Procuradora confirma veracidade das reportagens do Intercept em artigo no El País

DALLAGNOL, POWERPOINT E VAZAJATO

Só mesmo os que têm consciência pesada sobre o que fizeram na Operação Lava Jato, Moro e procuradores, tenta desmentir material divulgado por um jornalista que passou pela prova de divulgar arquivos secretos do governo dos Estados Unidos, e, portanto, foi submetido a checagens e rechecagens de sua vida.

Quer dizer, somente eles, não. Há também os que acreditam em terra plana, que aquecimento global não existe, a Globo é comunista, que Haddad iria distribuir kit gay e mamadeira de piroca para crianças em creches, que Bolsonaro é mito e Carlutcho machão.

Agora o El País Brasil, versão brazuca do tradicional jornal espanhol, publica reportagem em que mostra que uma procuradora, que pertencia ao grupo de procuradores do Telegram de onde as mensagens são retiradas, confirmou de forma indireta a veracidade do conteúdo que foi publicado.
O conteúdo da nova reportagem revela trechos de uma conversa privada dos procuradores que coincidem com a linha de raciocínio de um artigo publicado pela procuradora Jerusa Viecili no EL PAÍS Brasil no dia 28 de outubro. 
No dia 25 de outubro, Viecili desabafava com os colegas, segundo as mensagens reproduzidas pelo The Intercept Brasil: “Pessoal, desculpem voltar ao assunto (sou voto vencido), mas, somente esta semana, várias pessoas, inclusive alguns colegas e servidores, me questionaram a ausência de manifestação da FT [força-tarefa] diante de alguns posicionamentos dos candidatos à Presidência. Fato é que sempre nos posicionamos diante de várias ameaças ao nosso trabalho e, nos últimos dias, temos ficado silentes, mesmo com ameaças de candidatos à independência do Ministério Público (nomeação de PGR fora da lista tríplice) e à liberdade de imprensa. Em outros tempos, por motivos outros, mas igualmente relevantes e perigosos, divulgamos nota, convocamos coletiva e ameaçamos renunciar (!)”, reclama ela, lembrando que isso colocava em xeque a credibilidade do trabalho. “Agora, jornalistas escrevem no Twitter que a LAVA JATO é caso de desaparecido político, pois já alcançou o que queria. Acho muito grave ficarmos em silêncio quando um dos candidatos manifesta-se contra a nomeação do PGR da lista tríplice, diante de questões ideológicas. Mais grave ainda, assistirmos passivamente, ameaças à liberdade de imprensa quando nós somos os primeiros a afirmar a importância da imprensa para o sucesso da Lava Jato”, dizia ela. “Nossa omissão também tem peso e influência. Eu sinceramente não quero (e isso apenas a história dirá) que a Lava Jato seja vista, no futuro, como perseguição ao PT e, muito menos, como corresponsável pelos acontecimentos eleitorais de 2018”, completava.
Diante da falta de apoio registrado no diálogo, Viecili decidiu por si só se posicionar em um artigo enviado ao EL PAÍS Brasil na noite do dia 27 de outubro, e publicado no dia 28, sob o título Corrupção se combate com respeito à liberdade e à imprensa. Assim nasceu a Lava Jato.
Poucos dias depois, segundo as mensagens do The Intercept Brasil, a procuradora se queixava novamente, mas desta vez, sobre as especulações a respeito de um possível convite para que o então juiz Sergio Moro fosse ministro da Justiça no Governo Bolsonaro, que venceu com folga o segundo turno no dia 28. “Espero que não seja verdade”, escreve Viecili, que ilustra com um emoji de insatisfação. Então o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, tenta contemporizar, dizendo…“Acho que não vai converter nem desconverter ng [ninguém] do que já acha sobre a LJ, nesse ponto. Viecili então diz que não se trata de converter ou não pessoas. “É sobre preservar a LJ”. E completa. “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.”
Sua colega, Laura Tessler, endossava dizendo “Tb acho péssimo. MJ nem pensar... além de não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo”. Isabel Cristina Vieira, é a terceira a endossar: “É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado.” [leia mais no El País]
Com o artigo da procuradora, já são dois os procuradores que confirmam a veracidade das mensagens.

Vem mais por aí, porque certamente ainda há procuradores que desejam Justiça no país e não compactuam com as manobras de Moro, Dallagnol e a turma da Lava Jato. 


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