Vídeo denúncia: Soldados de Israel cantam e dançam sobre mortos de Gaza

Não basta o sofrimento e morte espalhados pelos 24 dias de massacre do povo palestino por Israel. Influencers israelenses zombam do sofrimento dos palestinos ("animais humanos", segundo ministro de Defesa de Israel). Agora surgem estas novas imagens: soldados de Israel cantam e dançam sobre os corpos dos mortos celebrando o genocídio dos palestinos.

Lembra quando todos nos perguntamos como foi possível o Holocausto? No futuro perguntarão como foi possível o extermínio dos palestinos, sem que o mundo desse um basta a Israel, exigisse um cessar fogo imediato.

Por causa de um idiota que se autoproclamou presidente da Venezuela, Guaidó, todos os bens do país no exterior foram confiscados e foi decretado bloqueio comercial. Por que não agora contra Israel, que pratica genocídio dos palestinos sem que se faça nada para impedir?

É preciso um boicote humanitário de todos os países contra Israel, que seus bens no exterior sejam confiscados, que se pare de fazer negócio de qualquer tipo com Israel, até que pare o massacre.



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Ator Robert de Niro processado por ex-empregada que o acusa de tratá-la como 'esposa de escritório'

O ator Robert de Niro está sendo processado por sua ex-secretária pessoal Graham Chase Robinson que o acusa de tratá-la como uma "esposa de escritório". Robinson pede US$ 12 milhões como forma de reparação.

De Niro nega as acusações e acusa a antiga secretária, que o assessorou por 11 anos, de estar reagindo a um anterior processo que ele moveu contra ela acusando-a de desviar dinheiro de sua empresa, além de milhares de dólares em milhas aéreas.

Ele disse que suas tarefas incluíam agendamento, organização de viagens e compra de presentes para entes queridos. Ela disse que ele também pediu que ela fizesse coisas como consertar roupas, lavar roupa e coçar as costas.

“Não é como se eu estivesse dizendo a ela para varrer e esfregar o chão”, disse ele ao tribunal.

O ator, de 80 anos, chegou a ser advertido pelo juiz do caso por estar aparentemente (lembremos de que se trata de um ator genial) irritado com a antiga funcionária e chegou a discutir com um de seus advogados.

De Niro, premiado com dois Oscars, além de ter interpretado papéis importantes numa lista infindável de filmes memoráveis, inclusive o mais recente de Scorsese "Killers of the Flower Moon." (Assassinos da Lua das Flores), vai ter que enfrentar agora uma batalha de semanas de audiências num tribunal de Nova York, o que poderia gerar um novo filme , já que o cinema dos EUA é especialista em casos de tribunal.

Robinson está processando o ator em US$ 12 milhões por danos por sofrimento emocional grave e danos à reputação.

De Niro processou Robinson em US$ 6 milhões anteriormente, acusando-a de transferir indevidamente mais de US$ 450.000 em milhas aéreas para sua conta pessoal; gastar dezenas de milhares de dólares do dinheiro da empresa em alimentação, viagens e outros serviços pessoais; e assistir Netflix no trabalho.

Parece mesmo um barraco de fim de casamento entre um "esposo e uma esposa de escritório".

 

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Israel usa arma química superfedida contra palestinos

Quando não estão em modo massacre como agora, quando as mortes não são no atacado mas na fase em que são no varejo do dia a dia, Israel usa também uma arma química poderosa contra os palestinos: o skunk.

Mistura orgânica preparada quimicamente, viscosa, que cheira a carne apodrecida, esgoto e cadáver putrefato, causando vertigens, náuseas, vômitos, erupções cutâneas, lesões e sufocamento. Resiste a dias de lavagem (e anos sem) e só possui um antídoto, não vendido aos palestinos — informa o professor de Políticas Pública da UERJ Samuel Brown.

Segundo o professor, a arma é condenada por vários organismos internacionais e é utilizada para humilhar e constranger os palestinos, preferencialmente "a partir de canhões blindados e em granadas contra cortejos fúnebres árabes, celebrações islâmicas e mesmo contra lojas e residências de muçulmanos. A arma é usada como punição coletiva étnica após qualquer revés israelense".

