governar sem oposição, já que controla a maioria da Assembleia e o atual presidente, Paulo Melo, não tem atendido a alguns requerimentos de deputados da oposição:

Contrariando o regimento interno da Assembleia, o aliado de Cabral não publicou três requerimentos que pediam informações sobre viagens do governador ao exterior, contratos com a Delta - do empresário Fernando Cavendish, amigo de Cabral - e detalhamento das isenções fiscais às empresas de Eike Batista, também amigo do governador.

O que Cabral quer é uma blindagem na Alerj semelhante a que lhe oferece a mídia corporativa do Rio, Organizações Globo à frente.

O Globo diz que banqueiros do bicho são criminosos. Como justificar que triplex de Roberto Marinho tenha sido vendido a um deles?

O Globo publica um editorial em sua edição de hoje "Jogo do bicho se conecta a outros crimes" (que pode ser lido na íntegra aqui).

Nele, o jornalão faz uma análise dos banqueiros de bicho, chamados na maior parte das vezes de contraventores, e, em certa altura afirma:

"A contravenção é uma atividade que não se restringe a manipulação de apostas, grave por si só. Em seu rastro, contabilizam-se também homicídios, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e outros crimes contra a vida humana e a economia do país. A versão globalizada dos bicheiros apenas potencializa o perigo que eles representam para a sociedade — e cuja gravidade nem sempre é devidamente avaliada pelo poder público, não poucas vezes leniente com a proliferação de bancas de apostas, tíbio na repressão a máquinas caça-níqueis e cego diante do desembaraço com que “banqueiros” ostentam seu poder em instâncias da vida legal."

Como justificar então a venda do triplex de Copacabana que pertencia a Roberto Marinho ao bicheiro e presidente da Beija-Flor Anísio Abraão David? [Veja aqui foto da cobertura]

"Sua cobertura tríplex com ampla vista para o mar pertenceu a Roberto Marinho (1904-2003), que a usava nas festas de Réveillon. Anísio comprou-a em 2004 e a inaugurou oficialmente no último dia do ano. No fundo da piscina, no segundo pavimento, foram pintados um beija-flor e uma flor. No terraço há um jardim japonês, com ponte e lago com peixes." [Fonte]

Será que diante da grana do bicheiro os herdeiros de Roberto Marinho ficaram "cego[s] diante do desembaraço com que 'banqueiros' ostentam seu poder em instâncias da vida legal", como afirmam no editorial de hoje?

Como separar o dinheiro sujo de sangue dos homicídios (também denunciados no editorial) do usado para comprar o triplex do fundador da Rede Globo?

Como Roberto Marinho morreu em agosto de 2003 e Anísio comprou a cobertura em 2004 (não sei em que data), há sempre que se levar em conta que o imóvel pode ter sido vendido a outra pessoa antes de ser passado ao bicheiro.

Governador Sergio Cabral pede ao Supremo Tribunal Federal para governar sem oposição

Como se não bastasse a inacreditável blindagem que lhe oferece a mídia corporativa, a custos milionários – nenhum governo no Rio de Janeiro investiu tanto em propaganda e em eventos faturados preferencialmente pelas Organizações Globo quanto o atual - , o governador Cabral enviou uma Adin ao STF para restringir o acesso dos deputados (eleitos pelo povo exatamente para, entre outras coisas, fiscalizar o Executivo) aos documentos de seu governo.

Adin é uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Esta pretende “restringir o acesso de deputados a informações sobre a administração estadual”.

A alegação é de um cinismo atroz: Segundo Cabral, alguns deputados "têm insistido em requerer informações a diversos órgãos e autoridades estaduais, maculando não só a harmonia institucional, mas criando embaraços à rotina administrativa".

Mas os deputados são eleitos para legislar e fazer um controle do Executivo. Por isso existem os Três Poderes.

Caso a Adin seja acolhida pelo Supremo, deputados de oposição a Cabral (são poucos, mas existem) terão que submeter seus questionamentos à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), onde o governador tem ampla maioria.

Pelo menos é o que está no pedido, publicado pela Folha e reproduzido no Nassif:

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar restringir o acesso de deputados a informações sobre a administração estadual.

Por meio de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), ele pretende modificar o artigo da Constituição estadual que obriga o governo a responder requerimentos de informação feitos por "qualquer deputado".

Cabral pretende limitar as solicitações às comissões da Assembleia Legislativa, controladas por sua base aliada.

Na ação, proposta na semana passada, Cabral diz que alguns deputados "têm insistido em requerer informações a diversos órgãos e autoridades estaduais, maculando não só a harmonia institucional, mas criando embaraços à rotina administrativa".

A ação de Cabral ocorre duas semanas depois de o governo sancionar a Lei de Acesso a Informação, que autoriza a qualquer cidadão pedir dados da administração sem qualquer justificativa.

Cabral alega ser inconstitucional permitir a qualquer deputado formular os requerimentos. No Congresso, qualquer parlamentar pode formular o requerimento. O mesmo ocorre em São Paulo.

Houve uma grita, e Cabral tentou dourar a pílula:

"Não é para reduzir [o número de requerimentos], mas sistematizar o processo de solicitação. Até aceitamos que os deputados enviem sem passar pelo presidente [da Assembleia]. Pedimos que passe pelas comissões."

Mas, com sua folgada maioria, todas as comissões serão comandadas pelo grupo de deputados que o apoiam. Portanto, a oposição vai ficar sem vez nem voz.

Embora seja um dos principais parceiros do governo federal, o governador Sergio Cabral é tratado a pão de ló pela mídia corporativa, que – no caso do Rio – é quase que monopólio das Organizações Globo. Em troca, generosíssimas verbas de propaganda são colocadas nos veículos das OG. Eventos são patrocinados pela dupla Cabral-Paes (prefeito do Rio), em sua quase que totalidade favorecendo empresas das Organizações.

Por isso, enquanto batem firme no governo federal, as Organizações Globo carregam no colo o governador, que é lembrado sempre e apenas pelo cantado sucesso das UPPs, mas que “não tem nada a ver” com o descalabro de sua administração na saúde, educação (o Rio ficou em penúltimo lugar entre os estados), nos transportes (metrô, ônibus, barcas, nada funciona a contento).

