Novo acidente com Airbus A 320 mata embaixatriz do Brasil em Honduras

O acidente foi nesta sexta-feira. Era noite, chovia e o Airbus atravessou a pista do aeroporto de Toncontín, em Tegucigalpa, e só foi parar numa avenida à frente, depois de atravessar um muro, atropelar vários carros e se partir em três. Nele, morreu a embaixatriz brasileira Jeanne Chantal Neele, esposa do embaixador brasileiro em Honduras, Brian Michael Fraser Neele, que ficou ferido no acidente e está hospitalizado.

O Airbus A 320 é o modelo daquele acidente da TAM em Congonhas, no ano passado, em que morreram todos os passageiros e tripulantes. Dessa vez, segundo a BBC, pelo menos cinco pessoas morreram e cerca de 60 ficaram feridas no desastre.

Em outubro passado, aconteceu acidente semelhante com outro Airbus A 320, nas Filipinas. Escrevi aqui sobre ele, Mais um Airbus A320 atravessa a pista sem parar:

As causas do acidente estão sendo investigadas, mas fica claro para qualquer um que ainda mantenha ao menos um Tico e um Teco funcionando no cérebro que os A320 têm algum problema, provavelmente no sistema inteligente de pouso, que parece ser meio burro. Afinal, esse é o sexto acidente do tipo.

A culpa, como sempre - é esperar para ver - vai parar nas costas dos pilotos. Numa hora porque não puseram o manete para frente, em outra porque não o colocaram para trás, mais em outra porque um ficou de um jeito e outro de outro. Só não explicam por que os pilotos erram tanto durante os pousos apenas com os Airbus A320. Será implicância?

Resta torcer para que os novíssimos Airbus A380 – que podem transportar até 800 passageiros - não sofram da mesma teimosia.

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Política, mídia, informação alternativa: A semana no Blog do Mello. 24 a 30/05/08

» Justiça Eleitoral quer calar a internet. - No passarán!

» Bateau Mouche, Varig, Rede Manchete, RedeTV!, Jornal do Brasil, Proer, Sérgio Naya, Pimenta Neves e outras vergonhas do Judiciário

» Folha, Estadão, Rede Globo e Editora Três condenados por cobertura da Escola Base

» Dez guerras, dez mentiras midiáticas

» Imagens encontradas nos laptops de Reyes na verdade foram feitas por agentes colombianos

» Racistas sucreños agridem camponeses e impedem visita do presidente Evo Morales ao local

» Política de cotas em debate

» Fazer gracinha com tortura é coisa de Agripino, Bolsonaro e Estadão

» Miriam Leitão contesta Ali Kamel no Globo

» Comunicado das FARC confirma morte de Marulanda

» Vamos ajudar o Fazendo Media

» Terra Magazine: Bolsonaro ironiza torturados pela ditadura

» Confissões de um torturador: - Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

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Justiça Eleitoral quer calar a internet. - No passarán!

Os blogs sobre política têm uma árdua batalha pela frente: a Justiça Eleitoral quer calar a internet, censurá-la. Quer não, já censurou. O Blog do Pedro Dória foi censurado, como ele denunciou neste post:

Este Weblog lançou, há alguns meses, uma campanha pedindo que um deputado federal se lançasse candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Aconteceu e ele é candidato.

Hoje, o deputado foi intimado por conta do banner que este e outros blogs publicam em apoio a sua candidatura. O TRE-RJ exige que seja retirado do ar. Em caso contrário, corre o risco de ter sua candidatura cassada.

Nenhum político paga por este banner. É uma declaração de voto pessoal de minha parte. O banner leva a um argumento pela sua candidatura. É o meu direito como cidadão de manifestar o que penso, qual o caminho que desejo para minha cidade. Ninguém deve ser punido porque exerci meu direito de cidadão em uma democracia de manifestar minha opinião.

Mas a Justiça considerou que deve impor limites ao meu direito de expressar minha opinião. É um fato grave.

O Weblog é um veículo jornalístico. Eu sou jornalista. O gesto do Tribunal é uma censura à liberdade de imprensa.

Infelizmente, parece que a Justiça Eleitoral não entende nada de internet. Porque só quem não entende nada de internet pode pretender censurá-la, proibir a livre manifestação dos blogs e sites.

Olham para a internet, vêem uma zebra e passam horas, dias, meses discutindo se ela é um animal preto com listras brancas ou branco com listras pretas, para, ao final, concluir por osmose que se trata de um burro com pijama listrado...

A medida é tão absurda que consegue ser ao mesmo tempo oxítona, paroxítona e proparoxítona: infeliz, inaplicável e esdrúxula (ou estúpida – o leitor escolhe).

Quer dizer então que o candidato que tiver banners ou material de propaganda espalhados pela internet, em locais que não sejam aqueles determinados pelos senhores do TRE, poderão ter suas candidaturas impugnadas?

Pois eu lanço às Excelências a seguinte questão: e se um candidato arregimentar pessoas para que criem blogs e sites e neles façam propaganda descarada, deslavada e continuada de um adversário para impugná-lo, como fica?

Senhores, não confundam o centro com seu entorno (existe até uma expressão popular para isso) e corrijam a medida. Suas Excelências estão corretíssimas quando proíbem o spam, não só via email como via SMS. Mas erradíssimas quanto à censura (esta é a palavra) aos blogs e sites. Só vai a um blog ou site quem quer. Os blogs, senhores, são páginas pessoais, de opinião (esta a razão da existência de milhões deles mundo afora), com possibilidades de comentários.

No estado democrático em que vivemos, com que direito os senhores querem cassar a palavra dos cidadãos?

A blogosfera não pode ficar calada diante de tal absurdo. O que vocês acham?

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Bateau Mouche, Varig, Rede Manchete, RedeTV!, Jornal do Brasil, Proer, Sérgio Naya, Pimenta Neves e outras vergonhas do Judiciário

Saiu ainda outro dia em O Globo a notícia de que dois jovens vão receber agora R$ 850 mil, cada, como indenização pela morte de seus pais no fatídico reveillon de 1989, a bordo de uma porcaria que navegava às custas de falta de fiscalização, irresponsabilidade, ganância e suborno, chamada Bateau Mouche IV. Antes desses irmãos, apenas a família de um porteiro recebeu uma indenização pífia de R$ 30 mil, porque aceitou acordo com os proprietários da arapuca marítima.

Note que o fato ocorreu na passagem de 31 de dezembro de 1988 para 1 de janeiro de 1989. De lá pra cá, tivemos a primeira eleição direta para presidente da República. A vitória e a posterior renúncia de Collor, os governos Itamar, os dois de FHC e já estamos no segundo do presidente Lula. E só agora os irmãos conseguiram receber a indenização. E morreram 55 pessoas naquele naufrágio. Ou seja, 52 famílias ainda não receberam nada.

Essa postagem é sobre isso: a Justiça no Brasil. Ou melhor, a falta de Justiça. Por onde andam os juízes que se deixam levar por advogados cheios de conversa mole e que recebem malas de dinheiro para esticar o processo, protelar, procrastinar, enrolar, usar das brechas da lei para impedir que se faça justiça no Brasil?

