No Rio, em defesa da vida, professores se unem para dizer NÃO à volta às aulas em plena pandemia



No Rio, professores se unem contra o retorno às aulas, que põe em risco suas vidas e as das crianças em meio a uma pandemia.

Recebi um e-mail de uma delas, que repasso a seguir, pois a luta é de todos nós contra o vírus e seus aliados, os gestores que colocam seus negócios políticos em lugar de proteger a vida dos cidadãos.

Resolvemos fazer uma Campanha que acolha e fortaleça a todos os professores e professoras que, neste momento, estão precisando de apoio para dizer NÃO à volta às aulas em plena pandemia.
Temos lidado com o descaso, a pressão e a falta de equilíbrio emocional das autoridades que deveriam cuidar da população.
E, decididamente, não queremos mais ser cuidados, queremos e devemos ser os responsáveis pelas mudanças em curso.
A mais importante, nesse momento, é trazer para nós o protagonismo das ações que se referem à manutenção da Vida de nossas crianças e jovens.
Afinal, alguém tem que ser adulto nessa relação.
Somos quatro professores da Rede Municipal de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Denise Vilardo (Língua Portuguesa)
Ana Paula de Lisboa (Língua Portuguesa)
José Henrique Azevedo (Artes)
Carlos Azevedo (História)
E essa é a nossa campanha: #semmedodedizernao!
Obrigada pelo apoio

Manifesto pela Educação sem Medo
Descaradamente baseado
no Manifesto Antropofágico –
de Oswald de Andrade - 1922

Só o medo nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Ter ou não ter. Essa é questão!                    
Contra todos os medos!
Contra todas as catequeses. E contra a mãe da Hipocrisia. Só interessa que eu não me perca.
Lei do Homem. Lei da Mulher. Lei de todos e todas para todos e todas. Lei dos Educadores.
Estamos fatigados de todos os medos postos em drama.
Medo de perder o emprego. Medo da diretora. Medo do dono do colégio. Medo de perder minhas gratificações.
Medo de viver.
É chegada a hora de perder o Medo e dizer Não!
Por uma consciência participante, uma rítmica vivente.
Contra todos os importadores de consciências. E pela existência palpável da vida.
Queremos a Revolução dos Sem Medo. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do ser humano.
Queremos que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja.
Caminhamos...
Quase nunca somos ouvidos. Vivemos através do que dizem que devemos fazer.
Adote esse livro. Siga essa apostila. A orientação da escola diz que está na hora de realizar provas únicas.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
Nunca perguntamos: qual o sentido dessa escola? Qual o sentido desse currículo, dessas provas, desses horários, dessas festas?
Nunca perguntamos: qual o meu sentido de estar aqui, nesse momento presente, histórico, apenas observando a crise humanitária que 2020 está desvelando?
O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O Humanismo. Necessidade da vacina. Para o equilíbrio de todos nós. E contra as inquisições exteriores. Só podemos atender ao chamado da exposição de nós mesmos.
Buscamos a justiça mas temos medo da vingança. Temos a Ciência mas codificam como Magia. A transformação permanente do Tabu em totem. Da Verdade em mentira.
Contra o mundo desumanizado. Cadaverizado.
A paralisação do pensamento que é dinâmico. É criativo. É soberano.
Nos querem como indivíduos, vítimas do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças previsivelmente românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.
Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.
Currículos. Currículos. Currículos. Currículos. Currículos. Currículos. Currículos.
Morte e vida das hipóteses. Quem é mais sabido? Quem merece passar de ano?
E nos perdemos na equação do Eu como parte do Cosmos e do Cosmos como parte do Eu. Subsistência. Sobrevivência. Conhecimento X desânimo.
A fixação no progresso por meio do “ele vai precisar disso no futuro...”.
E os transfusores de sangue agora? Cadê a vacina?
Contra o engrandecimento do que não deve ser enaltecido. Simplesmente NÃO ao que não nos serve, ao que não cabe em nós.
É a mentira muitas vezes repetida que nos amedronta.
Queremos Política como ciência da distribuição imparcial e justa. E um sistema social-planetário.
As migrações... A fuga dos estados tediosos internos e externos. Cadê a vacina?
Contra as escleroses urbanas. Contra a pseudo-educação e o tédio especulativo.
E lidar com a ignorância real das coisas + fala de imaginação + sentimento de autoridade perversa e pervertida pelo poder pelo poder.
Mas... a Alegria é a prova dos nove. A experiência pessoal sempre renovada.
Somos Professores e Professoras! As ideias tomam conta, reagem, queimam a gente por dentro.
Acreditamos nos sinais, acreditamos nos instrumentos e nas estrelas.
Equilibramos e amor cotidiano e o modus vivendi capitalista.
A humana aventura. A terrena finalidade.
A nossa independência ainda não foi proclamada!
Por isso, caros e caras colegas, estamos fazendo esse chamamento: #sem medo de dizer não!
É uma campanha que pretende fortalecer Professores e Professoras a se declararem contrários ao retorno às aulas nesse momento. #semmedodedizernao !
Entendemos que os Educadores devem estar na Linha de Frente dessa chamada a toda a população, cientes de que somos nós, nas instituições escolares, que somos os responsáveis pelas crianças e jovens do sistema escolar. #sem medo de dizer não!
Somos nós, Educadores, que temos o dever de liderar essa Campanha. Ninguém fará isso por nós e nem deve mesmo. Já deixamos passar tempo demais, sem nos posicionarmos diante das situações que nos dizem respeito diretamente. #sem medo de dizer não!
Essa bandeira é nossa e cabe a nós levantá-la e fazê-la visível em todos os cantos das nossas cidades. #semmedodedizernao !
Campanha #semmedodedizernao !
Professores,
1.      Juntos, podemos dizer: Não ao retorno às atividades escolares em plena pandemia.
2.      Não é hora de ninguém sair do isolamento social.
3.      Só retornaremos quando houver vacina para todos: crianças, jovens e nós.
4.      Não há dilema possível: NÃO é NÃO!
5.      Não vamos discutir protocolos de retorno às aulas nesse momento. Isso não existe e nos recusamos a servir ao que não nos serve.
6.      Não daremos mais “jeitinhos” para parecer que as coisas andam bem, quando não estão nada bem.
7.      Nenhuma catástrofe econômica no mundo inteiro justifica a perda de vidas.
8.      É irresponsável e leviano forçar um retorno às aulas nesse momento.
9.      Não é hora de discutir falta de conteúdos. Não se deixem levar pelo falso argumento de que nossas crianças e jovens ‘perderão’ o ano letivo. Elas não estão perdendo coisa alguma. Estão ganhando, tendo as suas vidas protegidas e ganhando vivências para o futuro incerto que se apresenta.
10.  E, cuidado, não se apeguem a questões de aprovação/reprovação escolar, a partir desse falso ano letivo que as instituições escolares, tanto públicas quanto particulares, estão impingindo a professores e alunos, como se fosse coisa séria e decente.



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