Menor vai ao Fantástico antes de ir à Justiça confessar ter sido autor do disparo que matou jovem de 14 anos na Bolívia. Fato ou farsa?

Ele tem 17 anos, corintiano da Gaviões da Fiel, comprou o sinalizador num camelô em São Paulo, diz que na hora do gol do Corinthians puxou uma cordinha, uma, duas vezes, aí o sinalizador disparou. Disse que não apontou para ninguém, foi uma fatalidade.

Tudo isso ele disse ao Fantástico, da Rede Globo, antes de comparecer hoje à Justiça, uma característica tipicamente nacional, versão tupiniquim da sociedade do espetáculo. É fantástico.

O depoimento do menor levanta suspeitas de que ele estaria sendo usado como laranja para que os 12 integrantes da Gaviões da Fiel presos na Bolívia para responder pelo crime possam ser soltos. Entre os presos está "Tadeu Macedo de Andrade, 30. Ele é um dos principais dirigentes da Gaviões e candidato informal à presidência, em eleição que deve acontecer em 2014" [Fonte].

O adolescente não pode ser extraditado para a Bolívia, não por que seja menor, mas porque nossa Constituição proíbe a extradição de brasileiros.

Sendo menor, ele responderá apenas a medidas sócio-educativas, o que não aconteceria aos outros, presos na Bolívia, todos maiores de idade.

Sendo verdadeiras as palavras do adolescente, parabéns a ele e à família pela confissão do crime para evitar a injustiça que estaria sendo cometida aos 12 corintianos presos na Bolívia.

Mas, se for uma farsa, aproveitando-se do fato de ser uma família humilde, para livrar figurões da Gavião, a coisa muda de figura. A polícia brasileira deve investigar crime e confissão, em conjunto com a polícia boliviana (dois dos detidos teriam pólvora nas mãos). Investigar, inclusive, a participação do Fantástico na reportagem.