Mídia comercial inicia operação para passar pano na declaração pedófila de Bolsonaro

A declaração pedófila de Bolsonaro, em vídeo, de que parou a moto num bairro pobre de Brasília e "pintou um clima" entre ele e umas meninas de 14, 15 anos que estavam em frente a uma casa caiu como uma bomba. "Bolsonaro pedófilo" virou um do assuntos mais comentados no Twitter, que é a rede social que primeiro dispara o que vai ser notícia. 

Bolsonaro sentiu a pancada e foi à rede, de madrugada, em um vídeo tentando mudar o foco da declaração.

Seus apoiadores começaram a passar pano, inventando sentidos para a expressão "pintar um clima", muito usada no Rio de Janeiro, que é a terra de residência do inominável.

Então, vamos lá. No Rio existem as expressões "pintou ou rolou um clima", "pintou ou ficou um climão", "fazendo ou rolou um climinha".

Pintou um clima significa o que todo mundo sabe: é quando acontece a atração recíproca entre duas pessoas, com interesse sexual. Um homem não fala que olhou para uma pessoa e pintou um clima para uma amizade ou assunto comercial. Olhares se cruzam, há interesse sexual (no sentido amplo, para uns beijinhos, uns amassos, podendo ou não haver a relação sexual em si) entre as partes, "pintou um clima".

Climinha acontece quando uma pessoa está aborrecida com a outra e começa a gerar um desconforto, fazendo cara feia, não respondendo quando perguntada etc. Quando isso acontece, dizemos que a pessoa está fazendo ou criando climinha.

Climão é o que aconteceu com a declaração pedófila de Bolsonaro, assim como a anterior de canibalismo. Quando vira uma reprovação geral, o ambiente fica pesado, desconfortável, o ar pesado, quase irrespirável, para alguém no caso, Bolsonaro. Isso é um climão.

Portanto, a declaração de Bolsonaro significa mesmo que teria pintado um interesse mútuo em uma possível relação sexual entre um sexagenário casado e umas meninas de 14, 15 anos, segundo avaliação do próprio Bolsonaro. Aqui, não importa se vierem a descobrir que as meninas não eram meninas, mas mulheres maiores de idade. Na cabeça de Bolsonaro, na visão dele, eram meninas e ele se interessou sexualmente por elas, a ponto de pedir para entrar na casa delas.

Hoje, a mídia comercial começa a ensaiar uma passada de pano, mudando o foco para investigar as meninas, assim como acontece com as vítimas de estupro. Daqui a pouco vão estar falando da crise na Venezuela e não do presidente pedófilo.

Este é o foco: pode um homem que declarou recentemente que comeria um ser humano pelo simples prazer mórbido de ver o corpo do indígena ser cozido num caldeirão, e que em seguida declara que desceu da moto para entrar na casa de meninas de 14, 15 com intenção sexual continuar a ser presidente da República?

O resto é gente correndo atrás de verbas publicitárias do governo ou de vender mais caro a vitória de Lula, porque o foco não são as meninas, que são vítimas, mas o criminoso.

Assista ao vídeo da confissão de Bolsonaro. E se pergunte por que ele achou que meninas bem arrumadas numa comunidade são prostitutas e não crianças que estavam se preparando para uma festa (era sábado, como ele mesmo diz) ou para irem à igreja ou a um passeio.



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