O 'jornalismo de resultados' da Folha

Ontem, a Folha publicou "reportagem" afirmando, desde o título, que "Para PF, Berzoini ordenou a petistas compra de dossiê". Ontem mesmo, o delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito, desmentiu a Folha. O jornalão paulista deu uma de Nelson Rodrigues.

Para quem não sabe, ou não se lembra, o genial dramaturgo gostava de chamar o vídeo-tape de burro. Para Nelson, se a imagem não correspondia ao que ele afirmava, era prova da burrice insofismável do VT. Fez escola.

Mas o problema não termina aí. Hoje, como se o delegado não houvesse desmentido a informação do repórter, a Folha publica nova reportagem, "Berzoini diz que voltará a presidir o partido em breve", com a inacreditável afirmação:
Em atitude desafiadora, ele [Berzoini] disse que sua disposição de reassumir o partido não se altera com a revelação feita ontem pela Folha, de que a Polícia Federal considera que ele foi o mandante da tentativa de compra do dossiê contra tucanos.

Peralá, a Folha errou de sujeito: o que não se altera não é a disposição de Berzoini, é a reportagem da Folha, mesmo batendo de frente com a informação do delegado. Isso sim é uma atitude desafiadora. Se a Folha tem como provar o que afirma e desmentir o delegado da PF, por que não o faz? Se não tem, por que não publica um "erramos"? Agora, nem uma coisa nem outra, é querer chamar o VT de burro. Ou pior: chamar o leitor de burro.

É mais um exemplo descarado daquilo que chamo de jornalismo de resultados.

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