O livro de papel não morreu, nem o jornal. E o PT precisa criar o seu

Sei que tem muita gente respeitável que defende que a Internet e as preocupações ecológicas e com desenvolvimento sustentável tornaram obsoletos os meios de papel: jornais, revistas e até os livros.

Mas, experimente deixar qualquer um desses objetos num banco de praça, nas salas de espera de consultórios... Ninguém resiste - caso o material seja atualizado, claro.

Repare nas aglomerações em torno dos jornais e revistas expostos nas bancas.

O povo - nós! - gostamos de saber do que se está falando, o que está acontecendo, "qual é a última".

No entanto, o PT, há 12 anos no poder, não tem um veículo de comunicação nacional, que dispute nas bancas aqueles olhares ávidos por notícias.

E as notícias que esse público recebe são as dos adversários do PT, a mídia corporativa que defende os rentistas, o Mercado.  E pauta as discussões entre colegas de bar, de trabalho, da família.

Há um sentimento concreto de que  aquilo que é impresso se sobrepõe a todo o mais. É a famosa lei dos bicheiros: Vale o escrito, mas o escrito EM PAPEL.

Por que não temos um jornal de esquerda (cobro isso aqui no blog há anos - e olha que este é meu décimo ano), um jornal de esquerda que represente esse eleitorado que vota há 12 anos em Lula e Dilma?

Por que temos que chegar nas bancas (e também nos rádios e TVs) e só lermos, ouvirmos e assistirmos os discursos daqueles que derrotamos nas urnas?

Tínhamos que ter um jornal que contratasse pesquisas sobre a seca em São Paulo, por exemplo. Por que só fazemos isso nas eleições?

Informação é como o amor, segundo  aquela canção, ela "precisa, para viver, de emoção e de alegria, e tem que regar todo dia".

E nada melhor que um jornal de distribuição nacional diário nas bancas todos os dias.

Se os perdedores podem, por que os vencedores não?

30% da água de SP foge pelo ladrão. Quem é o ladrão e quem mais consome a água que falta na sua casa

Para tentar tirar o corpo fora, o governador Alckmin e a Sabesp estão querendo criar uma rede de intrigas entre vizinhos para que um denuncie o outro por lavar o carro, a calçada ou dar descarga demais.

Isso tudo é uma impostura. E explico por quê:

31% de toda a água de São Paulo é desperdiçada, vai para o lixo, graças aos vazamentos que a Sabesp não corrigiu.

Sobram 69%. A agricultura fica com 70% deles. A indústria com 22% e o consumidor, que está sendo apontado como vilão esbanjador, com míseros 8% - ou seja, em torno de 5,6% do total da água distribuída.

Portanto, meu amigo paulista, não caia na empulhação que querem lhe enfiar goela abaixo. Se todos os paulistas não consumirem uma gota de água sequer a economia para o sistema será de míseros 5,6%.

O maior vilão, aquele que não economiza, não produz, não gera riqueza é o vazamento que a Sabesp não cuida nem cuidou.

Repito: se todos os paulistas não usarem uma gota de água a economia será de 5,6%.

O desperdício pelos vazamentos não consertados pela Sabesp é de 31%.

Nao brigue com seu vizinho. Una-se a ele e cobre dos culpados, a Sabesp e o governo de São Paulo.

Vazamento seletivo das operações da PF tem três objetivos. Nenhum a favor do país

A divulgação pela mídia corporativa de dados de investigações da Polícia Federal protegidos por sigilo, por determinação da Justiça, tem três objetivos, um claro e dois escondidos.
O claro é fustigar o governo até o limite da exaustão, buscando o maior lucro possível, que é seu enfraquecimento até o ponto de um possível impeachment.
Os outros dois são:
Dar aviso aos corruptos para que limpem suas contas.
Temos vários exemplos sobre isso, e o caso do diretor da Petrobras Cerveró é apenas mais um.
Corrupto ou não, culpado ou não, ele correu ao cartório em setembro do ano passado, assim que seu nome entrou na berlinda, como mostra esta nota da coluna do Ancelmo, de O Globo, de 21 de setembro de 2014.
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O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró esteve terça-feira, dia 16, no cartório do 14º Ofício, em Ipanema, no Rio, com direito a uma sala reservada.
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O último objetivo é, depois de esgotado todo o fustigamento ao governo, dar a porta de saída a seus pares, anulando toda a investigação, POR CAUSA DOS VAZAMENTOS OU ESCUTAS ILEGAIS, como aconteceu na Satiagraha e na Castelo de Areia.
Anotem ai: a operação Lava Jato vai ser anulada e todos os acusados vão ficar impunes, porque o objetivo de todo esse processo não é melhorar o país, mas apenas ajustar o governo às demandas do capital.