O Bateau Mouche é um caso. Há também o daquele deputado Sérgio Naya, que construiu prédios de areia na Barra da Tijuca. Há o criminoso confesso, que foi editor-chefe do Estadão, jornalista Pimenta Neves, que matou covarde e premeditadamente a jornalista Sandra Gomide, destruiu física e psicologicamente a vida dos pais dela e passeia sua impunidade à espera da última firula da lei que o leve ao último recurso.

Não é possível que os juízes se contentem com o papel que lhes impõem advogados que, menos que sábios, são é muito sabidos. O caso do Pimenta Neves é emblemático. Por que não está preso? Por que não aguarda atrás das grades a decisão sobre se deve ficar ali por oito, quinze, dezoito ou trinta anos? Garanto que se assim fosse seus advogados tratariam de apressar o fim do processo e a sentença definitiva. Enquanto ele está solto, fazem exatamente o contrário, e, assim, como ele já tem quase (ou mais de) setenta anos, pode morrer tranqüilamente tomando um último chope num balneário qualquer, sem que a justiça tenha sido feita.

Há ainda o caso indecente do Proer, quando dinheiro meu, seu, nosso serviu para livrar a cara de bancos, sem que os banqueiros responsáveis tenham perdido, antes dos nossos, todos os seus bens.

Há o caso da compra da TV Manchete pela chamada RedeTV!, que até hoje não indenizou a imensa maioria dos funcionários da antiga Manchete. Como a justiça permitiu a venda, sem que o pagamento dos funcionários fosse um compromisso assumido junto com a transação? Processos em fase de execução, e a RedeTV! (TV Ômega) afirma não ter dinheiro, e protela, protela, protela, pros tolos que pensam que somos... E olha que a CUT ainda alugou (ou aluga) espaço na emissora, num verdadeiro tapa na cara que uma central dita de trabalhadores deu em todos os que ficaram sem receber seus direitos com a negociata.

Há ainda o caso do Jornal do Brasil, que o empresário Tanure comprou sem pagar nada aos funcionários, porque a justiça permitiu que ele adquirisse apenas a marca Jornal do Brasil e não a empresa, quando a única coisa que valia ali era a marca, e esta deveria ter sido usada para pagar as dívidas trabalhistas da empresa, que estava quebrada.

O mesmo agora acontece com a Varig, a companhia aérea que foi orgulho do Brasil e deixou os funcionários a ver navios....

Como a justiça pode permitir isso? Como os juízes não se envergonham do triste papel de dizer ao distinto público que apenas fizeram cumprir a lei? Eles não são burocratas, carimbadores, mas seres humanos que estão ali para interpretar o chamado espírito da lei, que deve existir para proteger o mais fraco do mais forte e assim equilibrar a balança que simboliza a Justiça.

Antes de vender qualquer empresa, o proprietário deveria pagar a todos os seus funcionários, ou o comprador deveria assumir o compromisso de fazê-lo prontamente.

Crimes julgados, o condenado tem que esperar na cadeia (se essa foi a pena) a apelação que porventura faça.

Antes de aceitar trabalhar para um Fernandinho Beira-mar, por exemplo, os advogados deveriam perguntar de onde o traficante vai conseguir o dinheiro de seus honorários. Ou o dinheiro do tráfico só não é sujo quando usado para pagá-los?

O que você acha? Lembre mais casos. Conte o seu.

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Folha, Estadão, Rede Globo e Editora Três condenados por cobertura da Escola Base

A mais recente notícia é sobre a condenação do Grupo Folha a pagar R$ 200 mil a um jovem de 18 anos, que na época do caso da Escola Base era uma criança de apenas quatro e não teve, segundo a sentença do juiz, sua honra resguardada pelo jornal paulista.

Mas o caso vem de longe, e as condenações também. A mesma matéria do Consultor Jurídico que fala sobre a condenação do Grupo Folha (na manchete, por pudicícia – ótimo lugar para usar a palavra – eles escondem o nome da Folha da Tarde e colocam apenas “Jornal é condenado a indenizar no caso Escola Base”) informa ainda:

Outras empresas de comunicação sofreram condenação pelas notícias divulgadas à época dos fatos, em 1994. É o caso dos jornais Folha de S.Paulo (R$ 750 mil) e O Estado de S.Paulo (R$ 750 mil), da Globo (R$ 1,35 milhão) e da Editora Três, responsável pela publicação da revista IstoÉ, (R$ 360 mil). Em todos os casos ainda cabe recurso.

Como se vê, mesmo condenados, eles continuam nas mesmas práticas manipuladoras e sensacionalistas. Repare a manchete criminosa da Folha da Tarde que levou à condenação:

“Perua escolar carregava as crianças para a orgia”

Condenações como essas é que levam os grandes grupos de mídia e alguns deputados e juristas a defender o liberou geral, magnificamente resumido nas palavras do deputado e ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira:

“Quem se julga ofendido pela imprensa deveria convocar entrevistas coletivas e disputar espaço no noticiário para se defender”.

Parece que Miro Teixeira pensa que todo brasileiro é deputado.

Leia também:

» Roberto Civita quer imprensa acima da lei

» O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil (III)

» Manipulação de foto na IstoÉ é um retrato de corpo inteiro da mídia corporativa

» Advogados da Veja nunca leram Veja

» O terrorismo de Bush, das FARC e da mídia corporativa


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Dez guerras, dez mentiras midiáticas

Artigo de Michel Collon, que pode ser lido na íntegra aqui (em espanhol). Traduzido e adaptado por mim:

Cada guerra é precedida por uma mentira dos meios de comunicação de massa. Hoje Bush ameaça a Venezuela e o Equador. Amanhã será o Irã? E depois, quem mais?

(...) Recordemos simplesmente quantas vezes os mesmos Estados Unidos e os mesmos meios já nos manipularam.

Cada grande guerra se “justifica” pelo que mais tarde (demasiado tarde) aparecerá como uma simples desinformação. Um rápido inventário:

1) Vietnã (1964-1975)
Mentira midiática: Nos dias 2 e 3 de agosto o Vietnã do Norte teria atacado dois barcos dos Estados Unidos na baía de Tonkin.
O que se saberá mais tarde: Esse ataque não aconteceu. Foi uma invenção da Casa Branca.
Verdadeiro objetivo: Impedir a independência de Vietnã e manter o domínio dos Estados Unidos na região
Conseqüências: Milhões de vítimas, malformações genéticas (agente laranja), enormes problemas sociais.

2) Granada (1983)
Mentira midiática:: A pequena ilha do Caribe foi acusada de que nela se construía uma base militar soviética e de trazer perigo à vida de médicos americanos.
O que se saberá mais tarde: Absolutamente falso. O Presidente Reagan inventou esses pretextos.
Verdadeiro objetivo: Impedir as reformas sociais e democráticas do premiê Bishop (depois assassinado)
Conseqüências: Brutal repressão e restabelecimento da tutela de Washington.

3) Panamá (1989)
Mentira midiática: A invasão tinha o objetivo de prender o presidente Noriega por tráfico de drogas.
O que se saberá mais tarde: Formado pela CIA o presidente Noriega reclamava a soberania ao fim do acordo do canal, o que era intolerável para os Estados Unidos.
Verdadeiro objetivo: Manter o controle dos Estados Unidos sobre essa estratégica via de comunicação.
Conseqüências: Os bombardeios dos Estados Unidos mataram entre 2 e 4 mil civis, ignorados pelos meios.

