O que é ruim para os EUA é bom para o Brasil?

Em entrevista a Sérgio Dávila na Folha (aqui, para assinantes), o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz afirma que Lula caiu na mesma esparrela que o ex-presidente americano Bill Clinton, de quem Stiglitz foi assessor.

Clinton fora eleito com o lema "o povo em primeiro lugar", mas, segundo Stiglitz, foi pressionado por Wall Street a reduzir o deficit público. Resultado, os programas sociais ficaram de lado, Clinton passou oito anos fazendo caixa e acabou entregando o governo de mão beijada para os republicanos, que, com a burra cheia, patrocinaram "o maior corte nos impostos para os mais ricos já ocorrido na história deste país (EUA). [risos]."

Para não ir tão longe: algo semelhante ocorreu aqui com a prefeita Erundina, em São Paulo, que arrumou a casa para Paulo Maluf. É um ardil que tem dado certo, e voltam a aplicá-lo, como descrevi em "O Sapo Barbudo e o Escorpião Mercado", bem no início da crise.

Agora o mercado aposta em Alckmin, um candidato medíocre, em detrimento de Serra, exatamente porque Alckmin é medíocre e não tem equipe... Pretende que Lula saia, porque tem medo do que ele possa vir a fazer num segundo mandato, cuidando mais da área social. Para isso utiliza-se da mídia e de arautos da moralidade pública, encabeçados por ACM, que só é senador porque antes renunciou ao mandato para não ser cassado por violação do painel do Senado; por Arthur Virgílio, que defendeu o uso de caixa 2, em entrevista ao jornalista Maurício Dias.

E querem voltar ao poder para quê? Basta olhar os nomes dos formuladores do programa de Alckmin: Mendonça de Barros (aquele do edificante diálogo "no limite da irresponsabilidade") e Gustavo Franco, o homem das CC-5, origem de todo o "escândalo Banestado".

De mãos dadas, os "novos moralistas", que Zuenir Ventura definiu muito bem como "udenistas de dedo em riste e rabo preso", mais os apocalípticos economistas, responsáveis pelas privatizações com dinheiro do FAT (leiam artigo do Mauro Santayana de hoje no Jornal do Brasil), com o auxílio luxuoso de boa parte da mídia, levam os cidadãos indignados a gritarem desesperadamente para que Lula saia e o passado retorne.

Comecei com um americano e termino com outro:

- "Ninguém até hoje perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo americano (HL Mencken)."

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