Exemplo gritante disso ocorreu quando das enchentes na Região Serrana do Rio. R$ 24 milhões de verbas para prevenção das enchentes haviam sido desviadas para a Fundação Roberto Marinho criar o Museu do Amanhã, que até hoje está apenas no projeto. [leia aqui]. Nada disso foi cobrado de Cabral, mas dos prefeitos da região.

Fala-se muito no poder do PIG. Mas ainda não se trabalhou a fundo seu poder no Rio de Janeiro.

Estou pensando em me dedicar a isso a partir do ano que vem. O que vocês acham?

Incrível: Segundo O Globo, presidente do STF indicou caminho das pedras ao PMDB para entrar com ação para dar posse a Jader Barbalho

Segundo o jornalão - é sempre bom frisar "segundo", porque suas informações geralmente são contaminadas por seus objetivos políticos -, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, teria recebido uma comissão de peemedebistas e orientado os parlamentares a entrarem com a "ação certa".

Eles o fizeram. Com a nova ação, Peluso usou o regimento que autoriza o presidente ao chamado "voto de qualidade". Com isso, Jader Barbalho (o Sarney do Pará, sem o talento do bigodudo) foi autorizado a tomar posse no Senado.

Leia a seguir a matéria de Gerson Camarotti para O Globo. Preste atenção especial no último parágrafo, que pode explicar a "assessoria" jurídica do presidente do STF ao PMDB e, por extensão, a Jader Barbalho.

BRASÍLIA. A cúpula do PMDB pressionou politicamente pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) favorável à liberação da posse de Jader Barbalho (PMDB-PA) no Senado. Ainda na terça-feira, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, recebeu um apelo dos peemedebistas para votar o caso ainda este ano. Segundo relatos, diante do pedido, Peluso avisou que a questão não era política, mas jurídica.

A cúpula do partido saiu do gabinete de Peluso com a certeza de que era preciso entrar com um novo pedido para fazer com que o presidente da Corte usasse a prerrogativa do chamado “voto de qualidade”. E que se a ação fosse apresentada ainda ontem, seria votada, como aconteceu.

Segundo relatos de peemedebistas ao GLOBO, a conversa foi fundamental para reorientar a ação jurídica da defesa de Jader Barbalho. Participaram do encontro com Peluso o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), os líderes do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), e no Senado, Renan Calheiros (AL), além do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não estava presente, mas trabalhou nos bastidores para aproximar a cúpula do PMDB de ministros do STF.

— A expectativa era muito grande. Os advogados tinham entrado com uma ação errada para assegurar a posse de Jader. Por isso, fomos ao presidente do STF, Cezar Peluso, pedir agilidade para que o caso fosse votado ainda este ano. Mas não houve pressão. Essa audiência foi para encontrar uma saída. Peluso falou que essa não era uma questão política. Mas, sim, jurídica. E explicou que os advogados de Jader deveriam ter entrado há mais tempo com a ação correta — afirmou o presidente do PMDB, Valdir Raupp.

Para a cúpula do PMDB, o retorno de Jader é fundamental para equilibrar a bancada do partido no Senado. Isso porque o PMDB já perdeu dois senadores com as posses de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e João Alberto Capiberibe (PSB-AP), que também tinham sido barrados pela Lei da Ficha Limpa. Ao mesmo tempo, Jader integra a cúpula do partido no Senado, que tem sido desafiado pelo chamado “Grupo dos Oito”, formado por senadores insatisfeitos com a condução de Renan Calheiros. O partido comemorou o julgamento do STF.

— Se a Lei da Ficha Limpa foi considerada inexistente, ela não poderia valer só para o Jader — argumentou o líder Henrique Alves.

Recentemente, o PMDB fez gestos públicos em prol do Judiciário. Henrique Eduardo Alves defendeu o reajuste do Judiciário, mesmo com a posição contrária do Planalto, e ajudou a aprovar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara R$ 2 bilhões em emendas para garantir este reajuste.

O que o caixa de campanha de Serra e FHC e Fernandinho Beira-Mar tinham em comum

Reportagem de Amaury Ribeiro Jr (autor da Privataria Tucana), publicada em 12 de fevereiro de 2003 pela revista Isto É, mostra duas coisas.
  • Primeira: Amaury pesquisa e escreve sobre a privataria tucana há muito tempo. O material para o livro é fruto de seu trabalho como jornalista investigativo há pelo menos dez anos. Falar em dossiê de campanha, como diria certo candidato, é trololó.
  • Segunda: Pelo menos uma coisa havia em comum entre o esquema do caixa das campanhas de FHC e Serra, Ricardo Sergio de Oliveira, e o mega-traficante Fernandinho Beira-Mar: o doleiro Alberto Youssef.
Nessa reportagem, Amaury mostra que a certeza da impunidade tucana era tanta que eles chamaram a conta que recebia os recursos desviados do Brasil de "Tucano":

"Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade."

As investigações revelaram que o ex-caixa de campanha do PSDB movimentou US$ 56 milhões por intermédio de contas no Banestado dos EUA, somente entre os anos de 1996 e 1997.

A seguir, a reportagem completa de Amaury Ribeiro Jr, com a colaboração de Sônia Filgueiras e Weiller Diniz.

Conta Tucano

Documentos a que ISTOÉ teve acesso começam a esclarecer por que o laudo de exame financeiro nº 675/2002, elaborado pelos peritos criminais da PF Renato Rodrigues Barbosa, Eurico Montenegro e Emanuel Coelho, ficou engavetado nos últimos seis meses do governo FHC, quando a instituição era comandada por Agílio Monteiro e Itanor Carneiro. Nas 1.057 páginas que detalham todas as remessas feitas por doleiros por intermédio da agência do banco Banestado em Nova York está documentado o caminho que o caixa de campanha de FHC e do então candidato José Serra, Ricardo Sérgio Oliveira, usou para enviar US$ 56 milhões ao Exterior entre 1996 e 1997. O laudo dos peritos mostra que, nas suas operações, o tesoureiro utilizava o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira- Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade.