4) Iraque (1991)
Mentira midiática: Os iraquianos teriam destruído parte da maternidade da cidade de Kuwait.
O que se saberá mais tarde: Invenção total da agência publicitária Hill e Knowlton, paga pelo emir de Kuwait.
Verdadeiro objetivo: Impedir que o Oriente Médio resista a Israel e se comporte com independência em relação aos Estados Unidos.
Conseqüências: Inumeráveis vítimas da guerra, depois um longo embargo, inclusive de medicamentos.

5) Somália (1993)
Mentira midiática: O senhor Kouchner aparece na cena como herói de uma intervenção humanitária.
O que se saberá mais tarde: Quatro sociedades americanas tinham comprado uma quarta parte do subsolo somali, rico em petróleo.
Verdadeiro objetivo: Controlar uma região militarmente estratégica.
Conseqüências: Não conseguindo controlar a região os Estados Unidos a manterão num prolongado caos.

6) Bósnia (1992-1995)
Mentira midiática: A empresa americana Ruder Finn e Bernard Kouchner divulga a existência de campos de extermínio sérvios.
O que se saberá mais tarde: Ruder Finn e Kouchner mentiram. Eram apenas campos de prisioneiros. O presidente muçulmano Izetbegovic o admitiu.
Verdadeiro objetivo: Quebrar uma Iugoslávia demasiado esquerdista, eliminar seu sistema social, submeter a zona às multinacionais, controlar o Danúbio e as estratégicas rotas dos Bálcãs.
Conseqüências: Quatro atrozes anos de guerra para todas as nacionalidades (muçulmanos, sérvios, croatas). Provocada por Berlin, prolongada por Washington.

7) Iugoslávia (1999)
Mentira midiática: Os sérvios cometem um genocídio contra os albaneses do Kosovo.
O que se saberá mais tarde: Pura e simples invenção da OTAN como o reconheceu Jaime Shea, seu porta-voz oficial.
Verdadeiro objetivo: Impor o domínio da OTAN nos Bálcãs e sua transformação em polícia do mundo. Instalar uma base militar americana no Kosovo.
Conseqüências: Duas mil vítimas dos bombardeios da OTAN. Limpeza étnica de Kosovo pelo UCK, protegido pela OTAN.

8) Afeganistão (2001)
Mentira midiática: Bush pretende vingar o 11 de setembro e capturar Bin Laden
O que se saberá mais tarde: Não existe nenhuma prova da existência dessa rede. Além disso, os talibãs tinham proposto extraditar Bin Laden.
Verdadeiro objetivo: Controlar militarmente o centro estratégico da Ásia, construir um oleoduto que permitisse controlar o abastecimento energético do sul da Ásia.
Conseqüências: Ocupação extremamente prolongada e grande aumento da produção e tráfico de ópio.

9) Iraque (2003)
Mentira midiática:: Saddam teria perigosas armas de destruição, afirmou Colin Powell nas Nações Unidas, mostrando provas.
O que se saberá mais tarde: A Casa Branca ordenou falsificar esses relatórios (assunto Libby) ou fabricá-los.
Verdadeiro objetivo: Controlar todo o petróleo e chantagear seus rivais; Europa, Japão, China…
Conseqüências: Iraque submerso na barbárie, as mulheres devolvidas à submissão e ao obscurantismo.

10) VenezuelaEquador (2008?)
Mentira midiática: Chávez apoiaria o terrorismo, importaria armas, seria um ditador (o pretexto definitivo parece não ter sido escolhido ainda).
Verdadeiro objetivo: As multinacionais querem seguir com o controle petroleiro e de outras riquezas de toda América Latina, temem a libertação social e democrática do continente.
Conseqüências: Washington empreende uma guerra global contra o continente: golpes de estado, sabotagens econômicas, chantagens, estabelecimento de bases militares próximas às riquezas naturais.

Leia também:

» Bono, do U2, financiou game contra Chávez

» Mercenaires 2: Game simula invasão da Venezuela para derrubar Chávez

» Em Miami, apresentador de TV prega o assassinato de Chávez

» Ex-agente da CIA confirma que EUA podem assassinar Chávez

» Vídeo do golpe contra Chávez. Na íntegra, 'A Revolução não será televisionada'


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Imagens encontradas nos laptops de Reyes na verdade foram feitas por agentes colombianos

Na Colômbia, como no Brasil, a mídia corporativa age do mesmo modo: omite, inventa, manipula. Por isso os blogs sobre política e os sites com informação alternativa cada vez são mais procurados pelos que buscam informação descontaminada.

Séries de fotos publicadas e apresentadas pela imprensa colombiana como imagens encontradas nos laptops de Raúl Reyes, supostamente capturados pelo governo colombiano durante o bombardeio do acampamento das FARC no Equador, na realidade foram obtidas por agentes da inteligência colombiana - ou colaboradores – durante um evento no Equador, segundo informa o jornalista Daniel Denvir [leia aqui a reportagem completa, em inglês].

As fotos foram entregues por uma fonte da inteligência colombiana ao diário El Tiempo de Bogotá no dia 3 de março, dois dias após a invasão do território equatoriano e do massacre no acampamento das FARC.

O site Aporrea, de linha bolivariana, também ironiza outra foto que uniria o governo da Venezuela a Reyes. Em nota intitulada Otra "prueba" de los contactos entre Venezuela y las FARC, eles publicam uma foto em que o líder das FARC aparece ao lado do chanceler venezuelano José Vicente Rangel. Mas há outra pessoa com eles: simplesmente o embaixador da Colômbia em Caracas, Luis Guillermo Giraldo.

Hoje Giraldo é o chefe do muito personalista Partido do "U" - de Uribe - e encabeça uma iniciativa para reformar a Constituição da Colômbia, de modo que "Varito" - como o megatraficante Pablo Escobar Gaviria chamava Uribe - possa disputar novamente a presidência em 2010, para um terceiro período na Casa de Nariño.

Ignorantes ou mal intencionados, fontes da Orvex [Organização de Venezuelanos no Exílio] andam difundindo a foto como se fosse de uma reunião clandestina, em lugar de um encontro oficial com participação de autoridades da Colômbia.

Leia também:

» Pablo Escobar sobre Uribe: 'Se não fosse por esse rapaz bendito, ainda estaria trazendo pasta de cocaína em porta-malas de carros'

» Por que Chávez chama Uribe de peão do império americano?

» Chávez ou Uribe, quem colabora com os narcotraficantes?

» Bush e Uribe levam a Colômbia de volta ao Velho Oeste

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Racistas sucreños agridem camponeses e impedem visita do presidente Evo Morales ao local

Aconteceu na manhã de sábado, dia 24 de maio, quando a cidade de Sucre, que é a capital constitucional da Bolívia (a administrativa é La Paz), preparava-se para comemorar o 199° aniversario do chamado Grito Libertário da América, que contaria com a presença do presidente Evo Morales.

Camponeses reunidos na praça foram violentamente agredidos por racistas separatistas sucreños (não confundir com os cruceños, que são de Santa Cruz, embora a semelhança entre os grupos não esteja apenas nos nomes), que não pouparam mulheres, crianças e idosos. As agressões prosseguiram com humilhações. Homens foram obrigados a ficar sem camisa, beijar o chão e repetir insultos contra o governo central.

A ação do grupo de radicais acabou impedindo a ida do presidente Evo Morales ao local.

