Como Brasil e Portugal derrotaram 'Itler e Marcelino' pondo fim à II Guerra Mundial


Meu avô nasceu uma região bem atrasada de Portugal, no início do século passado. Veio para o Brasil com minha avó e minha tia no início dos anos 1920, e aqui nasceu minha mãe.

Meu avô era analfabeto e morreu assim. Trabalhava como tecelão na América Fabril, aquela fábrica de tecidos cujo apito feria os ouvidos do personagem da canção de Noel Rosa.

Sua fonte de informação sobre a vida e o mundo eram o rádio e os colegas de trabalho e vizinhos de rua.

Já idoso, meu avô me contou assim os fatos da Segunda Guerra:

— Meu neto, ninguém pode com Brasil e Portugal. Na guerra, Itler e Marcelino estavam a dominar o mundo. Ninguém podia com eles. Mas foi Brasil e Portugal enviarem tropas e, pronto, acabou-se a guerra.
Ele ouvira falar da guerra (o que chegava até ele), sabia que durava, e relacionou o envio de tropas brasileiras em junho de 1944 ao fim da guerra pouco depois. Colocou Portugal com o Brasil, talvez porque na cabeça dele fossem a mesma coisa, pai e filho, embora Portugal tenha se mantido neutro durante toda a guerra.

As pessoas julgam a História pelas informações que lhe chegam, mas também por seus sentimentos e experiência de vida. 

Quando o Jornal Nacional bota no ar discurso de Bolsonaro na Hungria, em que ele mente descaradamente ao afirmar que não há desmatamento na Amazônia, penso no meu avô, analfabeto, e imagino: na palavra de quem ele acreditaria, na do Bonner ou na do presidente da República?

Quem meu avô reconheceria como autoridade?

Talvez isso explique boa parte dos votos dos que ainda reelegeriam Bolsonaro.

Temos que ter cuidado ou "Itler e Marcelino" vencem esta guerra.

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