Números do "Panorama Social da América Latina-2007", publicado pela Cepal - Comissão Econômica para América Latina e Caribe - mostram que caiu substancialmente a pobreza e a indigência na região. Brasil, Argentina e Venezuela estão entre os países que mais registraram avanços.
Por isso a mídia é tão agressiva e oposicionista nesses países. A “grande imprensa” não se conforma com essa transferência de renda. Não é que não estejam ganhando dinheiro (com aplicações, porque seus jornais, revistas e TVs estão descendo ladeira abaixo, à medida em que se afastam cada vez mais da nova realidade da região). Os banqueiros estão lucrando como nunca. Todos estão ganhando como nunca. Mas eles não se conformam que parte desses ganhos vá para os mais pobres, em programas de transferência de renda, que eles chamam de populistas.
Foi o que eu disse aqui mesmo, em outubro do ano passado, quando citei trecho de artigo do dono da Folha de S.Paulo, declarei meu voto em Lula e expliquei o porquê:
Por que voto em Lula de novo
"Goste-se ou não, o liberalismo é a ideologia dominante na nossa época.
(...) Cabe ao Estado assegurar condições propícias ao mercado, tornando estimulante empreender.
(...) Mas ainda não surgiu um candidato que pregue o liberalismo sem meias medidas. Alckmin poderia ter sido esse candidato (não será outro o vetor de seu governo, em caso remoto de vitória), mas que marqueteiro o deixaria correr tamanho risco?"- trechos de um artigo de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha
Os liberais estão inconformados, revoltados mesmo, com a possibilidade de mais quatro anos de um governo que acham "populista", por medidas como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o aumento do salário-mínimo, a redução de impostos na cesta básica alimentar e na de material de construção para a casa própria, do crédito facilitado para aposentados, pensionistas e pequenos investidores...
Por isso, voto em Lula. São necessários mais quatro anos de Lula para que se pare com essa conversa fiada de que Bolsa Família é esmola, que o Brasil necessita é de mercado liberado (menos na hora do prejuízo, porque aí a Viúva "auxilia")... O Bolsa Família é um programa com regras - como, por exemplo, a que obriga a criança a comparecer à escola, ao médico, a tomar as vacinas - que contribuirão para um futuro melhor para o país, onde o Bolsa Família - aí sim - se tornará supérfluo. Mas isso não acontece de hoje para amanhã.
E enquanto o médio e o longo prazo não chegam, o que fazer com a legião de miseráveis que cerca as grandes cidades, com os mendigos - adultos e, tragicamente, crianças - alcoólicos, viciados em cola, benzina, thinner, esmalte, crack - muitos deles já completamente irrecuperáveis; o que fazer com os camponeses sem terra atropelados pelo agrobusiness; o que fazer com os que trabalham para os traficantes, para o crime em geral, se não há mercado de trabalho legal para eles; o que fazer com aqueles para quem o futuro já passou, que não se alimentaram a tempo, não estudaram direito, não têm o mínimo preparo para enfrentar esse mundo altamente competitivo do mercado liberado; aproveitarmos nossa imensa fronteira marítima e lançá-los ao mar, sem bote ou salva-vidas?
Se foram necessários oito anos de governo FHC para que o brasileiro se visse livre da dependência da correção monetária, que o fazia viciado em inflação, precisamos agora de mais quatro anos de Lula no governo para que o país entenda de uma vez por todas que se acabou o tempo de planejar o Brasil sem levar em conta os mais pobres. Por isso, sou Lula de novo.