Feliz 2015, ano em que o Blog do Mello completa 10 anos de existência.
Que o Ano Novo seja
do jeito que você deseja.
Mas não faça como a Dilma.
Quem insiste em Cardozo e Mercadante
vai colher merda adiante.
Feliz 2015!
Ministro Gilmar Mendes, quando sua família vai devolver aos guaranis as terras que lhes pertencem?
Encerrando pronunciamento no Senado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deixou no ar uma acusação contra a família do ministro do STF Gilmar Mendes:
(...) acho oportuno lembrar que a família do Ministro Gilmar Mendes [do Supremo Tribunal Federal], que é do Mato Grosso do Sul, é uma das grandes [...] [ocupadoras] de terras indígenas. [...]A lembrança do senador caiu no silêncio. O ministro a ignorou solenemente. Logo ele, tão loquaz. No entanto, a lembrança do senador serve mais uma vez como denúncia do crime continuado que vem sendo praticado contra os guaranis.
Após a chegada dos europeus à América do Sul, cerca de 500 anos atrás, o povo guarani foi um dos primeiros a serem contatados. Atualmente, vivem no Brasil aproximadamente 51 mil índios guaranis em sete Estados diferentes, tornando-os a etnia mais numerosa do País, a qual está dividida em três grupos: kaiowá, ñandeva e m'byá, dos quais o maior é o kaiowá, que significa "povo da floresta".
Profundamente afetados pela perda de quase todas as suas terras no século passado, o povo guarani sofre uma onda de suicídio inigualável na América do Sul. Os problemas são especialmente graves no Mato Grosso do Sul, onde a etnia já chegou a ocupar uma área de florestas e planícies de cerca de 350 mil quilômetros quadrados.Ainda em seu discurso, o senador Suplicy destacou trechos de um artigo da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, membro da Academia Brasileira de Ciências e Professora Titular aposentada da Universidade de São Paulo e da Universidade de Chicago:
Hoje em dia, os índios vivem espremidos em pequenos pedaços de terra cercados por fazendas de gado e vastos campos de soja e cana-de-açúcar. Alguns não têm terra alguma e vivem acampados na beira das estradas.
Em outras palavras, nos últimos 500 anos, praticamente todas as terras dos guaranis no Mato Grosso do Sul foram tomadas deles. Ondas de desmatamento converteram as terras férteis dos guaranis em uma vasta rede de fazendas de gado e plantações de cana-de-açúcar. Muitos dos guaranis estão amontoados em pequenas reservas, que estão cronicamente superlotadas. Na reserva de Dourados, por exemplo, 12 mil índios vivem em pouco mais de 3 mil hectares.
A destruição da floresta fez com que as práticas da caça e da pesca sejam impossíveis, e não há mais terra suficiente até mesmo para plantar. A desnutrição é um problema sério e, desde 2005, pelo menos 53 crianças guaranis morreram de fome.
A Constituição de 1988 inaugurou entre os índios guarani espoliados a esperança de que agora se encontravam em um "tempo do direito". [No entanto...] há a tentativa de aplicação automática da controversa teoria do "marco temporal", segundo a qual a Constituição de 1988 só garantiria aos índios as terras que eles estivessem ocupando no dia da promulgação da Carta Magna.
Como disse um líder kaiowá ao protestar recentemente em Brasília: “A coisa está tão absurda que hoje querem nos penalizar por termos sido expulsos de nossos territórios. Querem que assumamos a culpa pelo crime deles. Durante décadas nos expulsaram de nossa terra à força e agora querem dizer que não estávamos lá em 1988 e, por isso, não podemos acessar nossos territórios?”.
Segundo o Prof. Dalmo de Abreu Dallari, "Os que se diziam ou se dizem proprietários das terras indígenas alegam que receberam essas terras do governo do Estado de Mato Grosso. Ocorre, entretanto, que, desde o tempo do Império, as terras consideradas não ocupadas pertenciam ao governo central e, com a proclamação da República, passaram a ser parte do patrimônio da União. Assim, as doações de terras feitas pelo Estado de Mato Grosso não têm valor legal".
O STF pode começar a fazer Justiça devolvendo aos guaranis as terras que lhes pertencem. A começar pela família de um de seus ministros, o tonitruante Gilmar Mendes.
Triplex de Lula no Guarujá dividido por quatro
1. O Globo afirma que Lula tem um triplex no Guarujá.
2. Lula nega que possua um triplex no Guarujá.
3. Folha diz que Lula vai desistir do triplex no Guarujá, graças à "repercussão das reportagens sobre o imóvel".
4. O Globo e Folha vão anunciar que Lula se desfez do triplex no Guarujá. E, finalmente, Lula vai voltar a não ser proprietário do triplex no Guarujá que nunca foi dele.
