Faltou a Rosa Weber pedir desculpas a Lula e Dirceu, e agradecer a confiança de Dilma, que a indicou

Em seu discurso de despedida do Supremo Tribunal Federal, já que se aposenta nos próximos dias, a ministra Rosa Weber pôs em destaque fatos relevantes de sua última passagem como presidente do Tribunal, especialmente seu forte posicionamento contra os golpistas de 8 de janeiro:

“A tormenta que se abateu sobre esse Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro, o dia da infâmia, em que pela primeira vez na história dessa quase bicentenária Casa de Justiça, ela foi invadida e depredada, juntamente com o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Dia sombrio de nossa democracia, o 8 de janeiro não há de ser esquecido, para que, preservando-se a memória institucional, jamais se repita”, declarou.

No entanto, faltou a Rosa Weber a grandeza de render-se a trechos do Poema em Linha Reta, de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa:

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

A ministra poderia lembrar de votos anteriores e pedir desculpas a Lula e Dirceu e, por tabela, ao Brasil, por exemplo.

Desculpas a Dirceu, que ela condenou sem provas, como afirmou em sua sentença: “É certo que não há provas contra José Dirceu, mas a literatura jurídica me autoriza a condená-lo mesmo assim”.

Pedir desculpas também a Lula, por ter negado um HC em 2018, com o STF acocorado pelas ameaças do comandante do Exército na época, general Vilas Boas, um voto amalucado como as pernas trocadas de Jânio Quadros, em que a ministra "reconheceu ser inconstitucional executar a pena de um réu antes do trânsito em julgado, mas denegou o HC para compor maioria a favor da prisão imediata do ex-presidente". Ou seja, era inconstitucional, mas contra Lula podia.

Com 6 a 5 contra Lula, ele não pôde correr o Brasil e fazer campanha para Haddad contra o criminoso inelegível, o que certamente traria um outro resultado à eleição de 2018 e a História do Brasil seria inteiramente outra. Portanto, ministra, faltou também esse pedido de desculpas ao Brasil.

E, por último, faltou a Rosa Weber agradecer à presidenta Dilma, que a indicou ao STF, e tornou possível não apenas esses fatos de que a ministra não se desculpou, mas a grandeza de seu último mandato à frente do STF, de que se enalteceu com razão.

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