A reportagem do Jornal Nacional de ontem sobre o conflito Colômbia-Equador-Venezuela é uma amostra grátis do tipo de jornalismo de nossa “grande imprensa”.
A essa altura, todo mundo sabe o que aconteceu: na madrugada de sábado a Colômbia invadiu território equatoriano, matou um grupo de guerrilheiros das FARC, entre eles o número dois da organização, Raul Reyes, responsável pelos acordos que estavam propiciando a liberação de reféns.
A matéria do JN começa dizendo que Venezuela e Equador enviaram tropas para a fronteira com a Colômbia, mas este país – ou seja, o país agressor, que invadiu território vizinho, matou e recolheu os corpos – teve a “atitude mais branda”, porque disse que não iria enviar tropas para a fronteira. Quem quer a guerra, para o JN, são equador e Venezuela.
Mais adiante, a reportagem afirma:
Atualmente, segundo dados do governo da Colômbia, quase 80% do orçamento anual do grupo, de US$ 400 milhões, vem dos pedágios cobrados aos narcotraficantes. O restante vem dos seqüestros que praticam.
Ou seja, a guerrilha se autofinancia. Mas logo em seguida a reportagem informa que o governo colombiano encontrou entre os documentos em poder dos guerrilheiros mortos uma carta que “menciona um empréstimo da Venezuela ao grupo, no valor equivalente a R$ 510 milhões”.
Reparem que nesse trecho a reportagem muda a moeda de dólar para real, com o intuito de confundir, porque R$ 510 milhões são US$ 300 milhões, ou 75% do orçamento anual das FARC, anunciado anteriormente como sendo de US$ 400 milhões.
E essa informação estaria arquivada em um computador encontrado com os guerrilheiros... Provavelmente numa pasta chamada “Arquivos que comprometem o ditador Chávez”...
Tem que acreditar mesmo que o público do JN é uma cambada de Homer Simpson para veicular uma informação dessas sem um saco de risadas ao fundo.
Esse empréstimo fajuta de Chávez é equivalente às armas químicas que existiriam no Iraque: apenas contra-informação para justificar um conflito na região, em que os EUA usariam a Colômbia como fachada para invadir o país.
Afinal, Uribe (o “rapaz bendito” do traficante Pablo Escobar – clique aqui para ver essa reportagem) precisa do conflito para tentar mais uma vez alterar a Constituição da Colômbia e buscar um terceiro mandato.
Este blog vem informando sobre o assunto há bastante tempo:
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