Os dois responsáveis pela administração da dinheirama, segundo a perícia, são figurinhas carimbadas nos principais escândalos envolvendo o processo de privatização das teles e auxiliares diretos de Ricardo Sérgio: João Bosco Madeiro da Costa, ex-diretor da Previ (o fundo de pensão do Banco do Brasil) e ex-assessor do caixa tucano na diretoria internacional do BB, e o advogado americano David Spencer. A perícia revela ainda que Spencer é procurador de Ricardo Sérgio em vários paraísos fiscais. Ao perseguir a trilha do dinheiro, os peritos descobriram que os milhões de Ricardo Sérgio deixavam o País por intermédio de uma rede de laranjas paraguaios e uruguaios contratados por Youssef e eram depositados na conta 1461-9, na agência do Banestado em Nova York antes de pousar na emplumada Tucano, que contava com uma proteção especial para dificultar sua localização. Ela estava registrada dentro de outra conta no Chase em nome da empresa Beacon Hill Service Corporation. De lá, o dinheiro era distribuído para contas de Ricardo Sérgio e de João Bosco em paraísos fiscais no Caribe.

A perícia traz outras provas contundentes. A PF conseguiu comprovar que parte do dinheiro enviado por intermédio do Banestado retornou ao Brasil para concretizar negócios desse mesmo grupo. Segundo o laudo, o dinheiro voltava embarcado em uma conta-ônibus junto com recursos de várias offshores (empresas em paraísos fiscais com proprietários sigilosos) operada pelo próprio João Bosco. Os peritos conseguiram, por exemplo, identificar o retorno de US$ 2 milhões utilizados para comprar um apartamento de luxo no Rio de Janeiro em nome da Rio Trading, uma empresa instalada nas Ilhas Virgens Britânicas. Foram rastreados também imóveis em nome da Antar, sediada no mesmo paraíso, em nome de Ronaldo de Souza, que, segundo a PF, é sócio, procurador e testa-de-ferro de Ricardo Sérgio. Pelas características dos depósitos, que eram frequentes, suspeita-se que, por esse mesmo duto de lavagem, também passaram contribuições de campanha. Além disso, Youssef tinha em sua carteira principalmente dois tipos de clientes: narcotraficantes e políticos. O laudo concluiu ainda que Ricardo Sérgio, enquanto ocupava o cargo de diretor internacional do BB, ajudou a montar o esquema bancário que operava com dinheiro de doleiros na fronteira, depois transferido para a agência nova-iorquina do Banestado.

Os documentos anexados ao laudo provam o envolvimento do advogado e procurador de Ricardo Sérgio, David Spencer, na abertura e movimentação da conta 1461-9, em nome da empresa June International Corporation. Um ofício do gerente do Banestado, Ercio Santos, encaminhado ao doleiro Youssef em 20 de agosto de 1996, atribui a Spencer a responsabilidade pela abertura da conta. “Segue cópia dos documentos referentes à abertura da June, em 8 de agosto de 1996. Recebemos hoje do David Spencer”, diz a primeira linha da correspondência na qual Ercio informa Youssef a respeito dos procedimentos para movimentação da conta. Na carta, Youssef é tratado intimamente por “Beto” e, ao se despedir, o gerente manda “um grande abraço”. Ercio Santos sabia que mexia com dinheiro sujo. Informa, no documento, que preferiu não enviar selo da June por malote para não chamar a atenção. O selo, uma espécie de carimbo metálico, traz a identificação da empresa no paraíso fiscal onde foi instalada. A perícia comprovou também que, além do dinheiro do tucanato, Spencer ajudou a lavar recursos desviados do Banco Noroeste e do Nacional. Casado com uma brasileira, o americano conheceu Ricardo Sérgio no Brasil quando o ex-diretor do BB ocupava um cargo de direção no Citibank. Por falar português fluentemente, tornou-se advogado
de banqueiros brasileiros no Exterior.

Como procurador de Ricardo Sérgio, conforme o relatório, Spencer abriu em 1989 a empresa Andover International Corporation nas Ilhas Virgens Britânicas. Spencer – que era também tabelião em Nova York – tinha respaldo legal para fechar as compras de imóveis no Brasil em nome das empresas offshore de Ricardo Sérgio e sua turma, mantendo os nomes dos verdadeiros donos em sigilo. Em uma dessas operações em 1989, por exemplo, Spencer lavrou uma procuração em nome do engenheiro Roberto Visneviski, outro sócio do tesoureiro tucano, para representar a empresa Andover na compra de um conjunto de salas na avenida Paulista, avaliado em R$ 1 milhão. Para especialistas em lavagem de dinheiro, a operação é suspeita porque Visneviski assina duas vezes a transação: como vendedor e como comprador. “Obviamente, a Andover é do próprio Ricardo Sérgio. Foi uma operação clássica de internação de dinheiro”, avalia o jurista Heleno Torres, um especialista na investigação de operações de lavagem. Essa é apenas uma das 137 contas que já estão periciadas nos inquéritos. Por elas trafegaram US$ 30 bilhões. A polícia calcula que mais de 90% dessa montanha de dinheiro é ilegal, mais da metade resultado de sonegação de impostos através de caixa 2.

Reação – As denúncias publicadas na última edição de ISTOÉ que revelaram a sangria via Banestado caíram como uma bomba dentro do governo. Já no sábado 1º, um assessor direto do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, procurou o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, pedindo informações sobre o laudo. Depois de conversar com o delegado Antônio Carlos Carvalho de Souza, atual responsável pelo caso, e com os peritos que trabalharam no escândalo, Lacerda comandou o reagrupamento de todos os policiais que já participaram da operação. Na quinta-feira 6, o chefe da PF reuniu a equipe e determinou a criação de uma força-tarefa da PF em parceria com o Ministério Público e com a Justiça. Além de Carvalho, o delegado José Francisco Castilho Neto e os peritos Eurico Montenegro e Renato Rodrigues, que buscaram junto ao FBI e organizaram toda a documentação existente hoje no Brasil, estão de volta às investigações. Os três haviam sido colocados na geladeira durante a administração tucana na PF. “É o maior caso de evasão de divisas que eu conheço”, admitiu Lacerda na quinta-feira 6. “Vamos investigar tudo e não cederemos a pressões de qualquer natureza”, adverte o ministro Márcio Thomaz Bastos, antecipando-se a eventuais novos nomes que o dossiê-bomba da PF venha a revelar.