No vídeo abaixo, imagens do tumulto comentadas pelo presidente Evo, em off. Para imagens e entrevistas com camponeses agredidos clique aqui e veja este outro vídeo.



Leia e veja também:

» Quem apóia Evo Morales na Bolívia?

» Racistas cruceños massacram índio durante referendo na Bolívia

» 'Democracia a palos': Mais um vídeo sobre a situação da Bolívia hoje

» Documentos comprovam envolvimento dos EUA na tentativa de desestabilização da Bolívia

» Assista ‘Guerreros del Arcoiris’: Documentário mostra preparação de golpe de Estado na Bolívia

» Vídeo: Racistas bolivianos agridem covardemente um ‘índio de mierda’

» Golpistas bolivianos plagiam projeto de Estatuto da Catalunha

» Racistas bolivianos agridem camponeses

» Dois anos de governo Evo Morales. O que você nunca leu

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Política de cotas em debate

Para incrementar o debate sobre as cotas, publico hoje esta lista elaborada pelo Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, que foi a primeira universidade pública de grande porte no Brasil a utilizar o sistema de cotas, em 1991.

Os 10 mitos sobre as Cotas

1- as cotas ferem o princípio da igualdade, tal como definido no artigo 5º da Constituição, pelo qual “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. São, portanto, inconstitucionais.
Na visão, entre outros juristas, dos ministros do STF, Marco Aurélio de Mello, Antonio Bandeira de Mello e Joaquim Barbosa Gomes, o princípio constitucional da igualdade, contido no art. 5º, refere-se à igualdade formal de todos os cidadãos perante a lei. A igualdade de fato é tão somente um alvo a ser atingido, devendo ser promovida, garantindo a igualdade de oportunidades como manda o art. 3º da mesma Constituição Federal. As políticas públicas de afirmação de direitos são, portanto, constitucionais e absolutamente necessárias.

2- as cotas subvertem o princípio do mérito acadêmico, único requisito que deve ser contemplado para o acesso à universidade.
Vivemos numa das sociedades mais injustas do planeta, onde o “mérito acadêmico” é apresentado como o resultado de avaliações objetivas e não contaminadas pela profunda desigualdade social existente. O vestibular está longe de ser uma prova equânime que classifica os alunos segundo sua inteligência. As oportunidades sociais ampliam e multiplicam as oportunidades educacionais.

3- as cotas constituem uma medida inócua, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país.
É um grande erro pensar que, no campo das políticas públicas democráticas, os avanços se produzem por etapas seqüenciais: primeiro melhora a educação básica e depois se democratiza a universidade. Ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente de forma simultânea.

4- as cotas baixam o nível acadêmico das nossas universidades.
Diversos estudos mostram que, nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino. Universidades que adotaram cotas (como a Uneb, Unb, UFBA e UERJ) demonstraram que o desempenho acadêmico entre cotistas e não cotistas é o mesmo, não havendo diferenças consideráveis. Por outro lado, como também evidenciam numerosas pesquisas, o estímulo e a motivação são fundamentais para o bom desempenho acadêmico.

5- a sociedade brasileira é contra as cotas.
Diversas pesquisas de opinião mostram que houve um progressivo e contundente reconhecimento da importância das cotas na sociedade brasileira. Mais da metade dos reitores e reitoras das universidades federais, segundo ANDIFES, já é favorável às cotas. Pesquisas realizadas pelo Programa Políticas da Cor, na ANPED e na ANPOCS, duas das mais importantes associações científicas do Brasil, bem como em diversas universidades públicas, mostram o apoio da comunidade acadêmica às cotas, inclusive entre os professores dos cursos denominados “mais competitivos” (medicina, direito, engenharia etc). Alguns meios de comunicação e alguns jornalistas têm fustigado as políticas afirmativas e, particularmente, as cotas. Mas isso não significa, obviamente, que a sociedade brasileira as rejeita.

6- as cotas não podem incluir critérios raciais ou étnicos devido ao alto grau de miscigenação da sociedade brasileira, que impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.
Somos, sem dúvida nenhuma, uma sociedade mestiça, mas o valor dessa mestiçagem é meramente retórico no Brasil. Na cotidianidade, as pessoas são discriminadas pela sua cor, sua etnia, sua origem, seu sotaque, seu sexo e sua opção sexual. Quando se trata de fazer uma política pública de afirmação de direitos, nossa cor magicamente se desmancha. Mas, quando pretendemos obter um emprego, uma vaga na universidade ou, simplesmente, não ser constrangidos por arbitrariedades de todo tipo, nossa cor torna-se um fator crucial para a vantagem de alguns e desvantagens de outros. A população negra é discriminada porque grande parte dela é pobre, mas também pela cor da sua pele. No Brasil, quase a metade da população é negra. E grande parte dela é pobre, discriminada e excluída. Isto não é uma mera coincidência.

7- as cotas vão favorecer aos negros e discriminar ainda mais aos brancos pobres.
Esta é, quiçá, uma das mais perversas falácias contra as cotas. O projeto atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, PL 73/99, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, favorece os alunos e alunas oriundos das escolas públicas, colocando como requisito uma representatividade racial e étnica equivalente à existente na região onde está situada cada universidade. Trata-se de uma criativa proposta onde se combinam os critérios sociais, raciais e étnicos. É curioso que setores que nunca defenderam o interesse dos setores populares ataquem as cotas porque agora, segundo dizem, os pobres perderão oportunidades que nunca lhes foram oferecidas. O projeto de Lei 73/99 é um avanço fundamental na construção da justiça social no país e na luta contra a discriminação social, racial e étnica.

8- as cotas vão fazer da nossa, uma sociedade racista.
O Brasil esta longe de ser uma democracia racial. No mercado de trabalho, na política, na educação, em todos os âmbitos, os/as negros/as têm menos oportunidades e possibilidades que a população branca. O racismo no Brasil está imbricado nas instituições públicas e privadas. E age de forma silenciosa. As cotas não criam o racismo. Ele já existe. As cotas ajudam a colocar em debate sua perversa presença, funcionando como uma efetiva medida anti-racista.

9- as cotas são inúteis porque o problema não é o acesso, senão a permanência.
Cotas e estratégias efetivas de permanência fazem parte de uma mesma política pública. Não se trata de fazer uma ou outra, senão ambas. As cotas não solucionam todos os problemas da universidade, são apenas uma ferramenta eficaz na democratização das oportunidades de acesso ao ensino superior para um amplo setor da sociedade excluído historicamente do mesmo. É evidente que as cotas, sem uma política de permanência, correm sérios riscos de não atingir sua meta democrática.

10- as cotas são prejudiciais para os próprios negros, já que os estigmatizam como sendo incompetentes e não merecedores do lugar que ocupam nas universidades.
Argumentações deste tipo não são freqüentes entre a população negra e, menos ainda, entre os alunos e alunas cotistas. As cotas são consideradas por eles, como uma vitória democrática, não como uma derrota na sua auto-estima, ser cotista é hoje um orgulho para estes alunos e alunas. Porque, nessa condição, há um passado de lutas, de sofrimento, de derrotas e, também, de conquistas. Há um compromisso assumido. Há um direito realizado. Hoje, como no passado, os grupos excluídos e discriminados se sentem mais e não menos reconhecidos socialmente quando seus direitos são afirmados, quando a lei cria condições efetivas para lutar contra as diversas formas de segregação. A multiplicação, nas nossas universidades, de alunos e alunas pobres, de jovens negros e negras, de filhos e filhas das mais diversas comunidades indígenas é um orgulho para todos eles.

