Procurador Carlos Fernando ataca Greenwald, mas acaba desmoralizando tese de um hacker


Em seu perfil no Facebook, o ex-procurador, que foi um dos nomes de frente da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, chama o vencedor do maior prêmio do jornalismo mundial, o Pulitzer,  Glenn Greenwald de "pseudo jornalista", acusa-o de desinformação e difamação e duvida até mesmo da existência do material  ("se é que recebeu") que está sendo divulgado pelo The Intercept Brasil.

No entanto, com sua postagem ele ajuda a enterrar a tese do hacker, pelo menos o "hacker" que teria invadido o celular de Moro, da substituta de Moro, que condenou Lula no sítio de Atibaia, Gabriela Copia e Cola Hardt, e outros procuradores. Todos alegam que o "hackeamento" teria acontecido no mês passado.

Mas Carlos Fernando, um dos citados no vazamento do Intercept, afirma que seu Telegram foi desativado e desinstalado e sua conta deletada em setembro do ano passado.

Como o Telegram oferece a oportunidade de deletar sua mensagem não apenas para você, mas também para o receptor destinatário ( a opção existe há pelo menos dois anos), a fonte de Greenwald fez a cópia dos arquivos pelo menos antes de setembro de 2018, ou não teria nada de Carlos Fernando.

Se foi mesmo um hacker, por que ele copiaria tudo e ficaria mais de seis meses para distribuir o material? Ninguém se daria a esse trabalho imenso, se já não soubesse o que fazer com ele.

Além do mais, uma dúvida: quanto tempo demoraria um hacker para baixar esse caminhão de arquivos - segundo Glenn, maior do que o de Snowden - sem ser descoberto pelo "sagazes" procuradores da Lava Jato, auxiliados pelo FBI?

Somando-se a isso o fato de que o Telegram afirmou que não foram registradas tentativas de invasão ao aplicativo, a ideia de um hacker fica mais difícil de defender.

Mas, e se em vez de um hacker, houvesse alguém de dentro da Lava Jato, que participasse do grupo, com acesso a todo o material, chats etc., e essa pessoa fizesse backup de tudo, desde o primeiro dia, seja lá por que motivo, nerdice, personalidade acumulativa...

Ou mais: E se houvesse na Lava Jato um procurador que tivesse, por exemplo, um amigo ou irmão advogado, que poderia receber uma fortuna ao saber de tudo da Lava Jato em primeira mão e usar em benefício de seus clientes na famosa fábrica de delação premiada?

Havia na Lava Jato pelo menos uma pessoa com esse perfil e seu nome está sendo ventilado nas redes como a possível fonte de Glenn.

Fato é que tudo isso é diversionismo. O foco são as informações que revelam o intestino da Lava Jato e como ela foi montada e dirigida para condenar Lula e tirar o PT do poder.

Até o momento, nenhuma das mensagens divulgadas foi contestada, a não ser por Carlos Fernando, que diz que não falou nada daquilo, mas também não pode provar que não falou, pois teria deletado todos as suas conversas.

Para desespero de Moro, Dallagnol e demais lavajatistas, e também da mídia que se envolveu nos vazamentos criminosos e que virão à boca de cena, Greenwald criou expertise com o caso Snowden (que lhe rendeu o Pulitzer) e tece com paciência sua teia. Quanto mais os lavajatistas se debatem, mais ficam presos nela.

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