Em editorial, O Globo defende que crianças trabalhem em 'piores formas de trabalho infantil'. Por que não me surpreendo?




Em editorial publicado neste sábado, O Globo condenou ação do Ministério do Trabalho e Previdência Social que proibiu o Clube Caiçaras, um clube de classe média alta na zona sul do Rio de Janeiro, a continuar empregando menores de 16 anos, sem respeitar a lei.

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) agendou para o dia 31 de março audiência com o Clube dos Caiçaras, localizado na Lagoa – bairro nobre do Rio -, na tentativa de converter em aprendizagem o programa que explorava ilegalmente mão de obra infantil e exigir pagamento de indenização. Em fiscalização solicitada pelo MPT-RJ ao Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), auditores fiscais flagraram 26 adolescentes entre 14 e 15 anos que trabalhavam de forma irregular como boleiros de tênis, ou seja, recolhendo as bolas durante as partidas.

Os auditores do MTPS [Ministério do Trabalho e Previdência Social] relataram que os adolescentes estavam exercendo atividade em condições listadas pelo Decreto 6481/2008 como piores formas de trabalho infantil: atividade ao ar livre, sem proteção adequada contra exposição à radiação solar, chuva e frio.

O clube já havia sido notificado e continuou na atividade ilegal, sem respeitar a determinação do Ministério do Trabalho, diferentemente do que fizeram todos os demais clubes do estado que se encontravam em situação semelhante.

Em seu editorial, O Globo defende o que chama de flexibilização de leis trabalhistas

Pode-se argumentar que o MP nada fez além de cumprir a lei. É certo. A lei, portanto, está errada. Aliás, todo o sentido da legislação trabalhista, uma herança anacrônica de Getúlio, encontra-se a léguas de distância da realidade do mercado de trabalho. Por isso, funciona contra o trabalhador. Assim como no caso dos meninos boleiros, uma atividade que, não raro, revela profissionais do tênis.


Este ‘O Globo’ é o mesmo que assedia jornalistas por apoio a abaixo-assinado que propõe redução de direito, conforme denuncia o Sindicato da categoria.

O Sindicato vai informar ao Ministério Público do Trabalho denúncias recebidas esta semana de que o jornal ‘O Globo’ estaria assediando os jornalistas em busca de apoio para um abaixo-assinado que pede a conclusão das negociações salariais de 2015 com reajuste abaixo da inflação e piso inferior ao da lei estadual.
À revelia da maioria dos jornalistas da redação, o documento que a empresa quer que os jornalistas assinem pede que a convenção coletiva do segmento de jornais e revistas seja firmada com reajuste salarial de 7% – abaixo dos 7,13% aferidos pelo INPC em fevereiro deste ano, mês da data-base da categoria.
O abaixo-assinado de ‘O Globo’ sugere ainda um piso de R$ 2.700 para jornadas de cinco horas com duas extras. A lei estadual 6.983/2015 prevê, porém, R$ 2.432,72 para jornadas de cinco horas. Pela proposta patronal, o valor da jornada legal de cinco horas seria de R$ 1.928,58 – 20% abaixo do estabelecido pela lei em vigor.
O Ministério Público do Trabalho já investiga hoje práticas antissindicais no setor de radiodifusão, como obrigar funcionários a assinar documentos contra direitos conquistados pelos trabalhadores e contra o Sindicato. A expectativa agora é que as denúncias em ‘O Globo’ direcionem as investigações também para o segmento de jornais e revistas.
Além de coagir os jornalistas a assinar um documento que reduz direitos de toda a categoria, ‘O Globo’ realiza este mês o terceiro ‘passaralho’ do ano. Dezenas de profissionais foram demitidos, principalmente nas redações dos jornais ‘O Globo’ e ‘Extra’. O Sindicato recebeu denúncias de irregularidades e de assédio moral nos três grandes processos de demissão feitos pela empresa.
As negociações salariais dos jornalistas de jornais e revistas andam a passos lentos por conta de impasses do sindicato patronal, que se recusa em cumprir a lei estadual que garante o piso salarial dos jornalistas do Estado do Rio de Janeiro. A Infoglobo, inclusive, é alvo de ação movida pelo Sindicato por descumprimento da lei. A primeira audiência está marcada para abril de 2016 na 40ª Vara do Trabalho.

Não há surpresa nisso. Afinal, O Globo sempre esteve na contramão do Brasil, ao longo da história. Cotas, ProUni, Getúlio, Lula.

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