Domingo com Música. Tom, Vinícius, Elizete e o disco que revelou a bossa nova. Apresentação: Wilson Nunes


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Todo domingo, o Blog do Mello publica dicas musicais do meu amigo desde adolescência e parceiro, além de pianista, maestro, compositor (breve currículo ao final) Wilson Nunes. Sem mais, vamos à de hoje.
A história desse disco é fantástica! Um marco, um divisor de águas, para a música brasileira.

Em 1958 Tom e Vinícius já tinham uma parceria com algumas músicas de sucesso (Eu Sei Que Vou Te Amar, Se Todos Fossem Iguais a Você) ainda no "estilo antigo" de fazer MPB, na tradição de Noel Rosa, Ary Barroso, etc.

Mas o Tom estava estudando com o erudito Guerra Peixe, enveredando pelo jazz, e começaram a fazer umas músicas que os cantores achavam esquisitas, "complicadas", não queriam gravar. E eles adoravam o que estavam fazendo.

Resolveram gravar um disco independente com elas. Chamaram a classuda, ousada, Elizeth Cardoso (pra mim a Elis da primeira metade do século XX) e, em horários alternativos (a maioria de madrugada) do estúdio da gravadora onde Tom trabalhava, com músicos tocando de graça, pelo Tom, gravaram um disco que, no meu entender, é um dos 10 maiores de todos os tempos, gravado aqui.

Na primeira faixa, Chega de Saudade aparece, pela primeira vez, João Gilberto tocando sua batida de Bossa Nova, um jeito de acompanhar samba ao violão revolucionário, completamente diferente do que rolava até então.

É uma música emblemática. A primeira parte é tristonha, melancólica, no "estilo antigo" que citei anteriormente. Mas a segunda é eufórica, esperançosa, com a melodia angulosa, com notas difíceis de serem entoadas, bem diferente do que se fazia na época. Estava inaugurada uma nova música brasileira, análoga ao Brasil de JK.

Sem saber, entre outras coisas, estava inventada a Bossa Nova.

Wilson Nunes é maestro. Pianista, tecladista, arranjador, produtor, regente, professor, cantor e compositor. Estudou piano com Sônia Maria Vieira e Adhemar Saide, arranjo e regência com Alceu Bochinno, Koellreuter e Leandro Braga. Como diretor musical, músico ou arranjador, tem trabalhado com grandes nomes de nossa música, como Maria Bethânia, Beth Carvalho, Zizi Possi, Ivan Lins, Gilberto Gil, Bibi Ferreira, Selma Reis, Joanna, César Camargo Mariano, Tânia Alves, Eduardo Dussek, Geraldo Azevedo, Dalto, Marcos Valle, Sivuca, Amelinha, Jorge Vercillo, Emílio Santiago, Simone, Pery Ribeiro e Leila Pinheiro, para quem fez o arranjo da premiada música ‘Verde’, no 'Festival dos Festivais' da TV Globo, assim como fez os arranjos do primeiro LP de Leila, 'Olho Nu'. Contato: wjnunes@hotmail.com




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