Oficialmente, o tucano Xico Graziano abandonou a campanha de seu correligionário Geraldo Alckmin no dia 3 de outubro, a quatro dias das eleições em primeiro turno.
Mas este retuíte dele reproduzido a seguir mostra que Graziano já estava em outra campanha há mais tempo. Repare na data, 29 de setembro.
O 29 de setembro é emblemático. Porque foi o dia da grande manifestação das mulheres pelo #EleNão, quando verdadeiras multidões encheram ruas e praças do país contra o candidato Bolsonaro.
Xico Graziano é conhecido por trabalhos nos bastidores, relacionados a grampos, espionagens e, nos últimos tempos especialmente, campanhas de divulgação do que hoje é chamado de fake news, em larga escala nas redes sociais, de que é especialista. Atuou assim nas campanhas de Serra em 2010 e Aécio em 2014.
Foi a partir do iFHC, quando Graziano e seu filho estavam por lá, que foram disparadas as fake news que afirmavam que o filho de Lula, Lulinha, era milionário, dono da Friboi, de Ferrari de ouro, mansão etc. [imagem lá acima]
Coincidentemente, foi a partir do dia 29 de setembro do tuíte de Graziano que a campanha de Bolsonaro começou nos bastidores, pelo WhatsApp, uma intensa onda de boatos, todos ligadas a tópicos que feririam a "decência" da sociedade: kit gay, mamadeiras com bico em forma de pênis, pedofilia, mulheres de esquerda "seriam sujas e defecariam nas ruas"...
Evidentemente isso era uma orientação de alguém que escolheu o tema "decência" para a campanha e centrou a ação dos disparos de milhões de mensagens fazendo a oposição decência-indecência.
E Graziano confirmou isso no Twitter ao comemorar o motivo da vitória de Bolsonaro. Na segunda imediatamente após o domingo da eleição ele já escrevia e zombava dos analistas políticos:
Decência mais redes sociais. Traduzindo, tema da campanha (decência, Graziano), mais redes sociais (Bannon e a Cambridge Analytica) é que explicariam a vitória do Bolsonaro.
Esse conceito de "decência" Xico Graziano afirma que pegou de seu mentor, Fernando Henrique Cardoso, de quem ele é devoto a ponto de escrever artigo na Folha em 2016 apontando FHC como único nome capaz de salvar o Brasil.
Quando em 3 de outubro Graziano se desligou oficialmente da candidatura Alckmin, ele já estava por trás do esquema vitorioso de Bolsonaro e que levou à surpreendente eleição de nomes até então desconhecidos do eleitorado.
(No Rio, por exemplo, o candidato Witzel tinha apenas 9 pontos nas pesquisas, longe dos primeiros colocados, no dia 4. No dia 7, três dias depois (e quatro após a ida de Graziano para a campanha de Bolsonaro) ele cravou 41% dos votos válidos ultrapassando todos os demais por larga margem. 32 pontos em 3 dias.)
FHC não pode ser acusado disso, mas ele certamente foi o inspirador de Graziano e este foi o mentor da ação espetacular em defesa da "decência", com o auxílio do esquema da Cambridge Analytica, de Bannon.
Trio que pode ser responsável por levar Bolsonaro à presidência do Brasil e o país ao caos.
Logo, para combater o esquema Bolsonaro, o foco é mostrar que decência e Bolsonaro são inconciliáveis. Aí deveria centrar fogo a campanha de Haddad.
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