Da coluna Gente Boa, em O Globo:
Vai pra casa, Bebel
A operação Bebel, que anteontem autuou 20 travestis e prostitutas que colavam propaganda de seus serviços nos orelhões de Copacabana, não vai parar por aí. A 12ª DP, da delegada Monique Vidal, planeja blitz nas boates do bairro. Muitas já foram indiciadas por favorecimento à prostituição.
Não entendi nada. Travestis e prostitutas foram autuados por quê? A prática da prostituição não é crime.
Será que foram presos porque estavam colando propaganda de seus serviços nos orelhões e assim danificando patrimônio público? Custa crer que a polícia não tenha missões mais importantes a cumprir.
Ou será que foram presos por fazerem propaganda de seus serviços, e isto, sim, é crime? Mas, se é assim, por que o jornal O Globo pode publicar diariamente anúncios de prostitutas e travestis em seus cadernos de Classificados?
Ontem, por exemplo, um anúncio chamado Namoradinhas estava oferecendo o programa a R$ 50, com direito a ar condicionado no quarto e sinuca (?!?!)...
Sei que dessa forma O Globo ajuda a manter sua “liberdade”, seguindo o axioma de Kamel - quanto mais anunciantes, mais independente é a empresa de comunicação – mas por que prender os que anunciam e deixar livres os que faturam com isso?
O Art 230 não diz que é crime "Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça"?
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A notícia diz que foram atuadas as boates. Isso me parece claro. É evidente que uma pessoa que se prostitui não pode ser acusada por favorecimento à prostituição.
ResponderExcluirQuanto aos anúncios, vamos parar com essa perseguição ao Globo. Não conheço um único grande veículo de imprensa em que faltem os anúncios do tipo. E os jornais não podem obrigar os anunciantes a oferecer isso ou aquilo, eles apenas alugam seu espaço. Do contrário, estariam praticando censura. O problema é de esfera jurídica, e não jornalística, ainda que jornais de cidades de médio e pequeno porte vetem anúncio de prostituição.
E colar propaganda em orelhões - seja lá do que for - é crime mesmo.
um abraço,
André.
Não, André, a nota do Globo diz:
ResponderExcluir"A operação Bebel, que anteontem autuou 20 travestis e prostitutas que colavam propaganda de seus serviços nos orelhões de Copacabana".
A postagem foi feita em cima disso.
Mello, você escreve:
ResponderExcluir"Não entendi nada. Travestis e prostitutas foram autuados por quê? A prática da prostituição não é crime".
Pois bem: foram autuados pela colagem de propaganda, coisa proibida a advogados, dentistas etc., e não pela prática de prostituição.
Quanto ao artigo 320: os jornais (Globo, Folha, Correio Braziliense, JB e outros) não participam dos lucros da prostituição e nem, por exemplo, da venda de carros anunciados no mesmo caderno. Não recebem nada além do dinheiro dos classificados - quaisquer que sejam - e não lhes cabe legislar sobre o que cada um deve ou não anunciar. Sendo a prática da prostituição uma prática legal, não cabe a censura do jornal. Se eles são sustentados ou não pela prostituição? Não mais do que um restaurante em que um travesti ou uma garota de programa resolve livremente gastar seu dinheiro.
abraço,
andre.