Billie Holiday magnífica.
George Floyd, presente.
Na voz de uma das maiores divas do jazz, Billie Holiday, [Strange Fruit] um poema de três estrofes escrito em 1936 por Abel Meeropol – um professor universitário de Nova Iorque – se transformou numa das maiores bofetadas de toda a história contra a violência racial que vitimava negros através de linchamentos sangrentos no sul dos Estados Unidos.Aqui, letra com tradução do site Letras. Em seguida, vídeo com Billie "ao vivo".
Essa música tornou-se tão importante que mereceu uma biografia. O livro do jornalista David Margolick,Strange Fruit: Billie Holiday e a biografia de uma canção, conta a história da música que retrata os corpos de negros assassinados e pendurandos em árvores, pela metáfora do “fruto estranho”. Muitos consideram Strange Fruit “como o primeiro protesto relevante em letra e música, o primeiro clamor não emudecido contra o racismo”, na avaliação de Leonard Feather, crítico de Jazz.
Uma música que de tão perturbadora vivia em uma espécie de “quarentena artística”, como diz o autor. Não era seguro cantá-la em qualquer lugar, e mesmo nos lugares onde se poderia testar a força da canção, ela era recebida muitas vezes com reprovação. “Havia um contraste entre a canção trágica de protesto, cantada com profundo sentimento por uma negra que sentia o horror de um linchamento, e os clientes que saíam para se divertir, beber e dar umas risadas”, disse Alden Todd, um dos entrevistados de Margolick. Apesar de não ter sido censurada, e execução de Strange Fruit em rádios era quase “proibida”, pelo mal estar que causava nos ouvintes.
Abel Meeropol era judeu, ativista político e membro clandestino do Partido Comunista. Strange Fruit nasceu como um poema de indignação: ao ver um retrato de um linchamento numa revista, Meeropol escreveu a poesia. Sua primeira aparição pública foi na edição de janeiro de 1937 do jornal sindical The New York Teacher, sob o título de Bitter Fruit. Foi o próprio Meeropol quem depois musicou o poema, que era cantado em rodas de esquerda.
Billie se encontrou com a canção no início de 1939, numa boate frequentada por setores progressistas e engajados da área cultural, política e social de Nova Iorque, o Café Society, onde negros e brancos confraternizavam sem enfrentarem problemas. A primeira gravação da música aconteceu em 20 de abril do mesmo ano, pela Commodore Records, uma pequena gravadora famosa por seu repertório de artistas progressistas. [Leia texto completo de Renata Mielli, no Geledés]
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