Sonhei que Fernandinho Beira-Mar comandava a sessão do impeachment de Dilma na Câmara




Sonho estranho. Fernandinho Beira-Mar passeava em meio a nossos nobres deputados e era saudado por eles. Uns eram mais efusivos. Outros, nem tanto.

Mas o curioso é que ninguém estranhava sua presença ali, ainda que vestido com o uniforme da cadeia. Ele estava sorridente, com seu olhar de psicopata e a autoconfiança destes. Seguia, abrindo caminho, como uma grande personalidade, e os deputados se abriam em pétalas a seu redor.

Até que ele se dirigiu à mesa central da Câmara, sentou-se no lugar reservado ao presidente da sessão e declarou aberta a votação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Boa parte das excelências excelentíssimas fez uma pequena algazarra em comemoração.
Foram imediatamente repreendidos por ele:

- Esta é a Casa do povo brasileiro. Presidida por mim. Exijo respeito.

Todos, em silêncio de meninos e meninas de colégio interno, dirigiram-se a seus lugares, sentaram-se e se comportaram como alunos diante do professor.

Tudo na maior naturalidade.  Como se ali, diante deles, os comandados, não estivesse um dos mais frios bandidos do país.

Foi aí que algo aconteceu. Ao fixar meus olhos nele com bastante atenção, percebi que não, não se tratava de Fernandinho Beira-Mar. Era o deputado Eduardo Cunha, eleito por seus pares Presidente da Câmara, terceiro nome na ordem de sucessão presidencial.

Acordei assustado, e mais assustado estou porque esse pesadelo não sai da minha cabeça. E o núcleo do pesadelo não é a alternada presença de Fernandinho Beira-Mar ou Eduardo Cunha na presidência da Câmara e do processo de impeachment de Dilma, mas a absoluta naturalidade, obediência e reverência que lhes prestam deputados eleitos pelo povo.



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