O grupo, reforçado por dois escrivãos, voltará aos EUA nas próximas semanas para buscar os documentos que trazem as movimentações bancárias no biênio 1998-1999. Até agora, o trabalho dos peritos foi um exercício de abnegação. “O número de peritos é pequeno para o volume de informações que está sendo investigado”, diz o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Roosevelt Júnior. A divulgação do laudo também provocou uma corrida de procuradores que investigam separadamente casos de lavagem em vários Estados. O procurador Guilherme Schelb, que apura outros casos de lavagem, pediu o bloqueio das três contas suíças do contrabandista e traficante foragido João Arcanjo Ribeiro. O procurador Luís Francisco de Souza, que rastreia os passos de Ricardo Sérgio, também quer ter acesso aos laudos produzidos pela PF. O cearense José Gerin não perdeu tempo. Desembarcou em Foz do Iguaçu esta semana para buscar detalhes sobre a quadrilha de doleiros que opera na região Nordeste, entre eles Wilson Roberto Landim, preso há duas semanas, que, pelos documentos, remeteu para o Exterior quase US$ 1 milhão em apenas seis meses.

OS BONS COMPANHEIROS

Principal articulador da formação dos consórcios que disputaram
o leilão das empresas de telecomunicações, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, saiu das sombras do tucanato ao ser captado num grampo do BNDES em que dizia ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros que iria conceder uma carta de fiança ao consórcio coordenado pelo
Banco Opportunity. “Estamos agindo no limite da irresponsabilidade”, disse Ricardo Sérgio no grampo.

Depois da revelação, Ricardo Sérgio passou a sofrer uma série de investigações no MP e na PF. Acusado de receber propina de empresas que participaram da privatização, Ricardo Sérgio está sendo investigado também por enriquecimento ilícito.

Ao assumir o cargo em 1994, convidou para chefe de gabinete o seu fiel escudeiro João Bosco Madeiro da Costa. Por indicação do ex-diretor do BB, Madeiro foi posteriormente para o cargo de diretor de investimentos da Previ, o milionário fundo de pensão do BB que participa do controle acionário da maior parte das teles privatizadas. Relatórios da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência, revelaram que Madeiro centralizava todo o poder de negociação do fundo com grandes empresas. Segundo o Ministério Público, Madeiro também é suspeito de enriquecimento ilícito.

Tucanos publicam um "Livro Branco" onde respondem a todas as acusações de corrupção do governo FHC-Serra

Tucanos tentam desqualificar o livro A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr., um jornalista que sempre trabalhou na chamada grande imprensa, vencedor de três Prêmios Esso e quatro Vladimir Herzog - os mais considerados entre os jornalistas.

Mas uma grande vantagem de ter um blog que vai completar sete anos e mantém sua coerência por todo esse tempo é o arquivo interno. Pesquisando nele, descobri a referência a um Livro Branco do PSDB. Seu objetivo: defender-se das críticas ao governo FHC.

Em 4 de fevereiro de 2006, publiquei aqui o seguinte:

O PSDB tem uma publicação chamada Livro Branco, onde, teoricamente, o partido mostra que não tolera a corrupção.
A respeito de Ricardo Sérgio de Oliveira, o homem que cuidou das finanças de campanhas de Serra e FHC, o documento assume esta defesa “veemente”:

O ex-diretor do BB é alvo de duas acusações assemelhadas: ter cobrado ou tentado cobrar propinas milionárias de grupos vitoriosos nas privatizações da Telebrás e da Vale. Segundo o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, Ricardo Sérgio teria exigido dos sócios privados da Telemar uma “comissão” da ordem de R$ 90 milhões. Segundo a imprensa, ele teria recebido R$ 50 milhões, rateados em partes iguais de R$ 12,5 milhões pelos quatro sócios.

A acusação do ex-senador foi feita em depoimento à Polícia Federal, no inquérito aberto em setembro de 2001 para apurar irregularidades na privatização da Tele Norte Leste, o “grampo” no BNDES e a divulgação das fitas. O inquérito terminou três meses depois e suas conclusões foram enviadas à Justiça. Ricardo Sérgio entrou com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal contra o então senador Antonio Carlos Magalhães. Com a sua renúncia, o processo foi enviado à Justiça paulista, pois, conforme parecer do procurador-geral da República, de junho de 2001, as alegadas declarações ofensivas foram veiculadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Na Justiça Federal do Rio de Janeiro tramita em segredo de justiça uma ação civil pública por improbidade contra o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio, resultante de inquérito civil público aberto em agosto de 1998 e concluído em maio de 1999. O Ministério Público Federal demanda o fim do sigilo do processo.
No caso da Vale, a imprensa noticiou em maio de 2002 que o empresário Steinbruch, ex-presidente do conselho de administração da companhia, teria se queixado ao ex-ministro Mendonça de Barros e ao titular da Educação, Paulo Renato Sousa, de que Ricardo Sérgio o estaria pressionando para que pagasse os R$ 15 milhões que lhe deveria por ter o ex-diretor do BB agregado os fundos de pensão estatais ao consórcio de Steinbruch que disputava e, afinal, arrematou a Vale.
(...)
O Ministério Público e a Corregedoria-Geral abriram investigações sobre ocaso. A CGU informou que as suas diligências verificarão “a efetiva existência de lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público”; em caso afirmativo, o órgão promoverá “a devida responsabilização administrativa dos seus autores e o cabal ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos”. A CGU também pediu ao procurador-geral da República as evidências levantadas pelo Ministério Público“ que acaso se revelarem úteis à responsabilização administrativa ou civil, no âmbito do Poder Executivo”.
Mais uma vez, diante de um episódio apresentado como escabroso à opinião pública, com insinuações de favorecimento e tráfico de influência no âmbito da administração federal, as instituições adequadas para lidar com a matéria entraram em ação sem demora – e sem serem tolhidas por qualquer autoridade.