Prefeito do PT implanta Tarifa Zero em Maricá e diz que mobilização popular pode levar transporte público gratuito a todo o país



Enquanto em várias cidades do país as pessoas vão às ruas protestar contra o aumento das passagens de ônibus, uma cidade do Rio de Janeiro vira notícia no Brasil inteiro por oferecer, desde dezembro último, Tarifa Zero, ônibus de graça para a população. Essa cidade é Maricá.

O Blog do Mello procurou o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que também é presidente do PT no estado do Rio de Janeiro, para saber como funciona a Tarifa Zero na cidade e se essa gratuidade pode ser levada ao Brasil inteiro, especialmente a metrópoles como Rio e São Paulo.

MELLO – Prefeito, como Maricá conseguiu oferecer a seus moradores aquilo que os movimentos populares estão reivindicando nas ruas, transporte público gratuito?
QUAQUÁ -  É fácil! Basta querer enfrentar o poder político e econômico dos empresários de ônibus, que são uns dos maiores financiadores de campanhas hoje em todo o Brasil.

MELLO – Pois é, mas exatamente por isso fica difícil. Como enfrentar e fazer valer o direito do cidadão contra esses que o senhor mesmo definiu como alguns dos maiores financiadores de campanhas políticas?

QUAQUÁ - O direito de ir e vir é um preceito constitucional e o transporte uma obrigação do Estado, segundo a  Constituição. Só que no Brasil os interesses privados sequestraram esse direito da cidadania. Como a educação e a saúde, o transporte também deveria ser público e gratuito.

MELLO – E como isso foi posto na prática em Maricá?

QUAQUÁ - Para garantir esse direito, eu criei uma autarquia pública, fiz um investimento razoavelmente modesto para o beneficio gerado, com os recursos dos royalties do Petróleo.

MELLO – Que investimentos foram esses? 

QUAQUÁ – Compramos 13 ônibus. Isso não chegou a 7 milhões de reais. E não gastamos mais que 700 mil com o custeio mensal. Ainda pretendemos comprar mais 20 micro-ônibus elétricos, sem emissão de CO2, para completar a frota e trazer a população de diversos bairros para as nossas linhas circulares.

MELLO – Qual a porcentagem da população que já utiliza o transporte gratuito?

QUAQUÁ - Mais de 70%, de um extremo a outro do município. São mais de 200 mil passageiros transportados em menos de 30 dias! Em 2016 queremos que todo o sistema seja público e gratuito. Além de tudo de excelente qualidade, com motoristas treinados para o atendimento humanizado, ar condicionado, wi-fi e elevador para cadeirantes em toda a frota.

MELLO – Mas, prefeito, isso tudo parece um sonho de todo cidadão. Maricá é o município brasileiro com o maior número de habitantes a adotar a tarifa zero. Mesmo assim tem pouco mais de 140 mil habitantes. A cidade recebe royalties do petróleo. Essa gratuidade pode ser levada a todo o Brasil, mesmo a metrópoles como Rio e São Paulo?

QUAQUÁ - Direitos de cidadania só são conquistados através de mobilização popular e luta de massas. Em geral, os políticos não se movimentam para garantir direitos por conta própria. Só a pressão popular faz avançar os direitos do povo. O movimento pelo passe livre está criando as condições políticas e a consciência social de que é um direito o transporte público e gratuito. Espero que nosso exemplo em Maricá contribua para essa luta nacional.

MELLO – Mas, trazendo para a realidade. Como isso se daria em uma cidade sem os royalties do petróleo e com população bem maior que Maricá?

QUAQUÁ - Claro que as metrópoles também podem ter transporte gratuito. Acredito que essa agenda deveria ser assumida também pela presidenta Dilma. Não se gastaria muito se Governo Federal, Estados e municípios cofinanciassem um sistema público e gratuito nas cidades acima de 100 mil habitantes, por exemplo.



