Homem que odeia livros tem seu livro na lista dos mais vendidos

O Secretário de Educação do Estado de São Paulo Renato Feder (deve haver um estudo à moda Lombroso que explique a influência não da aparência mas do nome no comportamento das pessoas) ficou famoso esta semana com a decisão de abolir os livros impressos das escolas paulistas. 

Crianças, a partir da quinta série, vão perder contato com seu amigo de papel e vão ter que se virar na versão e-book, o que supõe que tenham ao menos um celular com crédito e acesso à internet para o download.

No entanto, o homem que odeia livros tem um livro de papel publicado, onde se jacta de sua gestão à frente da secretaria do Paraná: "Educação para o Futuro". 

Ironicamente, o livro entrou na lista dos mais vendidos da PublishNews:

O nome de Renato Feder foi presença central no noticiário dos últimos dias por conta da decisão do governo do Estado de São Paulo de se retirar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Agora, Feder – secretário de educação do Estado – aparece pela primeira vez e com grande destaque na Lista de Mais Vendidos do PublishNews desta sexta-feira (4): seu livro Educação para o futuro (Gente) estreia em segundo lugar geral na Lista.

Na obra, segundo a editora, o autor revela os bastidores do seu trabalho na Secretaria de Educação do Paraná e mostra os pilares da sua "gestão educacional focada em resultados". A Lista diz respeito ao período de 24/07 a 30/07, antes, portanto, da divulgação da decisão sobre o PNLD.

Gostaria de saber por que o secretário publica livro impresso se quer proibi-los para as crianças de São Paulo.

Sei que tem muita gente maldizente ligando a decisão do secretário à Mulilaser:

Renato Feder, é membro efetivo do conselho de administração faturou R$ 192 milhões com a venda de equipamentos para a pasta que ele irá comandar a partir de janeiro do ano que vem, no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Renato Feder foi co-CEO da Multilaser Industrial S/A entre 2003 e 2018, quando passou a exercer os cargos de vice-presidente da empresa e de presidente do conselho. Em 2019, ele renunciou após assumir a pasta da Educação no governo de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná e, desde maio do ano passado, é conselheiro da companhia.

Um levantamento feito pelo Metrópoles a partir de dados da Secretaria da Fazenda paulista mostra que, em 2021, a Multilaser recebeu R$ 181,8 milhões da Secretaria da Educação, com a venda de tablets e notebooks para a rede paulista de ensino, que ele comandará a partir de janeiro. [Metrópoles]

Será?

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