Parceria multimilionária entre laboratórios farmacêuticos e médicos inescrupulosos aumenta seus lucros e ganhos em prejuízo da saúde da população.
Novas doenças são "identificadas" (ou criadas?) e até possíveis futuros problemas estatísticos são medicamentados hoje para "prevenir" seu possível surgimento. Tudo isso bem longe da ética, com o pensamento único e exclusivo no lucro.
- Bom, mas isso é o capitalismo, estúpido!...
No final da década de 1970, Henry Gadsden, CEO de uma grande empresa farmacêutica, disse a uma revista de negócios que a indústria tinha um problema: ao medicar e curar doenças estavam limitando sua base de clientes.
Precisavam reinventar o conceito de doença, para que pudessem tratar não só os doentes, mas também aqueles que estavam bem, e conseguir fazer com que tomar drogas fosse algo tão corriqueiro quanto mascar chiclete, medicando (com remédios produzidos pelos laboratórios) a vida moderna.
Com isso, viver passou a ser uma enfermidade que necessita ser tratada por meio de vitaminas, estimulantes, ansiolíticos, drogas para dormir, para acordar, para sentir prazer, para se alienar e repousar... até o descanso eterno.
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Em 1980, em uma reunião da American Psychiatric Association (APA), um psiquiatra apresentou um novo manual que causou uma grande mudança na forma como a doença mental deveria ser definida e diagnosticada.
Foi a terceira edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-III) da APA, escrita pelo psiquiatra Robert Spitzer e sua equipe.
Seu objetivo era classificar cada condição mental, incluindo novos distúrbios identificados.
O DSM-III introduziu 265 categorias de diagnóstico e transformou a teoria e a prática da saúde mental.
A psiquiatria mudou para sempre.
A gama de novas doenças que o DSM-III ofereceu e a abordagem para diagnosticá-las usando uma lista de verificação permitiram que empresas farmacêuticas criassem nichos para o desenvolvimento de toda uma série de novos medicamentos, que foram então comercializados tenazmente.
O psiquiatra francês Allen Frances ilustra o que aconteceu com o exemplo de uma das drogas legais mais conhecidas.
"O DSM-III foi publicado em 1980. Em 1987, o Prozac apareceu, embora fosse um medicamento que já existisse há 15 anos, e esse objeto inútil de repente tornou-se um dos maiores sucessos de vendas na história da indústria farmacêutica", diz ele.
"Como eles fizeram isso?" Através de um marketing extremamente inteligente e agressivo, que utilizou o DSM-III como forma de fomentar doenças, vendendo a doença para vender a pílula.
"Se você pode levar o público a pensar que os desconfortos e as dores de suas vidas são facilmente resolvidos com uma pílula, então você terá um fenômeno de marketing que gerará dezenas de milhões de dólares por ano".
A parceria com os médicos
Para lançar um novo medicamento antidepressivo, o laboratório Pfizer desenvolveu uma ferramenta para que os médicos diagnosticassem a depressão com mais facilidade.O laboratório faz o trabalho de exame pelo médico, que só tem que adequar o paciente à ferramente e prescrever o medicamento. Moleza...
Kurt Kroenke, professor de Medicina da Universidade de Indiana, EUA, ajudou-os.
"Desenvolvemos a primeira versão, chamada PRIME-MD, mas o que realmente teve sucesso foi a parte da depressão chamada PHQ-9, porque tem nove perguntas que chamamos de critérios ou sintomas de depressão grave ", diz Korenke à BBC.
"Pacientes e médicos estão acostumados a ver pressão sanguínea ou açúcar no sangue em números, então criamos uma pontuação de 0 a 27 e [a ferramenta] tornou-se muito popular". [continue lendo na BBC, em espanhol]
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