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Fazer gracinha com tortura é coisa de Agripino, Bolsonaro e Estadão

Não me canso de repetir aqui: a tortura é um crime hediondo, uma ignomínia. Ainda mais quando praticada por agente do Estado, como ocorreu durante a ditadura militar. E como continua a ocorrer nas delegacias de polícia pelo país afora.

O pior é que ainda há gente como o deputado Bolsonaro e o senador Agripino, que pensam em fazer gracinha com episódios de tortura, e quando um jornal tradicional, como o Estadão, publica a carta de um leitor também nesse sentido.

Posto diante da torpeza de publicar a tal gracinha, o editor da seção de cartas do jornalão saiu-se com a conversa mole de que estava defendendo a liberdade de expressão...

O Rovai, do Blog do Rovai, publicou um artigo sobre o tema no Observatório da Imprensa, que merece a sua leitura.

Leia e comente.

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Miriam Leitão contesta Ali Kamel no Globo

Ela não diz isso com todas as letras. Muito pelo contrário: Miriam Leitão nem cita o nome do diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, porque ela não é boba. Mas em sua coluna de hoje em O Globo ela bate de frente com o que pensa Kamel. Para ele, não existe racismo no Brasil e o movimento em defesa das cotas raciais é que pode vir a criá-lo.

Em sua coluna, Leitão afirma o oposto: existe, sim, racismo e as cotas servem não só para denunciá-lo como também para reparar em parte os danos causados por ele. E chama de “negacionistas” os que pensam como Kamel.

Ainda há quem negue, hoje, que haja algo estranho numa sociedade de tantas diferenças.

O manifesto contra as cotas tem alguns intelectuais respeitáveis. Mais os respeitaria se estivessem pedindo avaliações e estudos sobre o desempenho de política tão recente; primeira e única tentativa em 120 anos de fazer algo mais vigoroso que deixar tudo como está para ver como é que fica. O status quo nos trouxe até aqui: a uma sociedade de desigualdades raciais tão vergonhosas de ruborizar qualquer um que não tenha se deixado anestesiar pela cena e pelas estatísticas brasileiras.

Ora, direis: o que tem o glorioso abolicionismo com uma política tópica — para tantos, equivocada — de se reservar vagas a pretos e pardos nas universidades públicas? Ora, a cota não é a questão.

Ela é apenas o momento revelador, em que reaparece com força o maior dos erros nacionais: negar o problema para fugir dele. Os “negacionistas” — expressão da professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP — sustentam que o país não é racista, mas que se tornará caso alguns estudantes pretos e pardos tenham desobstruído seu ingresso na universidade. Erros surgiram na aplicação das cotas. Os gêmeos de Brasília, por exemplo. Episódios isolados foram tratados como o todo. Tiveram mais destaque do que a análise dos resultados da política.

Os cotistas subverteram mesmo o princípio do mérito acadêmico? Reduziram a qualidade do ensino universitário? Produziram o ódio racial? Não vi até agora nenhum estudo robusto que comprovasse a tese manifesta de que uma única política pública, uma breve experiência, pudesse produzir tão devastadoras conseqüências.

Em sua defesa das cotas, Miriam Leitão critica até a mídia corporativa:

Os órgãos de comunicação têm feito uma enviesada cobertura do debate. Melhor faria o jornalismo se deixasse fluir a discussão, sem tanta ansiedade para, em cada reportagem, firmar a posição que já está explícita nos editoriais. A mensagem implícita em certas coberturas só engana os que não têm olhos treinados. [clique aqui para ler o texto completo].

Esta também é minha opinião. Sou a favor das cotas.

E você, leitor, leitora, o que pensa do assunto? As cotas incentivam o racismo?

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Comunicado das FARC confirma morte de Marulanda

Em comunicado divulgado esta manhã, o Secretariado das FARC confirma a morte do mais antigo guerrilheiro do planeta, Manuel Marulanda Vélez:

Con inmenso pesar informamos que nuestro comandante en jefe Manuel Marulanda Vélez, murió el pasado 26 de marzo como consecuencia de un infarto cardíaco, en brazos de su compañera y rodeado de su guardia personal.” [leia a íntegra do comunicado aquí]

Isso é motivo de alegria para a mídia corporativa, que desde ontem estampa pelo mundo a manchete de que a morte de Marulanda (apresentado sempre como “o número um das FARC”) é um duro, talvez fatal, golpe para o grupo guerrilheiro.

Mas a coisa não é bem assim. Se Marulanda era um símbolo de resistência, seu estado de saúde não era lá nenhuma brastemp. Muito pelo contrário. Aos 79 anos, debilitado por uma grave enfermidade (dizem que um câncer de próstata), sua morte era esperada para qualquer momento.

Além do mais, as FARC há muito são comandadas por um colegiado, que, segundo a mesma nota que confirma a morte de Marulanda, já indicou seu substituto e a nova arrumação da cúpula guerrilheira.

Pessoalmente, não partilho desse otimismo midiático, quanto ao fim das FARC. A situação na Colômbia é bastante complicada. Ainda mais depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, já disse que não vai permitir a continuidade da base militar americana instalada naquele país. Sobra a Colômbia, o que vai acirrar ainda mais os ânimos por lá.

O que é uma pena. Como já disse aqui, sou contrário à forma de luta das FARC, gostaria que eles depusessem as armas. Mas sei que eles já fizeram isso há uns anos, com resultados para lá de catastróficos.

Também reconheço que para que isso aconteça os paramilitares deveriam ser presos, julgados e condenados, e o presidente Uribe também deveria perder seu cargo, conseguido mediante a compra de votos para aprovar a emenda que possibilitou sua reeleição (peraí, essa história de compra de votos para emenda da reeleição já conhecemos de outro lugar, não?)...

A meu ver, a esperança para que aconteçam mudanças na Colômbia depende menos das forças em disputa no país e mais da posição que vier a ser assumida pelo próximo presidente americano.

Leia também:

» O terrorismo de Bush, das FARC e da mídia corporativa

» Vídeo: 'Guerrilheira' - o treinamento de uma jovem para se transformar em guerrilheira das FARC

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Vamos ajudar o Fazendo Media

Um dos blogs mais interessantes da internet, o Fazendo Media está precisando de ajuda. Que tal colaborar?