 



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'Milei libertário' é o novo 'boimate' do Diretor de Jornalismo do Estadão

Tem gente que não pode ver uma casca de banana que atravessa até a rua para pisar e escorregar. Tem gente que não pode ver um vexame, que adere. É o caso do Diretor de Jornalismo do Estadão Eurípedes Alcântara, responsável pelo maior vexame do jornalismo brasileiro, o caso "boimate".

Dois biólogos da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, fundiram pela primeira vez células animais com células vegetais - as de um tomateiro com as de um boi."

Esta foi a pegadinha em que a revista Veja, comandada por Eurípedes na época, caiu. Boimate, o fruto da fusão do boi com o tomate...

Agora, à frente do Estadão, ele vem com um novo "boimate": chamar o candidato a presidente da Argentina Milei de "libertário" para passar a ideia de que é um homem que luta pela liberdade (“Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!” - Cecília Meireles). 

Está certo que dessa vez ele não está só. A mídia em peso está nessa, mas o Estadão é quem mais força a mão.

Como boimate era fruto da fusão do boi com o mate, Milei "libertário" é fruto da fusão de Bolsonaro com Tiririca.

Os "libertários"

O que tem de "libertário" um homem que defende "a privatização da educação e saúde públicas, a suspensão de todos dos programas de assistência social, um ataque devastador contra os direitos trabalhistas e as aposentadorias, a defesa de privatizações ilimitadas, livre acesso ao armamento generalizado e apoio irrestrito à violência policial, revogação do direito ao aborto, eliminação dos ministérios da educação, saúde pública, cultura, ambiente, ciência e tecnologia..." e por aí vai?

Chamá-lo de "libertário" é a forma que encontraram para tentar diferenciá-lo de Bolsonaro. Mas basta você comparar as propostas dos dois para ver que são iguais. Com os resultados que vimos.

Curioso e aparentemente contraditório, é que esses "libertários", que seriam adeptos do libertarianismo ("uma teoria política que tem a liberdade individual como valor absoluto", segundo definição da Universidade Stanford) ao mesmo tempo em que defendem essa liberdade individual defendem uma polícia forte, violenta e até o uso das Forças Armadas na "segurança pública".

Porque eles sabem que o resultado de suas políticas — sem leis trabalhistas que garantam direitos aos trabalhadores, sem proteção social, sem escolas, hospitais, políticas habitacionais — só com tiro, porrada e bomba em cima do povo para manter a "ordem".

Milei não tem nada de "libertário". É um neofascista como Bolsonaro. Já perdeu no primeiro turno e esperamos que seja derrotado de vez no segundo. 

Para tristeza do Estadão e da mídia corporativa, que vocalizam os interesses do mercado financeiro e não estão nem aí para o povo — que também, diga-se, não está nem aí para eles.

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Miguel Paiva e o vermelho que escorre na bandeira da Palestina


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Itália aprova 'lei Bolsonaro', que impede concessão de cidadania a quem tenha conspirado contra o Estado

Foi aprovada agora em primeiro turno na Itália uma lei que parece feita sob medida para impedir que seja concedida a cidadania italiana pedida por Jair Bolsonaro.

Pela nova lei, a Itália vai investigar se o solicitante cometeu alguma conspiração política e contra o Estado, antes de conceder a cidadania. 

A lei ainda vai passar pelo segundo turno, mas pela ampla maioria conquistada no primeiro (191 a 6), dificilmente não será aprovada. Parece feita sob medida para Bolsonaro, e o autor da lei quase diz que é.

Para o autor da proposta de lei, deputado do partido Verdi e Esquerda, Angelo Bonelli, "a aprovação da emenda é importante porque empenha o governo a modificar a lei que introduz o veto para a aquisição da cidadania diante a esses crimes".

"Quando estava pensando no texto da emenda, o caso Bolsonaro me veio à mente imediatamente. A Itália não pode permitir que pessoas que tenham conspirado contra o Estado possam ter a cidadania reconhecida. Isso não faz bem para nossa Democracia", disse.

A lei é tão sob medida que poderia até se chamar Lei Bolsonaro, porque este é o objetivo do deputado Bonelli e dos que aprovaram a lei em primeiro turno.

"Se o governo der a cidadania aos filhos de Bolsonaro ou mesmo ao ex-presidente, será um fato de gravidade sem precedentes para a democracia" - concluiu o deputado.
Portanto resta ao inelegível encarar a Papuda, onde já estão vários dos seus apoiadores, condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro.

