Um dos donos da Americanas transfere R$ 29,5 bi para filho. É a meritocracia fazendo mais um bilionário

Marcel Telles é o terceiro brasileiro mais rico do mundo, atrás apenas de Vicky Safra e Jorge Paulo Lemann. 

Telles é uma das peças do triunvirato do rombo de R$ 47 bilhões das Americanas — os outros são Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira.

Perto do Natal, Marcel Telles doou sua participação na cervejaria AB InBev para o seu filho mais novo, Max Telles. É a meritocracia fazendo mais um bilionário no Brasil.

— E para as Americanas?
— Nada.
— E para o filhinho?
— A maior cervejaria do mundo!

E viva a meritocracia que eles tanto defendem. A "gestão profissional", que não permite que nenhum filho dos três bilionários trabalhe em suas empresas. Só podem ser donos.

Além do mais, é preciso pensar que, caso a Justiça faça corretamente sua parte, o trio de bilionários terá que comparecer com alguns bilhões para ressarcirem o imenso rombo das Americanas. Não seria o caso de barrar qualquer transação bilionária dessas do trio, até que o caso esteja resolvido na Justiça? Afinal, de doação em doação para filhos e outros, ao final o trio pode argumentar que está tão duro quanto eu (Ok, aí já é exagero...).

É bom lembrar que a fraude dos bilionários daria para pagar um salário mínimo por mês a 100 mil brasileiros por 30 anos

 

E os R$ 47 bilhões do rombo das Americanas?

Este é o verdadeiro tamanho do rombo das Americanas. Que na verdade não é "das Americanas" é o rombo (roubo?) "dos bilionários donos das Americanas". 

Pelo menos da última vez em que foi noticiado. Porque aos poucos a sujeira vai sendo jogada para baixo do tapete e a notícia vai sumindo da mídia, até desaparecer por completo e ficar tudo por isso mesmo. 

Menos para os trabalhadores, que estão sendo demitidos desde o primeiro dia em que a fraude bilionária foi descoberta. Aliás, descoberta ela já havia sido. Pelos bilionários. Nós é que só ficamos sabendo depois que ela foi revelada, pois o rabo estava maior do que o gato e não dava mais para esconder.

Mas a gente fala em R$47 bilhões, sabe que é muuuuito dinheiro, mas só tem a dimensão real do tamanho que este valor significa, quando ele pode ser comparado com unidades que a gente compreenda. Caso contrário é só uma montanha de dinheiro.

Muita gente já viu a comparação entre milhão e bilhão relacionada a segundos. 1 milhão de segundos equivalem a uma semana, 4 dias e uns quebrados. Agora, 1 bilhão de segundos são 32 anos. De uma semana e meia para 32 anos. Essa é a diferença entre milhão e bilhão.

Os R$ 47 bilhões desviados pelos bilionários na fraude das Americanas dariam para pagar um salário mínimo mensalmente a 100 mil brasileiros durante 30 anos.

100.000 (número de trabalhadores) x 1320 (salário mínimo atual) x 360 (número de meses de 30 anos) = 47 bilhões e 520 milhões de reais.

E, se a gente não ficar lembrando, vai cair no esquecimento e na impunidade.


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