Leia esta postagem do Marcello Salles, responsável pelo blog:

Ajude a manter o Fazendo Media
Amigos, boa noite. Escrevo a essa hora da madrugada pois geralmente é quando consigo tempo para me dedicar a esta atividade de crítica de mídia. Escrevo e não reclamo, pois cada hora de sono roubada é muito bem recompensada quando percebo que tenho conseguido passar a mensagem que quero passar. Mas o propósito deste comentário é outro. O fato é que em março deste ano alugamos uma salinha no centro do Rio, em parceria com a revista Consciência.Net. O endereço, para quem quiser nos visitar, é: Rua do Ouvidor 50, 5o andar. É quase esquina com a Av. Primeiro de Março. A conquista desse espaço é uma vitória para o Fazendo Media, que conseguiu alugar sua primeira sede após cinco anos de trabalho. Entretanto, corremos sério risco de perdê-la. Em nossa última reunião mensal, realizada sexta-feira passada, dia 16 de maio, chegamos à conclusão de que nosso "caixinha" seria suficiente apenas para o pagamento de mais dois meses de aluguel. A receita projetada com a venda de assinaturas não se confirmou e, como não temos anúncio (a não ser os do Google, que até hoje não conseguimos sacar), a triste solução será entregar as chaves. Entretanto, como este fazendomedia.com possui 2 mil visitantes únicos por dia e circula por um número incalculável de pessoas via correio eletrônico, antes de desistir da sala vou fazer um apelo a cada um de vocês que me lê: faça uma assinatura do Fazendo Media impresso ou uma doação de qualquer valor. Sua contribuição pode ser decisiva para a continuidade do nosso trabalho, cujo objetivo final é a democratização dos meios de comunicação no Brasil. [Veja como colaborar aqui]

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Confissões de um torturador: - Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Entrevista feita em 9 de dezembro de 1998 com Marcelo Paixão de Araújo, que, em 1968, servia como tenente no 12º Regimento de Infantaria do Exército em Belo Horizonte, um dos três centros mais conhecidos de tortura da capital mineira durante a ditadura militar. Ali, permaneceu até 1971.

Revista Durante a ditadura, em depoimentos na Justiça Militar, 22 presos políticos acusam o senhor de tortura. É verdade?
Araújo
— Quem lhe disse isso?

Revista Vi nos processos na Justiça Militar. E, pela quantidade de presos que o citaram, o senhor é o agente da repressão que mais praticou torturas. É verdade?
Araújo
— Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Revista O senhor fez isso cumprindo ordens ou achava que deveria fazê-lo?
Araújo
— Eu poderia alegar questões de consciência e não participar. Fiz porque achava que era necessário. É evidente que eu cumpria ordens. Mas aceitei as ordens. Não quero passar a idéia de que era um bitolado. Recebi ordens, diretrizes, mas eu estava pronto para aceitá-las e cumpri-las. Não pense que eu fui forçado ou envolvido. Nada disso. Se deixássemos VPR, Polop (organizações terroristas) ou o que fosse tomar o poder ou entregá-lo a alguém, quem se aproveitaria disso seriam os comunistas. Não queríamos que o Brasil virasse o Chile de Salvador Allende. Nessa época, eu tinha 21 anos, mas não era nenhum menino ingênuo (risos). O pau comia mesmo. Quem falar que não havia tortura é um idiota.

Revista Como o senhor aprendeu a torturar?
Araújo
— Vendo.

Revista O que o senhor fazia?
Araújo
— A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar a gritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros), os militantes do grupo. Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era, vamos dizer assim, mais porrada. Um dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Um terceiro, soco no rim. Tudo para ver se ele falava. Se não falava, tinha dois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicar a palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. Eu era muito bom na palmatória.

Revista Como funciona a palmatória?
Araújo
Você manda o sujeito abrir a mão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos na mão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das Forças Armadas. Tinha gente que dizia que no telefone vinha inscrito US Army (indicando que era produto das Forças Armadas americanas). Balela. Era 100% brasileiro. O método foi muito usado nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas o nosso equipamento era brasileiro.

Revista E o que é o telefone?
Araújo
— É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem.

Revista De quanto?
Araújo
— Posso pegar o manual para informar com certeza. Mas não tem perigo de fazer mal. Eu gostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, mas sempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não se pode fazer é deixar a corrente passar pelo coração. Aí mata.

Revista Qual era o estágio seguinte quando o preso não falava?
Araújo
— O último estágio em que cheguei foi o pau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapas anteriores. Mas pau-de-arara é um negócio meio complicado. No Rio e em São Paulo gostavam mais de usar o pau-de-arara do que em Minas Gerais. Mas a gente usava, sim. O pau-de-arara não é vantagem. Primeiro, porque deixa marca. Depois, porque é trabalhoso. Tem de montar a estrutura. Em terceiro, é necessário tomar conta do indivíduo porque ele pode passar mal. Também tinha o afogamento. Você mete o preso dentro da água e tira. Quando ele vai respirar, coloca dentro de novo, e vai por aí afora. É como um caldo, como se faz na piscina. Era eficiente. Mas eu não gostava. Achava que o risco era muito alto. Afogamento não era a minha praia (risos). A geladeira, uma câmara fria em que se coloca o preso, não funcionava em Belo Horizonte. Era muito caro. O que tinha era o trivial caseiro. O menu mineiro.

Revista O que mais tinha no menu mineiro?
Araújo
— A dança da lata eu praticava muito.

Revista Como era?
Araújo
— Eu pegava duas latinhas de ervilha e abria. Depois, colocava o cara de pé, em cima.

Revista Sangrava?
Araújo
— Não. Ele falava antes disso (gargalhadas). Mas quem era mais leve agüentava mais tempo.

Revista E quem não tinha o que dizer?
Araújo
— Ia para a lata igual. Mas é muito fácil identificar quem tinha e quem não tinha o que falar.

Revista Como?
Araújo
— Militante é diferente. Jornalista é diferente de militar, que é diferente de empresário, que é diferente de militante. Ele se deixa trair por uma série de coisas. O linguajar, para começar, é diferente. Então, inocente só era torturado quando o agente era muito cru, sem conhecimento algum da práxis marxista, ou quando era um sádico. É muito fácil identificar uma pessoa que não é de esquerda. Vou dar um exemplo. Há algum tempo fui comprar dólares no Banespa, no câmbio turismo. Como até hoje tenho minha carteira militar, apresentei-a no lugar da identidade. O atendente viu a carteira, olhou para mim e perguntou:

— O senhor serviu no colégio militar?
— Tive uma época lá. Por quê? Você foi aluno lá?
— Não.
— Você foi soldado?
— Não.
— Escuta, eu te prendi?
— Não foi bem assim. Fui preso e o senhor foi o único que acreditou em mim. Apanhei com palmatória antes de o senhor chegar e me liberar.
— Sorte, hein? Já pensou se fosse o contrário? (risos).

Revista O senhor já reencontrou alguma pessoa que torturou?
Araújo
— Sim. Eventualmente, eu encontro ex-presos meus, inclusive os que apanharam. E o relacionamento não é muito ruim, não. Não é aquele negócio de dar beijinhos e abraços. Mas é um relacionamento de respeito. Há pouco tempo, aqui em Belo Horizonte, encontrei o Lamartine Sacramento Filho, que é professor em uma faculdade local. Segurei ele no ombro e disse: 'Você não me conhece, não?' Ele levou um susto. Aí eu disse: 'Você tá bom?' Ele disse que sim e não quis mais conversa. Mas também não passa batido, não (risos). Não deixo passar batido (sério).

Revista Por quê?
Araújo
— É o meu esquema. Não deixo passar batido. Não vai passar batido. Não passa batido. Vou lá, coloco a mão no ombro dele e digo: Não me esqueci de você, não. Você lembra de mim? Estamos aí. A vida continua.

Revista Quantas pessoas o senhor já torturou?
Araújo
— Não tenho idéia. Não sou igual a matador que faz talho na coronha do revólver para cada um que mata. Mas você quer um número aproximado?

Revista Sim.
Araújo
— Uns trinta.