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Polícia italiana não vê agressão a filho de Alexandre de Moraes. Ministro entra em campo

Em 14 de julho (dia da Queda da Bastilha) no Aeroporto de Roma, o ministro do STF Alexandre de Moraes teria sido agredido por uma família, tendo seu filho Alexandre Barci de Moraes recebido um tapa no rosto. Moraes disse que foi xingado de "bandido, comunista e comprado".

Foi um verdadeiro auê, declarações do ministro da Justiça Flavio Dino, deputados, senador, até o presidente da Câmara Arthur Lira, ministros do Supremo, todos condenando as agressões verbais e física.

Os agressores negam tudo. Roberto Mantovani Filho, sua mulher Andrea Muranão e o genro Alex Zanatta dizem que nem houve tapa nem xingamento.

Somente agora, três meses depois, chegou um relatório da polícia italiana. O tapa foi apenas um toque que teria "impactado levemente os óculos de Alexandre Barci de Moraes”.

Provavelmente já informado do relatório da polícia italiana, o ministro Alexandre de Moraes resolveu entrar em campo e virar formalmente assistente de acusação no processo que investiga as relatadas agressões. O ministro Dias Tofolli, relator do caso, autorizou a entrada em campo de Xandão.

Não estará havendo um escarcéu sem motivo? Xingamento de autoridades públicas faz parte da democracia. Se o sujeito não quer se submeter à opinião pública que faça serviços internos, como burocrata.

Não é por Alexandre de Moraes ter tido, e ainda estar tendo, um papel fundamental na defesa de nossa democracia que ele deva ficar imune a críticas dos que se julgam atingidos por ele e suas decisões.

O que não vale é agressão física — o que segundo a polícia italiana não houve. Teria sido no máximo um empurra-empurra.

Mas agora com a entrada em campo do ministro como assistente de acusação o caso está ganhando uma dimensão ainda maior. Pelo visto, não é pra tanto.

Ministro, continue fazendo seu excelente trabalho, mandando toda a turma golpista para a Papuda e deixe esse caso pra lá, pois só pode lhe trazer desgaste. Afinal de contas, se as imagens do aeroporto tivessem mostrado o tapa, a polícia italiana não faria o relatório que fez. Portanto, se houve o tapa ele não foi registrado, vai ficar o dito pelo não dito — a não ser que haja uma carteirada. Isso não seria fazer Justiça, não é, ministro?

Lembre-se de que foi também para isso, que todos sejam iguais diante da Lei, que houve a Queda da Bastilha num outro 14 de julho

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Mario e a mudança da imagem de Israel aos olhos do mundo


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Em discurso na TV Netanyahu dá a senha para o genocídio dos palestinos: 'Amaleque'

Em pronunciamento à nação pela TV, o primeiro-ministro de Israel deu a senha para que as tropas de Israel destruam os palestinos: Amaleque.

"Você deve se lembrar do que Amaleque fez com você, diz nossa Bíblia Sagrada."

Os amalequitas sempre são referidos na Bíblia como inimigos dos israelitas. E o que acontece na Bíblia aos amalequitas?

1 Samuel 15

1 Então disse Samuel a Saul: Enviou-me o SENHOR a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora a voz das palavras do SENHOR.

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito.

3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.

O que é isso se não uma declaração de genocídio do povo palestino?

O Ocidente vai continuar a tratar Israel como se estivesse aplicando apenas seu direito de defesa? Desde quando exterminar um povo é direito de defesa?



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Pesquisa revela o animal mais perigoso da selva africana. Você vai se surpreender

Um estudo da Universidade Western, do Canadá, publicado na revista especializada Current Biology, mostra o resultado de uma pesquisa para ver que tipo de animal causa mais medo aos animais selvagens da África.

Câmeras, microfones e alto-falantes foram estrategicamente posicionados durante a seca em locais onde se formam pequenos lagos e os animais vêm para beber água. A área fica no Parque Nacional Kruger, na África do Sul.

Os alto-falantes em volta dos "bebedouros" podiam reproduzir uma série de sons diferentes: seres humanos conversando em línguas africanas comuns na região, barulho de armas sendo disparadas, cães latindo (os dois últimos seriam indício claro de uma caçada acontecendo), leões rugindo e vocalizações de aves. As câmeras, por sua vez, estavam prontas para registrar a reação dos bichos presentes aos sons.  