Feliz Natal! O Divino e o Leviano. #Somostodos10
O objetivo dele, claro, não é atingir os 10 tuiteiros, mas mandar um recado aos milhões de outros tuiteiros, facebookeiros, blogueiros, jornalistas independentes: o Leviano não admite críticas. Quer transformar o Brasil numa Minas silenciada pela censura e pelo dinheiro.
Por isso, se antes fomos #somostodos66, agora #somostodos10. O Leviano não vai nos intimidar.
Um Feliz Natal a todos os amigos e leitores do Blog do Mello, que ano que vem completa 10 anos.
A ilustração peguei do meu amigo Hayle Gadelha.
Com editorial 'Página virada' Folha quer fatiar e servir a História ao modo do chef Frias
Depois do recorte "ditabranda", quando tentou categorizar e catalogar ditaduras pela quantidade de sangue jorrado e mortes registradas, o jornal da família Frias quer dobrar bem dobradinho o lenço da ditadura, colocá-lo no bolso da calça Brasil e que sigamos caminhando, porque o passado é aquela roupa que não nos serve mais.
É o que declara cinicamente em seu editorial de hoje, 12 de dezembro de 2014, "Página Virada".
Pelo recorte do chef Frias, nas décadas de 60 e 70, "na América do Sul (e em outras partes do mundo) facções de direita e de esquerda recorreram à violência, levando ao colapso do regime democrático em vários países, entre eles o Brasil" .
Quer dizer que o golpe civil-militar foi consequência de um embate violento entre facções de direita e esquerda no Brasil, e, deduz-se, também no Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia...
Por força do acaso, evidentemente, todos os golpes foram de direita (e isso é de tal modo evidente que o editorial nem se dá o trabalho de citar o detalhe).
O chef Frias amacia a carne dos comensais, com um recorte crítico aos militares, "porque desencadearam uma repressão desproporcional e abusiva".
E eu que pensava que a primeira, a mãe de todas as violências tivesse sido o golpe, que derrubou um presidente democraticamente eleito e rasgou a Constituição...
Adiante, o editorial critica torturas e assassinatos ("abjetos"), mas, no contexto, essas mãos sujas de sangue eram apenas militares, e não, também, mãos de empresários nacionais e internacionais. Entre os quais deve-se destacar Frias pai, que contribuiu com dinheiro, carros das empresas e artigos elogiosos ao ditador de plantão, como este ao chefe do período mais sanguinário, Médici.
Sobre a Lei de Anistia, o editorial falsifica vergonhosamente a História e diz que foi uma concessão dos militares, quando na verdade foi fruto de uma rendição militar negociada, pois não contavam mais com apoio interno ou externo, o regime caía de podre, com fortes dissensões internas entre os que queriam devolver o poder aos civis e a linha dura.
A Lei de Anistia foi feita para evitar que os militares pagassem pelos crimes cometidos, pois os que os combateram foram presos, torturados, condenados - muitos à morte.
Ao final, o chef Frias defende a permanência da Lei de Anistia. Diz que o passado deve ser apenas "conhecido e debatido".
E, por que não julgado?
Porque aí, num julgamento justo, com acusações e defesas debatidas diante do país, o povo tomaria conhecimento dos que moviam nos bastidores as mãos armadas dos militares. Os que cresceram e enriqueceram às custas do golpe.
Por isso temem tanto o fim da Lei de Anistia.
A seguir, a íntegra do editorial.
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Página Virada
O relatório da Comissão Nacional da Verdade não traz novidade de monta em relação a um período já esmiuçado na história recente, o da ditadura militar (1964-1985).
Numa decisão controvertida, tomada logo após sua instalação pelo governo federal, em maio de 2012, a CNV excluiu do exame as violações de direitos humanos por motivação política que não tenham sido causadas pelo Estado. O relatório silencia, assim, sobre os crimes das organizações armadas que combateram para substituir a ditadura militar por outra, de cunho comunista.
Argumentou-se, com razão, que tais delitos já haviam sido punidos pelo próprio regime militar. Prevaleceu, entre os comissários, o entendimento de que o alcance da tarefa limitava-se a inventariar as denúncias de abusos cometidos pelas autoridades à época.
Após uma fase de letargia errática, a CNV conseguiu encaminhar seu trabalho nesses termos, sobretudo depois que o advogado Pedro Dallari passou a coordená-la.
Sabe-se que as décadas de 60 e 70 foram um tempo de extrema polarização na América do Sul (e em outras partes do mundo). Facções de direita e de esquerda recorreram à violência, levando ao colapso do regime democrático em vários países, entre eles o Brasil.
Maior porção de culpa cabe aos militares, seja porque desencadearam uma repressão desproporcional e abusiva, seja porque o ônus moral, nas sociedades modernas, recai sobre os vitoriosos. A prática rotineira da tortura e do assassinato configura mancha abjeta na história desses regimes.
