Não é só a extradição. Prisão sem crime e tortura de Assange (sim, tortura!) têm que parar. #FreeAssange

Numa entrevista a um jornal britânico, a mulher de Julian Assange, Stella, conta um pouco de seus dias, de como conheceu Julian, como tem sido a vida deles nesse período de 12 anos que se conhecem (já com Assange sem liberdade, na embaixada do Equador), e da luta pela sua liberdade e não extradição aos Estados Unidos.

Stella conheceu Assange em 2011. Ela é advogada e fazia parte de sua equipe jurídica. O relacionamento amoroso entre eles só começou em 2015.

Nessa época, Assange estava asilado na embaixada do Equador, acolhido pelo governo Rafael Corrêa. Com a eleição do candidato de Corrêa, que o traiu ao assumir, Lenin Moreno, tudo piorou na embaixada. Assange se tornou um fardo de que Moreno, cortejando os EUA, queria se livrar.

Chegaram a cortar a internet da embaixada, o que não durou muito, mas causou intensa pressão psicológica. Havia rumores de que a CIA pretendia sequestrá-lo e até assassiná-lo, e planos sobre isso foram divulgados no site do Yahoo.

A tortura psicológica era tanta que, ao ficar grávida, Stella buscou o mais que pôde esconder a gravidez e, depois, esconder que Assange era o pai de seu bebê (o primeiro, Gabriel, que hoje tem seis anos; o segundo, Max, tem quatro). Porque isso poderia ser usado como justificativa para tirá-lo da embaixada.

Finalmente, o presidente do Equador cedeu aos EUA e Assange foi retirado da embaixada do Equador em Londres e dali mandado direto para a prisão de segurança máxima de Berlmarsh, em 11 de abril de 2019, onde está até hoje. Sem haver cometido crime algum, apenas à espera de sua extradição para ser julgado pela divulgação de crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados nas guerras do Afeganistão e do Iraque.

Assange está solitário na ala dos mais perigosos. As restrições são aquela forma de tortura legal, admitida a quem está preso. Por exemplo, uma vez conversando com seus filhos, Assange descobriu que os animais prediletos deles eram gatos, cavalos, até ratos, mas não cães. O motivo, segundo Stella, é que as crianças são intimidadas pela experiência regular de terem que ficar imóveis enquanto os cães da prisão os farejam da cabeça aos pés. Em busca de quê? 

Tortura

Mas a maior prova de que há tortura, além da privação de liberdade injusta de Assange, é a determinação de que Assange tem que permanecer o tempo inteiro sentado, quando recebe as visitas dos filhos (em geral, por uma hora e meia, quase toda semana).

As crianças podem se chegar a ele, sentar em seu colo, mas ele não pode ficar de pé, brincar com elas pelo chão, como fazem pais e filhos, deitarem juntos, darem cambalhotas. Sentado como uma estátua, há quatro anos e cinco meses.

Sem poder brincar com os filhos. Não há justificativa para isso, a não ser torturá-lo e aos filhos, que não podem ter o pai com eles, e à mulher, que não pode ter o marido a seu lado.

A sentença

Provavelmente ainda este mês sairá a sentença da última apelação junto à Justiça britânica. Provavelmente também, apesar dos apelos do mundo, até do Papa, a decisão será por autorizar a extradição aos EUA, onde Assange vai ser condenado a 175 anos de prisão.

Stella diz que, caso isso aconteça, ainda há um outro recurso: o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Desde 2010, asilado na embaixada do Equador por nove anos, e agora em Belmarsh há quatro, são 13 anos de Assange sem liberdade. E sob tortura, com a ameaça de sua extradição e apodrecimento numa prisão dos EUA pelo resto de seus dias sobre sua cabeça.

Tudo isso por haver, repito, divulgado via WikiLeaks crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados, como o Reino Unido, onde está preso.

Até quando?

#FreeAssange!


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