Revista O senhor matou alguém em sessões de tortura?
Araújo
— Não. Já atirei, mas não matei.

Revista Mas morreu gente onde o senhor servia.
Araújo
— Pouca gente. O João Lucas Alves, que era um ex-sargento da FAB, foi um deles. Ele morreu na tortura.

Revista O senhor participou?
Araújo
— Não. Isso foi alguns dias antes de eu ser convocado. Depois que eu saí, se morreu alguém eu não sei.

Revista O que é besteira e o que é verdade no que já se escreveu sobre tortura no Brasil?
Araújo
— Há algumas pequenas inverdades. Mas a maioria dos fatos é correta. Há pouca besteira e muita verdade. As pessoas que participaram desse período até hoje não falaram abertamente. As altas autoridades do país foram as primeiras a tirar o seu da reta. Morri de rir ao ler o livro sobre o Geisel (refere-se ao livro que reúne as memórias do ex-presidente Ernesto Geisel, publicado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas). Segundo o depoimento de Geisel, ele não sabia de nada, mandava apurar tudo, era um inocente. É uma gracinha isso tudo. Todos os agentes do governo que escreveram sobre a época do regime militar foram muito comedidos. Farisaicos, até. Não sabiam de nada, eram santos, achavam a tortura um absurdo. Quem assinou o AI-5? Não fui eu. Ao suspender garantias constitucionais, permitiu-se tudo o que aconteceu nos porões. É claro que havia diversas pessoas envolvidas nisso. Mas eu não vou citar o nome de ninguém. Falo apenas de mim.

Bom, pra mim, chega de tortura. Confesso que me enoja e entristece saber que um sujeito como esse está solto e impune. A tortura é um crime hediondo, uma ignomínia, ainda mais quando aplicada por um agente do Estado, que existe, teoricamente, para nos proteger.

Mas, quem quiser prosseguir lendo a entrevista, depoimentos de presos que foram torturados por Paixão, e também os de outros torturadores, clique aqui e leia a reportagem de Alexandre Oltramari para a Veja, na época em que ainda valia a pena ler a revista.

Leia também:

» São a favor da tortura 42% dos brasileiros que ganham acima de R$ 2 mil e 40% dos que têm curso superior

» Músicas que os americanos usam para torturar prisioneiros

» Exército americano tortura prisioneiros desde 1901

» Jovem de 15 anos torturado e morto pela polícia em Bauru, SP. Serra estuda

» Bush defende a tortura

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Mantega demite funcionários da Receita por improbidade cometida durante governo FHC

O Diário Oficial publicou na última quarta-feira portaria assinada ministro da Fazenda, Guido Mantega, que oficializa a demissão de Sandro Martins Silva, que era auditor da Receita, e a destituição de Paulo Baltazar Carneiro — auditor que chegou a ser um dos secretários-adjuntos do Fisco, na gestão de Everardo Maciel — do cargo de confiança que ocupava. Segundo o órgão, não há mais recursos administrativos e, independentemente disso, continuam as ações criminais contra os dois servidores. Ambos, entretanto, já estavam afastados do órgão preventivamente.

Funcionou assim. Os dois tiraram licença dos cargos e foram atuar como consultores em empresas privadas. Depois, voltaram a trabalhar para a Receita, mas, por debaixo dos autos, continuavam a trabalhar para os antigos patrões. Pela acusação, por exemplo, problemas da Odebrecht com a Receita, no valor de R$ 1,1 bilhão transformaram-se, em quatro anos, em uma pendura de apenas R$ 26 milhões (o apenas aqui se refere ao volume anterior envolvido, né?).

O trabalho deles era “buscar alternativas e brechas jurídicas que permitissem um abatimento no valor da sanção”.

Os dois, segundo reportagem de O Globo publicada no Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal), prestaram essa “consultoria amiga” a outras empresas, como o Mc Donald's, e “cerca de dez dias depois, a Receita aprovou uma norma favorecendo a rede, que pôde compensar grande parte dos impostos recolhidos pelos seus franqueados”.

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Quem apóia Evo Morales na Bolívia?

[Imagem]Pichação em muro, Bolívia, Cochabamba, apoio a Evo Morales. Foto de Alberto Montero

Artigo de Alberto Montero, professor de Economia Aplicada na Universidade de Málaga, Espanha. Publicado originalmente no Rebelión. Tradução e adaptação são minhas.

¿Quién apoya a Evo Morales en Bolivia?

Uma pesquisa do Gallup sobre a Bolívia aponta duas coisas importantes em relação aos apoios com que Evo Morales conta entre a população boliviana.

Uma delas é mais do que evidente e a pesquisa só vem confirmar a percepção de qualquer um que siga a realidade da Bolívia pode ter: Evo Morales conta com o apoio majoritário – 64% - da população pobre e da classe trabalhadora. É o presidente dos pobres, dos despossuídos que esperam que promova uma mudança social, política e econômica que, de uma vez por todas, acabe com as situações de exclusão e pobreza em que vive a maioria da população desse país.

Evo Morales tem apoio de 40% das classes média e alta

Além disso, a pesquisa revela que, em seu projeto transformador, Morales não tem o apoio apenas desses que seriam seus apoiadores tradicionais e incondicionais. Evo também conta com o apoio de 40% das classes média e alta.

Isso significa que a imagem de uma Bolívia quebrada pelas políticas indigenistas ou populistas do atual governo é muito pouco verdadeira em suas linhas gerais. De fato, o último relatório do Latinobarômetro para o ano de 2007 mostra que 60% da população apóia a gestão do governo atual.

Há razões que permitem explicar o porquê da manutenção desse apoio popular que, no entanto, a oposição e os meios de comunicação tratam de desvalorizar ou, o que é pior, recusar-se a ver.

Bolívia, o país onde mais avançou o apoio à democracia por parte da população

A explicação para isso também nos dá o Latinobarômetro. Segundo o último relatório, a Bolívia é o país de América Latina onde mais avançou o apoio à democracia por parte da população, desde que governa Evo Morales: do 49% em 2005 ao 67% em 2007. E mais, a confiança em que o sistema democrático é o melhor sistema de governo aumentou 20 pontos nos últimos cinco anos e chega atualmente até o 81%. Mais ainda, a percepção da população de que Bolívia é um país cada dia mais democrático foi em ascensão desde a chegada ao poder de Morales.

Estímulo à participação política da população

Evidentemente, isto significa que a população boliviana percebe que sua capacidade de influência na política através de mecanismos institucionais de natureza democrática vem aumentando; que o poder está deixando progressivamente de perceber-se como um reduto controlado pelas elites tradicionais e passa a estender-se de forma horizontal entre o povo.

Isso só é possível quando institucionalmente se promove essa participação democrática e se estimula o envolvimento dos cidadãos na atividade política; quando se incita as classes populares para que assumam sua responsabilidade de participação democrática como leito inevitável para aumentar seu nível de participação no poder e, com isso, suas possibilidades de avançar na transformação social como está fazendo o governo de Evo Morales.

Redução da taxa de desemprego

Mas há mais elementos que contribuem para explicar o apoio popular e o reforço da confiança na democracia na Bolívia. E são razões que também tratam freqüentemente de ser tergiversadas: enquanto no ano 2004 68% da população tinham dificuldades para chegar ao fim de mês, em 2007 essa percentagem se reduziu a 47%, isto é, mais de 20 pontos. Evidentemente, tudo isso graças a que, por exemplo, entre os anos 2006 e 2007 se reduziu a taxa de desemprego de 24% a 15%.

