Vitória de Trump leva jornalista a autocrítica: 'Vamos continuar a enganarmo-nos e aos leitores?' Ah, foi em Portugal

Embora aqui a imensa maioria da mídia tenha incorrido no mesmo erro de avaliação quanto à possibilidade de vitória de Donald Trump na corrida presidencial dos Estados Unidos , não se vê por aqui nada parecido com o sincero mea-culpa do jornalista português Miguel Esteves Cardoso.

Em sua coluna no Público, Cardoso escreveu:

É um dia feliz para Donald Trump e para a maioria que o elegeu. Para nós é um dia triste e, do ponto de vista profissional, pelo menos para mim, vergonhoso.

Trump ganhou. Nós perdemos. Por nós quero eu dizer os meios de comunicação social dos EUA e da Europa. Segundo as histórias que nós contamos aos leitores e uns aos outros o que acaba de acontecer era impossível.

As nossas sondagens e opiniões – incluindo as minhas – não só se enganaram redondamente como contribuíram para criar um perigoso unanimismo que fez correr uma cortina de fumo digno dos propagandistas oficiais dos estados totalitários.

Eu leio todas as semanas duas revistas conservadoras americanas – The Weekly Standard e National Review. Leio todos os dias o igualmente pro-Republicano Wall Street Journal. Em nenhum deles fui avisado que Trump poderia ganhar.

(...) Sinto-me vítima de uma conspiração – não da parte de Trump mas da parte dos media. Aquilo que aconteceu não foi a cobertura das eleições americanas, mas antes uma vasta campanha publicitária a favor de Hillary Clinton onde até revistas apolíticas como a Variety participaram. [Leia artigo completo aqui ]

Tanta sinceridade , tamanha autocrítica seria impossível aqui no Brasil , onde os jornalistas tem mais pose do que preparo e se fazem de analistas independentes quando apenas reproduzem o que pensam os chefes daqui ou de fora.

Nenhum deles se fez o questionamento que o jornalista português coloca em seu artigo:

E os media? Que vamos nós fazer? Continuar em campanha? Continuar a enganarmo-nos e a enganar quem nos lê?

A resposta unânime por aqui é como a da deputada corrupta na votação de Dilma: - Sim, sim, sim!, e aos pulinhos.