Esquento o comentário daquela época:

Como se vê pelo Livro Branco, o PSDB não nega a corrupção, joga tudo nas mãos da Justiça - ou melhor, no segredo de Justiça. Essa sempre foi a aposta deles.

Só que Amaury Ribeiro Jr foi processado pelo que escreveu numa reportagem daquela época. E pediu à Justiça exceção de verdade para se defender. Com isso teve acesso a documentos antes protegidos pelo segredo de justiça. Esses documentos são a base de "A Privataria Tucana".

Por isso, há o silêncio cúmplice PSDB-mídia: os documentos são oficiais, demonstram tudo aquilo que se acusava no governo FHC-Serra e que o Livro Branco dizia que estava sendo apurado.. mas não podia divulgar porque corria em segredo...

Não corre mais.

No Livro Branco não existe uma linha sequer afirmando que qualquer das acusações era infundada.

Quanto a dizer que o governo FHC colocou tudo nas mãos da Justiça sem interceder, isso não é verdade:

O delegado da PF Deuler da Rocha Gonçalves comandava dois inquéritos (civil e criminal) que investigam a participação de Ricardo Sérgio e outros caciques do PSDB nas supostas irregularidades ocorridas no processo de privatização. Ele foi afastado do caso inesperadamente, pelo chefe da PF à época, Marcelo Itagiba:

"[Itagiba era/é] amigo de Serra, com quem trabalhou entre 1998 e 1999 no Ministério da Saúde, montando uma central de informações que recrutava arapongas, o superintende da PF no Rio, delegado Marcelo Itagiba, usou um dispositivo que lhe permite promover reformas administrativas internas para afastar na semana passada o delegado que investigava o caso" [Fonte].

Entendem agora o silêncio sobre o livro do Amaury?

Ah, e se você ficou curioso sobre o Livro Branco do PSDB, que teoricamente rebateria acusações de corrupção feitas ao partido, sinto informar que ele não está mais disponível. O PSDB o retirou do ar. Ele ficava neste link: http://www.psdb.org.br/biblioteca/publicacoes/livroBranco.pdf. Mas, agora sumiu, como você pode conferir:


Por que será? O amigo leitor tem ideia?

Arrecadador de Serra e FHC concedeu carta de fiança de R$ 900 milhões a empresa com capital social de R$ 1 mil

Ricardo Sérgio de Oliveira, o arrecadador oficial de Serra e FHC, era diretor do Banco do Brasil na época.

Confira documento do Banco Central, extraído de reportagem de Amaury Ribeiro Jr, publicada na IstoÉ de março de 2002 e reproduzida ontem aqui, que mostra que Ricardo Sérgio forneceu uma carta de fiança no valor de R$ 874.200.000,00 a uma empresa que tinha capital social registrado na Junta Comercial de apenas R$ 1 mil.

Reportagem da IstoÉ de março de 2002 do autor da Privataria Tucana destroi argumento de que livro é dossiê do ano passado

A seguir reproduzo a reportagem Caixa Explosivo, escrita pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr (três Prêmios Esso e quatro Prêmios Vladimir Herzog), publicada no número 1695 da revista IstoÉ, em março de 2002.
Isso derruba o principal argumento tucano de que o livro de Amaury "A Privataria Tucana" seria produto de um dossiê ilegal montado na campanha do ano passado.
Contestem o livro e seus documentos - se o puderem -, mas com outros argumentos, porque o do suposto dossiê fica desmoralizado com a reportagem escrita por Amaury há quase dez anos.
_____________________________
Caixa explosivo
Relatório do Banco Central incrimina Ricardo Sérgio, que
arrecadou dinheiro para Serra, em várias irregularidades


Amaury Ribeiro Jr.

Principal articulador da formação dos consórcios que disputaram o leilão das empresas de telecomunicações, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, está tirando o sono da cúpula do PSDB e dos coordenadores da candidatura do senador José Serra. Companheiro de militância política de Serra desde a época do regime militar, Ricardo Sérgio, que em 1998 foi caixa das campanhas de Fernando Henrique Cardoso, para a Presidência,
e de Serra, para o Senado, acaba de
ser responsabilizado pelo Banco Central
por um caminhão de irregularidades
que favoreceram a entrada do Banco Opportunity em um consórcio para disputar o leilão da Telebrás. Mantido em absoluto sigilo, o relatório do BC, ao qual ISTOÉ teve acesso, é uma bomba que vai jogar estilhaços por todos os lados. O efeito é tão devastador que uma operação foi montada na Polícia Federal do Rio de Janeiro para abafar o caso.

Amigo de Serra, com quem trabalhou entre 1998 e 1999 no Ministério da Saúde, montando uma central de informações que recrutava arapongas, o superintende da PF no Rio, delegado Marcelo Itagiba, usou um dispositivo que lhe permite promover reformas administrativas internas para afastar na semana passada o delegado que investigava o caso. Deuler da Rocha Gonçalves comandava os dois inquéritos (civil e criminal) que investigam a participação de Ricardo Sérgio e de outros caciques do PSDB nas supostas irregularidades ocorridas no processo de privatização. Os inquéritos foram transferidos para a delegada Patrícia Freitas, recém-chegada aos quadros da PF, que substituiu Deuler na Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais. Depois de ler o relatório do BC, Deuler havia antecipado a amigos que já possuía provas suficientes para indiciar Ricardo Sérgio e outros políticos ligados ao PSDB por falsidade ideológica, estelionato e corrupção.

Composto por atas de reuniões do Opportunity e da diretoria do Banco
do Brasil, o relatório do BC, com cerca de 50 páginas, confirma o que o Ministério Público Federal já havia denunciado em 1999: a carta de fiança do BB, no valor de R$ 874 milhões, que permitiu à Solpart Participações Ltda, empresa do Banco Opportunity, participar do leilão, está repleta
de irregularidades. De acordo com o BC, a Solpart, que não efetuou nenhum depósito e nem sequer ofereceu garantias para conseguir o empréstimo, foi fundada um mês antes do leilão, ocorrido em setembro
de 1998, com o capital social irrisório de R$ 1 mil da Techold. Na avaliação do BC, esse dado já era suficiente para provar que a Solpart, que recebeu o nome inicial de Banco Opportunity Xin S.A., não teria condições de quitar a dívida.

