sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A morte e a outra morte do pequeno João

O caso da morte do pequeno João, de apenas seis anos, que teve o corpo arrastado por quatro bairros do Rio provocou comoção na cidade e no país inteiro.

Mas temos que tentar pôr a cabeça no lugar e não agirmos como loucos ou desesperados. Assim agem os bandidos.

Provavelmente, os três, que já estão presos e confessaram o crime, não tinham intenção de fazer o que fizeram. Nenhum deles tem passagem anterior pela polícia. Usavam uma arma de brinquedo. Enquanto fugiam com o carro que acabavam de roubar, não devem ter percebido que arrastavam e destroçavam o corpo do menino.

Mas a exploração da notícia pela imprensa é absolutamente nojenta. O sensacionalismo, a busca da emoção barata, com a exposição de desenhos e mensagens da criança, narrativas no diminutivo, tudo isso é um segundo crime cometido contra o menino.

Mas quem procura por detalhes da notícia descobre a causa principal da tragédia. Mais de 70% dos roubos de carro no Rio acontecem na Zona Norte da cidade, como o que vitimou João. Na Zona Sul, onde ficam Ipanema, Copacabana, Leblon, e é a área mais policiada, são apenas 2%. Os números falam por si.

Hoje o dia vai ser penoso. A morte do menino será explorada pela mídia sensacionalista até a exaustão, como já o foi ontem. Mas, amanhã é sábado, a uma semana do carnaval. Logo, a grande imprensa - jornalões, emissoras de rádio e TVs – vão tirar a máscara do sofrimento e vestir a máscara da alegria, conforme combinado com os patrocinadores. Para eles, a exploração da notícia é apenas o meio de que se utilizam para engrossar o faturamento, com o aumento de audiência ou de exemplares vendidos, o que se reflete num maior número de anunciantes. A notícia – como o gol para o Parreira – é apenas um detalhe.

7 comentários:

  1. Parabéns Mello!

    Concordo totalmente, a imprensa está cada vez mais sensacionalista, precisando de uma bomba por dia, e se não existir, uma bombinha é potencializada e logo vira bomba.

    As pessoas estão perdidas, pois a imprensa ainda veste roupa de séria, mas virou, há muito tempo, uma imprensa desesperada que precisa chamar atenção.

    Arrisco que o marco desta mudança foi o 11 de setembro, pois ali a imprensa sentiu-se tão poderosa, pois todos estavam ligados nas notícias, nem as novelas interessavam. Pronto, foi criada a meta a ser atingida. Claro que não haverá um 11 de setembro por semana, mas qualquer tragédia pode ser aumentada para que todos fiquem ligados.

    Abraço,

    Peter

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  2. Parabéns Mello!

    Concordo totalmente, a imprensa está cada vez mais sensacionalista, precisando de uma bomba por dia, e se não existir, uma bombinha é potencializada e logo vira bomba.

    As pessoas estão perdidas, pois a imprensa ainda veste roupa de séria, mas virou, há muito tempo, uma imprensa desesperada que precisa chamar atenção.

    Arrisco que o marco desta mudança foi o 11 de setembro, pois ali a imprensa sentiu-se tão poderosa, pois todos estavam ligados nas notícias, nem as novelas interessavam. Pronto, foi criada a meta a ser atingida. Claro que não haverá um 11 de setembro por semana, mas qualquer tragédia pode ser aumentada para que todos fiquem ligados.

    Abraço,

    Peter

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  3. Os monstros sabiam sim do menino, tanto que o motorista fazia zig-zag com o carro para que ele se soltasse. Como você reagiria se fosse filho seu? Escreceria esse artigo com o mesmo conteúdo?

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  4. Anônimo9.2.07

    Assassino de menino arrastado não sente remorso
    09/02/2007 - 12h04
    Redação
    Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, um dos responsáveis pela morte do garoto João Hélio Fernandes, afirmou que não sente remorso pelo assassinato, porque não tem filho. Silva, que já respondia por latrocínio e roubo seguido de morte, foi preso com a ajuda do próprio pai, Nilson Nonato. A arma que ele portava durante o assalto era de brinquedo.

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  5. Anônimo9.2.07

    Assassino de menino arrastado não sente remorso
    09/02/2007 - 12h04
    Redação
    Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, um dos responsáveis pela morte do garoto João Hélio Fernandes, afirmou que não sente remorso pelo assassinato, porque não tem filho. Silva, que já respondia por latrocínio e roubo seguido de morte, foi preso com a ajuda do próprio pai, Nilson Nonato. A arma que ele portava durante o assalto era de brinquedo.

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  6. José Paulo,
    Tenho uma filha que vai fazer seis anos de idade. Se você é pai - ou no dia em que for - saberá o que sentimos todos os que temos filhos, especialmente com idade semelhante à do João, como é meu caso.
    Eu não tinha essa informação de que eles sabiam que arrastavam o corpo do menino. Acho que ainda deve ser confirmada.
    De qualquer modo, em momento algum defendo o ato covarde deles. Minha indignação é como a de todos. Mas o foco de minha postagem foi outro: o tratamento sensacionalista da mídia, tentando faturar em cima da desgraça do menino e sua família. O que pra mim também é nojento e indecoroso.
    Quanto aos três criminosos, quero que paguem a pena determinada em lei. Se acho que é justo que eles sejam soltos logo, com menos de cinco anos de cadeia, respondo que não. Mas essa é a lei.
    Cuidado também com movimentos que querem colocar em plebiscito a pena de morte, redução de maioridade penal, penas mais severas. Algum espertinho pode pegar carona nesse plebiscito e abrir a possibilidade de um terceiro mandato seguido, por exemplo.
    Abraços
    AM

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  7. Anônimo9.2.07

    AH fala sério, cara.
    Não vem com este discurso antigo de que a elite tem mais privilégios e que tudo é culpa da imprensa.
    Chega de promessas, de palhaçadas, vitimização do pobre.
    Chega de circo, como este armado em cima desta ridícula Força Nacional de Segurança, que só gastou dinheiro opúblico e fazer propaganda de um ridículo candidato a tirano.
    Chega de fazer política com sofrimento dos outros.

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