O resultado foi surpreendente. Nem leões, nem tiros, o que causava mais medo aos animais e os fazia se afastarem do local era o som da voz humana. Ninguém representa tanto perigo, aos ouvidos deles, quanto nós.

Essas informações estão na coluna de Reinaldo José Lopes, na Folha.

Estudos comprovam que animais detectam desastres naturais e procuram locais protegidos muito antes de um tsunami, por exemplo. Eles pressentem o perigo.

E no caso dos animais selvagens africanos, mesmo entre os gigantescos elefantes e girafas, o maior perigo somos nós. 

Vendo o que está acontecendo no momento em Gaza, o massacre de uma população civil de palestinos por uma das Forças Armadas mais poderosas e bem armadas do planeta, a de Israel, não podemos deixar de lhes dar razão.


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'Leitura obrigatória para jornalistas, profissionais de rádio e TV e pessoas inteligentes'


 A frase é do jornalista Marco Aurélio Mello, durante anos editor do Jornal Nacional, demitido junto com Azenha, Rodrigo Vianna e outros que criticavam a linha editorial da Globo ditada pelos Marinho e defendida pelo diretor geral de Jornalismo da época, Ali Kamel.
Marco Aurélio Mello chegou a ter um blog, o DoLaDoDeLá, onde denunciava os bastidores da Globo, mas teve que desativá-lo sufocado por uma enxurrada de processos judiciais. 
Foi no blog que ele escreveu esta resenha sobre meu romance Madame Flaubert, que republico a seguir:
 
*     *     *     *     *

Uma telenovela em que a trama sai das telas e vira drama na vida real. Um Governo que sai do script e é expulso do poder. A atmosfera mágica do Rio de Janeiro, movido a sexo, drogas e ilusões.
Neste contexto qual personagem quer ficar restrita ao papel impresso? A todo momento, ora uma, ora outra salta das páginas e ganha vida própria, graças também à imaginação do leitor.
Neste caldo é que se esparramam o par "romântico" fracassado, o escritor frustrado - espécie de id do autor -, e mais os sonhadores e picaretas em geral. Haja sofisticação para enredo tão elaborado!
Como "bônus track", o livro também vem com referências bibliográficas e trilha sonora, tudo misturado, sem aquele formalismo chato das academias e suas normas de pé de página.
Conheci Antonio Mello por acaso. Em 2005, por exigência profissional passei a procurar na internet a vanguarda do pensamento crítico e, entre os blogs que listei, lá estava o do xará, remando contra a maré.
Depois que saí da TV Globo e passei a contar o "causos" internos, fosse em ficção, fosse em textos críticos, recebi de Mello uma acolhida especial. Foi quando soube que ele era o marqueteiro dos inimigos políticos da Corte do Cosme Velho.
Graças ao mundo virtual, nunca nos encontramos pessoalmente, mas tenho em Mello alguém especial, como se fosse da família. Considerando a coincidência dos sobrenomes quem sabe...
É por tudo isso que tenho orgulho em recomendar a leitura de Madame Flaubert, seu primeiro romance. Leitura obrigatória para jornalistas, profissionais de rádio e TV e pessoas inteligentes, que já não aguentam mais a chatice das telenovelas. 
 
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PS: Madame Flaubert tem 191 páginas e você ainda encontra exemplares à venda na internet. Mas se quiser comprar diretamente comigo e receber um exemplar autografado em sua casa, em qualquer lugar do Brasil, basta fazer um PIX de R$50 para a chave blogdomello@gmail.com. Mesmo e-mail para onde você deve mandar nome completo, endereço e CEP para que eu possa enviar o livro.


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Uma menina com uma boneca de madeira e um guerrilheiro para mudar o mundo

Esta semana eu me encontrei com um casal amigo, que estava com o filho pequeno. O que me chamou a atenção é que o menino veio todo contente me mostrar o livro que estava começando a ler. Era um livro de umas 200 páginas, que ele me apresentou orgulhoso e feliz. Havia acabado de ganhar, me pareceu, de tão novo que estava. Eu me lembro que fiz um comentário sobre a capa e ele me confessou que conhecia o autor, que acompanhava de outros livros.