Segundo o relatório, Ricardo Sérgio e os demais diretores do Banco do Brasil mentiram até mesmo na súmula de operações – na qual é analisada a proposta de garantia feita por empresas que tentam obter empréstimos –, ao dizerem que não foram apurados riscos na operação financeira.
O risco seria detectado com uma simples consulta interna, que indicaria que a conta da Solpart havia sido aberta no BB cinco dias antes da aprovação do empréstimo. “A carta de fiança foi concedida apenas em critérios subjetivos, sem atentar para princípios da boa técnica bancária como os de seletividade, garantia, liquidez e diversificação dos riscos, demonstrando imprudência na gestão dos negócios da instituição financeira, fato que em tese configura delito”, diz o relatório do BC.
O documento compromete também Pérsio Arida, que na condição de presidente do Conselho de Fiscalização do BB referendou a decisão
de Ricardo Sérgio.

Apontado como um dos pontos mais nebulosos do governo FHC, a privatização das empresas de telecomunicações tirou Ricardo Sérgio das sombras. Principal articulador da participação da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, na privatização do sistema Telebrás, Ricardo Sérgio, indicado por Serra para o cargo, foi flagrado por uma escuta telefônica dizendo ao ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros que iria conceder a carta de fiança pedida pelo grupo coordenado pelo Opportunity. “Estamos no limite da nossa irresponsabilidade”, assumiu. A participação da Previ e a carta de fiança eram indispensáveis, já que o consórcio não possuía o capital exigido pelo estatuto do BNDES, que definiu as regras para a participação no leilão.

Os passos de Ricardo Sérgio e do ex-ministro Sérgio Motta, que coordenou a campanha de FHC em 1994, também estão sendo apurados pela Receita Federal e pelo MP em Brasília. As investigações apontam que os rendimentos declarados por Motta e Ricardo Sérgio estão muito aquém dos valores em suas movimentações bancárias. As investigações mostram que, ao deixar o Banco do Brasil em 1998, o ex-diretor declarou ao Fisco um rendimento de R$ 1,4 milhão, que equivale a pouco mais da metade de seu patrimônio de R$ 2,58 milhões. É um valor bem distante dos cerca de R$ 170 mil de renda bruta que ele declarou em 1996.

Lavagem – De acordo com sua declaração de Imposto de Renda, somente com a sua corretora RMC, Ricardo Sérgio lucrou R$ 812.216,98. Esse montante corresponde quase ao valor total das cotas que ele possuía na empresa. Para a Inteligência da Receita Federal, esse fato reforça a tese de que a RMC pode ter sido utilizada por Ricardo Sérgio para lavar dinheiro. Já as declarações de IR de Sérgio Motta revelam que o ex-ministro morreu sem nunca ter declarado dois apartamentos de alto luxo em São Paulo que adquiriu por intermédio de contrato de gaveta da Ricci Associados e Engenharia e Comércio, empreiteira de propriedade dos sócios de Ricardo Sérgio na RMC.

Documentos que somente agora começam a sair do baú apontam também indícios de que os caixas de campanha dos tucanos efetuavam transações financeiras em paraísos fiscais. Em 1998, Ricardo Sérgio declarou ao Fisco ter enviado ao Exterior R$ 131.536,95 para uma empresa identificada por ele apenas como Franton Inc. O Fisco suspeita que a empresa possa estar localizada num paraíso fiscal. Os negócios de Ricardo Sérgio no Exterior constam também de documentos do 3º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo. Mostram que no dia 19 de fevereiro ele e seu sócio, Roberto Visneviski, compraram um escritório em São Paulo da Andover Nacional Corporation, empresa instalada nas Ilhas Virgens. Para especialistas em operações de lavagem, a transação é suspeita porque o responsável pela Andover é o próprio Visneviski. “Tudo indica que a Andover seja de Ricardo Sérgio e de seu sócio. Foi uma operação clássica de internação de dinheiro”, avalia o jurista Heleno Torres, consultor da Receita em operações de lavagem de dinheiro.

Torres aponta também como uma operação de internação de dinheiro a transferência do controle acionário da empreiteira Hidrobrasileira S.A, que ficou mais de 20 anos sob o comando de Motta, para a empresa PDI (Project Development International Coorporation), instalada em Luxemburgo. A PDI não passa de um escritório especializado em abrir empresas e contas de pessoas que preferem ficar no anonimato. Um mês antes de adquirir a Hidrobrasileira e se cadastrar na Associação Comercial de Luxemburgo, a PDI simulou um empréstimo de US 4,5 milhões com a Albion, instalada num paraíso fiscal qualquer, com juros de 4% ao ano – longe dos 11% ao ano cobrados pelas instituições financeiras da Europa. A simulação do empréstimo é uma operação já conhecida das Unidades de Inteligências Financeiras criadas em todo mundo para rastrear operações de lavagem. Sem procedência justificada, o dinheiro ilegal roda de conta em conta em paraísos fiscais até voltar limpo ao país de origem.

Ainda hoje no blog uma prova de que investigação da Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr, começou há dez anos

Aguarde.
(Via Celular)

'Privataria tucana': Assista a entrevista-debate com autor do livro, Amaury Ribeiro

ATUALIZAÇÃO: Esta é a gravação da entrevista realizada ontem. Fonte: Tijolaço.


Itaú, Sansumg, Claro, Volkswagen... Por que não foram chamados às falas para explicar como 'corromperam' Palocci?

Pimentel e Palocci têm algo em comum além do P do sobrenome e de participarem do ministério da presidenta Dilma: ambos ganharam dinheiro como consultores.

A diferença é que Palocci exercia função pública e Pimentel não. Pimentel não tinha cargo no Executivo nem no Legislativo e é professor licenciado da Universidade de Minas Gerais, sem receber rendimento algum (o que seria um direito seu).

