Ministro Marco Aurélio: 'STF fez uma 'meia sola institucional'. 'Tempos estranhos os vivenciados nesta sofrida República'


O ministro do STF Marco Aurélio Mello estranha o tempo em que estamos vivendo. Pois eu estranho que ele estranhe, ou afinal esse estranhamento não vem há muito tempo, desde que, por exemplo, iniciou-se um processo de impeachment de uma presidente da República contra quem não havia crime de responsabilidade algum (como ficou provado), comandado por um delinquente como Eduardo Cunha, que foi defenestrado e preso (como ainda continua), logo após o impeachment ser aprovado. E o STF do ministro Marco Aurélio foi parte atuante e fundamental desse impeachment, desse golpe de Estado"suave".

Então por que ele estranha, a não ser pelo fato de ter sido voto vencido na reunião do Plenário do STF que decidiu pela continuidade de Renan Calheiros na presidência do Senado?
“A previsão constitucional não encerra a possibilidade de pular-se este ou aquele integrante da linha. A interpretação nada mais revela do que o já famoso ‘jeitinho brasileiro’, a meia sola constitucional”, disse Marco Aurélio. [Fonte: Estadão]
“Hoje, pensa o leigo que o Senado da República é o senador Renan Calheiros. […] Diz-se que, sem ele, tomado como um salvador da pátria amada, não teremos a aprovação de medidas emergenciais visando combater o mal maior, que é a crise econômico-financeira. […] Quanto poder! Faço justiça ao senador Renan Calheiros. Tempos estranhos os vivenciados nesta sofrida República.”
O que o ministro estranha é que tenham permitido agora o que não permitiram a Eduardo Cunha, continuar na linha de sucessão sendo réu. Cunha foi impedido e agora Renan, não. A meia sola foi deixar que ele continue no cargo até que o Plenário dê sua decisão final no sentido de impedir que um réu fique na linha sucessória.

Só que isso já está decidido, só ainda não foi batido o martelo porque um dos ministros pediu vistas do processo, quando o resultado já estava definido na direção da proibição. E pediu vista, todos sabemos, pelo mesmo motivo de agora, manter Renan na presidência do Senado, enquanto ele joga em favor do golpe, aprovando as medidas econômicas, como antes tocou a votação do impeachment.
No momento do pedido de Toffoli, seis ministros já haviam manifestado voto, sendo todos a favor de que réus não possam figurar na linha sucessória da Presidência da República. Foram eles: Marco Aurélio, Teori Zavasacki, Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Celso de Mello.[ Fonte: Agência Brasil]
Estranho é o ministro estranhar. Os tempos estão estranhos porque vivemos um tempo de golpe de Estado, com um governo inepto e ilegítimo tomando medidas que não foram aprovadas pela população, e que por isso vai cair, mais dia, menos dia.