A anistia irrestrita, concedida pela ditadura brasileira nos seus estertores, em 1979, foi o passo decisivo para a superação pacífica dessa crônica nefanda. Foi incorporada pela emenda constitucional que convocou, em 1985 –já após o restabelecimento democrático–, o Congresso constituinte que produziu a Carta em vigor desde 1988. E foi reiterada pelo Supremo Tribunal Federal em 2010.
Por mais que seus efeitos possam ser repugnantes do ângulo humanitário, sobretudo para os atingidos pela violência ditatorial, a anistia irrestrita é um dos pilares sobre os quais se apoia a democracia brasileira. Foi sua aceitação pelo conjunto das forças políticas que rompeu o ciclo de retaliações iniciado em 64.
Não é sensato nem desejável que compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, determinando que a tortura é crime imprescritível, possam sobrepor-se à soberania jurídica nacional quando se trata das próprias fundações do Estado de Direito entre nós.
A anistia deve ser preservada. O passado precisa ser conhecido e debatido. Para superá-lo de vez, falta às Forças Armadas divulgar os documentos retidos e reconhecer os abusos praticados.
Nas asas da Panair, Laura Capriglione faz bela matéria sobre os empresários da ditadura
O tema é amargo, espinhoso, macabro: os empresários que apoiaram solenemente ou a reservado contragosto a Ditadura civil-militar que violentou o Brasil de 1964 a 1985, longos 21 anos de prisões, torturas, exílio, desaparecimentos e mortes, que alguns desinformados comandados por canalhas querem trazer de volta.
Mas Laura Capriglione deu um show, iluminando a cena com a lembrança de Milton Nascimento, Elis Regina e dos empresários que disseram não à ditadura.
Laura conseguiu tornar leve, em alguns momentos até agradável, o horror daqueles tempos celebrado em palestras de Delfim Neto para os empresários aliados da ditadura, inclusive os de mídia, Mesquita, Frias e o que se deu melhor e mais se irmanou aos ditadores, Roberto Marinho.
Vou repetir a seguir trecho da matéria em que são citados alguns empresários que resistiram, para não ficar apenas nos colaboracionistas. Depois, o link para a matéria completa, que você não pode perder.
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Anote os nomes de alguns homens que dignificam os homens justos:
José Mindlin (1914-2010), empresário, dono da Metal Leve, bibliófilo e escritor.
Antonio Ermírio de Moraes (1928-2014), empresário, dono do grupo Votorantim.
Fernando Gasparian (1930-2006), empresário, editor e político.
Mario Wallace Simonsen (1909-1965), empresário, foi um dos criadores da Panair do Brasil e da TV Excelsior.
Celso da Rocha Miranda (1917-1986), empresário, foi um dos criadores da Panair do Brasil e da TV Excelsior.
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Lançamento do meu romance 'Madame Flaubert' é nesta segunda, 15 de dezembro
O convite é especialmente dedicado aos leitores do Blog do Mello, que ano que vem completa 10 anos.
Além de nos encontrarmos e de curtir o livro, que eu garanto que é muito bom (isso porque sou modesto...), pense que ele pode ser a solução para aquele presente de Natal que estava faltando.
Até lá.
Como querem dar o golpe, e para quem?
Como dar o golpe num governo recém eleito e vitorioso nos dois turnos?
Como dar o golpe, se a grande maioria da população, segundo o Datafolha, apóia o governo, a presidenta e acha que Dilma combate a corrupção?
Como dar o golpe num governo que tirou 40 milhões de brasileiros da miséria?
Como dar o golpe num governo que colocou o país com o menor índice de desemprego da História, 5%, enquanto há países na Europa com índices de mais de 25 - Espanha - e até 50 % - Grécia?
Como dar o golpe numa presidenta que enfrentou todo o tipo de ataques e baixarias e uma campanha contra e sem tréguas da mídia corporativa em peso e mesmo assim venceu os dois turnos em 2010 e 2014?
Como dar o golpe num governo que levantou o país, que havia sido posto de joelhos pelo desastrado e impatriótico governo FHC, que vendeu nossas riquezas a preço de banana e quebrou o país três vezes?
Como dar o golpe, se temos hoje um dos líderes mais respeitados do planeta, "o Cara", nosso presidente Lula?
Como dar o golpe e achar que com as redes, novas tecnologias de informação e comunicação, e acesso das massas a elas, o povo assistirá bovinamente que se rasgue a Constituição e desrespeite sua vontade expressa há menos de 50 dias?
Como dar o golpe num país que é o B de BRICS, que engloba 42% da população, 26% do território e 20% do PIB mundial? BRICS que criou um Banco Mundial alternativo e põe em cheque o padrão dólar para as transações entre nações e ameaça a hegemonia dos EUA e o mundo unipolar?
Por último: Como dar o golpe "em nome do país" e conseguir esconder que o país, em nome de quem seria dado o golpe, não é o Brasil, mas os Estados Unidos da América?