Eliane Brum, excelente jornalista, geralmente prolixa, dessa vez foi sintética e contudente em sua participação ontem, dia 10, no Manifesto Artistas pelo Impeachment do genocida Bolsonaro.
Esta é a transcrição de seu depoimento, que peguei no Instagram da cineasta Anna Muylaert:
Eu tenho perguntado publicamente, e também a mim mesma, como o povo que se acostumou a morrer e se acostumou a assistir a outros morrerem será capaz de barrar o seu próprio genocídio? Eu não tenho dúvida de que a resposta que daremos a essa pergunta é a mais importante da nossa geração. Nenhum outro momento da vida de quem hoje está vivo, tenha a idade que tiver, é mais importante do que esse! O que estamos vivendo definirá a vida de cada um, mas não definirá apenas a vida.
Definirá também o nome que deixaremos pros nossos descendentes. Livros e filmes vão contar esse momento em que o homem chamado Jair Bolsonaro executou o plano de disseminação do vírus, para promover o que chamam de imunidade de rebanho. Esse extermínio já aconteceu.
E já tá perto de matar meio milhão de brasileiros.
Hoje nós todos somos marcados de guerra. Hoje nós todos só podemos pedir perdão aos nossos filhos e netos, especialmente pra geração de crianças órfãos e órfãs, que foram condenadas a viver sem pai e sem mãe, que foram condenadas a viver sem pai ou sem mãe, em famílias empobrecidas por essa falta.
Só podemos pedir perdão pelo imperdoável. Mas temos ainda uma chance: a de evitar outras centenas de milhares de mortos. Se não formos capazes de barrarmos Bolsonaro agora, se barrar Bolsonaro não se tornar causa comum de todas e de todos os brasileiros, em breve teremos que viver com nossa cabeça baixa.
E nossos filhos e netos se recusarão a usar o nosso nome, como fazem hoje os descendentes de alemães que colaboraram com o nazismo. Se não barrarmos Bolsonaro hoje, já, nossos filhos e netos vão preferir não ter seus próprios filhos e netos, pra não legar a eles a nossa covardia.
Barrar ou não Bolsonaro hoje, para impedir que ele siga matando o povo brasileiro e o próprio país, vai definir o que somos e o que será o Brasil das próximas gerações. Esse é o momento mais importante das nossas vidas!
E vale lembrar: a omissão é uma forma de ação. A pergunta é: o que você vai fazer? Lembre-se: o um só conta como um. Só juntos somos capazes de barrar a mão do assassino e seu governo genocida. Nós precisamos ser capazes de barrar nossa própria morte.
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