Madame Flaubert, de Antonio Mello

Papa Francisco surpreende ao dizer que não tinha resposta para pergunta de menina de 12 anos



O papa Francisco não cansa de surpreender positivamente o mundo. Começou por ser um argentino que não é marrento.
E segue derrubando dogmas e surpreendendo a esquerda e deixando atônita a direita, como alguém disse que faria.
Agora, nas Filipinas, questionado por uma menina de 12 anos, o papa, o infalível, o representante de Deus na Terra, como aprendi menino, disse que não tinha resposta :

"Hay muchos niños rechazados por sus padres, hay muchos que se convierten en víctimas y les pasan muchas cosas horribles, como la droga o la prostitución . ¿Por qué Dios permite que pasen estas cosas, aunque no sea culpa de los niños? Y, ¿ por qué hay tan pocas personas que nos ayuden?", le preguntó Gljzelle Palomar, de 12 años, al papa.
Emocionado, el Sumo Pontífice comentó que ella era la única que había hecho una pregunta "para la cual no hay una respuesta" , no pudiendo siquiera expresarlo en palabras "sino en lágrimas", dijo Francisco, que pidió compasión por los marginados. [Fonte]

Não é pouca coisa, num mundo de tantas "certezas" e ódios provocados por elas, o papa oferecer ao mundo o socrático "não sei".

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Parem as máquinas! FHC ganha prêmio Personalidade do Ano por não contribuir com nada há 12 anos


A notícia bomba saiu na super prestigiada coluna do ex-porta-voz de Fernando Collor Claudio Humberto:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje aos 83 anos de idade, vai receber o título de “homem do ano” mais de doze anos depois de entregar o poder ao sucessor Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro de 2003

É sensacional. O sujeito ganha um prêmio por NÃO ter feito nada...

Os tucanos adoraram. Afinal, desde que o inoperante senador nota zero Aécio Neves ganhou o Prêmio Pior Senador do Brasil, nenhuma outra nulidade do partido havia ganho qualquer prêmio por não fazer absolutamente nada.

Agora, uma certa Câmera de Comércio Brasil-EUA, uma ONG não vinculada ao governo dos Estados Unidos e que tem como únicos e exclusivos Platinum Members Itaú e Bradesco, premia o ex-presidente por sua absoluta irrelevância.

FHC é um fenômeno.
  • Conhecido como Pai do Real, embora o verdadeiro seja Itamar Franco
  • Durante seu governo, fez a Globo sustentar uma repórter na Espanha baseado na hipótese de que ela teria um filho seu
  • Após o governo, registrou o filho com a repórter e só mais adiante descobriu que o filho não era dele
  • Defende a maconha, o que nunca fez como presidente, embora diga que nunca fumou nem cigarro nem sequer viu cocaína na vida
  • Reconhecido como principal líder tucano, embora jamais tenha liderado uma manifestação partidária nas ruas
  • Recebe R$ 22 mil por mês da USP há 45 anos anos, sem trabalhar

Ele e a tal Câmera se merecem.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

Acusado por um cego e um esquizofrênico, negro está na solitária há 42 anos nos EUA

Pelo título parece piada. Mas só se for dos Gentilis da vida, que não têm graça nenhuma para quem é o alvo.

Nos EUA,  Albert Woodfox mofa numa solitária de três metros por dois há inacreditáveis 42 anos. Por um crime que ele nega ter cometido e pelo qual foi condenado à prisão perpétua por depoimentos de um cego e um esquizofrênico.

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Preso por roubo no fim da década de 1960, Woodfox fundou uma unidade do movimento Panteras Negras, grupo radical de defesa dos negros americanos, na prisão de Angola, na Louisiana. Ele pretendia lutar contra as violações dos direitos humanos que ocorriam na prisão.

Em abril de 1972, o guarda penitenciário Brent Miller, 23, foi morto a facadas enquanto fazia a ronda em um dos complexos de Angola. Woodfox e outro Pantera, Herman Wallace, foram acusados da morte e colocados na solitária no mesmo dia –condição em que Woodfox está até hoje, mesmo após transferido para outra prisão em 2010.

Em 1973, os dois foram condenados à prisão perpétua. Woodfox e Wallace nunca assumiram a autoria do crime e dizem ter sido perseguidos por causa da militância dentro da prisão.

A defesa afirma que a principal testemunha do caso, um homem condenado por estupro chamado Hezakiah Brown, foi subornado pela diretoria da prisão para prestar seu depoimento – ele foi perdoado e libertado mais tarde.