Achei raro, em meio a crianças viciadas em celulares e tablets. Até que escutei a mãe negando o celular a ele por algum motivo — castigo ou simples controle.

Eu me lembrei de minha filha, que era uma devoradora de livros mais ou menos com a idade desse filho do casal amigo. Livros grossos, que ela começava a ler e ia até o final numa batida só. Foram coleções inteiras.

Hoje, não desgruda do celular, 24 horas por dia. Até os livros lê ali. Pelo menos nunca mais vi um livro impresso em suas mãos.

Curiosa essa infância atual quando a gente se espanta com uma criança com um livro impresso, pois o "brinquedo" onipresente é o celular.

Livros de Antonio Mello

E eu me peguei pensando na facilidade de dar presente às crianças hoje. Com a industrialização e a exploração da mão de obra capitalista, há brinquedos para todos os bolsos, menos para os que nem têm para a alimentação, que infelizmente ainda são muitos.

Mas não era assim na infância de minha mãe, por exemplo, quando os brinquedos ainda eram quase todos manufaturados, caros, muitos importados, e as pessoas da classe operária como ela tinham de improvisar ou usar a imaginação.

Minha mãe me contava que nunca teve uma boneca na vida. Nem ela nem as irmãs. O brinquedo dela era uma tampa de lata de leite em pó. Essa era sua "boneca". Seu brinquedo que voava, se ela o lançava para o alto. Era uma forma, onde ela misturava terra, folhas, gravetos e o que mais tivesse à mão para assar seu imaginário bolo. Servia também de sala de aula. Ela, que teve que abandonar a escola cedo para trabalhar (e ela amava a escola e as amigas que tinha por lá), também fazia de sua tampa de leite em pó uma sala de aula com pedrinhas pequenas como alunos e uma maiorzinha como a professora.

A outra brincadeira preferida dela era de graça, mas dependia da natureza: com o vento, como já contei aqui.

Contraditoriamente, para comparar com os dias atuais, a família de minha mãe, de origem portuguesa, comia bacalhau com certa regularidade. Meu avô costumava comprar uma peça inteira, o que está bastante distante da realidade de uma família de operários de baixa qualificação nos dias de hoje.

No Natal, meu avô se deliciava, além do bacalhau com couve tronchuda, com um prato de castanhas, que ele comia enquanto esvaziava um garrafão de vinho, que ficava sobre a mesa para ele ir se servindo.

O Natal era o reencontro de meu avô com o menino que foi, trabalhador do campo numa região atrasada do atrasadíssimo Portugal da era Salazar, quando sua diversão era filar vinho do grande tonel onde eram armazenados no vinhedo onde trabalhava. 

Não sei de que jeito, ele me contou, faziam um canudo de bambu que enfiavam no barril e conseguiam filar o vinho do patrão, ele e os amigos, ficando todos alegres o suficiente para suportar o trabalho duro.

Tudo isso me veio à cabeça porque este mês é o do aniversário do assassinato de Che Guevara, dia 9, e mais uma vez as redes ficaram inundadas com a icônica foto do guerrilheiro e sua boina, feita por Alberto Korda.

Korda foi um fotógrafo cubano, que vivia de fazer pequenos trabalhos, cobrindo casamentos, festas de aniversário, batizados. Depois, segundo ele mesmo, começou a fazer fotografia de moda "para conhecer mulheres bonitas".

Até que um dia Korda viu uma menina pobre, muito encolhidinha com sua boneca grudada no corpo, protegendo-a daquele homem que a olhava. Korda bateu a foto e ela mudou sua vida.

A boneca da menina era um pedaço de madeira, que ela agasalhava com um tanto de papel. Eram sua boneca com seu vestido. Ele conseguiu captar a história daquela criança numa foto. E aquilo mudou a vida de Korda de vez.

A partir dali, o fotógrafo engajou-se na luta e virou o fotógrafo oficial de Fidel e dos revolucionários cubanos.

Tudo isso porque, quando Korda olhou para o olhos da menina da boneca, os olhos da menina também olharam para Korda, como o abismo de Nietzsche nos olha de volta.

Num celular, num livro, na tampa de uma lata de leite em pó ou num pedaço de madeira que virou boneca,uma criança brincando pode não apenas mudar o mundo, mas criá-lo.


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