Lula: 'Foi assim que eu comecei a minha vida e é assim que vou deixar a minha vida. Lutar até o último batimento do meu coração'


Em outro trecho da entrevista de Lula ao Sul21, o presidente falou sobre seus anos de governo e a expectativa de voltar à liberdade:
Quando eu fui eleito presidente, botei na cabeça que eu não podia errar. Eu mirava o exemplo do Lech Walesa, na Polônia, que foi candidato à reeleição é só teve meio por cento dos votos. Em segundo lugar, o Brasil não era meu. Eu que era do Brasil. Eu não queria governar apenas a partir das minhas ideias. Por isso criei o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, reunindo empresários de todos os setores, sindicalistas, pastores da igreja evangélica, bispos da igreja católica, índios, negros, toda a sociedade participava do Conselhão. Ali se discutia assuntos importantes e se formulava propostas. Muitas dessas propostas foram colocadas em prática pelo governo. Nós resolvemos que não tem um único jeito de fazer a economia crescer e era preciso muita diversificação e diversidade de investimentos.

Lembro que eu dizia para o Guido [Mantega] e para o [Henrique] Meirelles quando a gente viajava juntos: vocês falam muito da macroeconomia, mas precisam se dar conta de que o sucesso da economia no Brasil deve-se ao crescimento da microeconomia, É o sem terra poder comprar mais semente e ter mais crédito. É o sem teto poder ter casa e fazer um puxadinho. É a dona de casa poder fazer um empréstimo de 300 reais. Ou seja, é criar condições de espraiar a possibilidade de as pessoas terem acesso a oportunidades e ao dinheiro, além da geração de empregos e do aumento anual do salário mínimo. Não tem nada para gerar mais renda do que isso. Quando criamos o programa Fome Zero, antes de transformá-lo no Bolsa Família, a Rede Globo dizia: por que não investe esse dinheiro em estrada ou faz ponte. Eu não faço ponte porque o povo não come cimento. O povo come feijão, arroz, farinha. Quando esse povo estiver com a barriga cheia ele vai ter força pra fazer ponte, estrada ou o que tiver que fazer. Essas pessoas nunca levaram em conta os milhões de deserdados que há neste país. É só você andar agora nas ruas de São Paulo para ver a quantidade de gente que está morando na rua. Talvez em Porto Alegre esteja acontecendo o mesmo. Não é possível que um país deste tamanho esteja regredindo do que jeito que está.

Se eu sair daqui, eles podem estar certos de uma coisa. Não adianta querer tirar o Lula daqui, mandar ele pra casa e colocar uma tornozeleira no bicho. Eu não quero sair daqui por caridade e minha canela não é canela de pombo. Não aceito tornozeleira. Eu quero sair daqui com 100% da minha inocência. Fora disso, esqueçam. Vou brigar pela minha inocência 100%. A única coisa que posso fazer é ficar de cabeça erguida e lutar. Eu tenho a obrigação de provar para o povo brasileiro que o Moro e o Dallagnol são mentirosos. Tenho a obrigação de provar que aqueles juízes do TRF4 do Rio Grande do Sul mentiram. Não leram o processo e já estão se preparando para me condenar noutro para evitar que eu saia daqui, eu conheço as figuras. Se eles acham que isso vai me curvar ou fazer com que eu fique quietinho, esqueçam. A única coisa que vai me deixar quieto é a minha inocência. Quando eu estiver com a minha inocência provada, eu vou dar trabalho para quem acha que pode fazer o povo de palhaço neste país. Foi assim que eu comecei a minha vida e é assim que vou deixar a minha vida. Lutar até o último batimento do meu coração.


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