Bolsonaro no centro da crise. Dinheiro do policial para sua esposa seria mensalinho?

Bolsonaro preocupado

O presidente eleito Jair Bolsonaro chamou para si a crise do depósito de um cheque de R$ 24 mil para sua mulher Michelle Bolsonaro feito por um policial que trabalhava de motorista para seu filho Flávio.

Bolsonaro disse que o depósito foi parte do pagamento de um empréstimo de R$ 40 mil que teria feito ao policial, que seria seu amigo há muitos anos. 

Há alguns problemas aí. O policial está enrolado, porque foi denunciado pelo Coaf por haver movimentado mais de R$ 1,2 milhão em apenas um ano, sem ter fontes de rendimentos para isso. Quase R$ 400 mil teriam sido movimentados em dinheiro vivo. 

Por que alguém que faz tal movimentação pediria R$ 40 mil emprestados? Por que devolveu o dinheiro a mulher de Bolsonaro e não a ele? Se Bolsonaro emprestou o dinheiro como diz, quando o fez? Foi em cheque? Em dinheiro vivo? Quando fez o saque para fazer o empréstimo? Faltam essas explicações. Mas tem mais.

Há outro fato obscuro na história. Bolsonaro disse que o pagamento do tal empréstimo foi feito em cheques de R$ 4 mil. Já o Coaf fala em um cheque de R$ 24 mil. Falta explicar isso daí.
Mas, e os cheques de R$ 4 mil? Por que Bolsonaro tocou na existência deles? Ele estaria se antecipando a uma possível divulgação de uma série de cheques nesse valor?

Usando o método que sempre foi usado contra o PT, fiz uma conta rápida. A filha do policial, Nathália, trabalhou para o gabinete de Bolsonaro entre dezembro de 2016 e outubro de 2018. Recebeu, portanto, 21 salários no período. Há, segundo o Coaf, um valor de R$ 84 mil anotado ao lado do nome dela. R$ 84 mil é exatamente 21 vezes R$ 4 mil. Muita coincidência ou mais do que isso?

Seria esse dinheiro um depósito que a filha fez na conta do pai para que esse repassasse para a família de Bolsonaro, como um mensalinho pelo emprego, a la Geddel, que recebia boa parte dos salários das pessoas que empregava no governo?
Seria o policial um gerente dos salários dele, da esposa e das filhas (todos empregados na Alerj e na Câmara pelos Bolsonaro), que contribuiriam com parte significativa de seus salários para uma caixinha do Jair?

Cabe à PF investigar.

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