Entre os presos que testemunharam contra os Panteras também está um cego que disse em depoimento ter visto Woodfox saindo do local do crime e outro diagnosticado com esquizofrenia. [Fonte :Folha]

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Graças a essa "temporada" na cadeia, Woodfox sofre de hipertensão, insuficiência renal crônica, diabetes tipo 2 e insônia.

Em novembro passado, uma juíza mandou libertá-lo. No entanto, a procuradoria recorreu e ele continua preso.

Uma obstinação semelhante à de Mandela. E pelos mesmos motivos.
Mas nem assim ele se deixa vencer: "Se a causa é nobre o suficiente, você pode carregar o peso do mundo nas costas. E, então, eles nunca conseguirão me quebrar".

Comigo não. Fizemos nossa parte. PT e governo não fizeram a deles

Estou de saco cheio do círculo vicioso em que alguns militantes/governistas querem nos colocar.

Lula admite erros do PT e do governo. Dilma, idem. Mas eu e outros defensores do governo (mas não de tudo o que faz o governo), não.

Alegam que estamos fazendo o jogo dos adversários,  que a composição do Congresso está ainda pior e mais à direita, que o PT diminuiu sua bancada... Sem nenhuma autocrítica sobre isso.

A solução que apontam é a mesma, que a meu ver é responsável por esse quadro: continuar apoiando bovinamente o governo, ainda que, por exemplo, a musa do agronegócio contradiga tudo o que pregam.

A escolha de Katia Abreu, a nova ministra da Agricultura, que decretou em entrevista que não existe latifúndio no Brasil, não obedeceu aos critérios defendidos pelos mais realistas que a rainha: Abreu não é a preferida da cota do PMDB nem dos ruralistas. É escolha pessoal de Dilma.

No entanto, não podemos criticá-la, mesmo após ela nos esbofetear com o elogio desvairado que fez ao ministro do STF Gilmar Mendes em artigo publicado na Folha.

Será que não enxergam que o Congresso está mais direitoso, o PT encolhe e as ruas gritam por bandeiras que já foram nossas exatamente porque abandonamos algumas das principais delas em nome de um futebol de resultados a la Parreira que está nos matando?

A seguir nesses passos, na próxima eleição arriscamos perder a presidência, ou ter uma bancada ainda menor e um Congresso mais à direita ainda. E aí os "idiotas da objetividade" (obg Nelson Rodrigues) vão defender o criminoso Bolsonaro para um ministério, em nome da governabilidade e da tal correlação de forças.

Fizemos nossa parte. Defendemos a manutenção do governo, votamos nele, e se nossos votos quase não foram suficientes para reeleger Dilma e não conseguiram eleger um Congresso melhor, muito da culpa está nesse governismo de resultados, que descaracteriza nossas lutas e coloca o PT muitas vezes defendendo o oposto de suas bandeiras históricas.

O máximo que se deve aceitar de composição é jogar pelo empate (nenhum direito a menos, como disse a presidenta) . Para fazer gol contra não contem comigo.

Aécio já deixou crescer a barba. Temos que colocar a nossa de molho.

Presidenta diz 'nenhum direito a menos', após cortar direitos. Quero coração valente com a auditoria da dívida

Em artigo publicado neste sábado na Folha o ex-porta-voz do governo Lula André Singer denunciou uma contradição evidente entre as intenções do governo e suas ações.

Comentando sobre a medida do governo que retira direitos que afetam em última instância os trabalhadores e entre eles os mais pobres, Singer escreveu:

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Dilma Rousseff encerrou a mensagem ao povo reunido para a sua segunda posse em Brasília com um juramento. "Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só o caminho à frente. Esse é meu compromisso sagrado perante vocês."

No entanto, três dias antes, o governo anunciou que cinco benefícios previdenciários sofreriam cortes de R$ 18 bilhões. A tesoura vai cair sobre o seguro-desemprego, o abono salarial, a pensão por morte, o auxílio-doença e o seguro defeso (voltado para os pescadores). Todos de interesse direto dos pobres. O montante subtraído equivale a cerca de 70% do gasto com o Bolsa Família em 2014.
(...)
O argumento apresentado para compatibilizar a gritante contradição é que não se trata de retirar direitos e sim corrigir "distorções".