Depois de sua demissão, não se falou mais de Palocci. Se havia a suspeita de que o agora ex-ministro Antonio Palocci recebera indevidamente R$ 20 milhões que sua empresa de consultoria teria faturado nos últimos anos, a suspeita tem que valer para os dois lados. Se há um corrupto tem que haver o agente corruptor.

Pois o blog do jornalista Lucas Figueiredo publicou uma lista com clientes da empresa Projeto, do ministro Palocci, em maio deste ano.

Alguém sabe em que pé estão as investigações para descobrir das empresas abaixo que tipo de consultoria Palocci lhes prestou?

Itaú Unibanco

Pão de Açúcar

Íbis

LG

Samsung

Claro-Embratel

TIM

Oi

Sadia Holding

Embraer Holding

Dafra

Hyundai Naval

Halliburton

Volkswagen

Gol

Toyota

Azul

Vinícola Aurora

Siemens

Royal Transatlântico

Amigo leitor, quando nossa "grande imprensa" vai publicar reportagem com executivos dessas empresas contando qual foi sua relação com Palocci?

A resposta é óbvia: Nunca. Porque o que eles querem desde o início, e assim prosseguem, é derrubar a presidenta Dilma, que prossegue - como diria Nelson Rodrigues - alimentando o câncer com papinhas.

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Por que Pimentel e não André Lara Resende, que Nassif afirma que enriqueceu com informações superprivilegiadas?

A mídia porcorativa abre fogo contra o ministro Pimentel por rendimentos que teria recebido, quando não exercia cargo público algum (este detalhe é fundamental), com sua empresa de consultoria.

Mas, por que nossa mídia porcorativa não faz um trabalho desses sobre André Lara Resende, por exemplo, escolhido "Economista do Ano" pela Ordem dos Economistas do Brasil?

Lara Resende, segundo Nassif, estava no governo FHC, quando da implementação do Real, "participando diretamente das formulações da equipe econômica" e era sócio de um Banco na outra ponta, faturando horrores com informações que, por sua posição, eram pra lá de superprivilegiadas.

Nassif fez uma postagem sobre isso em seu antigo blog, em 2006:

O Brasil de André - 4

O ponto focal desse desastre foi a decisão tomada, na partida do Real, de flutuar o câmbio para baixo. Nas discussões preliminares, todas as consequências negativas tinham sido identificadas pelos economistas do Real. Todas, do risco do excesso de dólares apreciando o real, do custo fiscal das reservas cambiais excessivas, da necessidade de conter o capital gafanhoto.

Nada foi feito para prevenir os desastres anunciados. André participou diretamente da decisão de apreciar o câmbio, que matou a grande oportunidade de crescimento do país no século. E foi beneficiário direto desse erro. No final de 1994 seu banco estava vendido em quase US$ 1 bilhão no mercado futuro de câmbio. E ele continuava participando diretamente das formulações da equipe econômica.

Nos anos seguintes, tornou-se personagem típico do romance "O Encilhamento", do Visconde de Taunay. Comprou carros de corrida, viajou para Londres transportando cavalos em avião.

Agora, vem com essas considerações de cunho filosófico-político, como se essa deterioração do país nada tivesse a ver com as decisões econômicas?

Deveria se contentar em continuar apenas milionário.

O que Nassif quis dizer fica mais claro num trecho de uma entrevista concedida a Paulo Henrique Amorim, quando Nassif divulgava seu livro “Os cabeças-de-planilha”:

Nassif – (...) Nesse ambiente é que o André Lara Resende monta o banco Matrix especificamente para se aproveitar daquele momento...
Paulo Henrique – Dessa apreciação do Real...
Nassif - Dessa apreciação e, depois, passar o banco pra frente.
Paulo Henrique - Então, eu te pergunto: o que você está querendo dizer é que o André Lara Resende, que ajudou a formular essa conversão de URV para Real sabia que ia ter uma apreciação e abriu um banco para se beneficiar disso
Nassif - Isso.
Paulo Henrique – É isso?
Nassif - É.
Paulo Henrique - O André Lara Resende ...
Nassif - Acho que um pouco mais. Foi cometido um erro, um erro que não tem base na lógica do Plano Real e pessoas - o André foi o que mais se beneficia disso - que participaram da formulação do Plano se beneficiaram disso.
Paulo Henrique - Quer dizer, um erro que o André sabia de antemão que haveria?
Nassif - Isso.

Paulo Henrique Amorim voltou ao assunto em seu blog em 2009, citando trechos do livro de Nassif:

. “…(André) continuou tendo participação ativa nas formulações econômicas, em um caso flagrante de ‘inside information’. Aliás, ele era mais do que um insider. Era o economista com dupla militância, ajudando a definir as regras do Real e, depois, operando no mercado em cima dessas margens”. (Pág. 187)

. “… algumas instituições começaram a atuar pesadamente no mercado de câmbio, apostando na apreciação do real… a mais agressiva foi a DTVM Matrix… com capital de R$ 14 milhões passou a ter uma carteira de R$ 500 milhões. Seu principal sócio era André Lara Resende”. (Pág. 197)

. “Para fortalecer a posição dos “vendidos” (como o Matrix de André), nos meses que antecederam a implantação da nova moeda, Winston Fristch reuniu-se reservadamente em São Paulo com instituições financeiras… fornecendo o mapa da mina da apreciação do Real… Um dos presidentes de instituição financeira presente me contou a surpresa deles ao ver um membro do Governo passando o mapa da mina cambial”. (Pág. 198)

. Esses relatos espantosos fazem parte do livro “Os cabeças-de-planilha”, de Luis Nassif, da Editora Ediouro, que acaba de ser lançado.

. Esta é provavelmente a denúncia mais grave já feita sobre as maracutaias na política econômica brasileira.

. Sobre a promiscuidade entre o público e o privado.

. Sobre o que se passa, na verdade, por trás da ciência dos cérebros que oferecem à mídia conservadora e aos bancos as idéias luminosas que deveriam orientar essa infeliz Nação.

. Eles, os sábios. “A Nova Renascença”, como dizia o “Rei Filósofo”, FHC. Eles, os especialistas em “inside information”…

. André Lara Resende foi um dos formuladores e, como demonstra Nassif, o maior beneficiário do Plano Real.

