Brasil e Petrobras

Reportagem de Pedro Dias Leite, na Folha (aqui, para assinantes) reproduz algumas declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O ministro classificou de "oportunistas" as críticas ao comportamento do governo brasileiro na crise com a Bolívia.

“São críticas oportunistas. No caso específico da Bolívia, o que está sendo discutido hoje decorre de decisões tomadas há 10, 12, 13, 18 anos, algumas vão até mais longe”.

"Então não é dizer que porque este governo dá prioridade à América do Sul que surgiu esse problema. Pelo contrário. Porque este governo dá prioridade à América do Sul, temos uma boa chance de resolver esse problema".

As declarações do ministro vão – em parte - ao encontro de um artigo de Gilberto Maringoni, da agência Carta Maior, do qual reproduzo um trecho a seguir:

“A reação da imprensa deveria ter ocorrido quando a Petrobrás assinou contratos de gás com a Bolívia”, aponta Fernando Siqueira. Segundo ele, “Por pressão de FHC, ela assumiu o gasoduto boliviano, quando ainda não existia aqui mercado para o gás. Durante cinco anos, a empresa importou 18 milhões de metros cúbicos do produto e pagou por 25 milhões, pois a atividade era antieconômica”.

Não era exatamente à Bolívia que os pagamentos eram feitos. Os destinatários eram as empresas Total (França), Repsol (Espanha), Amaco (EUA) e Enron (EUA). Elas exploravam, em 1998, reservas de 400 milhões de metros cúbicos e pressionaram o Brasil a mudar sua matriz energética hídrica, criando assim mercado para o gás. “A Petrobrás fez um contrato absurdo e ninguém reclamou porque ela era 90% estatal”, ressalta Siqueira. As possíveis perdas são, seguramente, menores do que as do contrato firmado no governo tucano, assegura. Na época, a empresa assumiu o risco cambial e uma série de outras incertezas. “O que acontece hoje? FHC vendeu cerca de 40% do capital em Wall Street e mais 19% foi para gente como Benjamin Steinbruch e Daniel Dantas. O Estado detém apenas 32% da empresa, embora tenha a maioria dos votos”, diz ele. Os acionistas privados agora pressionam o governo e a imprensa, resultando nessa grita toda.

Vale a pena ler o artigo na íntegra, pois nele há um histórico da nacionalização concluída agora, onde fica claro que Evo Morales apenas fez cumprir decisões tomadas há muito pelo povo boliviano, inclusive em um referendo.

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