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Se o mau uso de benefícios (as tais distorções) foi o critério para as alterações, por que não se mexeu nas pensões das filhas "solteiras", casadíssimas no mundo real mas não no papel?

Quantas empregadas domésticas se casam com seus patrões idosos Brasil afora (um dos "golpes" citados pelos defensores das medidas) para receberem pensão e quantas filhas de funcionários públicos civis e militares morrem "virgens" no papel, recebendo pensões de dezenas de salários mínimos, e na verdade são mães e até avós, com filhos de mais de um casamento, mas solteiras no papel?

Ah, mas essas são de classe média, alta.

Por que cortar benefícios em vez de identificar e punir os fraudadores? Por que os justos vão pagar pelos pecadores?

Tem mais. Dizem que vão economizar R$ 18 bilhões, mas cada ponto na Selic aumenta a dívida (não auditada) em R$ 10 bilhões. E só após vitória de Dilma a taxa aumentou 0,75, ou R$ 7,5 bilhões.

Finalmente, por que se faz qualquer coisa menos uma auditoria nesta maldita dívida?

Canalhas medem o Brasil com sua régua, mas Santayana mostra os brasileiros que fazem o Brasil

Como é bom começar o ano - e um ano importante, ao menos para mim, o do décimo aniversário do Blog do Mello - com uma postagem rica em conteúdo de um de nossos grandes mestres jornalistas, Mauro Santayana.

Em seu Blog, e comentando o momento em que a mídia e os derrotados das últimas eleições querem apresentar o Brasil como um país de ladrões e pilantras, Santayana adverte já no titulo: "O Brasil não é feito só de ladrões".

Como sempre faço, publico um trecho e remeto para a postagem original.

Leiam, curtam e comecem 2015 com uma aula de Brasil. Feliz 2015 a todos nós!

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Em que ponto estamos de nossa História ?

Nesta passagem de ano, somos 200 milhões de brasileiros, que, em sua imensa maioria, trabalham, estudam, plantam, criam, empreendem, realizam, todos os dias.

Nos últimos anos, voltamos a construir navios, hidrelétricas, refinarias, aeroportos, ferrovias, portos, rodovias, hidrovias, e a fazer coisas que nunca fizemos antes, como submarinos - até mesmo atômicos - ou trens de levitação magnética.

Desde 2002, a safra agrícola duplicou - vai bater novo recorde este ano - e a produção de automóveis, triplicou.

Há 12 anos, com 500 bilhões de dólares de PIB, devíamos 40 bilhões de dólares ao FMI, tínhamos uma dívida líquida de mais de 50%, e éramos a décima-quarta economia do mundo.

Hoje, com 2 trilhões e 300 bilhões de dólares de PIB, e 370 bilhões de dólares em reservas monetárias, somos a sétima maior economia do mundo. Com menos de 6% de desemprego, temos uma dívida líquida de 33%, e um salário mínimo, em dólares, mais de três vezes superior ao que tínhamos naquele momento.

De onde vieram essas conquistas?

Do suor, da persistência, do talento e da criatividade de milhões de brasileiros. E, sobretudo, da confiança que temos em nós mesmos, no nosso trabalho e determinação, e no nosso país.

Não podemos nos iludir. Não estamos sozinhos neste mundo. Competimos com outras grandes nações, que conosco dividem as 10 primeiras posições da economia mundial, por recursos, mercados, influência política e econômica, em escala global. Não são poucos os países e lideranças externas, que torcem para que nossa nação sucumba, esmoreça, perca o rumo e a confiança, e se entregue, totalmente, a países e regiões do mundo que sempre nos exploraram no passado - e ainda continuam a fazê-lo - e que adorariam ver diminuída a projeção do Brasil sobre áreas em que temos forte influência geopolítica, como a África e a América Latina.

Nosso espaço neste planeta, nosso lugar na História, foi conquistado com suor e sangue, por antepassados conhecidos e anônimos, entre outras muitas batalhas, nas lutas coloniais contra portugueses, holandeses, espanhóis e franceses; na Inconfidência Mineira, e nas revoltas que a precederam como a dos Beckman e a de Filipe dos Santos; nas Conjurações Baiana e Carioca, na Revolução Pernambucana; na Revolta dos Malês e no Quilombo de Palmares; na Guerra de Independência até a expulsão das tropas lusitanas; nas Entradas e Bandeiras, com a Conquista do Oeste, da qual tomaram parte também Rondon, Getúlio e Juscelino Kubitscheck; na luta pela Liberdade e a Democracia nos campos de batalha da Europa, na Segunda Guerra Mundial.