. Não há como atribuir a apreciação do Real, na largada do Plano, a uma barbeiragem, ou a um “erro técnico”, como prova Nassif.

. Está mais parecido com um “business plan”.

. A melhor explicação, como diz Nassif, é que houve um trabalho em cima de “inside information”, em que Resende sabia que o “erro” seria cometido e os gênios do Governo FHC não o corrigiriam.

. Por que não corrigiram?

. Nem FHC, o Farol de Alexandria, que lançava luzes sobre a Antiguidade, sabe explicar.

. A entrevista que FHC deu a Nassif, em fevereiro deste ano, é patética.

. Por três vezes ele diz que não sabia do que acontecia – e não sabia o que acontecia sobre o Plano Real, que mudou a economia, a moeda e o país (para o bem e para o mal…)

. E por cinco vezes ele diz que não foi consultado.

. Não foi consultado sobre questões centrais da reforma do Plano Real.

. É espantoso !!!

. Espantoso também é o que conta Nassif, na Pág. 211: “André Lara Resende via o plano como uma forma de enriquecimento e ascensão social. Depois de enriquecer com o Real, realizou sonhos adolescentes de comprar carros e cavalos de corrida – que transportou de avião para Londres, quando resolveu passar uma temporada por lá”… [Postagem de PHA completa aqui]

.

Promoção Sem Visão Bradesco: Até 50% de desconto em ingressos para o Cirque du Soleil


Anúncios de meia página em O Globo e o site do espetáculo anunciam a promoção (clique na imagem aí em cima para ampliá-la): 50% de desconto.

Parece um grande negócio, não? Mas aí vem a informação completa: 50% de desconto em ingressos de visão parcial. Ou seja, como você só vai ver parte do espetáculo, paga somente uma parte do ingresso. É certo chamar isso de promoção?

Fui à página da venda online, e a surpresa foi maior. Não existe apenas a categoria Visão Parcial. Mas há subs e uma super-categoria ligada a ela: Visão Parcial Setor 1, Visão Parcial Setor 2, Visão Parcial Setor 3 e (não ria) Visão Parcial Premium. Preços de R$ 75 a R$ 197,50.

Ah, o circo foi autorizado a captar R$ 9,4 milhões pela Lei Rouanet. São R$ 9,4 milhões de que o governo abre mão para que você tenha a oportunidade de assistir ao espetáculo, pagando um mínimo de 75 pilas, na Visão Parcial mais mixuruca.

O que será que se enxerga em cada uma das visões parciais? Será que na 1 vemos apenas os pés dos artistas e mesmo assim de costas? E na Premium? Meia bunda, meio peito de uma artista gostosona?

De qualquer modo, R$ 75 ainda é muito caro. Mas o Blog do Mello, no intuito de ajudar o Bradesco (tão necessitado) e o Minc, sugere novas categorias na Promoção Sem Visão Bradesco:

  • Sem visão, apenas áudio do espetáculo: R$ 50
  • Sem visão, apenas áudio do espetáculo, mas do lado de fora e com os portões fechados: R$ 25
  • No estacionamento, trabalhando como flanelinha e ouvindo comentários pós-espetáculo: R$ 10


Você não vai perder uma promoção dessas, vai? Mas, preste atenção ao anúncio: a promoção, como a visão, é parcial e vale apenas de 9 a 18 de dezembro.

Corra (dela) e reclame do MinC.

No México, imprensa pode difamar e caluniar, pois a Justiça garante. É lei.

México anula última lei federal que penalizava crimes de calúnia e difamação

O Senado mexicano aprovou a despenalização dos crimes contra a honra - difamação, calúnia e injúria - na Lei sobre Crimes de Imprensa, segundo informações do jornal El Universal de 29 de novembro. Há quatro anos, México se tornou o segundo país da América Latina a eliminar os crimes contra a honra, depois de El Salvador, informou Newswatch.

Em abril de 2007, entrou em vigor a despenalização de crimes como calúnia, difamação e injúria do Código Federal, mas ainda vigorava a Lei de Imprensa de 1917, cujo texto também criminalizava a difamação e a calúnia, de acordo com a organização Artigo 19. Outros 16 estados mexicanos mantêm vigentes penas de prisão contra estes delitos em seus códigos penais, segundo Milenio. A Ciudad de México foi a primeira a suprimir as penas para delitos contra a honra, em 2006, e os mais recentes foram Veracruz, em 2010, e Puebla, em 2011.

Na semana passada, a Suprema Corte de Justiça do México concluiu um julgamento de sete anos em que o jornal mexicano La Jornada acusava uma revista de prejudicar sua reputação. O tribunal supremo firmou uma importante jurisprudência ao dizer que a liberdade de expressão estaria acima da honra. [Fonte]

No Brasil é a mesma coisa. Sem lei.

Boni confessa crime da Globo na eleição de 1989. E aí, PT, vai ficar por isso mesmo?

O ex-todo-poderoso da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, confessou que cúpula da emissora trabalhou em favor de Collor no último debate da eleição presidencial de 1989.

"Todo aquele debate - não o conteúdo, o conteúdo era do Collor mesmo - mas a parte, vamos dizer assim, formal, nós é que fizemos" [confira vídeo abaixo]

Pergunta aos juristas: Pode uma concessão pública (a TV Globo é uma) interferir assim numa eleição?

Pergunta ao PT: E aí, vai ficar por isso mesmo?

PIG surpreende enviando cartas de Boas Festas para centenas de jornalistas

Aproveitando o clima de final de ano, em que colegas de trabalho se reúnem para as tradicionais festas de congraçamento, e que seus jornalistas confraternizam com a família no Natal e se enchem de esperança com o Ano Novo, o PIG enviou cartas de demissão a centenas deles.

A editora Globo demite 30% dos funcionários. A Folha vai demitir mais de 100. O Estadão também demite. No apagar das luzes de 2011, como dizia antigo locutor esportivo.

Com isso o PIG garante presença nos lares desses jornalistas desempregados nas festas de Natal e Ano Novo.

Se houver festas.