Assim, o reforço da percepção democrática do país foi acompanhado de uma melhora tanto na situação objetiva como na sensação subjetiva sobre a evolução econômica. O avanço é paralelo: a confiança na democracia e a melhora nos níveis de rendimento foram aumentando durante esses dois anos de governo e isso sem dúvida - e apesar de todos os erros de governo e o que poderia ter sido feito e não se fez - redunda na manutenção do apoio a Evo Morales. Mas, se seguimos analisando os dados, nos encontramos com novos elementos que também convém destacar.

Cai a confiança na economia de mercado

A realidade cultural e política de Bolívia é tão complexa que os apoios a Morales não podem ser entendidos exclusivamente em termos ideológicos vinculados aos conceitos tradicionais de direita e esquerda.

De fato, quando se realizam as análises sob essa perspectiva, que é uma das predominantes em muitos meios de comunicação, propõe-se que Evo só encontraria sustento entre o eleitorado de esquerda e, em seguida, passa-se à desqualificação de seu projeto transformador acusando-o de seu suposto projeto socialista como se isso, por outra parte, fosse uma opção ilegítima.

Para rebater o simplismo de tal análise bastam dois elementos que não podem ser desviados. Em primeiro lugar, que, precisamente, é o povo boliviano quem desconfia cada vez mais e em maior medida da economia de mercado como sistema que permita promover o desenvolvimento econômico: a percentagem de população que crê que esse é o caminho se reduziu do 64% em 2005 para 54% em 2007.

E, em segundo lugar, o Latinobarômetro também mostra que o país foi reduzindo os níveis de polarização política e vai se situando em posições mais ao centro politicamente sem que isso diminua o apoio popular ao governo.

Preponderância de fatores étnicos e culturais

Portanto, e na medida em que o apoio não se sustenta sobre posições ideológicas muito definidas, é necessário algum elemento adicional para tentar compreender a complexidade da situação.

Nesse sentido, o que nunca se pode ignorar na Bolívia são os fatores étnicos e culturais. Desse ponto de vista, Evo Morales é considerado como o presidente capaz de impulsionar um processo de transformação social gerador de inclusão social para a maior parte da população e, especialmente, para os povos e nações indígenas originários; como o líder do que em alguns círculos se conhece como a “segunda independência”.

Essa proposta fica reforçada pelo dado de que para 71% da população boliviana o conflito entre pessoas de diferentes raças é forte ou muito forte, o que constitui a expressão inequívoca de que estamos ante um conflito étnico e cultural, e que o presidente aglutina as esperanças de mudança dos tradicionalmente oprimidos e excluídos.

Uns excluídos que não só o são étnica e culturalmente mas também economicamente, segundo nos indica o dado da pesquisa de Gallup com que abrimos este texto.

Por que cresce o apoio a Evo Morales

Dessa forma, na medida em que o processo de transformação avança pelo reforço da legitimidade das instituições e dos mecanismos democráticos de participação e os excluídos têm maiores possibilidades de acesso aos mesmos, mantém-se e inclusive cresce o apoio popular ao Presidente de um Estado cuja população indígena e mestiça é majoritária e esta, por sua vez, é majoritariamente pobre.

Além do mais, isso ocorre independentemente da ideologia e da posição na escala social, graças à existência de barreiras para os mestiços das classes média e alta para a promoção social ou o acesso ao poder. Isso explicaria parcialmente o motivo de 40% dos integrantes dessas classes médias e altas apoiarem a liderança de Morales por considerar que seu projeto tenta eliminar a discriminação em todos os níveis.

Tudo isso nos conduz a uma conclusão muito evidente e que constitui, por sua vez, a resposta à pergunta que dá título a este artigo: apóia Evo Morales a maioria dos excluídos da Bolívia - econômica, cultural ou etnicamente. E isso, na Bolívia, significa que o apóia a maior parte da população. Agrade ou não agrade, doa a quem doer.

Resolvi traduzir e reproduzir na íntegra o artigo, porque ele traz informação alternativa à habitualmente servida pela mídia corporativa. Criei os entretítulos, que não existem na publicação original, para adaptar o artigo à linguagem dos blogs. O original está no link acima que aponta para o Rebelión.

Leia e veja também:

» Racistas cruceños massacram índio durante referendo na Bolívia

» 'Democracia a palos': Mais um vídeo sobre a situação da Bolívia hoje

» Documentos comprovam envolvimento dos EUA na tentativa de desestabilização da Bolívia

» Assista ‘Guerreros del Arcoiris’: Documentário mostra preparação de golpe de Estado na Bolívia

» Vídeo: Racistas bolivianos agridem covardemente um ‘índio de mierda’

» Golpistas bolivianos plagiam projeto de Estatuto da Catalunha

» Racistas bolivianos agridem camponeses

» Dois anos de governo Evo Morales. O que você nunca leu

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Por que a CPI não ouve Álvaro Dias sobre a entrevista que deu à rádio CBN?

Um blog sobre política tem que reclamar ação política. Onde estão os congressistas da base aliada que não convocam o senador tucano Álvaro Dias para um depoimento à tal CPI do dossiê anti-FHC?

Segundo o colunista de O Globo Merval Pereira, insuspeito quando se trata de tucanos, Dias teria declarado à rádio CBN, das Organizações Globo, que pediu a seu assessor André Fernandes que conseguisse o dossiê.

Se confirmar sua declaração à rádio, fica claro que o assessor agiu a mando de seu chefe, o senador Álvaro Dias, e traiu a amizade com José Aparecido para conseguir a tal planilha que virou "dossiê".

Leia também:

» Sobre o tal dossiê FHC: Os Nardoni, Álvaro Dias e a mídia corporativa nos tratam como idiotas

» José Dirceu: ‘Álvaro Dias devia ser processado por quebra do decoro e por conspirar para derrubar uma ministra de Estado’

» Nada como um Álvaro Dias após o outro

» Álvaro Dias confessa ao repórter Raphael Prado que foi fonte de Veja

» Comissão de Ética do Senado deve pedir cassação do senador tucano Álvaro Dias

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Ibest: Nassif e Vermelho vencem na categoria Política

Parabéns ao Luis Nassif, pela vitória na categoria Blog/Política. E ao Vermelho (falta o RSS pra facilitar), bicampeão do Ibest, na categoria Cidadania/Política. Em ambos os casos, uma vitória de blogs e sites com crítica à mídia corporativa.
Na categoria Blog/Política, os últimos números divulgados pelo prêmio foram:
1. Nassif
2. Mino
3. Dirceu
4. Reinaldo
5. Azenha
6. Cidadania
7. Mello
8. Amigos do Presidente Lula
9. Desabafo País
10. Rovai
Na reta final, o Blog do Mino passou o do Dirceu, que ficou com a terceira colocação, no voto popular. O Ibest só divulgou os nomes dos três primeiros colocados em todas as categorias.
Mais uma vez, o Blog do Mello agradece o seu voto.
Atualização: 15 de junho de 2008, o Ibest revelou o resultado final dos Top Ten. O Blog do Mello subiu para o sétimo lugar. Veja aqui.
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