As passagens de um ano para outro, deveriam servir para isso: refletir sobre o que somos, e reverenciar patriotas do passado e do presente. Brasileiros como os que estão trabalhando, neste momento, na selva amazônica, construindo algumas das maiores hidrelétricas do mundo, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio; como os que vão passar o réveillon em clareiras no meio da floresta, longe de suas famílias, instalando torres de linhas de alta tensão de transmissão de eletricidade de centenas de quilômetros de extensão; ou os que estão trabalhando, a dezenas de metros de altura, em nossas praias e montanhas, montando ou dando manutenção em geradores eólicos; ou os que estão construindo gigantescas plataformas de petróleo com capacidade de exploração de 120.000 barris por dia, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, como as 9 que foram instaladas este ano; ou os que estão construindo novas refinarias e complexos petroquímicos, como a RENEST e o COMPERJ, em Pernambuco e no Rio de Janeiro; ou os que estão trabalhando na ampliação e reforma de portos, como os de Fortaleza, Natal, Salvador, Santos, Recife, ou no término da construção do Superporto do Açu, no Rio de Janeiro; ou os técnicos, oficiais e engenheiros da iniciativa privada e da Marinha que trabalham em estaleiros, siderúrgicas e fundições, para construir nossos novos submarinos convencionais e atômicos, em Itaguaí; os técnicos da AEB - Agência Espacial Brasileira, e do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que acabam de lançar, com colegas chineses, o satélite CBERS-4, com 50% de conteúdo totalmente nacional; os que trabalham nas bases de lançamento espacial de Alcântara e Barreira do Inferno; os oficiais e técnicos da Aeronáutica e da Embraer, que se empenham para que o primeiro teste de voo do cargueiro militar KC-390, o maior avião já construído no Brasil, se dê com sucesso e dentro dos prazos, até o início de 2015; os operários da linha de montagem dos novos blindados do Exército, da família Guarani, em Sete Lagoas, Minas Gerais, e os engenheiros do exército que os desenvolveram; os que trabalham na linha de montagem dos novos helicópteros das Forças Armadas, na Helibras, e os oficiais, técnicos e operários da IMBEL, que estão montando nossos novos fuzis de assalto, da família IA-2, em Itajubá; os que produzem novos cultivares de cana, feijão, soja e outros alimentos, nos diferentes laboratórios da EMBRAPA; os que estão produzindo navios com o comprimento de mais de dois campos de futebol, e a altura da Torre de Pisa, como o João Candido, o Dragão do Mar, o Celso Furtado, o Henrique Dias, o Quilombo de Palmares, o José Alencar, em Pernambuco e no Rio de Janeiro; os que estão construindo navios-patrulha para a Marinha do Brasil e para marinhas estrangeiras como a da Namíbia, no Ceará; os engenheiros que desenvolvem mísseis de cruzeiro e o Sistema Astros 2020 na AVIBRAS; os que estão na Suécia, trabalhando, junto à Força Aérea daquele país e da SAAB, no desenvolvimento do futuro caça supersônico da FAB, o Gripen NG BR, e na África do Sul, nas instalações da DENEL, e também no Brasil, na Avibras, na Mectron, e na Opto Eletrônica, no projeto do míssil ar-ar A- Darter, que irá equipá-los; os nossos soldados, marinheiros e aviadores, que estão na selva, na caatinga, no mar territorial, ou voando sobre nossas fronteiras, cumprindo o seu papel de defender o país, que precisam dessas novas armas; os pesquisadores brasileiros das nossas universidades, institutos tecnológicos e empresas privadas, como os que trabalham ITA e no IME, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, ou no projeto de construção e instalação do nosso novo Acelerador Nacional de Partículas, no Projeto Sirius, em São Paulo; os técnicos e engenheiros da COPPE, que trabalham com a construção do ônibus brasileiro a hidrogênio, com tubinas projetadas para aproveitar as ondas do mar na geração de energia, com a construção da primeira linha nacional de trem a levitação magnética, com o MAGLEV COBRA; nossos estudantes e professores da área de robótica, do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, várias vezes campeões da Robogames, nos Estados Unidos. [Clique aqui para ler a íntegra do texto]

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